A China arranca órgãos dos prisioneiros pela força, divulga a CNN |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Os escritos ideológicos mais importantes de Xi Jinping só existem em chinês, e raramente são traduzidos para o inglês pelo Partido Comunista Chinês (PCCh).
Os meios de comunicação e políticos ocidentais não encomendam sua tradução. Portanto, não tem ideia do que pensa o ditador e assim cometem um dos maiores erros na informação, escreveu o diretor de Bitter Winter.
Um exemplo foi fornecido pelo jornal “Diário do Povo” do PCCh que publica a série “Perguntas e respostas sobre o estudo dos pensamentos de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas na Nova Era”.
A série é aprovada pessoalmente por Xi Jinping e as respostas são um resumo de seus escritos e discursos.
No caderno nº 34 Xi responde à pergunta “Por que devemos tomar uma posição clara contra os chamados ‘valores universais’ do Ocidente?”
O caderno começa explicando que os ‘valores universais’ são “a ‘liberdade’, a ‘democracia’ e os ‘direitos humanos’ “defendidos pela burguesia ocidental moderna”.
Xi Jinping, como marxista ortodoxo, inicia descrevendo a História segundo a luta de classes: no início a “autocracia feudal” é esmagada pelas revoluções burguesas até que o ‘liberalismo burguês’’ é derrotado pelo socialismo marxista.
Na mesma ótica, Xi explica que a ‘liberdade’, a ‘democracia’ e os ‘direitos humanos’ ajudaram a derrubar a “autocracia feudal”.
Mas, como ensina o materialismo dialético, esses valores se tornaram reacionários no estágio histórico seguinte.
Hoje, prossegue, a burguesia internacional, liderada pelos “EUA e outros países ocidentais”, pretendem promover esses ‘valores universais’.
Mas, para o presidente chinês hoje não há mais ‘valores universais’.
Eles foram úteis para derrotar a “autocracia feudal” mas hoje são armas reacionárias que devem ser liquidadas pelo socialismo.
Xi Jinping diz que nem os EUA acreditam neles como se evidenciaria na repressão do movimento Black Lives Matter.
Xi deplora que ditos ‘valores universais’ tenham sido usados para causar “a desintegração da URSS, as mudanças drásticas na Europa Oriental” e outros episódios que danificaram o domínio do comunismo.
Pior ainda, diz Xi, o Ocidente promove esses valores na China, para “derrubar a liderança do PCCh e do sistema socialista”.
Xi admite a existência de ‘valores comuns’ como paz, desenvolvimento ou justiça mas apenas enquanto interpretados segundo os diferentes sistemas políticos e tradições nacionais.
Xi Jinping: a China não respeita e não respeitará 'valor universal' algum |
As palavras de Xi Jinping, comenta Bitter Winter, são música para os ouvidos de todos os ditadores do mundo, e é por isso que eles apoiam a China toda vez que seu histórico abismalmente baixo de direitos humanos é denunciado.
O presidente comunista então conclui que não é por acaso que na China não há direitos humanos, liberdade ou democracia.
Não há porque assim o quer a ideologia do PCCh.
Em poucas palavras, Xi Jinping ensina ao mundo que a China não respeita e não respeitará ‘valor universal’ algum.