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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Pequim associa catolicismo ao demônio

Bispos que aderiram ao comunismo não são do Demônio diz o Partido do Diabo, ou comunista
Bispos que aderiram ao comunismo não são do Demônio diz o Partido do Diabo, ou comunista
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O calendário tradicional pagão chinês associa os anos a animais reais ou mitológicos. E 2024 deu no ano do Dragão que o Partido Comunista (PCCh) associa ao catolicismo chinês que resiste à perseguição socialista, explicou “Bitter Winter”

2024 marca, de fato, o centenário da primeira reunião de todos os bispos da China no Concílio de Xangai (15 de maio a 12 de junho de 1924) que organizou a Igreja após as perseguições do paganismo, e na fidelidade ao Papa.

Agora, o rumo foi invertido pelo Acordo Vaticano-China de 2018, posteriormente renovado em 2020 e 2022, tornando-se permanente ou definitivamente abandonado.

Três premissas pesam sobre o destino da Igreja Católica na China em 2024.

A primeira é o “Plano Quinquenal para a Sinicização do Catolicismo na China (2023-2027)”, aprovado em 14 de dezembro de 2023, pelo órgão oficial.

Esse unifica a Conferência dos Bispos Católicos, entidade não reconhecida como tal pela Santa Sé, embora todos os seus Bispos membros sejam agora reconhecidos pelo Vaticano, e a Associação Católica Patriótica Chinesa, ambas operando sob a supervisão do Departamento de Trabalho da Frente Unida do PCCh.

O Plano da continuidade e amplia o “Plano Quinquenal para levar adiante a adesão da Igreja Católica à direção da sinicização em nosso país (2018–2022)”.

Esses dois documentos foram acompanhados pelo “Esboço de um Plano de Trabalho Quinquenal para Avançar ainda mais a Sinicização do Cristianismo (2023–2027)”, publicado em 19 de dezembro de 2023, e o “Esboço do Plano de Trabalho Quinquenal para a Promoção da Sinicização do Cristianismo em nosso País (2018–2022”).

'Ano do Dragão' em 2024 os católicos fiéis serão especialmente perseguidos
'Ano do Dragão': em 2024 os católicos fiéis serão especialmente perseguidos
Esse monstruoso empilhamento de normas burocráticas persecutórias, foi formulado por dois comitês nacionais protestantes chineses aprovados pelo governo: o Conselho Cristão da China e o Movimento Patriótico das Três Autonomias. Todos eles também sob a supervisão de funcionários da Frente Unida Departamento de Trabalho do PCCh.

Planos semelhantes foram e são adotados na China também para outras religiões, como mostra o “Esboço de Planejamento Quinquenal para Persistir na Sinificação do Islã (2018–2022)”. Estes documentos são fruto do trabalho constante e incansável do regime chinês para controlar e distorcer todas as religiões.

A segunda premissa é a chamada “Santa Sé de Xangai”, ou a imposição do PCCh ao Vaticano da nomeação sem a autorização do Papa de Giovanni Peng Weizhao como bispo auxiliar de Jiangxi em 24 de novembro de 2022, e de Joseph Shen Bin como bispo de Xangai em 4 de abril de 2023.

Isto tornou “óbvio que o acordo Vaticano-China de 2018 é considerado pelo PCCh como vinculativo apenas para o Vaticano, que não deverá criticar a perseguição religiosa na China, mas não é vinculativo para Pequim, que nomeia os bispos católicos conforme lhe aprouver, com ou sem mandato papal”. No final, o Papa Francisco aceitou ratificar a nomeação de Shen Bin post factum.

A terceira e última premissa é a ordenação de três novos bispos chineses em menos de uma semana, no início do 2024 do Dragão: Thaddeus Wang Yuesheng em 25 de janeiro como bispo de Zhengzhou; Anthony Sun Wenjun em 29 de janeiro como bispo das recém-criadas dioceses de Weifang; e Peter Wu Yishun em 31 de janeiro como chefe da Prefeitura Apostólica de Shaowu, que estava sem bispo desde 1964.

Desta vez, as ordenações tiveram a aprovação do Papa amigo dos ditadores e foram as primeiras acordadas entre o Vaticano e o governo chinês desde 2022, em cumprimento do Acordo de 2018.

Com a sinicização o PCCh quer marxistizar a religião.

Como diz o “Plano Quinquenal” trata-se de “construir uma base teórica sólida para que o catolicismo se manifeste constantemente com características chinesas”.

Bispos comunistas veneram imagem do Pe. Mateo Ricci, precursor da 'sinização' do catolicismo hoje
Bispos comunistas veneram imagem do Pe. Mateo Ricci SJ, precursor da 'sinização' do catolicismo hoje
O que quer dizer, explica o experiente sinólogo Pe. Gianni Criveller, que é uma “imposição […], por um regime autoritário, da adaptação da fé a uma política religiosa estabelecida pelas autoridades políticas”.

Assim, “o controle das autoridades políticas sobre os crentes católicos é justificado em nome da inculturação do Evangelho”. Por outras palavras, o PCCh tenta reformular o Cristianismo “com características chinesas” ou “Comunistizar a fé”.

O Pe. Criveller, não está entre os supercríticos ideológicos do Papa, mas ele vê como catastrófico o Acordo de 2018 e postula a sua revogação total pelo Vaticano porque visa “acabar pela raiz” a Igreja Católica na China.

Somente agindo assim, o Dragão de 2024, símbolo antigo chinês da sabedoria celestial, marcaria um ponto decisivo contra o Dragão Vermelho do Comunismo Chinês, conclui “Bitter Winter”.