Uma guerra de agressão da China contra Taiwan seria um pesadelo para o mundo todo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Taiwan se dividiu escolhendo presidente a William Lai Ching-te, candidato do Partido Democrata Progressista (DPP) com ampla margem de vitoria, mas lhe negando a maioria no Parlamento em favor do Kuomintang, observou “AsiaNews”.
O último resultao, somando e restando, satisfaz a Pequim.
O fato dominante é que a grande maioria da população não quer a reunificação com a China comunista.
Porém, não quereria declarar a independência para não alastrar a ilha a uma guerra que estaria destinada ao fracasso. Então prefere manter o ‘statu quo’, relegando as aspirações nacionalistas predominantes.
A enganosa fórmula de “um país, dos sistemas”, que teria sido modelo também para Taiwan, acabou sendo abortada pela lamentável sorte de Hong Kong, hoje engolida por Pequim.
Portanto, ficou impensável a hipótese de “um país, dos sistemas” outrora aventada para uma reunificação que salvaguardaria as liberdades fundamentais.
Em Hong Kong, a ditadura chinesa encarcerou toda a oposição democrática, inclusive os líderes não violentos.
Constantes atritos servem a Pequim para testar as defesas taiwanesas |
Em Pequim, o ditador Xi Jinping fala expressamente, até em ocasiões solenes, que não pode se adiar muito a reunificação e que para isso está disposto ao uso da força.
Desde 2005 uma lei excogitada por Pequim autoriza a guerra contra Taiwan se a ilha proclama a independência ou se a reunificação pacífica resulta impossível.
Desde 2023, Xi aumentou a pressão militar em volta de Taiwan, com operativos aéreos e movimentos de navios de guerra simulando um ataque.
Xi Jinping consolidou completamente o controle do aparelho militar que está prestes a executar as arbitrariedades que queira o ditador.
Para 2024 é de se temer a intensificação da escalada bélica rumando para um conflito econômico e militar numa zona clave para os equilíbrios mundiais.
A nível mundial, isolar Taiwan é uma condição que Pequim impõe a todos os que querem se beneficiar com sua cooperação econômica.
Mas os EUA não podem permitir que Taiwan vire um posto militar de avançada chinesa no Pacífico.
Nem catástrofes naturais adversos abalam a bem organizada Taiwan |
A destruição de Taiwan poria de joelhos o mundo que conhecemos hoje. Acresce que quase metade dos portacontenedores do mundo passa pelo Estreito de Taiwan.
Xi Jinping que não duvidou em eliminar adversários e opositores, quer passar à historia como uma divindade materialista à altura de Mao Tsé-tung, o fundador do comunismo chinês.
Mas, para isso precisaria ser glorificado.
E a anexação de Taiwan à China continental seria a tarefa histórica, sagrada e irrenunciável que o elevaria ao patamar dos deuses, melhor seria dizer demônios, marxistas.
E é de se temer que queira fazê-lo nesta vida, aliás a única que existe para um ateu.
Então estaria disposto a fazer pagar ao sofrido povo chinês o preço de uma guerra monstruosa que acabaria abalando até o último canto do mundo.