Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
perseguição
religiosa
na China
primeira parte
As crescentes perseguições forçaram a dividir a página em duas.
Continua em "A perseguição religiosa na China" -- segunda parte.
Uma das estações da Via Sacra em Henan, antes e depois da demolição |
As 14 estações da Via Sacra gravadas em ardósia, representando os vários passos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo com desenhos e gravados em estilo chinês com meditações que estimulam a devoção.
Há anos que o governo ameaçava essa destruição além do Santuário da Virgem do Carmo que coroa a montanha dominando um cenário panorâmico.
A construção da piedosa Via Sacra foi iniciativa do missionário do Pontifício Instituto para as Missões no Exterior, Mons. Stefano Scarella, vigário apostólico em Henan setentrional, para agradecer a liberação do extermínio dos católicos ameaçados por fanáticos pagãos Boxers em 1900.
A Via Sacra foi concretizada entre os anos 1903-1905. O Santuário foi danificado na Segunda Guerra Mundial e durante a Revolução Cultural marxista ordenada por Mao Tsé Tung. Em todas às vezes, foi reconstruído.
Escavadeira demolindo uma estação da Via Sacra |
Em 1987, o governo enviou tropas e veículos armados para sitiar a área do santuário e bloquear o acesso a 50.000 peregrinos. Esses sortearam as barragens militares marchando pelos campos, contou “UCANews”.
Porém, o governo marxista de Henan, em maio de 2007 proibiu as peregrinações nacionais; o governo da cidade também revogou a licença do santuário e da romaria qualificando-os de “atividades religiosas ilegais”.
No Henan está em andamento uma forte perseguição contra todos os cristãos. Essa inclui destruição de túmulos e igrejas, proibição dos menores comparecer às missas e prisão de sacerdotes.
As perseguições atuais já se inserem no “Plano quinquenal de desenvolvimento para achinesar Igreja católica” aprovado por aclamação – inclusive dos bispos cismáticos ‘católicos’, não reconhecidos pela Santa Sé – no Quarto Encontro Comum dos Organismos Nacionais, noticiou “Infocatólica”.
Yu Bo, vice-diretor da Administração Estatal de Assuntos Religiosos, explicou que o Plano estava “orientado a implementar mais profundamente o espírito do Nono Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) de outubro de 2017 e o espírito da Conferência Nacional sobre atividades religiosas de abril de 2016”.
“Achinesar” a Igreja Católica inclui segundo o presidente Xi Jinping:
1. a eliminação das “influências estrangeiras” (com destruição da obra dos missionários);
2. prescindir do mandato da Santa Sé para as sagrações episcopais (banindo o poder do Papa);
3. assumir o Partido Comunista como “guia” das religiões (assumindo o papel de uma espécie de CNBB ateia).
No Henan, a oração está sendo constrangida à clandestinidade |
Circulam rumores de que o Partido Comunista quereria “reescrever a Bíblia”, aliás como foi feito pela Teologia da Libertação na América Latina.
Os vexames acontecem enquanto na China e fora dela voltam a circular anúncios de uma próxima componenda entre Pequim e o Vaticano. Rumores semelhantes até agora não se verificaram, ao menos de público.
Os católicos chineses não acreditam em resultados bons desse anunciado acordo.
Em abril (2018) devassas policiais ordenadas por Pequim tomaram de assalto igrejas e locais de oração em oito das 10 dioceses da província de Henan: Anyang, Luoyang, Xinxiang, Puyang, Zhengzhou, Shangqiu, Kaifeng e Zhumadian.
Uma igreja católica e o túmulo de um bispo foram demolidos; sacerdotes resistentes foram expulsos de suas paróquias, os objetos de piedades foram confiscados, e policiais foram instalados nas igrejas nos domingos para impedir que crianças e jovens pudessem ingressar.
A província de Henan que é o berço da China acolhe a segunda maior população crista do país, após a província de Zhejiang.
Em 2009, foram recenseados por volta de 2,4 milhões de cristãos, incluindo 300.000 católicos. Pelo fim de 2011, havia pelos menos 2.525 igrejas cristas e 4.002 postos cristãos.
Bispos ilegítimos vão manifestar subserviência ao PC durante a IX Assembleia do Partido em Pequim. |
Até pouco a cruel alternativa era “se render ou o martírio”.
Agora é “se render com o estimulo do Vaticano ou voltar para as catacumbas”, explicou o Card. José Zen, bispo emérito de Hong Kong para “AsiaNews”.
Mas, por que o Vaticano faz isso? Ele não percebe muitas igrejas e prédios católicos sobrevivendo nas comunidades ‘subterrâneas’, como em Hebei e Fujian?
Em grandes cidades como Shanghai, muitos fiéis assistem à missa dominical em casas privadas. O Vaticano não sabe disso?, indagou o purpurado
De fato, a influência local dos católicos força as autoridades marxistas a tolerarem um certo grau de “liberdade para os pássaros fora da jaula”. Mas agora o Vaticano vai ajudar o governo a empurrar todos para dentro da gaiola.
Isso é uma novidade absoluta! Isso sim faz HISTORIA!, exclama o Cardeal.
O cardeal chinês responde ao Pe. Jeroom Heyndrickx, um bardo do entreguismo à seita comunista. Ele defende o acordo entre os marxistas e os diplomatas vaticanos como uma bênção porque os fiéis chineses “poderão celebrar numa só comunidade”. E acrescenta cinicamente: “2018 será o ano da verdade”.
Mas, de qual verdade?, pergunta o experiente cardeal. Na China a verdade não goza de alta estima. Acabou em tudo, desde a comida até os medicamentos produtos habitualmente adulterados pelo sistema.
O Pe Jeroom Heyndrickx se fez bardo dessacralizado da capitulação católica ante o comunismo chinês |
“Celebrar numa só comunidade”? Mas, onde? Numa igreja da Associação Patriótica, sob a vigilância de tele câmaras ouvindo um sacerdote pregando as últimas instruções do Presidente-Imperador?
Isso não é professar a fé!
Segundo o Cardeal, o Pe. Jeroom Heyndrickx aprendeu demais dos comunistas mestres em manipular as palavras.
Na realidade, os católicos fiéis à verdadeira fé, sob a autoridade do Papa, serão confinados numa mesma prisão, governados por funcionários do governo disfarçados de ministros de Deus. Esses ordenarão bradar todos juntos. “¡Viva China e a Igreja Católica chinesa!”
Mas essa Igreja chinesa independente não será mais a Igreja católica!
