Condições de trabalho desrespeitam critérios básicos. Mas Vaticano diz que são modelo de doutrina católica. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em 2014, a China Radio International, controlada pelo estado marxista estimava que 1.600 chineses morriam diariamente por excesso de trabalho.
O jornal oficial China Youth Daily elevava a cifra a 600 mil pessoas por ano, segundo edição da revista Exame da época.
Os números, entretanto, estavam longe das milionárias chacinas empreendidas em nome do desenvolvimento comunista em campanhas grandemente elogiadas pelas esquerdas ocidentais como o Grande Salto Adiante ou – incredibile dictu – as menos assassinas da Revolução Cultural.
O “Livro Negro do Comunismo” calcula um mínimo de cem milhões de mortos pelo comunismo chinês em campos de trabalho forçado, obras faraônicas ou extermínios de classe, raça, cultura ou religião.
Com a modernização da China, as mortes por excesso de exigências laborais continuaram sendo glorificadas como atos heroicos.
Foi o caso de Lin Jianhua, de 48 anos, regulador do sistema financeiro oficial que caiu fulminado depois de passar a noite inteira preparando um relatório.
Os chefes comunistas exortaram os chineses a “ser como ele, sempre firme em seus ideais e crenças, o interesse geral, leal à causa do partido e das pessoas, à contínua luta sacrificando tudo”.
Os candidatos são iniciados numa disciplina carcerária |
Mas, desde 2014 a situação trabalhista só piorou na China, sem que críticas proporcionadas dos defensores dos direitos humanos civis e eclesiásticos, habitualmente furiosos contra o capitalismo privado e encobridores dos crimes de massa do socialismo.
As condições pavorosas de trabalho dos operários das fábricas fornecedoras da Apple atraíram mais um pouco a atenção, menciona o site Tecmundo.
Ainda assim, a realidade cruel dos funcionários-escravos da firma da Maçã interessa menos que os detalhes de mediana novidade do aclamado iPhone, escreve o repórter do The Guardian Brian Merchant publicou o livro “A história secreta do iPhone” (“The One Device: The Secret History of the iPhone”, Brown and Company, 2017, 416 págs).
Nele descreve o fantasmagórico complexo da Foxconn onde 18 pessoas tentaram se suicidar e 14 delas infelizmente conseguiram, segundo os números oficiais.
O autor visitou o local, conversou com funcionários e ex-trabalhadores e concluiu que lá não é local para seres humanos.
Com jornadas de trabalho de 12 horas e assédio moral descontrolado, quem trabalhou lá sabe um pouco do que é o inferno.
Crises depressivas são um dos produtos danosos do trabalho escravo |
O controle por parte dos supervisores esmaga o ambiente levando os funcionários a um estado de depressão que beira a loucura.
Cerca de 150 funcionários da empresa se reuniram no telhado da fábrica e ameaçaram se jogar
Segundo Xu, um ex-trabalhador da Foxconn entrevistado por Merchant, as tentativas de suicídio foram muito mais numerosas do que as 18 reportadas pelas autoridades.
O pico do problema foi em 2010, mas em 2012 cerca de 150 funcionários da empresa se reuniram no telhado da fábrica e ameaçaram se jogar em um suicídio coletivo caso as condições de trabalho não melhorassem.
Testemunhadas ouvidas pelo autor confirmaram que a situação continua igual, com pessoas dormindo no ambiente de trabalho em dormitórios feios e lotados, ganhando pouco e trabalhando muito mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário