Prédios inconclusos com ar de cidade mal assombrada |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A crise imobiliária chinesa está atingindo projetos no exterior como o da cidade de Forest City na Malásia que custou US$ 100 bilhões.
Ela foi construída sobre areia e mangues arbustivos e a propaganda prometia ser um luxuoso “paraíso dos sonhos”, mas a maioria dos moradores hoje são zeladores do terreno, varredores das ruas vazias, garis ou jardineiros, explicou o “The New York Times”.
À distância, os arranha-céus de Forest City sobre o Estreito de Johor, entre Cingapura e Malásia, parecem um monumento aos triunfos econômicos da China. De perto, a maioria estão vazios, sem moradores e com as luzes apagadas.
A gigantesca imobiliária chinesa Country Garden fazia sonhar com uma “cidade verde futurista de 31 km², incluídas quatro ilhas artificiais, e com 700 mil apartamentos. Mas apenas foi construída uma ilha, com 26 mil unidades e várias dezenas de torres.
A Country Garden tornou-se um emblema dos excessos do boom imobiliário da China, um caloteiro corporativo incapaz de pagar suas contas.
Os credores a estão processando em Hong Kong, onde os juízes parecem não ser tão corruptos e sobre os quais o Partido Comunista Chinês ainda parece não ter tanto poder.
Uma promessa deslumbrante que virou pesadelo assustador |
A Country Garden se empanturrou de dinheiro barato, fornecido pelo governo comunista para estender sua hegemonia explorando o frenesi imobiliário da China.
Desde o início só houve irregularidades e problemas.
A construção começou sem se saber o impacto ambiental sobre terras arenosas, as autoridades de Cingapura ficaram preocupadas, até que o próprio governo socialista chinês proibiu que seus cidadãos comprassem propriedades na Malásia e em outras nações.
As autoridades da Malásia, prometeram transformar o projeto numa zona financeira especial e reduziram todos os impostos sobre os investidores ultra-ricos.
A Country Garden espalhou anúncios da Forest City em Pequim, Xangai, Guangzhou e outras cidades. Levou eventuais compradores chineses e acenou a possibilidade de obter um caminho para a cidadania malaia.
Forest City seria um passo gigantesco na conquista econômica dos vizinhos pela China |
A Country Garden jura que 80% de seus apartamentos foram vendidos a compradores de mais de 20 países, mas em uma viagem do jornalista do “The New York Times”, a Forest City parecia abandonada.
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