O porta-helicópteros japonês JS Hyuga participando em exercícios no Mar da China. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Pela primeira vez após a II Guerra Mundial, o Japão participou de um exercício naval conjunto com a frota americana e a marinha de guerra das Filipinas.
A China se sentiu visada pelo exercício. Há crescentes fricções no Mar da China, onde Pequim está criando ilhas artificiais em territórios disputados e instalando bases.
O Secretário de Estado americano John Kerry qualificou a conduta chinesa na região de forma de “militarização” que contribui para a instabilidade.
O Japão aprovou uma reforma legal por onde suas forças armadas, constituídas até agora exclusivamente pela Força de Autodefesa territorial, poderão intervir em ajuda de “países amigos”.
A potência do Sol Nascente está procedendo a novos lançamentos militares como o navio porta-helicópteros Izumu da mais moderna geração.
A China ostenta um porta-aviões que é o resultado da reforma de outro porta-aviões velho de fabricação soviética – nunca concluído e posteriormente abandonado e passado para a Ucrânia, onde foi transformado em hotel que depois faliu.
O exercício conjunto apresentou-se como um treino em face de uma crise humanitária, porém navios de guerra japoneses, incluindo um submarino, chegaram a Manila.
O almirante Charles Williams, comandante da Força Tarefa 73 da VII Frota americana engajada no operativo, justificou a presença nas Filipinas do almirante japonês Katsutoshi Kawano, chefe das Forças de Autodefesa do Japão.
O almirante Kawano reuniu-se com o general filipino Hernando Iriberri e o ministro da Defesa Voltaire Gazmin a fim de programarem “ambiciosos exercícios de desembarque e operações com a marinha filipina”, segundo Speronews.
As fragatas chinesas Shenyang e Taizhou em Vladivostok para exercícios conjuntos com a Rússia |
O tenso operativo sino-russo engajou sete navios, seis helicópteros, cinco aviões de asa fixa, 21 unidades anfíbias e 200 fuzileiros chineses, além de 16 naves de superfície, dois submarinos, nove unidades anfíbias e 200 fuzileiros russos. O exercício foi batizado de Joint Sea-2015 (II), segundo a agência russa Sputnik.
O grupo anunciou simulacros de combate antissubmarino, defesa aérea e “outras missões pertinentes” não esclarecidas, no golfo de Pedro o Grande, que vai até a Coreia do Norte, na superfície e no fundo do mar do Japão, informou a agência iraniana Hispantv.
Em terra, as notícias apontando para um recrudescimento da Guerra Fria no Extremo Oriente não foram mais tranquilizadoras.
Dezenas de milhares de soldados sul-coreanos e americanos levaram adiante outro exercício conjunto simulando um ataque total proveniente da Coreia do Norte, informou a agência Associated Press, desde Seul.
Esse exercício, denominado Ulchi Freedom, é anual. Em 2015 ele incluiu uma ampla simulação computacional de uma ofensiva em grande escala partindo do agressivo vizinho comunista e engajou 50.000 soldados sul-coreanos e 30.000 americanos.
O cenário previa que a Coreia do Norte usasse armas nucleares.
Para Pyongyang, o exercício foi deliberadamente provocativo. E usando seu habitual estilo de bravata, anunciou uma “contra-reação das mais fortes” ainda este ano.
“Um exercício militar conjunto numa escala tão ampla... é em poucas palavras uma espécie de declaração de guerra”, disse o Comitê do Norte pela Reunificação Pacífica da Coreia, que vigia as ultra-armadas fronteiras dos dois países.
A China é novo aliado da Rússia, os dois voltados contra o mesmo inimigo: o Ocidente. |
O presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, sublinhou que “precisamos nos manter num estado de avançada prontidão para proteger as vidas de nosso povo e suas propriedades das provocações da Coreia do Norte”.
Entre as duas Coreias vigora um armistício. Após a guerra de 1950-1953 não se assinou qualquer tratado de paz, fazendo com que tecnicamente as duas partes continuem em guerra.
Pyongyang também despejou uma catadupa de bravatas contra os EUA e se auto-elogiou, dizendo que agora é uma “potência invencível, equipada com recursos ofensivos e defensivos da mais avançada geração... incluindo a dissuasão atômica” que pode atingir o território americano.
Não se deve esperar nada de militarmente sério ou eficaz da parte da Coreia do Norte, que só agirá de acordo com o que Pequim decidir e com o sustento material dos chefes comunistas chineses.
Porém, agora que Pequim está endurecendo no Mar da China, Pyongyang subiu o tom para logo abaixá-lo em conversações que afastaram de momento a possibilidade de um conflito que a Coreia do Norte não tem condições de enfrentar.
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