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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

China prende dissidentes em hospitais psiquiátricos

Liu Hongzhi foi internado e torturado porque pedia investigação de explosão mortal numa fábrica
Liu Hongzhi foi internado e torturado
porque pedia investigação de explosão mortal numa fábrica
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Na China, criticar o Partido Comunista leva a uma cruel internação num hospital psiquiátrico, alertou o site Bitter Winter bem informado desde o interior do imenso país comunista.

O pior, acrescenta a fonte com testemunhos vindos do coração da China, é que se o infeliz dissidente tiver a sorte de ser solto, não pode revelar que foi abusado e torturado na clínica psiquiátrica.

Se o fizer, será enviado novamente para o hospital psiquiátrico, onde os médicos e enfermeiras que abusaram dele o tratarão com especial punição.

É a história do dissidente chinês Liu Hongzhi, entre outros. Seus parentes relataram em novembro [2022] ele foi detido e enviado novamente ao Hospital Mental Dali. Ele havia sido libertado em 16 de janeiro de 2020 e, desde então, reclamava publicamente de abuso e tortura.

Como muitos outros, Liu tornou-se dissidente por causa do Acidente Explosivo 321, ou seja, a explosão de 21 de março de 2019, na fábrica Tianjiayi Chemical em Chenjiagang, Jiangsu, que matou 78 e feriu 617 segundo a contagem oficial (as vítimas reais poderiam ter sido mais).

As reais causas do acidente nunca foram apuradas, mas muitos cidadãos locais e internautas apontaram a corrupção que tornava precárias as inspeções de segurança nas fábricas de produtos químicos.

A reação do PCCh foi proibir mais discussões sobre o acidente e fechar a área para jornalistas.

O método comunista para abafar as catástrofes trabalhistas se repete. O mesmo já tinha acontecido nas espantosas explosões no porto de Tianjin (escoa a produção da área de Pequim) que mataram pelo menos 114 pessoas e feriram mais de 700.

O regime “investigou as causas” e prendeu 15.000 internautas acusados de delitos que “puseram em perigo a segurança cibernética” e se deu por satisfeito. Cfr. Pequim “apura” explosões de Tianjin prendendo 15 mil descontentes 

Instantânea do 'Acidente  Explosivo 321' postado na rede social chinesa Weibo em 2019
Instantânea do 'Acidente  Explosivo 321'
postado na rede social chinesa Weibo em 2019
Neste caso, Liu, que é de Liaoning, foi um dos maiores críticos pela Internet da atitude das autoridades após o Acidente 321, e chamou a atenção da polícia.

Insatisfeito com o fato de terem sido ignoradas suas petições de um relatório oficial completo sobre o acidente, ele se juntou a outros dissidentes e em outubro de 2019 viajou para Hong Kong para apoiar o movimento pró-democracia local.

Isso foi demais para as autoridades, que o detiveram por “provocar brigas e confusão” (crime do artigo 293 do Código Penal, do qual os dissidentes são frequentemente acusados) e o declararam louco.

Ele foi enviado para um hospital psiquiátrico, rotina assustadora para reprimir dissidentes políticos e religiosos. Ali foi espancado e torturado repetidamente para “reformar” sua mente.

Ele também foi informado de que deveria manter silêncio sobre como foi tratado lá.

Mas ele falou. Então foi entregue novamente aos seus torturadores.



Corrupção teria sido culpada da explosão que deixou 47 mortos. Mas quem pedir esclarecimentos vai a hospital psiquiátrico.




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