O Pe. Heyndrickx atribui o “milagre” a Papa Francisco, mas é ele quem colhe a cizânia que semeou com a cumplicidade da Santa Sé, desde a publicação da Carta do Papa para a China em 2007. Enquanto amigo da Associação Patriótica, para sacerdote progressista difundiu péssimas interpretações.
Por sua vez, o presidente Xi Jinping no encerramento da Assembleia Popular Nacional (APN) em Pequim, deixou bem claro suas imposições com palavras inchadas de retórica.
A ordem é “prosseguir sob a guia do marxismo-leninismo, do pensamento de Mao Tsé Tung, da teoria de Deng Xiaoping, (…) e do pensamento do socialismo com características chinesas rumo a uma Nova Era [cujo autor é o próprio Xi]”, escreveu “AsiaNews”.
Xi Jinping exigiu implementar teorias religiosas 'achinesadas' sobre o socialismo. |
Xi e Li fizeram absoluto silêncio sobre sua eternização no poder aprovada pela assembleia.
Segundo especialistas foi mais um “golpe de Estado” a ser somados aos outros já consumados pela ditadura.
Os católicos chineses apontaram o perito de Xia Baolong, ex secretário do PCC no Zhejiang, ter sido promovido a secretário geral da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês.
Xia é o cúmplice íntimo de Xi Jinping responsável pela campanha de destruição de igrejas e cruzes em Zhejiang nos anos 2014 e 2015.
Para um católico chinês que não quis ser identificado, ficou evidente que sob Xi “a perseguição dos cristãos” rende fartos benefícios àqueles que procuram fazer carreira dentro do Partido Comunista.
Segundo Mons. Sánchez Sorondo China é o país onde melhor se aplica a doutrina social da Igreja. Fotomontagem com encenação das torturas atuais aos cristãos. |
“Agora sabemos que um dos objetivos do presidente Xi é inculcar o pensamento comunista combinando-o com a teologia”.
E indagou ao purpurado: “o Sr. se preocupa achando que o Vaticano pode ficar nas mãos deles? O objetivo declarado deles é misturar a agenda comunista com as religiões existentes. É isso o que está acontecendo neste caso?”, registrou InfoCatólica.
O jornalista americano parecia não habituado às atividades da Teologia da Libertação na América Latina e à sua livre entrada no Vaticano no atual pontificado, não percebendo que a tentativa marxista já está em avançado estado de infiltração.
Mas o Cardeal Zen nem se imutou e esclareceu ao ingênuo e bem intencionado jornalista americano:
“É óbvio, estão [os diplomatas vaticanos] entregando toda a administração da Igreja nas mãos de uma marionete do governo chamada ‘Associação Patriótica’ há uma completa rendição. É incrível”.
Arroyo disse que a culpa é atribuída aos assessores do Papa, mas agora o Cardeal chinês fala em “suicídio” e afirma “que é um ato desavergonhado de rendição”.
“Não sou um desenhista”, respondeu o prelado, mas se o fosse “faria uma imagem apresentando o Papa ajoelhado e lhes oferecendo as chaves do reino dos céus, dizendo: ‘agora, por favor, me reconheçam como Papa”.
Bispos ilegítimos membros ativos da IX Assembleia do Partido Comunista foram recebidos por Yu Zhengsheng, do Politburo do PC. |
O jornalista Arroyo lembrou então a declaração do bispo Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências: “os chineses são os melhores aplicando a doutrina social da Igreja”.
O cardeal Zen interrogado sobre isso, respondeu como quem se refere a um inconsciente:
“Não há tempo para perder falando disso”. A declaração de Mons. Sorondo não foi levada a sério, “fez rir a todos”, acrescentou.
Enquanto a mídia foca a tentativa sino-vaticana mais avançada para suplantar dois bispos legítimos com outros dois ilegítimos, o Cardeal falou de cinco bispos excomungados que o comunismo quer inserir em dioceses.
Dois desses cinco, disse Zen, “todo o mundo sabe que têm mulheres e filhos”.
Zen teme muito especialmente pelos 30 bispos fiéis a Roma resistentes às injunções do socialismo e perseverantes sob a perseguição.
Serão levados à prisão se não aceitam o “acordo” com o marxismo? “Isso é terrível! Vão aniquilar a Igreja” que persevera!, exclamou.
Na chamada “Igreja oficial” há muitos bispos em atrito com a ditadura, lembrou, e o governo está obrigado a tolerá-los. Mas saindo o acordo com a Ostpolitik vaticana, até esses perderão toda esperança e padecerão a vingança marxista.
“Devemos estar prontos para o martírio”, acrescentou o Cardeal, mas se acontecer, o sangue derramado comprará a expansão da fé católica na China”.
“Eu nunca rezo pelo martírio”, mas se Deus quer isso de nós “é uma graça e Ele nos dará a fortaleza”.
“Devemos orar, porque está vindo uma tragédia que nos fará voltar ao tempo das catacumbas”.
A estratégia do Papa Francisco em face da China comunista conduz a um desastre historicamente experimentado |
Ele menciona os exemplos da Itália de Mussolini e do Terceiro Reich de Hitler. Os ditadores acabaram violando sistematicamente as Concordatas assinadas com a Santa Sé.
Os diplomatas vaticanos parecem seguir a mesma estrada desastrada, e como o próprio Papa Francisco ignorariam as advertências que vêm dos bispos fiéis desde a China escreve Weigel.
Eles se encaminham a violar o próprio Direito Canônico onde diz que “não se concede às autoridades civis direito ou privilegio algum na eleição, nomeação, de apresentação ou de designação dos bispos”.
A sabia norma é ainda mais necessária em face de um regime violador cotidiano dos direitos humanos com demonstração de grande crueldade.
A diplomacia vaticana parece não querer ver os fracassos dos acordos com os ditadores populistas e igualitários que violam inescrupulosamente a palavra empenhada.
Pior ainda, o Papa João XXIII reorientou a diplomacia vaticana para se voltar concessivamente para o monstro comunista. Foi a política conhecida como Ostpolitik vaticana, conta o historiador.
O principal executor foi Mons. Agostino Casaroli, diplomático de carreira, posteriormente elevado à púrpura e feito Secretário de Estado pelo Papa Wojtila, segundo conta seu grande biógrafo.
O historiador George Weigel aponta uma catástrofe como resultado da política vaticana de aproximação com o comunismo. |
Para isso sacrificou os heróis da fé que recusavam até as menores concessões ao anticristo marxista, entre eles o Cardeal húngaro José Mindszenty, o Cardeal Beran da Checoslováquia, o Cardeal Stepinac, arcebispo de Zagreb ou o Cardeal Josyf Slipyj, cabeça do rito greco-católico ucraniano.
