Mao Tsé Tung quis fazer da China a maior potência mundial, mas fracassou. Precisou apelar aos EUA e às grandes economias mundiais. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O “milagre económico da China” está sendo revelado em sua artificialidade pela crise da gigantesca empresa Evergrande e outras construtoras que cessaram os pagamentos.
O mais preocupante do caso de Evergrande é que é apenas a ponta de um iceberg de dimensões assustadoras: a própria coluna da economia chinesa está abalada com graves perigos de replicas mundiais.
O progresso da economia foi uma alavanca da ditadura do Partido Comunista chinês (PCCh) para manter satisfeito o povo. A Evergrande é a segunda maior construtora, e uma dos maiores instrumentos do crescimento econômico chinês dos últimos anos.
Mas, agora, todo o dinheiro investido ao longo de décadas com esse fim parece ter desaparecido e a cólera popular pode ser incontrolável.
Um revelador informe especial divulgado em Ocidente pelo jornal “The Epoch Times” desvendou um panorama que a mídia ocidental não acompanha.
Mao Tsé Tung, o fundador do comunismo chinês, tinha fixado um objetivo absoluto: a China devia crescer muito para se transformar na maior potência econômica planetária e no foco mundial da Revolução comunisa.
Porém, as iniciativas utópicas de Mao, como a Reforma Agrária e o Grande Salto Adiante, fracassaram calamitosamente.
Elas provocaram por volta de 80-100 milhões de mortes e deixaram o país numa miséria em que a canibalização dos cadáveres não era rara.
Mao estreitou a mão dos EUA para agigantar a China e mais na frente dar o golpe de morte ao capitalismo |
Nixon chegou prometendo abrir as comportas das riquezas e tecnologias ocidentais para o agigantamento da economia chinesa. Nixon pensava que assim a China se tornaria gradualmente capitalista.
Mao tinha outro pensamento: com os capitais e tecnologia americana nos enriqueceremos e quando formos suficientemente poderosos esmagaremos os americanos com o punho fechado, como ensinou Lenine.
Foi assim que durante quatro décadas os continuadores do plano de Mao defenderam que a China comunista “deixaria que algumas pessoas assumissem a dianteira se enriquecendo”.
Evergrande foi uma peça chave nessa manobra e teve uma ascensão meteórica nos anos 90, apoiada pelos líderes marxistas de Pequim.
Em palavras simples, Pequim liberou o povo da obrigação de morar em prédios coletivos ou do Estado. Cada um poderia “comprar” sua casa.
Na realidade ninguém ficava dono de nada, mas recebia uma licença de uso por 70 anos.
A aquisição da casa própria na mentalidade do povo chinês justifica os maiores sacrifícios. E se deu o maior boom imobiliário da história.
O setor imobiliário foi o motor interno da economia chinesa nas últimas duas décadas e representa hoje o 29% da economia da China.
Para se fazer uma ideia, a crise imobiliária que abalou os EUA e o mundo em 2008, esse setor só representava o 6% da economia americana.
Segundo a imprensa chinesa, em Shenzen os cidadãos consagravam o 49% de seus recursos aos bens imobiliários, enquanto em Nova York essa proporção é de 6,6%.
A manobra engendrou gigantes econômicos sob a bandeira comunista |
Construtoras como a Evergrande recebiam créditos fáceis e sem fundo do governo porque servia perfeitamente ao plano expansionista.
Xu Jiayin, fundador de Evergrande, saiu da condição de humilde camponês que trabalhava a terra com sua enxada, e passou a ser um dos máximos milhardários da China.
Ele não poupava elogios ao comunismo chinês e a seu Partido Comunista. Em contrapartida, os créditos e contratos de obras públicas lhe choviam fabulosamente.
O alavancamento passou de todo o imaginável.
continua no próximo post:
O plano de Mão para liderar os países de terceiro mundo está mais evidente hoje, isto mostra o quão a longo prazo pensam.
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