Um dos cemitérios de carros eléctricos na China. Foto Bloomberg |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na China, desde há poucos anos se constata um abandono massivo de carros elétricos.
Isso gerou campos de gerar arrepio com milhares de veículos largados em bom estado, alguns com bichos de pelúcia nos painéis, mostrou longa reportagem do “La Nación”.
Esses incríveis “cemitérios” constituem um exemplo ovante do fracasso da economia chinesa movida por estímulos e desestímulos dirigistas, como é típico do socialismo.
Segundo a agência Bloomberg, o fenômeno começou em 2019 e se repete em dezenas de cidades do país asiático.
Os carros parados por tempo indeterminado em baldios chineses têm um padrão comum: são modelos modernos, com carrocerias claras.
Há pouco mais de uma década, fabricantes chineses entraram no negócio da mobilidade elétrica para aproveitar subsídios governamentais.
Os cemitérios de carros elétricos existem em muitas cidades |
Porém, eram utilizáveis por empresas que apostavam em um negócio que parecia estar começando.
As políticas governamentais socialistas afetaram ambas as partes: fabricantes e consumidores.
Um sistema de créditos recompensava o fabricante desses carros e penalizava o fabrico de automóveis com combustíveis tradicionais. Em algumas cidades, foram impostas restrições aos carros de combustão fósseis.
As empresas visando aproveitar o programa de subsídios, falsificavam os registros dos carros elétricos produzindo chassis vazios, sem baterias, ou baterias que não cumpriam as normas.
O quotidiano oficial “Diário do Povo” revelou em 2016 dezenas de fraudes envolvendo empresas que reivindicavam mais de 1,3 bilhões de dólares em subsídios.
Subsídios socialistas acabaram mal |
Os incentivos geraram um boom que em pouco tempo levou o gigante asiático a representar 60% da frota elétrica mundial e a desenvolver a maior infraestrutura de carregamento existente.
O ritmo produtivo se mantém até hoje: só em 2022 a China fabricou seis milhões de veículos elétricos e híbridos plug-in.
No entanto, nem tudo que é elétrico é sustentável, escreve “La Nación” e a superprodução chinesa de EVs (veículos elétricos, em inglês) não foi acompanhada pela demanda.
Primeiro porque, possivelmente, os compradores ainda não estavam preparados para saltar de uma vez para o transporte elétrico.
Segundo, porque quando ficaram prontos, já tinham aparecido opções mais modernas e equipadas que superavam em muito os primeiros modelos de capacidades limitadas.
Embora as baterias destes veículos contenham metais preciosos como o níquel, o lítio e o cobalto, que poderiam ser reciclados e ter uma segunda vida no sector, estes automóveis são hoje uma fonte de resíduos tóxicos cuja desintegração será, mais cedo ou mais tarde, uma tarefa com a qual o governo terá que lidar.
Acúmulos de carros abandonados em consequência da planificação socialista |
Os cemitérios de carros elétricos não são o primeiro caso de abandono massivo em consequência de uma produção frenética planificada e irreal socialista.
Em 2018, Wu Guoyong, um fotógrafo radicado em Shenzhen, documentou esse tipo de “cemitérios” industriais fotografando pilhas de bicicletas com drones.
As bicicletas estavam destinadas a um sistema de pedalagem partilhado que resultou em milhões de cópias descartadas. em valas, rios e estacionamentos.
Em suma, ambos os exemplos representaram a dinâmica comunista chinesa de consumo induzido para projetar a imagem da China vermelha no mundo.
Cemitérios de bicicletas produzidas para obedecer à planificação socialista |
Qualquer crítica aos planos da central ditatorial do Partido Comunista Chinês pode atrair pesadas punições.
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