Nas eleições da Coreia do Norte: ou sim ou "inexiste" |
Em cada uma das 700 circunscrições havia apenas um candidato – apontado pelo partido único –, sem necessidade de urnas eletrônicas.
Os cidadãos inscritos, equivalentes a todos os que têm direito a existir sob a ditadura, podiam optar entre o 'sim' e o 'não'.
O eleitor que pretendesse escolher o 'não', deveria se dirigir a uma cabine especial.
Mas segundo Stefanie Dekker, correspondente da Al Jazeera, isso é “algo que poucos estão dispostos a arriscar”. Se alguém arriscou, não sobreviveu para contar ou seu voto não foi computado.
O voto é facultativo, como em quase todas as democracias, mas se algum eleitor não comparecia aos locais de votação, era tido como prófugo e seus parentes corriam o sério risco de serem enviados para um campo de concentração.
Obviamente, no distrito eleitoral do ditador Kim-Jong-un, os votos sem exceção foram para o líder socialista.
Ele acumula toda espécie de cargos e títulos, tão díspares como deputado, comandante supremo das Forças Armadas ou presidente da despótica Comissão Nacional de Defesa.
Para a agência oficial, houve “apoio absoluto do povo e sua profunda confiança no supremo líder Kim Jong-un”.
Militares dançam para comemorar a vitória a 100% |
A circunscrição de Kim – a número 111, do Monte Paektu – tem um caráter sagrado porque, segundo a propaganda, o fundador da dinastia de ditadores marxistas Kim Jong-Il nasceu nesse morro.
A votação serviu também para atualizar o censo: os funcionários da ditadura socialista visitaram todas as residências, para confirmar se os eleitores não tinham fugido do país e garantir que votariam pelo déspota.
O elenco dos candidatos eleitos também serve para saber quem ainda goza das boas graças do líder supremo e não está num campo de extermínio.
Os meios de comunicação e analistas ocidentais se autocensuraram, só reproduzindo as informações oficiais de Pyongyang, sem queixa nem crítica alguma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário