Manifestante pela liberdade preso em Hong |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
As liberdades relativas da ex-colônia britânica ficaram condenadas.
Foi a estocada final, marca o fim de Hong Kong como uma cidade livre concluiu “Le Monde” de Paris.
“É o fim de Hong Kong como o mundo o conhecia”, resumiu Joshua Wong, uma figura do movimento pela democracia.
A executiva-chefe local Carrie Lam, católica formada na teologia da libertação e admiradora do Papa Francisco, defende a imposição de Pequim.
A Lei de Segurança Nacional “certamente não é tão sombria quanto parece”, disse hipocritamente em conferência de imprensa.
E reconheceu que sua aplicação envolve violência: “as consequências de violar esta lei são muito graves” acrescentou.
Todo mundo estava vendo na rua os soldados comunistas esmagando os partidários da liberdade.
Em Hong Kong: pânico de serem enviados ao interior da China continental e não voltarem mais ou com a saúde estragada |
É uma “trágica farsa” que institui uma justiça que abusa dos delitos da subversão ou de violação da ordem pública, em desrespeito grave à Constituição e dos direitos de defesa em nome da supremacia absoluta do Partido Comunista e dos valores principais componentes do “pensamento de Xi Jinping”, acrescentou mais um artigo do “Le Monde”.
O espetáculo-exibição intitulado “História do primeiro ano” no salão municipal de Yau Tong, um distrito semi-residencial de Hong Kong, foi proibido telefonicamente pelo Departamento do Interior porque suspeito de não afinar com o novo regime da lei opressiva, informou ainda o “Le Monde”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, encerrou o regime econômico preferencial concedido a Hong Kong e promulgou lei de sanções a Pequim pela repressão no território de Hong Kong.
“Hoje, eu assinei uma lei e um decreto para responsabilizar a China pela repressão do povo de Hong Kong”, disse numa coletiva de imprensa.
O Congresso americano aprovou por unanimidade a “Lei de Autonomia de Hong Kong”, que cria “ferramentas poderosas para responsabilizar indivíduos e entidades envolvidas na supressão das liberdades em Hong Kong”, sublinhou Trump.
Dissidente hongkongueses aguardam o pior se enviados ao interior |
“Hong Kong será tratado como a China: sem privilégios especiais, sem tratamento econômico especial e sem exportação de tecnologias sensíveis”, acrescentou.
Trump considera que o controle de Pequim sobre Hong Kong marca o fim do poder econômico do território. Ele também previu uma hemorragia de cérebros de Hong Kong que partiriam para a emigração.
A União Europeia restringiu a exportação de equipamentos de vigilância para o território.
Por sua parte, “New York Times” saiu de Hong Kong e mudou sua sede regional para Seul aduzindo a incerteza criada pela lei de segurança nacional imposta por Pequim.
Vários países se solidarizaram com os EUA banindo a gigante chinesa de telecomunicações Huawei da competência pelo 5G. Eles acusam a empresa de propriedade real do Exército Vermelho de espionar para Pequim.
Em represália, Pequim sancionou três parlamentares republicanos mais críticos do regime comunista: os senadores Marco Rubio (Flórida) e Ted Cruz (Texas) e o deputado Chris Smith (Nova Jersey).
Logo a seguir, em um passo incomum e grave, após acusar hackers chineses de tentarem roubar estudos sobre uma vacina para o novo coronavírus, Trump determinou o fechamento do consulado da China em Houston, no Texas, segundo noticiou o “Jornal de Brasília”.
Outros consulados poderão ser fechados. Grande número de unidades de guerra aérea e naval americanas foram transferidas para as bases do Extremo Oriente.
A China vermelha é a que mais executa no mundo, quando não despedaça os dissidentes para lhes tirar os órgãos. |
A Lei de Segurança Nacional cujo conteúdo foi mantido em sigilo até o último momento, cria quatro “crimes”: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças externas, explica “Le Monde”, jornal socialista francês velho admirador do comunismo chinês.
Essa lei torna a justiça comunista continental competente para os crimes mais graves, cujas sentenças podem variar de dez anos de prisão a prisão perpétua.
Por exemplo o apoio à independência de Taiwan, Tibete e região de Xinjiang virou crime gravemente punível na antiga colônia britânica.
Um outro documento tira a polícia de Hong Kong do controle judicial.
Os policiais podem realizar buscas alegando a segurança nacional sem terem sequer indícios. Poderá monitorar e excluir qualquer informação on-line se acha que há “motivos razoáveis” para acreditar que viola a referida lei.
A polícia pode intervir empresas da Internet e provedores de serviços, remover informações e pode apreender todos os seus equipamentos. Essas empresas devem fornecer registros de identificação e assistência na descriptografia de dados.
Cada vez mais fica evidente que o covid é manipulado com intenções ditatoriais |
A executiva-chefe Carrie Lam recebeu amplos poderes de vigilância, como o poder de interceptar comunicações.
Os ativistas pró-democracia brandiram ostensivamente folhas de papel branco ou recorreram a trocadilhos e slogans cujo som lembra os princípios banidos. A polícia prendeu oito manifestantes silenciosos com folhas brancas num shopping.
Os moradores apagam os vestígios computacionais de seu envolvimento nas manifestações pela democracia.
Facebook, Google e Twitter disseram que não responderão a pedidos de informações sobre seus usuários, enquanto o chinês Tiktok anunciou a suspensão de seu aplicativo em Hong Kong “à luz dos eventos recentes”.
As escolas devem remover o material educacional, incluindo livros, em caso de “conteúdo relacionado com os quatro tipos de ofensa definidos pela lei”.
Livros escritos por figuras do movimento pró-democracia estão desaparecendo das prateleiras das bibliotecas.
Ofensiva de hackers contra empresas americanas obedece a instruções de Pequim |
Obcecado em “garantir” o sistema político e o partido, Xi Jinping considera que a guerra comercial e a ofensiva dos parlamentares americanos impedem que a China “ocupe um lugar central no cenário mundial”, comentou “Le Monde”.
O Covid-19 lhe foi ideal para proibir as religiões e opositores com as fronteiras fechadas. O vírus funcionou como uma bênção para o ditador chinês.
Hong Kong tinha o privilégio de ser a única cidade chinesa onde as liberdades individuais ficaram protegidas.
Proibido falar, hongkonguesees protestam com folhas em branco. |
A nova lei até aniquilará, as liberdades civis e políticas de qualquer cidadão que discorde do sistema chinês.
“Basicamente, Pequim será capaz de prender qualquer pessoa, por qualquer crime, já que é ele quem tem o poder de afirmar o que você fez de errado e como está errado”, disse um grande advogado que, como a maioria das pessoas, só fala sob condição explícita de não ser citado, uma novidade nesta cidade.
Hong Kong agora está “continentalizada” com a presença habitual de temores e horrores que isso significa.
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