Tribunal de Hong Kong ordenou liquidação da Evergrande com colossal dívida |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Um tribunal de Hong Kong determinou a liquidação da endividada gigante imobiliária chinesa Evergrande abrindo um longo e intrincado processo de repercussão universal.
Os débitos da Evergrande chegam a US$ 330 bilhões. A maior parte dos ativos da companhia estão na China continental onde as decisões da Justiça dependem do Partido Comunista Chinês (PCCh) que decide se valem ou não.
A juíza do caso, Linda Chan já concedera à Evergrande sete adiamentos para negociar um acordo com seus credores, mas a empresa que acreditava ter as costas aquecidas pelo PCCh, fazia caso omisso. A final a juíza deu um basta.
Minutos após a liquidação, as ações da Evergrande caíram quase 21%, arrastando para baixo subsidiárias de veículos elétricos (-18,2%) e de administração de propriedades (-2,5%).
O processo promete se enrolar, mas ainda assim a queda da cotação irá para abaixo seguindo as vicissitudes do caso nos tribunais e os arbítrios do PCCh, órgão supremo do julgamento.
Pouparam tudo para ter uma casa e agora Evergrande está falida |
O CEO da Evergrande, Shawn Siu, prometeu “cooperar” com os liquidantes, mas deu a entender que levantaria todos os obstáculos legais possíveis.
Siu disse que a ordem afeta só o braço do grupo listado em Hong Kong, responsável de parte minúscula da Torre de Babel das dívidas da Evergrande.
Acrescentou que as imensas operações do conglomerado “permanecem intactas” na China continental.
A afirmação é enganosa, pois se multiplicam as denúncias de incontáveis construções há muito paralisadas no continente.
A Evergrande viveu dos subsídios do regime, mas agora esse diz querer voltar ao “comunismo originário” de Mao Tsé-tung, e teria fechado a torneira do dinheiro às empresas que outrora promovia com imensa largueza.
O jornal Standard, de Hong Kong, diz da ordem judicial que, seus “efeitos psicológicos podem acelerar a crise do mercado imobiliário”, e que pelo menos três outras incorporadoras chinesas já passaram por processos semelhantes.
Propriedade é incompatível com comunismo |
O grupo hoje é a principal face visível da crise imobiliária na China, que mergulha de uma em nova crise.
Seu fundador e presidente, Xu Jiayin, está em prisão domiciliar por “suspeita de atividades ilegais”. Mais uma faca nas mãos dos algozes do PCCh.
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