Academias de dor e castigo fabricaram medalhistas da Olimpíada

Luis Dufaur

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

Na última Olimpíada os atletas chineses ganharam um número anormal de medalhas, porém elas foram sendo "produzidas" a um custo assustador, num regime carcerário, desde crianças, anos a fio.

A matéria da BBC sobre essa preparação foi reproduzida por “O Globo” em 2012 e os frutos se contabilizaram nas Olimpíadas que vieram depois.

Em 1992, em Barcelona a China conquistou apenas 16.

Mas, subitamente em 2008 pulou para 51. Em 2012 ficou atrás dos EUA por muito pouco. E agora em Tóquio 2020 (disputada em 2021) quase os superou.

Wu Minxia e He Zi, por exemplo, arrasaram no salto ornamental em 2012.

Durante um ano, a BBC de Londres acompanhou a preparação das duas e chegou à conclusão de que elas foram submetidas a um regime de trabalho forçado.

Junto com outros colegas, elas foram confinadas num ginásio, tendo livre apenas uma tarde de domingo por semana.

Elas iam de ônibus do centro de treinamento para os dormitórios, e no percurso o mundo exterior era apenas vislumbrado pela janela.

Nos apartamentos, que dividiam com outras, nada de visitas de fora. 

As refeições eram feitas em conjunto numa cantina comunal.

He Zi e Wu Minxia

“A vida dos atletas consiste em três coisas: treinar, comer e dormir” – repetia um funcionário do local sobre as “escravas” do sucesso do regime.

He Zi e Wu Minxia também repetiam: “Eu coloco todo meu coração e a concentração no treinamento. 

“Não penso em muitas coisas além disso”.

Quase ao mesmo tempo, o britânico Daily Mail publicou fotos da preparação esportiva de crianças chinesas.

E o mesmo Daily Mail em 2016 fez nova reportagem fotográfica com a manchete “Dentro das cruéis 'fábricas de medalhas douradas': fotos perturbadoras mostram crianças em lágrimas enquanto são puxadas até seus limites à procura da próxima estrela Olímpica”.

E as espantosas informações descrevem um regime de tortura e castigos físicos a que são submetidos meninos e meninas desde os 7 ou 8 anos de idade para fabricar os medalhistas do futuro.

Numa foto publicada uma garota de bruços, com os braços abertos, a cabeça levantada, chora de dor.

Atrás, a instrutora segura uma espécie de palmatória.

Em outra foto, a perna do treinador pisa forte na perninhas de uma menina deitada no chão, o rosto contraído, a boca aberta num grito que lembra um quadro dee Goya.

A “fábrica de atletas” criou fenômenos olímpicos como a nadadora Ye Shiwen, de 16 anos, que conquistou duas medalhas de ouro num tempo tão extraordinário que levantou a suspeita de doping.

Na realidade foi apenas mais um exemplo do “milagre” do sistema, impiedoso e desumano.

No sistema socialista, o indivíduo não vale mais do que uma formiga no formigueiro.

Ele é um escravo sem vontade própria, sem outra razão de ser que a fixada pela planificação socialista.

Quem não se encaixa no esquema é um “egoísta”, suspeito de “capitalista” anti-socialista, talvez “contrarrevolucionário”, que poderá ser eliminado ou enviado a um posto de produção indesejado, sem nenhuma consideração humanitária.

E isto não só nos esportes, mas em todos os campos da atividade humana.