A "política do filho único" desequilibrou a pirâmide demográfica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Por efeito de três décadas de “política do filho único”, a população chinesa deverá cair para a metade ou mais até o fim do século, divulgou o site “The Nanfang”, editado em Hong Kong.
No Foro Econômico Mundial, o especialista Zheng Zhenzhen, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, especulou que a população cairia até um bilhão no ano 2100, o mesmo numero de 1980. A ONU chegou a um resultado análogo, contido no relatório World Population Prospects.
Porém, não são esses os números dos especialistas que não estão alinhados com a planificação oficial. Eles apontam números muito inferiores.
Huang Wenzhen, da Universidade de Wisconsin, acredita que a população chinesa descerá até 580 milhões pelo ano 2100, e continuaria diminuindo até atingir o fundo com 280 milhões nos cinquenta anos subsequentes. E isso apesar de os cálculos de Huang aceitarem uma melhoria de 20% na natalidade dos próximos anos.
Embora sejam chocantemente baixas, as estimativas de Huang não são as mais desanimadoras.
O professor Yi Fuxian calcula só 560 milhões no final deste século. Yi acredita que a taxa de natalidade vai aumentar 1.4% , como resultado da implementação da menos dirigista “política dos dois filhos”. Mas considera que voltará a baixar logo depois.
Como exemplo, ele cita precedentes em Taiwan e Coreia do Sul. Após se precipitar até 1,1% em 2035, a taxa da natalidade chinesa terá um rebote até 1,3% por volta de 2056 e depois ficará achatada até o fim do século.
A 'política dos dois filhos' chegou muito tarde: há poucas mulheres em idade de gestar um segundo filho. |
Com a “política do filho único”, os pais abortavam ou até matavam a criança por nascer, caso fosse menina. Eles preferiam o menino, que poderia sustentá-los na velhice.
O resultado foi um enorme desequilíbrio entre os sexos e a brutal redução do número de mulheres em idade de serem mães.
Atualmente a China tem 1,3678 bilhões de habitantes, mas os 7,1% de nascimentos no último ano computado não permitirão manter esse número.
Raciocinando de modo materialista, o comunismo pouco se importa com seus cidadãos. Para ele, poucos habitantes é sinônimo de poucos operários, menor produção ou mais cara e diminuição da projeção econômica do país.
Dessa maneira, o sonho de Mão Tsé-Tung de uma hegemonia marxista chinesa universal fica furado pela base.
E isso sim preocupa os ditadores de Pequim.
E apesar disso, ainda há quem defenda a política do filho único. E isso não na China, mas no Ocidente! Veja essa notícia:
ResponderExcluirClube de Roma propõe política de filho único e aposentadoria mais tarde
http://www.dw.com/pt/clube-de-roma-prop%C3%B5e-pol%C3%ADtica-de-filho-%C3%BAnico-e-aposentadoria-mais-tarde/a-19548761