Weigel defende que com toda objetividade: a Ostpolitik de Casaroli foi um fracasso e até uma catástrofe.
Entre suas consequências é de se mencionar com dor a infiltração dos serviços secretos comunistas no coração do Vaticano e a debilitação dos representantes da Igreja diante de seus homólogos comunistas.
Nenhuma melhora foi obtida para os cristãos esmagados pela bota marxista, a Ostpolitik fez mais mal do que bem, defende o historiador. E fornece exemplos.
A hierarquia católica húngara virou um anexo do Partido comunista. A repressão se agravou ainda mais na Checoslováquia. Ali bispos e sacerdotes trabalhavam como porteiros, lavavam pátios ou reparavam ascensores aguardando a noite para celebrar missas clandestinas.
Na URSS, o rito greco-católico ucraniano virou a maior comunidade religiosa ilegal do mundo.
Por sua vez, os líderes do catolicismo lituano foram condenados a trabalhos forçados nos campos de concentração.
Mas, a queda da URSS aparentemente esvaziou de significado a diplomacia de aproximação com o comunismo.
A Ostpolitik do Papa Francisco leva à capitulação diante do monstro marxista chinês, como outrora fez a Ostpolitik com o comunismo soviético |
Por isso, registra Weigel, quando o Cardeal Jorge Mario Bergoglio ascendeu com o nome de Papa Francisco, a equipe da Ostpolitik estava pronta para reiniciar as capitulações “casarolianas”.
A China, potencia anticristã emergente, passou a ser o objetivo privilegiado dessa equipe. Se ela obtém um resultado “positivo” se acomodando à ditadura de Xi Jinping ela poderia transpor o modelo a países sob ditaduras comunistas ou cripto-comunistas.
É o caso eminente da América Latina com governos de tipo petista ou bolivariano.
A Igreja Católica na China não será menos aviltada que no leste europeu sob a bota soviética. De fato, sob as manobras da Ostpolitik os fiéis estão sendo aviltados com formas de vassalagem e humilhação tal vez até agora não vistas, prossegue Weigel.
O Papa Pio VII chorou sua moleza quanto extorquido por Napoleão: “nos emporcalhamos” |
O Papa Francisco com seu Secretário de Estado percorrem via análoga à de Pio VII e o Cardeal Consalvi. O resultado será análogo, diz Weigel. |
A Ostpolitik vaticana está reeditando a frustrada política de molezas do Papa Pio VII em face de Napoleão Bonaparte.
O historiador Alexandre-Francois Artaud de Montor conta que após assinar a Concordata com o imperador revolucionário, o Papa VII exclamou: “ci siamo sporcati” (“nos emporcalhamos”). (“Storia di Pio VII scritta dal cavaliere Alexandre-Francois Artaud de Montor”, Milão, Giovanni Resnati libraio, 1845, vol III, pág. 43).
Esses fracassos e o fantasma do “ci siamo sporcati” não são uma receita para o sucesso diplomático mas sim para um desastre diplomático e eclesiástico.
Esse será o provável resultado do acordo procurado pelo Vaticano e a ditadura marxista chinesa, conclui o renomado historiador.
Bispos ilegítimos numa sessão do Congresso da China comunista (na foto sessão 12ª) em Pequim |
A emenda mais significativa na historia do comunismo chinês é a quinta denominada “sanweiyiti” (três cargos em una só pessoa). Essa unificou as três máximos poderes na pessoa de Xi Jinping: Secretário Geral do Partido, Chefe de Estado e Presidente da Comissão Militar Central.
E tudo isso sem fixar limites de tempo em qualquer caso. Xi será líder máximo de por vida.
As intenções de voto são desconhecidas, mas ai daquele que vote desafiando o chefe supremo. A simples presença dos três bispos excomungados implica em um voto positivo à pior ditadura da China.
O bispo José Huang Bingzhang foi excomungado publicamente pela Santa Sé em 2011. Ele foi designado pelo governo para se apossar da diocese de Shantou.
Foi em favor dele que a Santa Sé pediu ao bispo ordinário legítimo da diocese, Mons. Zhuang Jianjian, que renunciasse.
José Huang Bingzhang, bispo excomungado e deputado do Partido Comunista. Pequim quer que o Vaticano lhe dê uma diocese |
Guo foi feito secretário geral da Conferência Episcopal Chinesa, uma “CNBB” fictícia criada e controlada pelo governo. Esse aguarda que a Santa Sé o reconheça como “legal” e oficialize a “diocese de Chengde” em virtude do acordo que o marxismo visa assinar com o Vaticano.
O terceiro bispo ilícito é Fang Jianping, ordenado no ano 2000, mas depois perdoado pela Santa Sé. Mas muitos católicos chineses criticaram esse perdão porque Fang não deu sinal algum de remorso ou emenda de vida.
Fang participou em três ordenações episcopais sacrílegas como consagrante ou como con-celebrante. Também foi premiado com a vice-presidência da “CNBB chinesa” do PC.
Durante a XIII assembleia, jornalistas perguntaram a Fang se os católicos chineses deviam apoiar a Xi Jinping. Ele respondeu que “naturalmente sim”, sublinhando que “a cidadania deve estar antes da religião ou do credo”.
Fang Jianping, bispo excomungado que aguarda favorecimento da Ostpolitik. Fiéis reprovam seu cinismo interesseiro. |
A submissão vil e plena à ditadura comunista por parte desse bispo cismático está na linha de pensamento de Mons. Sánchez Sorondo, Presidente da Pontifícia Academia para as Ciências, comentou “AsiaNews”.
De fato, esse promovido prelado vaticano exibiu um entusiasmo falso e descontrolado pelo comunismo chinês em declarações que passarão para a História.
À luz do histórico da conduta destes bispos um eventual acordo entre a ditadura chinesa e a Santa Sede se apresenta como um profundo escândalo para uma multidão de fieis do mundo todo, concluiu a agência do Instituto Pontifício para as Missões no Exterior.
Proibir as cruzes e estreitar as mãos da Ostpolitik vaticana. |
As autoridades voltaram para instalar outras muito menores e em muito menor número, noticiou a agência UCANews.
Agentes dos comitês comunistas de rua e de bairro que espionam e controlam os cidadãos exigiram remover as cruzes.
“Os comissários impusera que a Cruz mais elevada da catedral fosse removida, mas os responsáveis da igreja discordaram” narrou uma fonte que não quis ter o nome divulgado.
