Liberdade para Hong Kong: os outrora ricos fogos de fim de ano foram toldados por um patético clamor pelo fim da ameaça comunista |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O Consulado Geral da Espanha em Hong Kong alertou os estudantes no território para a possibilidade “de adiantar o retorno” ao país, informou o quotidiano de Madri “El Mundo”.
Segundo o jornal, Hong Kong arde com a repressão antidemocrática teleguiada desde Pequim, estando ao “borde do colapso total”. O clima de tensão marcou a passagem do ano.
A ditadura marxista continental acharia que a ocasião é ideal para intervir com mão forte e já teria enviado tropas para isso.
As manifestações acirraram quando um policial matou um jovem com um tiro no abdômen, outro agente atropelou vários estudantes e um cidadão queimou após ser pulverizado com um líquido inflamável e incendiado.
No campus da Universidade Politécnica houve barricadas, coquetéis molotovs, gás lacrimogêneo, tanques de água.
Parte da rede de metrô foi cortada e as aulas em universidades foram suspensas. As sequências de violência voltam de modo permanente.
Pequim ameaçou insinceramente: “Hong Kong está caindo no abismo do terrorismo e é necessária uma repressão mais severa para acabar com os tumultos e restaurar o meio ambiente”.
Hong Kong não teve paz nem para comemorar o início do novo ano |
Muitos analistas acham que isso não irá parar os manifestantes e que, pelo contrário, a violência e os confrontos corpo a corpo aumentarão.
A polícia dispara bolas de borracha e gases contra os estudantes, mas esses respondem com tijolos, molotovs, e até flechas.
A polícia alega que as respostas atingiram um “nível mortal”, uma “séria ameaça para os policiais e todos os presentes no local”, e justifica multiplicar o uso da força armada.
A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, também falou em acentuar a repressão. “Não vamos parar de procurar maneiras de acabar com a violência, essa é a nossa prioridade”: todo o mundo entendeu que vem pior.
O Departamento de Estado dos EUA está alarmado. “Estamos observando a situação em Hong Kong com grande preocupação”, disse a porta-voz Morgan Ortagus.
E continuou: “Instamos Pequim a honrar os compromissos com a Grã-Bretanha”, referindo-se ao acordo assinado em 1984 que garantiu a Hong Kong um alto grau de autonomia durante 50 anos após a entrega ao gigante asiático em 1997.
2020 começou em Kong Kong com mais gás lacrimogênio e violência nas ruas. |
Pequim, que sistematicamente viola os acordos e faz o contrário do que anuncia, reafirmou logo seu compromisso na principal prioridade de parar a violência e restaurar a ordem.
Mas, logo a seguir, atacou os países ocidentais por “interferir nos assuntos de Hong Kong”, por meio do pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, apontando diretamente para os EUA e a Grã-Bretanha. “Alguns políticos americanos e britânicos apoiam criminosos violentos”, disse.
A ONG Anistia Internacional malgrado suas simpatias pelas esquerdas em geral, achou que tinha que denunciar “policiais fora de controle com uma mentalidade revanchista”.
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