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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Após explosão, corrupção e suspeitas apavoram o país

A potência das explosões foi de 21 toneladas de TNT
A potência das explosões foi de 21 toneladas de TNT



Sucessivas explosões abalaram a cidade Tianjin, quinta maior cidade da China e um de seus polos mais dinâmicos.

Tianjin é o porto de Pequim, do qual dista pouco mais de 110 quilômetros. Por ele passam 540 milhões de toneladas de mercadorias por ano. É o quarto maior porto do mundo.

O fogo teria começado nos depósitos portuários da Rui Hai Logistics especializada no transporte de produtos perigosos, que chegam ou saem por barco, caminhão ou trem.

Todo ano, a empresa transporta um milhão de toneladas de mercadorias desse tipo.

A empresa vinha sendo apontada há anos pela falta de segurança de seus procedimentos, mas nenhuma medida foi tomada a respeito. Tal carência é comum na China onde a corrupção grassa na administração pública e no Partido Comunista garantindo a impunidade, como referiu o jornal de Paris, Le Monde.

O local da explosão ficou parecendo um campo de batalha, segundo o jornal de Paris Le Figaro. Milhares de carros carbonizados, prédios devastados incontáveis contêineres desfeitos e empilhados.

Calcula-se que a potência da série de explosões foi de 21 toneladas de TNT. A terra tremeu como num terremoto e as ondas expansivas devastaram tudo num raio de 2 quilômetros do epicentro.

O presidente Xi Jinping prometeu um inquérito implacável e “ uma informação transparente para o público”.

Ato contínuo, as autoridades locais confiaram o inquérito ao exército que baniu os jornalistas do local e cerceou a informação independente.



Tudo parece feito para nada ficar claro: causas, origem do incêndio, materiais envolvidos, responsáveis, até o número real de mortos e feridos.

Não se entende como tantos materiais perigosos podiam ser armazenados perto da residência de milhares de pessoas
Não se entende como tantos materiais perigosos podiam ser armazenados
perto da residência de milhares de pessoas
A China tem uma longa e triste história de catástrofes industriais que levaram enorme número de vidas, atribuíveis a falta de segurança básica e à corrupção generalizada na administração pública e no aparato do Partido Comunista.

Nas calamidades precedentes, as autoridades socialistas concentraram sua intervenção no abafamento dos fatos. A população não acredita mais no que lhe é dito.

Há um ano, um explosão numa fábrica de peças para carros em Kunshan, a uma hora de Xangai, deixou 75 mortos. Segundo a Justiça houve desrespeitos flagrantes às normas de segurança. Mas, nada de sério foi feito. Depois foi a sinistra vez de Tianjin.

E três semanas depois foi a vez de uma fábrica química na cidade de Zibo, província de Shandong. Repetiu-se o esquema mortal da explosão de Tianjin, a maior das duas calamidades. 

Não se entende como materiais perigosos podem ser armazenados em tão grandes proporções perto da residência de milhares de pessoas, em Tianjin, Zibo e em outras localidades. Segundo o grupo de mídia Caixin, de Pequim, os funcionários da empresa responsável jamais receberam instrução específica no quesito segurança.

Cinco dias depois da calamidade, a China ainda contava os mortos – 123 segundo o computo oficial – e os feridos – mais de 700. Tal vez nunca se saberá o número real. No local, os restos de cianeto, ao qual se atribui o desastre, equivaliam a 356 vezes a quantidade limite tolerável.

Para Claude Meyer, do Centre Asie do Institut Français des Relations Internationales – IFRI e professor de Ciências Políticas da Sorbonne, a catástrofe interessa a perto de 300 multinacionais das mais importantes do mundo, noticiou 20minutes.fr.

“É difícil conhecer as consequências econômicas do desastre, especialmente porque as informações fornecidas pelas autoridades são muito parciais”, observou.

O problema segundo ele não é tanto o dano material – imenso, mas assimilável – mas o fato de “ter sido posto em evidência e de maneira espetacular o problema da segurança na China”.

Incidentes análogos já aconteceram em outras partes do país, mas ficaram menos conhecidos. Agora, o regime não pode abafá-lo.

Enquanto a população ainda se recuperava do impacto foi assaltada pelo pavor de uma contaminação química geral. As primeiras chuvas formaram sobre o solo uma estranha espuma branca.

Peixes mortos à beira do rio Haihe perto do local das explosões
Peixes mortos à beira do rio Haihe perto do local das explosões
Os jornais locais publicaram numerosas fotos, as redes sociais estavam cheias de especulações. Muitos falavam de assaduras e queimaduras da pele, escreveu Le Figaro.

E os temores não eram só psicológicos. O chefe do Escritório de Proteção do Meio Ambiente de Tianjin, Bao Jingling, aconselhou os habitantes a não se expor à chuva e nem misturar com água a poeira espalhada pela explosão.

Não demorou muito para as beiras do rio Haihe próximo do local das explosões aparecerem cobertas com imensas quantidades de peixes mortos.

A NBC News noticiou que “a divisão de luta química do exército foi enviada ao local e que a situação estava gerando muita preocupação”.

O governo admite a presença de centenas de toneladas de cianeto, altamente tóxico, usado pela indústria civil. O recurso a uma equipe de 217 militares especialistas em armas nucleares, bacteriológicas e químicas, junto com o silenciamento das fontes independentes de informação faz pensar em algo inconfessável.

Em várias contas de Weibo, espécie de Twitter chinês, há queixas de censura de fotos.

Segundo a agência oficial China News, os principais donos da Rui Hai agiam sob nomes falsos e faziam parte da nomenklatura comunista que governa o país.

Dong Shexuan, 34, que controla 45% da Rui Hai é filho do antigo chefe de polícia de Tianjin e usava o nome de um colega, por causa do pai. De fato, Dong reconheceu ter obtido as licenças por meio de suas relações políticas na polícia e nos bombeiros, noticiou Le Figaro.

O primeiro ministro Li Keqiang contempla a magnitude do desastre. O presidente Xi Jinping prometeu transparência total mas mandou silenciar a imprensa
O primeiro ministro Li Keqiang contempla a magnitude do desastre.
O presidente Xi Jinping prometeu transparência total mas mandou silenciar a imprensa
A outra parte da empresa pertence a Yu Xuewei, ex-diretor da Sinochem, o gigante da indústria química chinesa que agia dissimulado por trás do nome de um terceiro.

A Rui Hai International Logistics chegou a trabalhar sem licença nenhuma, informou a China News. Yu Xuewei justificou-se, dizendo que “muitas outras empresas agem assim”.

O próprio prefeito de Tianjin fez um mea culpa sinuoso e público. “Não posso eludir minhas responsabilidades”, disse Huang Xingguo, enquanto os moradores evacuados de suas casas tornadas inabitáveis manifestavam enfurecidos diante do luxuoso hotel onde o prefeito fazia sua conferência de imprensa.

Por sua vez, o governo central tenta passar toda a responsabilidade aos dirigentes socialistas locais. Pequim quer driblar a cólera popular e o vespeiro de denúncias da irresponsabilidade geral do sistema comunista a nível nacional.

A opacidade com que o governo trata do caso atiça a desconfiança da população, como aconteceu há pouco no terremoto de Sichuan e é um dos fatores mais aterrorizantes do pesadelo que sofre a grande nação chinesa sob a bota comunista.

As explosões em série em Tianjin:







A explosão de Zibo, província de Shandong:


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