Todas as tentativas de uma moderação da exigência foram inúteis e o governo apelou a máquinas para a demolição.
Além da catedral foram alvejadas uma pequena e velha capela e uma torre. Ao todo foram removidas 10 cruzes, seis das quais da catedral e três da capelinha.
Os fiéis compareceram na catedral e ficaram rezando do lado de fora.
Denúncias pela violência foram apresentadas em órgãos do Partido Comunista. Esse, temeroso de reações populares parece ter ordenado reerguer a metade das cruzes da catedral e uma da capela. O maior cruzeiro de seis metros foi substituído por outro de três metros.
Cruz da catedral de Shangqiu arrancada pela perseguição socialista. |
Um católico que trabalha no Partido Comunista local reconheceu que a catedral está em situação legal e que a remoção foi ilegal, se mostrando surpreso pelo fato de as cruzes originais não serem repostas.
Os incidentes contra o catolicismo se estão multiplicando na província de Henan.
Também o governo está afixando cartazes nas portas das igrejas proibindo o ingresso de crianças e jovens.
O Pe. João sublinhou que não só o Henan está sendo alvejado, mas desde que o presidente Xi Jinping abaixou as novas normas ditatoriais “incidentes como esse estão acontecendo em todo o país”.
“A Igreja católica da província de Henan, China central, está sendo violentamente perseguida! Rezem por ela!”: era a mensagem que chegava desde diversas partes do país, acompanhada de uma lista de episódios de violência antirreligiosa verificados nas últimas semanas, registrou a agência AsiaNews.
A lápide e o túmulo de Mons. Li Hongye foram profanados e destruídos. Mons Li (1920-2011). Ele governou a diocese de Luoyang legitimamente e padeceu décadas em campos de trabalho forçado ou prisão domiciliar.
Os fiéis acreditam o frenesi sacrílego contra o túmulo se deve à presença de signos episcopais gravados sobre a lápide funerária.
Na mesma diocese foi inteiramente demolida a igreja de Hutuo, distrito de Xicun, Gongyi.
A violência mais sórdida foi aplicada em Zhengzhou. Representantes do governo irromperam na missa pascal, no domingo 1° de abril, sequestrando todas as crianças e menores de idade.
A nova lei de Xi Jinping proíbe dar educação religiosa aos menores de 18 anos. Desde então, todos os domingos há funcionários estatais nas portas das igrejas para impedir o ingresso dos menores.
Essa perseguição começou em Henan, na Mongólia interior e em Xinjiang onde a comunidade católica é pequena minoria.
A aplicação das novas leis está ocorrendo a modo de teste das resistências e dos métodos para sufoca-las.
Quando o sinistro treino for considerado suficiente virão os assaltos nas regiões onde os católicos representam uma percentagem importante da população, como em Hebei e Shanxi.
O túmulo profanado do bispo de Luoyang |
A diocese de Luoyang está sem bispo, mas a Santa Sé não nomeia sucessor contentando ao regime. Pequim se assanha contra a Igreja não oficial, especialmente a que está sem pastor.
Segundo um sacerdote local, o socialismo tenta atemorizar sobre tudo aos que querem se converter, tentando deter o potente surto religioso na região.
Na diocese de Zhengzhou, além da mencionada invasão da missa de Domingo de Pascoa, nas paroquias de Shuanghuaishu, Jiayu e Youfang, a polícia sequestrou os livros de oração, de cânticos e bíblias.
Na diocese de Shangqiu, os esbirros comunistas ameaçam os fiéis de impedir que seus filhos possam ir à escola e que tirarão a aposentadoria dos católicos anciões.
Eles vão de porta em porta dizendo que os desobedientes serão expulsos dos empregos públicos e residências estatais.
Na entrada principal da igreja de Qixian, diocese de Kaifeng, afixaram cartazes proibindo “pregar a menores nos locais de atividade religiosa”.
O mesmo acontece na diocese de Anyang. O jardim de infantes da igreja de Weihui foi clausurado pela força, numa noite em que membros do governo jogaram os bancos das crianças para fora e selaram as portes.
Todos os objetos sacros das igrejas de Xincun e Gaoqiangying foram sequestrados pelas tropas de segurança.
A casa da igreja em Huaxian também foi clausurada e o cruzeiro que coroava a igreja de Xincun foi destruído.
Policiais impedem missa pela violência em Heilongjiang |
Nas dioceses de Xinxiang, o governo mandou demolir a cruz da igreja de Xishang norte, roubou as bíblias das crianças e os livros da igreja e sequestrou a documentação financeira da igreja.
Um vídeo rapidamente retirado de circulação exibiu policiais invadindo um local “clandestino” onde se celebrava a Missa do Domingo Pasqual na província de Heilongjiang, nordeste da China, segundo informou o “Catholic Herald” do Reino Unido.
O local foi saqueado e os esbirros tentaram prender o pároco e o líder leigo da comunidade. As autoridades socialistas comemoraram ter “impedido com sucesso a atividade religiosa de um sacerdote católico ‘subterrâneo’”.
A publicação inglesa rememorou a perseguicao que sofriam simultaneamente os bispos Vicente Guo Xijin, de Mindong, e Pedro Shao Zhumin de Wenzhou, que foram feitos prisioneiros para lhes impedir celebrar os ofícios quaresmais, enquanto os agentes do governo dialogavam com os enviados do vaticano para destitui-los.
O acordo procurado pelos delegados vaticanos e marxistas chineses vem sendo fortemente criticado nos ambientes sinceramente católicos.
Isto no país e no momento em que Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Academia Pontifícia das Ciências Sociais, conhecido como conselheiro próximo do Santo Padre, defende que:
“Neste momento, os que melhor praticam a doutrina social da Igreja são os chineses [...]. Os chineses procuram o bem comum, subordinam as coisas ao bem geral“, “La Stampa” de Turim do dia 2 de fevereiro 2018.
Menina lee Bíblia durante ato religioso. Agora as Bíblias "não oficiais" estão proibidas e as crianças não podem entrar nas igrejas |
As principais lojas online do país tiraram logo o Livro Sagrado de seus sites. Lojas como Amazon, JD e Taobao preferiram não comentar o caso.
Das grandes religiões espalhadas no país, o cristianismo é a única que não pode oferecer seus textos sagrados em venda.
A Bíblia impressa só pode ser vendida em livrarias religiosas que precisam estar registradas na burocracia comunista e, portanto até os clientes são controlados.
