Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O processo de fechamento das empresas chinesas de tecnologia faz parte de um plano concebido pelo ditador Xi Jinping que vai longe, insistem os observadores.
Ele quer ampliar o controle do Estado para aplainar as desigualdades sociais e a influência estrangeira, especialmente dos EUA. Dessa maneira, o período de expansão econômica parece estar acabando, explicou “The New York Times”.
Os executivos não têm mais luz verde para progredir e os governantes marxistas decidirão na reunião secreta do PCCh em andamento quais setores crescerão e de que forma.
As medidas de Xi marcam o fim da “era de ouro” da empresa privada que transformou a China numa potência manufatureira e financeira.
Os especialistas acham que o país entrou numa fase ruim de autoritarismo econômico, e temem os efeitos sobre o mundo caso prossiga o abalo do gigante industrial e financeiro marxista.
O grupo econômico Evergrande é um paradigma: tem uma mastodôntica dívida e o governo não dá sinais de se preocupar com seu um resgate.
O Banco Central declarou ilegais todas as transações de criptomoedas.
Jack Ma já foi o homem mais rico. Agora foge da forca |
Na China World Internet Conference, um funcionário observou que progredirão as limitações aos gigantes da Internet e outras restrições da “acumulação descontrolada de capital”.
Essa Conferencia outrora foi uma vitrine do poder empreendedor da China, mas neste ano foi um palco de demonstrações de lealdade aos esforços do ditador para distribuir riqueza. Yahoo e Linkedin já saíram do país e 1.400 empresas ocidentais estão cogitando fazer o mesmo.
Analistas argumentam que Pequim há muito tempo deveria ter corrigido as plataformas de internet, mas hoje só pensa em prejudicar a competitividade e favorecer o setor estatal ineficiente e monopolista.
Natasha Kassam, diretora do Lowy Institute, um think tank australiano, diz que Xi, nove anos atrás, conteve a corrupção galopante no PCCh concentrando o poder com punho de ferro.
“Ninguém sabia quem seria o próximo alvo”, disse Kassam. “Agora um medo semelhante percorre o setor privado”.
As vítimas de alto perfil se acham vítimas de uma carnificina econômica. Em oito meses o valor de mercado das grandes empresas chinesas de tecnologia caiu mais de US $ 1 trilhão.
Isso não acontece na paz. O governo instrui as autoridades locais para que fiquem atentas ao crescente mau humor social e aos protestos contra o conturbado setor imobiliário.
Presidente George Bush (pai) eufórico com a abertura da China. Agora a 'era de ouro' acabou e vai para pio |
Se Evergrande falir, 1,6 milhão de compradores de imóveis à espera de apartamentos inacabados e centenas de pequenos negócios, credores e bancos perderão seu dinheiro, dentro e fora da China.
Xi já escolheu o culpado: ele apontará contra o capitalismo privado.
Na China se fala de uma nova Revolução Cultural mas desta vez contra os empresários privados, como a que matou dezenas de milhares de proprietários e intelectuais no tempo de Mao Tsé Tung.
Quando a filha do dono de Huawei Meng Wanzhou, voltou da detenção no Canada, o PCCh fez propaganda de um triunfo diplomático, mas era só para enganar o exterior.
De fato, dentro do país ela é apontada como a imagem do odiado sistema de privilégios no PCCh que criou acumulação de dinheiro em poucas mãos e uma sociedade desigual.
Meng usava grifes de luxo e passou sua prisão uma mansão em Vancouver.
Huawei é um instrumento favorito do expansionismo comunista chinês. Mas a família proprietária e “laranja” do PCCh e não se sabe quanto durará.
Em pouco tempo poderemos estar assistindo a uma degradação de status como a padecida pelo do multibilionário Jack Ma fundador de Alibaba.
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