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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Hong Kong não teve paz
nem para comemorar o novo ano

Liberdade para Hong Kong: os outrora ricos fogos de fim de ano foram toldados por um patético clamor pelo fim da ameaça comunista
Liberdade para Hong Kong: os outrora ricos fogos de fim de ano foram toldados
por um patético clamor pelo fim da ameaça comunista
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O Consulado Geral da Espanha em Hong Kong alertou os estudantes no território para a possibilidade “de adiantar o retorno” ao país, informou o quotidiano de Madri “El Mundo”.

Segundo o jornal, Hong Kong arde com a repressão antidemocrática teleguiada desde Pequim, estando ao “borde do colapso total”. O clima de tensão marcou a passagem do ano.

A ditadura marxista continental acharia que a ocasião é ideal para intervir com mão forte e já teria enviado tropas para isso.

As manifestações acirraram quando um policial matou um jovem com um tiro no abdômen, outro agente atropelou vários estudantes e um cidadão queimou após ser pulverizado com um líquido inflamável e incendiado.

No campus da Universidade Politécnica houve barricadas, coquetéis molotovs, gás lacrimogêneo, tanques de água.



Parte da rede de metrô foi cortada e as aulas em universidades foram suspensas. As sequências de violência voltam de modo permanente.

Pequim ameaçou insinceramente: “Hong Kong está caindo no abismo do terrorismo e é necessária uma repressão mais severa para acabar com os tumultos e restaurar o meio ambiente”.

Hong Kong não teve paz nem para comemorar o início do novo ano
Hong Kong não teve paz nem para comemorar o início do novo ano
O South China Morning Post, principal jornal da cidade, avançou, que uma “unidade policial de elite composta por 80 agentes de choque especializados no controle de revoltas nas prisões chinesas” estava a caminho para entrar em ação na cidade.

Muitos analistas acham que isso não irá parar os manifestantes e que, pelo contrário, a violência e os confrontos corpo a corpo aumentarão.

A polícia dispara bolas de borracha e gases contra os estudantes, mas esses respondem com tijolos, molotovs, e até flechas.

A polícia alega que as respostas atingiram um “nível mortal”, uma “séria ameaça para os policiais e todos os presentes no local”, e justifica multiplicar o uso da força armada.

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, também falou em acentuar a repressão. “Não vamos parar de procurar maneiras de acabar com a violência, essa é a nossa prioridade”: todo o mundo entendeu que vem pior.

O Departamento de Estado dos EUA está alarmado. “Estamos observando a situação em Hong Kong com grande preocupação”, disse a porta-voz Morgan Ortagus.

E continuou: “Instamos Pequim a honrar os compromissos com a Grã-Bretanha”, referindo-se ao acordo assinado em 1984 que garantiu a Hong Kong um alto grau de autonomia durante 50 anos após a entrega ao gigante asiático em 1997.

2020 começou em Kong Kong com mais gás lacrimogênio e violência nas ruas.
2020 começou em Kong Kong com mais gás lacrimogênio e violência nas ruas.
A União Europeia pediu “uma investigação aprofundada sobre a violência, o uso da força e as causas dos protestos”, disse o porta-voz da UE para assuntos externos e política de segurança.

Pequim, que sistematicamente viola os acordos e faz o contrário do que anuncia, reafirmou logo seu compromisso na principal prioridade de parar a violência e restaurar a ordem.

Mas, logo a seguir, atacou os países ocidentais por “interferir nos assuntos de Hong Kong”, por meio do pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, apontando diretamente para os EUA e a Grã-Bretanha. “Alguns políticos americanos e britânicos apoiam criminosos violentos”, disse.

A ONG Anistia Internacional malgrado suas simpatias pelas esquerdas em geral, achou que tinha que denunciar “policiais fora de controle com uma mentalidade revanchista”.


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