A versão aprovada deverá estar de acordo com os objetivos do socialismo chinês. Isso equivale nos nossos país a só autorizar a Bíblia da Teologia da Libertação.
As lojas digitais abriram uma brecha para os fiéis comprarem a Bíblia Sagrada sem serem controlados pelo Partido. Mas agora a escapatória foi fechada.
Xi Jinping ordenou intensificar o doutrinamento marxista da juventude. |
O governo subsidia a música taoísta ou romarias pagãs. O próprio Xi elogiou de público o budismo, qualificando como uma crença que está de acordo com a cultura e a vida espiritual chinesa.
Essas religiões sem estrutura e “alugadas” pelo marxismo constituem o modelo de crença “achinesada” em que o presidente marxista quer transformar o catolicismo. Para isso precisa do acordo com a Santa Sé.
Tomando essa medida de força, Pequim parece não temer reações negativas nas concomitantes negociações com a diplomacia vaticana, hoje mais sorridente aos ditadores comunistas.
Em entrevista coletiva de imprensa apresentando o veto, um porta-voz governamental afirmou que nunca o Vaticano terá controle da igreja chinesa, recolheu o “New York Times”.
A violência patenteia a força do anticristianismo dentro do PC chinês cujo departamento mais anticristão assumiu o controle da política religiosa.
“Parece que a porção antivaticanista do governo chinês saiu vencedora", disse Yang Fenggang, chefe do Centro de Religiões Chinesas da Universidade de Purdue.
Entre 2014 e 2016, mais de 1.500 Cruzes foram removidas das igrejas só numa província chinesa onde Xi exerce especial influência.
Vender a "versão não aprovada pelo comunismo" da Bíblia pela Internet é delito |
O relatório anterior divulgado em 1997 calculava que os seguidores de religiões proibidas chegavam a ser 100 milhões.
O novo relatório duplica esse número.
O catolicismo passou de quatro a seis milhões no período, e os protestantes de dez a trinta e oito milhões.
Mas os especialistas julgam que esses números só representam a metade da realidade. O maior problema se põe com os budistas e taoístas cujos números são inverificáveis, e depois com os protestantes onde o senso de pertencença a uma denominação é volátil e instável.
Segundo o relatório já foram impressos 160 milhões de exemplares da Bíblia, que foram exportadas a mais de 100 países. Uma metade do total foi publicada em alguma das quatro principais línguas chinesas ou em algum dos mais de duzentos dialetos que há no país.
Protesto no mundo livre contra o comércio chinês de órgãos humanos. |
A China é o maior e mais desumano fornecedor de órgãos humanos “frescos”. Esses são extraídos de dissidentes, presos ou simples cidadãos “caçados” a dedo em locais públicos para atender uma encomenda da elite do Partido Comunista ou de estrangeiros muito ricos.
Os órgãos são arrancados numa rede de hospitais de alta tecnologia em território chinês onde ocorrem os transplantes ou desde onde são exportados.
Os organizadores vaticanos mantiveram no maior segredo o encontro feito na Casina Pio IV, belo palácio nos jardins da Santa Sé, inacessível ao público em geral.
Só veio a se saber do evento por um jornal do governo comunista chinês, segundo informou o site italiano “La Nuova Bussola Quotidiana”.
Foi o “Huanqiu Shibao”, tabloide de noticias internacionais editado também em inglês, como o “Global Times”, pelo quotidiano oficial do Partido Comunista Chinês, “Renmín Rìbao” (“People’s Daily”).
Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, no primeiro encontro sobre tráfico de órgãos no Vaticano. Para o bispo: “os que melhor praticam a doutrina social da Igreja são os chineses“ |
O site da Pontifícia Academia das Ciências Sociais fez silêncio completo. O tema enunciado do simpósio teve conotações “humanitárias”: “Escravidão moderna, tráfico de seres humanos e acesso à justiça para pobres e vulneráveis”.
Mas, o jornal chinês se concentrou exclusivamente no tráfico de órgãos e seus reflexos no acordo que Pequim quer fazer com a Santa Sé para controlar a Igreja Católica.
O primeiro encontro também promovido pelo organismo vaticano apresentou resultados perturbadores.
O personagem de destaque foi Huang Jiefu, presidente do Comitê Nacional chinês para a doação e transplante de órgãos, ex-vice-ministro da Saúde da China, que há vinte anos está no centro do tráfico mundial de órgãos humanos.
Segundo o site italiano “enquanto Huang Jiefu dava aulas, os defensores dos direitos humanos na China, notadamente a sociedade “Doctors Against Forced Organ Harvesting” – DAFOH não eram levados em consideração pela Academia Pontifícia.
Huang Jiefu, chefe da máquina de destruição de vidas humanas para arrancar órgãos foi recebido como vedette pelo Vaticano |
Em janeiro, DAFOH publicou um apanhado desse monstruoso comércio se baseando em jornais, por certo não “reacionários”, como o “The Washington Post”.
O relatório da DAFOH mostra as tentativas da China para enganar a opinião pública ocidental enquanto prossegue com as ilegais transações de órgãos humanos.
O primeiro indiciado é o Comitê chefiado por Huang Jiefu, acolhido como figura nos diálogos com a Santa Sé.
Huang alega que agora os órgãos só se tiram de doadores voluntárias.
Porém, até 2010 nunca houve “sistema de doações voluntárias de órgãos” e o hospital You’an de Pequim só registrou 30 casos em quatro anos (2013-2017), constata o relatório.
A minoria religiosa Falun Gong (ou Falun Dafa) foi especialmente atingida pelos catadores de órgãos.
A minoria étnica uigur é alvo da política de repressão política e comercialização de órgãos. |
No dia 31 de dezembro de 2017, diante do Parlamento britânico, Dolkun Isa, presidente do World Uyghur Congress, denunciou que Pequim criou um banco de dados genéticos de milhões de uigures visando o transplante forçado de órgãos.
A prática chinesa de transplantes forçados é tão grande que gerou um “turismo dos transplantes”. Até o Parlamento do Japão se declarou alarmado.
O esquema socialista é denunciado come “genocídio clínico” pelos especialistas que forneceram fortes e documentadas alegações sobre a verdadeira natureza do sistema de transplantes chinês.
Tudo isso a Pontifícia Academia das Ciências Sociais conhece muito bem comentou “La Nuova Bussola Quotidiana”.
O espantoso é que o “Global Times” comemore como uma vitória a nova reunião de cúpula no Vaticano sobre esse imoralíssimo procedimento montado pelo governo socialista.
