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domingo, 5 de dezembro de 2021

O sacrifício de São Francisco Xavier pela conversão da China

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São Francisco Xavier, igreja do Gesù, Roma.







São Francisco Xavier S.J., padroeiro universal das missões (festa 3 de dezembro), foi para a Índia e o Japão com o intuito chegar na China. Foram tempos em que era mais perigoso do que hoje ir para a lua.

Ele correu esse risco com um objetivo que não era dos comerciantes mais audaciosos. Ele foi à busca de almas para Nosso Senhor Jesus Cristo!

Ele partiu com o coração estraçalhado de dor diante das devastações que o protestantismo fazia na Europa.

Estraçalhado de dor seu coração dizia:

“Ah, vós estais roubando a meu Deus o território que lhe pertence na Europa.

“Eu vou para a Índia, para o Japão e para a China, como os meus irmãos jesuítas vão para todas as Américas... e as outras ordens religiosas todas, para pedir a povos não evangelizados a correspondência à graça, para consolar a Deus pelo que vós, povos heréticos estais roubando!”

Isso se chama o ideal! Quer dizer, a mais alta das finalidades: salvar almas para a glória de Deus e de Nossa Senhora.

E entregar a vida, passar pelos maiores riscos, dissabores e perigos, contanto que o ideal seja obtido!

Quem trabalha nesta direção não tem nenhuma vantagem pessoal. Ele pensa apenas na glória de Deus e de Nossa Senhora!

Mas, a glória de São Francisco Xavier parece-nos, até certo ponto, frustrada.

São Francisco tinha o objetivo de ir para a China. Ele queria conquistar a Índia, o Japão e a China.

Ele foi para Índia, obteve vantagens enormes para a fé no Japão; implantou a religião no Japão e depois foi para a China.

Seu grande objetivo era a China porque tinha o conhecimento de sua importância, pela sua população incalculável, pela sua riqueza cultural e pelo seu prestígio em todo o Extremo Oriente.

Se ele conquistasse a China para Nosso Senhor e para Nossa Senhora, para a Santa Igreja Católica, ele teria feito uma conquista incomparável!

São Francisco Xavier, relicário com um de seus braços, igreja do Gesù, Roma
São Francisco Xavier, relicário com um de seus braços, igreja do Gesù, Roma
Mistérios de Deus... Na hora em que o apóstolo incomparável, morre numa ilha a caminho da China.

E a conquista que era o ideal dele, não se realiza. China, não!

Se São Francisco Xavier tivesse chegado na China e seu apostolado produzisse os frutos que produziu nos outros lugares, poderia haver hoje uma Igreja chinesa de que tamanho?

O que isto podia representar de glória para Deus?

Hoje, a China está debaixo do tacão da bota do comunismo! Ateia, destroçada, devastada, perdida a identidade com a sua antiga cultura, posta numa situação que não se pode imaginar qual seja.

Quando São Francisco Xavier sentiu que ia morrer, mandou colocar seu corpo orientado para a China.

Ele quis morrer, na paz, no amor de Deus, divisando ao longe aquela China para onde ele não chegaria.

Aquela glória que ele queria dar a Deus, não deu. E morreu em paz, com o seu sonho não realizado.

Porque permite Deus uma frustração destas?

O herói que queria conquistar para Nossa Senhora algo tão alto e tão excelente como toda a China, Maria quis que ficasse no caminho.

No Concílio Vaticano II, na 1ª seção a que eu compareci, visitei um grande número de bispos, e entre outros um bispo chinês.

Quando eu entrei no quarto onde ele estava hospedado – era uma espécie de quarto-escritório sem luxo, mas dignamente arranjado – ele se levantou imediatamente.

Alto, esguio, longilíneo, flexível em todas as partes do corpo, uma voz muito afável, muito amável e falando francês.

Sentamo-nos juntos e olhei para ele. Ele era todo feito para ser um neto de mandarim. Todo!

Depois da extraordinária flexibilidade dele e das movimentações dos braços, sem a mínima afetação, aras fisionomias, o homem mais natural do mundo!

Mas havia graça, charme, no modo de ser dele. A cabeça, mais bem pequena para o corpo, muito expressiva com um chapeuzinho de chinês do tempo dos mandarins, preto, pequeno, e na ponta uma pena de pavão que oscilava.

Ele trazia consigo, ele sim, toda a graça misteriosa e antiga daquela China que fascinou São Francisco Xavier!

Morte de S Francisco Xavier, igreja da Imaculada Concepção, Londres
Morte de S Francisco Xavier, igreja da Imaculada Conceição, Londres
Ó dor! Os comunistas o tinham expulso e seria morto se entrasse. Não garanto que não tenha tentado entrar. Ele veio expulso e participou do Concílio, por ordem do papa.

Depois, se este homem se meteu em alguma aventura santa e morreu numa tortura horrível, eu também não sei.

Mas, como vendo este homem, vendo-o falar, não pensar em São Francisco Xavier?

Eu fiquei encantado vendo-o pronunciar os nomes chineses.

Aí compreendi que há na China vários idiomas chineses.

Há um chinês de mandarim. Não sei que chinês ele falava, mas tinha-se a impressão que quando ele pronunciava nomes chineses cada sílaba era pancada num gongo diferente. E que aquilo saía meio cantado.

Que vontade de trazer um povo deste para Deus! Que vontade atrair um povo deste para a Igreja Católica!

