Bispos que aderiram ao comunismo não são do Demônio diz o Partido do Diabo, ou comunista |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O calendário tradicional pagão chinês associa os anos a animais reais ou mitológicos. E 2024 deu no ano do Dragão que o Partido Comunista (PCCh) associa ao catolicismo chinês que resiste à perseguição socialista, explicou “Bitter Winter”.
2024 marca, de fato, o centenário da primeira reunião de todos os bispos da China no Concílio de Xangai (15 de maio a 12 de junho de 1924) que organizou a Igreja após as perseguições do paganismo, e na fidelidade ao Papa.
Agora, o rumo foi invertido pelo Acordo Vaticano-China de 2018, posteriormente renovado em 2020 e 2022, tornando-se permanente ou definitivamente abandonado.
Três premissas pesam sobre o destino da Igreja Católica na China em 2024.
A primeira é o “Plano Quinquenal para a Sinicização do Catolicismo na China (2023-2027)”, aprovado em 14 de dezembro de 2023, pelo órgão oficial.
Esse unifica a Conferência dos Bispos Católicos, entidade não reconhecida como tal pela Santa Sé, embora todos os seus Bispos membros sejam agora reconhecidos pelo Vaticano, e a Associação Católica Patriótica Chinesa, ambas operando sob a supervisão do Departamento de Trabalho da Frente Unida do PCCh.
O Plano da continuidade e amplia o “Plano Quinquenal para levar adiante a adesão da Igreja Católica à direção da sinicização em nosso país (2018–2022)”.
Esses dois documentos foram acompanhados pelo “Esboço de um Plano de Trabalho Quinquenal para Avançar ainda mais a Sinicização do Cristianismo (2023–2027)”, publicado em 19 de dezembro de 2023, e o “Esboço do Plano de Trabalho Quinquenal para a Promoção da Sinicização do Cristianismo em nosso País (2018–2022”).
'Ano do Dragão': em 2024 os católicos fiéis serão especialmente perseguidos |
Planos semelhantes foram e são adotados na China também para outras religiões, como mostra o “Esboço de Planejamento Quinquenal para Persistir na Sinificação do Islã (2018–2022)”. Estes documentos são fruto do trabalho constante e incansável do regime chinês para controlar e distorcer todas as religiões.
A segunda premissa é a chamada “Santa Sé de Xangai”, ou a imposição do PCCh ao Vaticano da nomeação sem a autorização do Papa de Giovanni Peng Weizhao como bispo auxiliar de Jiangxi em 24 de novembro de 2022, e de Joseph Shen Bin como bispo de Xangai em 4 de abril de 2023.
Isto tornou “óbvio que o acordo Vaticano-China de 2018 é considerado pelo PCCh como vinculativo apenas para o Vaticano, que não deverá criticar a perseguição religiosa na China, mas não é vinculativo para Pequim, que nomeia os bispos católicos conforme lhe aprouver, com ou sem mandato papal”. No final, o Papa Francisco aceitou ratificar a nomeação de Shen Bin post factum.
A terceira e última premissa é a ordenação de três novos bispos chineses em menos de uma semana, no início do 2024 do Dragão: Thaddeus Wang Yuesheng em 25 de janeiro como bispo de Zhengzhou; Anthony Sun Wenjun em 29 de janeiro como bispo das recém-criadas dioceses de Weifang; e Peter Wu Yishun em 31 de janeiro como chefe da Prefeitura Apostólica de Shaowu, que estava sem bispo desde 1964.
Desta vez, as ordenações tiveram a aprovação do Papa amigo dos ditadores e foram as primeiras acordadas entre o Vaticano e o governo chinês desde 2022, em cumprimento do Acordo de 2018.
Com a sinicização o PCCh quer marxistizar a religião.
Como diz o “Plano Quinquenal” trata-se de “construir uma base teórica sólida para que o catolicismo se manifeste constantemente com características chinesas”.
Bispos comunistas veneram imagem do Pe. Mateo Ricci SJ, precursor da 'sinização' do catolicismo hoje |
Assim, “o controle das autoridades políticas sobre os crentes católicos é justificado em nome da inculturação do Evangelho”. Por outras palavras, o PCCh tenta reformular o Cristianismo “com características chinesas” ou “Comunistizar a fé”.
O Pe. Criveller, não está entre os supercríticos ideológicos do Papa, mas ele vê como catastrófico o Acordo de 2018 e postula a sua revogação total pelo Vaticano porque visa “acabar pela raiz” a Igreja Católica na China.
Somente agindo assim, o Dragão de 2024, símbolo antigo chinês da sabedoria celestial, marcaria um ponto decisivo contra o Dragão Vermelho do Comunismo Chinês, conclui “Bitter Winter”.
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