Carros elétricos chineses empilhados em portos europeus |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A China montou numa megaestrutura produtora de carros híbridos e elétricos imaginando dominar o mercado mundial de carros, explicou “La Nación”.
Os capitais do regime maoista financiaram marcas novas como a BYD, que surgiram do nada para se posicionar por cima das maiores montadoras ocidentais de carros elétricos e dominar o setor a nível mundial.
A China chegou a construir pelo menos oito megacargueiros capazes de distribuir no Ocidente a fabulosa produção dos novos carros.
Em outros rubros o regime de Pequim já vinha dando poderosos sinais dessa vontade hegemônica com ambiciosos planos de expansão mundial, incluindo Europa e América Latina.
A capacidade das montadoras chinesas tocada a ritmo de produção militar, entretanto, atingiu logo o desequilíbrio e superou a procura por esses carros. Simultaneamente, os consumidores do velho continente e da América do Norte vinham se afastando dos carros elétricos por problemas novos ligados a essa tecnologia.
O resultado é que veículos de diversas marcas chinesas, bem melhores que os miseráveis primeiros modelos, se acumulam nos portos europeus e entopem as atividades.
O “Financial Times” exemplificou com a situação no porto de Antuérpia-Brugge, Bélgica, e o de Bremen, na Alemanha, principais terminais onde chegam os rodados chineses para serem distribuídos na União Europeia (UE).
Catástrofe dos carros elétricos chineses estocados nos portos europeus. Mais de100.000 em Bruges |
A UE errou em todos os sentidos e hoje se discute a subsistência futura dessa União. No que se refere aos carros elétricos chineses, eles saturam há meses a capacidade de armazenamento dos portos que os recebem.
Por falta de escoamento no mercado, muitos deles ficam estacionados por períodos prolongados, que podem levar até 18 meses até serem vendidos ao usuário final, conforme informa o setor de logística automotiva à mídia internacional.
Segundo as mesmas fontes diversas montadoras chinesas do novo estilo alugaram grandes áreas em zonas próximas dos portos para armazenarem veículos sem clientes.
“Os fabricantes chineses de automóveis elétricos estão cada vez mais a utilizar os portos como estacionamento ou armazéns”, se queixou um porta-voz de uma empresa de logística ao “Financial Times”.
E um executivo do porto de Antuérpia explicou que “em vez de exibi-los nas concessionárias, eles os vendem com retirada direta no terminal portuário”. Mau sinal.
Porto de Bruges inundado por carros chineses sem saída |
O financiamento governamental tem sido decisivo para a expansão das “energias alternativas” e suas aplicações, sendo aproveitado pelos consumidores enquanto existe. Mas cessando a distorção do mercado assim induzida, as promessas futuristas ambientalistas esmorecem ante a realidade.
A Alemanha, pioneira neste tipo de benefícios e de sua retirada, é um exemplo paradigmático: só em março 2024 a venda dos carros elétricos teve uma queda de 29%.
O baixo consumo abalou as ofensivas hegemônicas da China, embora ofereça preços comparativamente muito baixos.
Em 2022, as exportações chinesas de carros elétricos para a Europa aumentaram 58%, notadamente das marcas Great Wall, Chery, SAIC e BYD. Mas agora a tendência se inverteu acentuadamente.
Acresce que as marcas chinesas são cada vez mais vistas como predadoras incomparáveis que não compensam as exageradas facilidades nas tarifas europeias de importação que se aproximariam a um fim.
Na terminal do porto de Zeebrugge na Bélgica, os carros elétricos chineses ficam até 18 meses aguardando comprador |
As utopias ambientalistas não convenceram aos homens e só seriam implantáveis com uma introdução acelerada por governos que atropelam os desejos profundos de seus governados.
As diversas tecnologias “alternativas” estão irritando aos cidadãos não convencidos pela propaganda de quiméricas catástrofes espalhadas pela imprensa.
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