Se o grande ideal de São Francisco Xavier se tivesse realizado e tivesse uma China toda católica, a Santa Sé teria consentido uma liturgia que, fiel ao dogma e que seria o mesmo que a liturgia católica, com circunstâncias próprias e locais e um canto sacro próprio.

Qual seria a beleza de entrar numa catedral chinesa, que nós podemos imaginar em torre como um pagode, com aqueles tetos, e no alto uma imagem da Imaculada Conceição, uma catedral talvez feita porcelana.

Nossa Senhora, imperatriz e padroeira da China
Nossa Senhora, imperatriz e padroeira da China
E os bancos da igreja feitos de algum lindo bambu encerado e perfurado... nós ouvirmos “Deus in adjutorium meum intende...” E o coro cantar, e todos responderem.

Eu me entusiasmo diante desta hipótese!

Poderíamos imaginar a intensidade deste entusiasmo no coração de São Francisco Xavier?

Pois bem, na hora de conseguir, Deus que tem nas mãos as vidas dos homens, diz: “Cessa a tua luta, venha para o Céu!”

E Francisco, rezando por aquela China, expira docemente no Senhor, sem uma só reclamação.

E o ideal?! Foi para o chão?

Dir-se-ia!

Vede a China como está.

O supremo ideal de São Francisco Xavier é que se fizesse a glória de Deus. Ele queria a glória da China, indiscutivelmente. Mas, esta glória ele queria para a glória de Deus.

Francisco era um homem de uma vontade boa, santa, reta, nobre, voltada para o ideal. Por isso ele morreu em paz na terra, dando glória a Deus.

Assim morreu Nosso Senhor no alto da Cruz, clamando que Ele fazia a vontade do Padre Eterno, aceitando o que Deus tinha mandado para Ele.

Francisco não converteu a China e Nosso Senhor não converteu o povo predileto de Deus! Não converteu os judeus. Mas acabou convertendo o mundo.

E fez uma coisa melhor do que converter o mundo, Ele disse a Deus: “Faça-se a vossa vontade e não a minha!” Este é o ideal!

O verdadeiro ideal é aquele que se prende ao ideal supremo. E o ideal supremo é fazer a vontade de Deus.

Deus quer que no primeiro lance nós queiramos as nossas “à la São Francisco Xavier”. Ele nos dá a impressão que se nós não conquistamos as nossas Chinas, nós não conseguimos nada.

São Francisco Xavier, igreja de St-Ignace, Paris
São Francisco Xavier, igreja de St-Ignace, Paris
Nós devemos dizer: “Meu Deus, eu quero o que vós quereis. Eu morro em paz, fez-se a Vossa Vontade e não a minha”, aí a nossa vida atingiu a sua finalidade.

O que foi o mérito aos olhos de Deus de São Francisco Xavier olhando para esta China tão amada, e dizendo: “Meu Deus, esta China virá quando vós quiserdes. Ela vale muito, mas o Céu vale mais. Senhor, eu olho para o Vosso Sagrado Coração, e para o Coração Imaculado de Maria. Para frente, para cima!”

São Francisco Xavier ali não conquistou aquela China que ele queria, mas ele conquistou cem outras coisas que ele não sabia.

Nosso Senhor ensinou, pregou, deslumbrou, fez milagres, morreu depois de ter sofrido, e derramou todo, todo, todo o sangue. E desse sangue nasceu a Santa Igreja Católica Apostólica Romana!

Ele quis que ao longo dos séculos, enquanto houvesse católicos na Terra, e, portanto, até o fim do mundo, porque a Igreja Católica é imortal, continuassem coisas que haveriam de ter relação com o sacrifício dEle.

Nosso Senhor quis, como condição para que este sacrifício fosse fecundo, que nós homens sofrêssemos também.

E nós temos que verter o nosso sangue, o sangue do corpo e o sangue tão mais doído de verter, que é o sangue da alma, as lágrimas, o sacrifício do homem, uma enormidade de coisas, para completar o sacrifício dEle.

Nós somos gotas de água. Que gota de água São Francisco Xavier naquele dia reuniu ao Santo Sacrifício para que fosse recebido por Deus agradavelmente!

Nós só saberemos no dia do Juízo Final quantas e quantas glórias vieram para Deus, muito maiores do que a China, pela obediência animosa, intrépida e heroica de São Francisco Xavier:

“Senhor, meu Deus, meu Criador, meu Redentor!

“Senhora, Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe minha, eu vim até aqui para obter para Vós a China.

“Mas, Vós quereis de mim uma viagem maior.

“Vós quereis que eu vá para o Céu, transpondo os sombrios umbrais da morte.

“Vós quereis quebrar-me.

“Vós quereis separar minha alma de meu corpo, e Vós quereis que este corpo daqui a pouco não seja senão um cadáver, e que minha alma esteja julgada por Vós, vista por Vós em espírito de benignidade, e conduzida por Vós ao Céu.

“Senhor, se eu Vos devo dar esta suma conquista, não da China, mas de mim mesmo, vós queríeis mais do que todo o resto: de Francisco, queríeis Francisco!

“Minha Mãe, aqui está Francisco.

“Oferecei-me a Deus, pois que eu não nasci senão para isto! Salve Regina, Mater misericordiae...”

Talvez durante a reza desta oração, a sua alma compareceu diante de Deus.



(Autor: excertos de palestra de Plinio Corrêa de Oliveira pronunciada em 20-10-1984. Apud PlinioCorrêadeOliveira.info)


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