Liu Hongzhi foi internado e torturado porque pedia investigação de explosão mortal numa fábrica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na China, criticar o Partido Comunista leva a uma cruel internação num hospital psiquiátrico, alertou o site Bitter Winter bem informado desde o interior do imenso país comunista.
O pior, acrescenta a fonte com testemunhos vindos do coração da China, é que se o infeliz dissidente tiver a sorte de ser solto, não pode revelar que foi abusado e torturado na clínica psiquiátrica.
Se o fizer, será enviado novamente para o hospital psiquiátrico, onde os médicos e enfermeiras que abusaram dele o tratarão com especial punição.
É a história do dissidente chinês Liu Hongzhi, entre outros. Seus parentes relataram em novembro [2022] ele foi detido e enviado novamente ao Hospital Mental Dali. Ele havia sido libertado em 16 de janeiro de 2020 e, desde então, reclamava publicamente de abuso e tortura.
Como muitos outros, Liu tornou-se dissidente por causa do Acidente Explosivo 321, ou seja, a explosão de 21 de março de 2019, na fábrica Tianjiayi Chemical em Chenjiagang, Jiangsu, que matou 78 e feriu 617 segundo a contagem oficial (as vítimas reais poderiam ter sido mais).
As reais causas do acidente nunca foram apuradas, mas muitos cidadãos locais e internautas apontaram a corrupção que tornava precárias as inspeções de segurança nas fábricas de produtos químicos.
A reação do PCCh foi proibir mais discussões sobre o acidente e fechar a área para jornalistas.
O método comunista para abafar as catástrofes trabalhistas se repete. O mesmo já tinha acontecido nas espantosas explosões no porto de Tianjin (escoa a produção da área de Pequim) que mataram pelo menos 114 pessoas e feriram mais de 700.
O regime “investigou as causas” e prendeu 15.000 internautas acusados de delitos que “puseram em perigo a segurança cibernética” e se deu por satisfeito. Cfr. Pequim “apura” explosões de Tianjin prendendo 15 mil descontentes
Instantânea do 'Acidente Explosivo 321' postado na rede social chinesa Weibo em 2019 |
Insatisfeito com o fato de terem sido ignoradas suas petições de um relatório oficial completo sobre o acidente, ele se juntou a outros dissidentes e em outubro de 2019 viajou para Hong Kong para apoiar o movimento pró-democracia local.
Isso foi demais para as autoridades, que o detiveram por “provocar brigas e confusão” (crime do artigo 293 do Código Penal, do qual os dissidentes são frequentemente acusados) e o declararam louco.
Ele foi enviado para um hospital psiquiátrico, rotina assustadora para reprimir dissidentes políticos e religiosos. Ali foi espancado e torturado repetidamente para “reformar” sua mente.
Ele também foi informado de que deveria manter silêncio sobre como foi tratado lá.
Mas ele falou. Então foi entregue novamente aos seus torturadores.
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