A mídia oficial comemorou a participação de Mons. Sánchez Sorondo (4º à direita) em congresso sobre transplante de órgãos, tema em que a China exibe tétrico curriculum. |
A ETAC encaminhou uma Carta Aberta à mencionada Academia Pontifícia espantada pela segunda reunião com responsáveis chineses da cruel chacina de seres humanos para comerciar seus órgãos.
A reunião “Escravidão moderna, tráfico humano e Acesso à Justiça para Pobres e Vulneráveis”, realizada nos dias 12 e 13 de março teve entre seus discursastes ao Dr. Wang Haibo, chefe do Sistema de Respostas a Transplantes de Órgãos da China (COTRS).
A carta foi endereçada ao bispo Marcelo Sanchez Sorondo, chanceler dessa Academia, e desmentiu as alegações do COTRS segundo as quais não extraia mais órgãos de prisioneiros de qualquer tipo.
Guo Bin, criança de seis anos, teve os olhos arrancados pelo esquema de tráfico de órgãos do regime. |
Na China vermelha não há leis que proíbam arrancar os órgãos aos prisioneiros, nem que desautorizem execuções extrajudiciais de prisioneiros de consciência.
E há robustas provas de que isso continúa sendo feito.
Na China não há verdadeiros processos judiciais e um condenado pode ser executado sem provas.
Acresce que a ordem de 1984 que estabelece as bases para coletar órgãos de prisioneiros continúa em pé.
Os chineses têm fundamentada resistência cultural a se oferecer como doadores voluntários de órgãos, pois os deixa a mercê do regime.
As alegações de Pequim de uma reforma do sistema de transplantes não passam de meras declarações propagandísticas à mídia feitas pelo Dr. Huang Jiefu, diz a carta da ETAC.
Tais alegações obedecem à política do estado socialista, mas não têm fundamento nos fatos e servem para acobertar os monstruosos abusos.
Numerosas e autorizadas testemunhas declaram que não se pode provar que tenham cessado.
David Kilgour (esquerda), David Matas (centro) e Ethan Gutmann (direita), autores do espantoso relatório 'Bloody Harvest-The Slaughter, An Update'. |
O COTRS não publica estatísticas hospitalares sobre o assunto que permitam uma conferição de veracidade.
A China mantêm mais de 12 bancos de dados oficiais sobre os transplantes, incluindo de coração, fígado e joelhos que não podem ser consultados.
Pequim viola os Princípios Guia da Organização Mundial da Saúde sobre transplante de órgãos e faz suspeitos pagamentos para as famílias pobres que perderam algum membro levado para tiara órgãos de transplante.
Nada indica que o socialismo chinês parou de arrancar órgãos pela força. Médicos e especialistas pedem moderação ao Vaticano que finge ignorar o que está acontecendo. |
A acolhida de responsáveis chineses por essas práticas inumanas estão servindo para a propaganda doméstica e internacional da China.
A extensa lista de médicos e especialistas signatários da Carta Aberta pedem que a Pontifícia Academia de Ciências modere seus julgamentos enquanto não houver dados certos que demonstrem a mudança do monstruoso sistema chinês.
Comunhão numa missa na clandestinidade no Domingo de Ramos, perto de Shijiazhuang, província de Hebei. |
O acordo entre a Santa Sé e Pequim é o modelo do novo relacionamento do Vaticano com governos de esquerda no mundo inteiro: Rússia, Ucrânia, América Latina, entre outros.
Apanhado da situação da perseguição religiosa na China
Em outubro de 2017, diplomatas vaticanos tentaram convencer bispos instituídos canonicamente pela Santa Sé a entregarem suas dioceses a bispos ilegítimos, submissos ao Partido Comunista Chinês.
Dom Pedro Zhuang Jianjian, de Shantou (Guangdong), foi convidado por carta a entregar sua diocese a um bispo excomungado.
Mas se recusou, declarando: “Aceito levar a cruz por desobedecer”.
Em dezembro, Dom Zhuang foi retirado da sua diocese no sul do país e escoltado até Pequim, limitando-se a polícia a informar que “um prelado estrangeiro” o aguardava.
Ficou “sob controle” — leia-se: preso.
Apesar de sua idade avançada (88 anos), sua debilidade física e intenso frio em Pequim, foi-lhe negada assistência de um médico ou de um sacerdote.
Dom Zhuang foi conduzido à sede da Associação Patriótica e do fictício Conselho dos Bispos da China — uma espécie de CNBB instituída pelo regime comunista.
Ali foi interrogado pelos bispos ilegítimos Ma Yinglin, Shen Bin e Guo Jincai, presidente, vice-presidente e secretário-geral dessa “CNBB chinesa”.
Foi também levado perante três representantes da Administração Estatal de Assuntos Religiosos.
Mons. Claudio Maria Celli, diplomata vaticano ativo na aproximação do Vaticano com regimes comunistas, tenta quebrar os bispos resistentes. Na foto, com Nicolás Maduro, ditador da Venezuela. |
O “bispo estrangeiro” era Mons. Claudio Maria Celli, encarregado pela diplomacia vaticana das negociações com o Partido Comunista.
Explicou que a Santa Sé deseja um acordo com o governo marxista, mediante a entrega de dioceses aos designados por Pequim, e pediu que Dom Zhuang entregasse sua Sé episcopal ao bispo ilegítimo José Huang Bingzhang, deputado no Parlamento (Assembleia Nacional do Povo).
Dom Zhuang manteve sua recusa. Todas estas informações são de AsiaNews em 22-1-18.
Enquanto Dom Zhuang era chantageado em Pequim, a delegação vaticana se deslocava até Fujian, no sul do país, para tentar convencer o legítimo bispo diocesano de Mindong, Dom José Guo Xijin, a permitir que sua diocese fosse ocupada por Vicente Zhan Silu, bispo ilegítimo a serviço do regime comunista.
Dom José Guo havia passado quase um mês encarcerado antes da Semana Santa de 2017, tendo os agentes do governo feito de tudo para que ele assinasse um documento aceitando “voluntariamente” a imoral proposta.
Após a mencionada tentativa de outubro, o Cardeal Zen, arcebispo emérito de Hong Kong e figura de maior destaque do episcopado chinês, fez chegar a Dom Sávio Hon Taifai, responsável na Cúria Romana dos assuntos chineses, um relatório sobre os brutais fatos.
Dom Sávio levou o caso ao Papa Francisco, que prometeu estudar o assunto. O próprio cardeal, em carta publicada por AsiaNews (29-1-18), descreveu as violências que sofrera.
