Policiais fazem treino ostensivo na estação de trem de Yiwu, Zhejiang |
Em 6 de maio (2014), a Academia Chinesa de Ciências Sociais publicou um “Livro Azul” com os “desafios mais sérios para o país”, que representam “ameaças” para a “segurança nacional”.
As quatro “ameaças” mais perigosas seriam:
1) a entrada no país dos ideais democráticos;
2) a hegemonia cultural ocidental;
3) a disseminação da informação pela Internet; e
4) as infiltrações religiosas.
A ameaça das “infiltrações religiosas provenientes do exterior” é um velho chavão usado contra a Igreja Católica, cuja cabeça está em Roma.
A Academia de Ciências Sociais, considerada o principal ‘tanque de pensamento” do comunismo chinês, foi ajudada na confecção do “Livro Azul” pela Universidade de Relações Internacionais de Pequim, que funciona sob a supervisão direta do Ministério de Segurança do Estado – leia-se do policiamento ideológico.
Segundo Wu Li, diretor do Instituto de Estudos sobre a China Contemporânea, dependência da Academia das Ciências Sociais, o “Livro Azul” será um instrumento útil para a máquina repressiva.
Repetindo o velho realejo persecutório, o relatório afirma:
“Forças ocidentais hostis infiltram as religiões na China, utilizando meios sempre dos mais variegados e de maneira sempre mais larga. Isso se faz pondo em funcionamento meios sempre mais subtis, seja às escâncaras ou secretamente. Essas forças são de natureza fortemente sediciosa e agem instintivamente por baixo do pano”.
Igreja dinamitada em Whenzou |
A denúncia da “influência nefasta vinda do exterior por meio da religião” não traz nada de novo, observa a agência “Églises d’Asie” (EDA).
O fato inquietante é que a publicação desse “Livro Azul” aconteça num contexto de recrudescimento da perseguição religiosa no país.
Segundo The New York Times, em abril de 2013 uma circular interna do Partido Comunista, conhecida como “Documento nº 9”, pedia reforçar o controle das vozes críticas na sociedade civil.
O documento encarecia a aplicação de todas as forças do Partido para que nada nem ninguém saísse dos trilhos fixados pelo atual presidente Xi.
O comunismo não está enfrentando apenas o crescimento do cristianismo, mas também a resistência de budistas no Tibete e de muçulmanos em regiões como o Xinjiang.
O problema maior, entretanto, são os cristãos e em especial os católicos. Ying Fuk-tsang, diretor do Centro de Estudos das Religiões e da Sociedade na Universidade Chinesa de Hong Kong, explicou à agência UCANews que a atitude dos dirigentes comunistas é ambivalente.
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Porém, as mesmas autoridades ditatoriais desconfiam do catolicismo genuíno, cujo ensinamento vai minando as bases psicológicas e morais do Partido Comunista.
Segundo o mesmo pesquisador, este fundo de quadro explica a devastação de diversos locais de culto católicos e cristãos na região de Wenzhou, no Zhejiang.
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Em 5 de maio último, o Ministério de Assuntos Civis interditou as “conversões forçadas”. Na China não há segredo o que isso significa: inumeráveis crianças abandonadas e recolhidas em orfanatos católicos acabam propendendo para o catolicismo, ou até pedem o batismo.
E isto é intolerável para o regime e seus asseclas.
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