O Tai An de 104 metros de eslora, retido no porto de Ushuaia. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Altos funcionários argentinos, ainda supérstites do anterior governo populista derrotado nas eleições, ativos no Ministério de Relações Exteriores e da província da Terra do Fogo tiveram que renunciar.
Eles são acusados de favorecimento da pesca ilegal de uma empresa chinesa cujo barco foi apreendido carregando toneladas de ‘merluza negra’ espécie de alto valor comercial protegida em todo o mundo.
Segundo o jornal portenho “Clarín” a apreensão também custou o cargo a um coordenador da Chancelaria envolvido no caso.
Trata-se de mais um episódio do prolongado e bilionário saque dos recursos pesqueiros do Atlântico Sul que vem acontecendo há muitos anos com a cumplicidade de políticos esquerdistas da região.
A mudança de tendência ideológica no governo da Argentina está repercutindo negativamente contra o conchavo ideológico da China com seus amigos sul-americanos.
O presidente Javier Milei recebeu em pessoa a um navio guarda-costas americano de alto mar que veio patrulhar os mares livres do Atlântico Sul.
O fato é que centenas de pesqueiros em sua imensa maioria chineses, apoiados por uma frota de buques fábricas e de logística, ficam no estrito limite das Zonas Econômicas Exclusivas (200 milhas náuticas da costa, ou 320 quilômetros).
E aguardam que os escassos guarda-costas argentinos que só podem exercer suas faculdades dentro de dita Zona, continuem seu patrulhamento, para ingressar em águas exclusivas e pescar ilegalmente.
Essa pesca ilegal, agravada pelo uso de métodos proibidos, acaba roubando em peixe o equivalente a bilhões de dólares.
Pesqueiro chinês pego pescando ilegalmente é escoltado por patrulheiro argentino |
Foi o caso atual de Julián Suárez, diretor nacional de Coordenação e Supervisão das Pescas desde 2020, nomeado pelo presidente peronista-esquerdista Alberto Fernández.
Trata-se de um militante confesso do grupo dito “La Cámpora”, criado pelo peronismo esquerdista para chefiar empresas e repartições públicas com flagrante corrupção a serviço das organizações de esquerda.
Suárez permanecia no posto exigindo que a Casa Rosada não revogasse as regras desenvolvidas pelo governo anterior.
Essas incluíam o registro da “empresa argentina” Prodesur S.A. que na realidade pertencia a capitais chineses e se dedicava à pesca ilegal e predatória, com base em portos argentinos.
O caso estourou quando o grande pesqueiro, um dos maiores da frota nacional, “Tain An” foi preso
O proprietário da Prodesur S.A é Liu Zhijiang, que se apresenta como requintado colecionador de arte que teria em seu acervo obras do pintor holandês Rembrandt, mas é um designado pelo governo marxista chinês.
O “Tain An” de 104 metros de comprimento foi denunciado e capturado por pesca ilegal de “merluza negra” e conduzido ao porto de Ushuaia com 163 toneladas do peixe em seus adegas sem as licenças correspondentes.
No mercado internacional a comercialização da carga ilegal descoberta pode chegar a custar 4 milhões de dólares.
A detenção do Tai-An cheio de exemplares juvenis de merluza negra em pesca predatória proibida. |
Suspeita-se que tenha havido tráfico de influência e solicitações específicas para que o navio não fosse sancionado e pudesse comercializar sua carga.
A denúncia foi elaborada pelas empresas que detêm legalmente quotas desse peixe e visa o proprietário do “Tain An” e inclui um pedido de deportação do “assessor de pesca” do mesmo por atacar recursos naturais e não ter autorização.
O governador da Terra do Fogo, Gustavo Melella, havia solicitado uma quota extra de 300 toneladas de pesca para o navio chinês violando os critérios que definem dita quota para empresas e os períodos de tempo de pesca prejudicando aos pescadores argentinos.
O empresário chinês Liu Zhinjang, proprietário do navio, respondeu com escapatórias. Falou de uma “captura acidental” em “quantidades inesperadas”, sem olhar que pescavam também peixes muito juvenis, pesca essa proibida.
A 'cidade' de luzes é uma frota pesqueira chinesa no Atlántico Sul flagrada desde avião |
O maior temor é com a existência de empresas pesqueiras radicadas na Argentina que servem de fachada à China, que não respeitam os recursos pesqueiros violando as normas legais e de bom senso na pesca.
Em breve, quantos são os “Tai An” que andam fazendo estragos e roubando recursos no mar argentino?
A depredação desse mar vem acontecendo em conluio com políticos populistas violando as normas claras e precisas de modo surpreendente, notório e alarmante, segundo foi achado e fotografado nas adegas do “Tai An”, comentou “Clarín”.
O “Tai An” pelas faltas verificadas deveria pagar multa milionária, ter a mercadoria confiscada, ficar parado no porto por pelo menos sessenta dias e talvez perder a permissão de pescar. Mas, ali entra a política e os chineses proprietários acham que poderão voltar a pescar logo.
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