Ficava assim a impressão de que a investida tenderia a arrefecer, mas em dezembro ocorreu a nova pressão policialesca que relatamos acima.
Dom Zhuang, em lágrimas, pediu ao Cardeal Zen que levasse ao Papa um relatório, na esperança de que ele interviesse.
O cardeal aceitou a incumbência, apesar de recear que o Pontífice pudesse não querer receber a correspondência do prelado resistente.
Doente e debilitado, o cardeal Zen, de 85 anos, viajou de Hong Kong a Roma para chegar na hora da audiência geral do Papa, no dia 10 de janeiro.
Ingressou inesperadamente durante a cerimônia, ocupando o lugar reservado aos cardeais.
Cardeal Zen entrega carta ao Papa Francisco. |
O cardeal ficou surpreso quando, no mesmo dia, o Papa Francisco mandou chamá-lo para uma audiência privada. Informou que havia lido a carta, e se explicou: “Eu falei para eles [seus colaboradores na Santa Sé] que não criem outro caso Mindszenty!”.
O próprio cardeal divulgou esses fatos na citada carta de 29 de janeiro, e concluiu: “Ou se rende ou se aceita a perseguição. Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?”.
Perguntado se “acredita que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China”, respondeu: “Sim, absolutamente”.
Segundo o jornal britânico “The Tablet” de 30-1-18, a sala de imprensa da Santa Sé reagiu de modo fora do comum e contradisse as palavras do Cardeal Zen.
Yi-Zheng Lian, professor na Universidade Yamanashi Gakuin, de Kofu (Japão), escreveu no “The New York Times” (8-2-18) que a política do Papa Francisco ante um governo ateu e comunista “não é inteiramente transparente”.
Para o “The Wall Street Journal” (2-2-18), a imagem do Pontífice como “defensor dos oprimidos” está ficando sem sentido, e acrescenta que ele não ajuda os ucranianos invadidos pela Rússia, dá as costas aos católicos chineses perseguidos e se alia aos seus algozes.
Um grupo de intelectuais católicos influentes de Hong Kong lançou uma petição internacional, visando impedir o iníquo acordo entre a Santa Sé e Pequim (Hong Kong Free Press, 15-2-18).
Simultaneamente, Dom Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler das Pontifícias Academias de Ciências e Ciências Sociais, voltou da China afirmando que “os chineses são os que melhor aplicam a doutrina social da Igreja”.
O Dr. Samuel Gregg, professor de filosofia política e diretor de pesquisas do Acton Institute, comparou a atual diplomacia do Vaticano com a moda dos anos 20 e 30.
E acentuou que nessa época intelectuais progressistas e esquerdistas voltavam de viagem à URSS comemorando com elogios a “primeira grande experiência do comunismo”, enquanto a realidade era bem outra, com muitos milhões morrendo de fome.
Mons. Sánchez Sorondo virou um símbolo da “irrealidade e a incoerência reinam no Vaticano” (Dr. Samuel Gregg) favorecendo os horrores do comunismo chinês |
Em publicação no “The Catholic Herald” (31-8-17), o Pe. Alexander Lucie-Smith, doutor em moral e teologia, perguntou: “Como é possível que o Vaticano negocie com a China, que continua demolindo as igrejas?”.
A destruição sacrílega mais recente foi documentada em Yining, diocese de Urumqi, no noroeste do país.
Cruzes, estátuas, torres dos sinos, relevos religiosos, cruzes do cemitério e do interior do templo, incluindo a Via Sacra — tudo isso foi destruído.
Análogos atentados foram perpetrados contra as igrejas de Manas e Hutubi, na mesma diocese, segundo noticiou UCANews (1-3-18).
Em Yining tudo foi destruído enquanto as delegações chinesa e vaticana preparavam um “histórico acordo” para a nomeação dos bispos católicos pelo regime anticristão.
As profanações obedecem ao projeto do ditador Xi Jinping de “achinesar” a Igreja, submetendo-a às políticas do Partido Comunista, e ele o deixou bem claro no XIX Congresso do PC, em outubro de 2017: “A cultura […] deve ser aproveitada para a causa do socialismo, de acordo com a orientação do marxismo”.
Acrescentou que a religião deve ter por isso uma “orientação chinesa” e se adaptar à sociedade socialista guiada pelo partido (“The Washington Post”, 18-10-17).
O ditador definiu “achinesar” como a obrigatoriedade de “aderir e desenvolver as teorias religiosas, mas com características chinesas”.
Um comentário se tem generalizado, enquanto se multiplicam esses episódios de perseguição religiosa: “É uma nova Revolução Cultural”, batizada agora de “achinesar”.
Essa posição anticatólica de Xi Jinping deve ser avaliada não apenas como uma série de violências de caráter transitório, pois ele acaba de reformar a Constituição comunista, proclamando-se ditador sem prazo de mandato.
Estaríamos assim diante de uma nova revolução cultural, cujas características não podem diferir muito do verdadeiro genocídio praticado por Mao Tsé-Tung. No campo religioso, tal revolução implicaria:
Aplicar o princípio da “independência”, significando ruptura com a Santa Sé;
Adaptar a religião à sociedade socialista, transformando-a numa força de propulsão comunista;
Resistir às “infiltrações religiosas do exterior”, banindo os símbolos religiosos, os missionários e as Ordens religiosas vindos de fora.
O Cruzeiro, símbolo da Redenção, é qualificado agora como “infiltração religiosa proveniente do exterior”, e foi arrancado com satânico impulso na igreja de Yining;
O princípio de “independência” proíbe rezar, inclusive no interior dos lares. Se a polícia encontrar duas pessoas rezando juntas em sua casa, vai prendê-las e obrigá-las a passar por uma “reeducação”, que implica reclusão num campo de concentração.
Hoje só está permitido o culto nas igrejas registradas na burocracia marxista, e nos horários fixados pelo governo. Um ato piedoso em outro lugar é tido como feito em “local ilegal” e sujeito a prisão, multas, e até expropriação do prédio.
Nas residências particulares, toda conversa religiosa ou oração ficou proibida.
Na porta das igrejas deve ser legível a proibição do ingresso aos “menores de 18 anos”. Crianças e jovens não podem participar nos ritos, receber catequese, instrução religiosa nem preparação para os sacramentos, explicou o Pe. Bernardo Cervellera, diretor da agência AsiaNews (2-3-18), do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras.
Antes e depois da destruição sacrílega dos símbolos católicos em Yining, diocese de Urumqi, |
O Partido Comunista ficou como “guia ativo” das religiões.
