A censura e a espionagem da Internet dividem o mundo chinês em dois |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O escritor Murong Xuecun, que morou em Lhasa, capital do Tibete, estava conversando com um amigo chinês, que lhe perguntou: “Você sabia que os tibetanos estão ateando fogo em si mesmos?”
E contou-lhe então detalhes horríveis – o escritor nunca ouvira falar de atos de auto-imolação –, acrescentando:
“Todo mundo para lá da muralha sabe disso. Um escritor que se preocupa com a China, mas que não passa por cima da muralha, sofre de deficiência moral. Você não deveria deixar uma muralha decidir o que você sabe.”
O escritor entendeu. “Para lá da muralha” significava a tristemente famosa Grande Muralha Digital da China, um esquema montado pela ditadura por volta de 1998 para rastrear e bloquear conteúdos da internet.
Passados 17 anos, esse firewall ideológico divide em dois o mundo chinês.