Sob a inspiração suprema de Xi Jinping, dependerá do PC a vida ou morte de qualquer entidade religiosa cristã, para o que não lhe faltará o apoio dos seus amigos do Vaticano, sempre tendentes à concessão.
O controle ditatorial e asfixiante está sendo exercido através do medo.
No passado recente, os católicos chineses já haviam enfrentado esse medo assassino e o venceram, mas desta vez a diplomacia vaticana se põe do lado dos carrascos.
Dom José Guo Xijin, bispo de Mindong, um dos mais diretamente extorquidos pelas Ostpolitik vaticana acabou sendo sequestrado pela polícia nas vésperas da Semana Santa de 2018.
Seu delito consistiu em se negar a concelebrar com o bispo excomungado que a Ostpolitik quer como novo bispo diocesano.
O sequestro causou estupor no mundo e o bispo foi liberado logo depois com proibição de celebrar missas sem o usurpador. Veja toda a história em "Bispo que Pequim e o Vaticano querem remover sofre intimidações policiais".
Uma das causas da pressa comunista em fazer acordo com seus correspondentes vaticanos é que há uma renascença religiosa na China que o governo não consegue controlar.
Mais de 80% da população tem religião, e pelo menos uma quinta parte dos membros do Partido Comunista pratica alguma delas em segredo.
Incapaz de convencer o povo com as ideias comunistas ateias, o regime recorre a medidas de força.
Mas, sendo essas insuficientes, apela a eclesiásticos ligados de um modo ou de outro à “Teologia da Libertação”.
Disse um fiel de Urumqi à AsiaNews: “Estou muito triste pelo fato de o Vaticano se rebaixar ao fazer pactos com este governo. Agindo desse modo, ele se converte em cúmplice de quem quer a nossa aniquilação”.
Mons Vincent Guo Xijin foi sequestrado pela polícia comunista em ato de intimidação e libertado com proibição de celebrar |
Uma delegação diplomática vaticana presidida por Mons. Claudio Maria Celli pediu ao bispo legítimo ficar na diocese como bispo auxiliar do bispo ilegítimo e excomungado Zhan Silu.
A inédita capitulação seria parte inicial de um acordo histórico entre a Santa Sé e o comunismo chinês.
Posto contra a parede pelas autoridades vaticanas, Mons. Guo reafirmou a disposição de se submeter à vontade do Papa Francisco, mas pediu que a transferência fosse formalizada com um “documento autêntico verificável do Vaticano”, segundo informou o jornal “The New York Times”.
O pedido, aliás, tão razoável numa situação canônica em extremo complicada, parece ter caído mal no Vaticano e em Pequim. Até o presente, a Santa Sé não ousou emitir o documento de praxe, tal vez temendo deixar uma prova de irregularidade. E Mons. Guo ficou com a diocese aguardando instrução.
Na presidência de Xi Jinping o regime vem demolindo as igrejas e os símbolos da Cruz pelo país todo, vendo nelas uma ameaça ao controle marxista.
A igreja católica dita “subterrânea” é especialmente odiada pelo socialismo. Já a chamada “igreja patriótica” criada pelo governo em 1957 com bispos ilegítimos é submissa ao Partido Comunista.
Esse quer que todo o clero fiel a Roma seja submetido ao comando dessa repartição “patriótica” marxista.
Mons. Guo é sucessor de Mons. Vincent Huang Shoucheng, um herói da fé que passou 35 anos nas prisões e campos de concentração.
Em 2017, Mons. Guo foi preso durante 20 dias para que não pudesse celebrar uma Missa para crismar crianças e neófitos.
E o corajoso bispo de Mindong foi sequestrado pela polícia na noite do dia 26. Os policiais também levaram preso o chanceler da diocese, o Pe. Xu, como informou a documentada agência “AsiaNews”.
No dia do aprisionamento, Mons. Guo foi convocado pelo Escritório de Assuntos Religiosos, onde discutiu com os funcionários socialistas durante pelo menos duas horas.
Ele teve tempo para fazer rapidamente uma mala e foi feito desaparecer pela polícia como no ano passado.
Os fiéis acham que o bispo foi sequestrado porque se negou a concelebrar as cerimônias da Semana Santa com o bispo ilícito, excomungado e cismático Zhan Silu.
Até Patrick Poon, responsável pela ONG esquerdista Amnesty International na China, mostrou seu espanto e exigiu que o governo chinês comunicasse com a maior urgência o paradeiro do bispo.
“É vergonhoso assediar um prelado e leva-lo preso sem razão legítima alguma. É uma violação evidente da liberdade religiosa”, disse ele à France Press.
O blog “Il sismógrafo” redigido na Secretaria de Estado da Santa Sé e caixa de ressonância habitual dos acordos com o regime comunista reproduziu a informação da agência France Press.
Mas acrescentou que tendo consultado um porta-voz vaticano não identificado, esse se recusou a fazer comentários, contrariamente à ONG não-religiosa mencionada.
A polícia local indagada pela agencia France Press, declarou não saber de nada. O mesmo fez o escritório provincial para as questões religiosas. Essa “ignorância” é de praxe nos “desaparecimentos” praticados pelas autoridades chinesas.
Mas, após 24 horas de intimidante prisão, os eclesiásticos recuperaram a liberdade, por tempo indefinido. A violência foi praticada enquanto progridem as negociações sino-vaticanas, noticiou “La Nación”.
A polícia, entretanto, proibiu a Mons. Guo celebrar qualquer missa como bispo, completou “AsiaNews”. A Ostpolitik vaticana ficou em embaraçosa e inexplicável posição.
Achinesar a Igreja é submete-la ao governo marxista. Bispos excomungados são até deputados do Partido Comunista. |
A repressão visou impedir com ameaças que o prelado divulgasse algum comentário sobre os “diálogos” entre a China e o Vaticano entre os jornalistas estrangeiros presentes em Pequim para acompanhar as reuniões da Assembleia Nacional do Povo, órgão máximo do PC chinês.
Nos mesmos dias, sacerdotes católicos “não oficiais” de Heilongjiang, e o administrador apostólico de Harbin, Mons. Giuseppe Zhao, ficaram retidos nas delegacias para não terem contatos com os jornalistas.
Simultaneamente a ditos fatos, o jornal francês “La Croix” ligado ao episcopado francês, anunciou que o Vaticano aguardava uma delegação chinesa para as primeiras semanas de abril.
Segundo o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, o objetivo da comitiva seria a assinatura do acordo histórico do Vaticano com a ditadura maoista. A informação não foi confirmada pelo Vaticano.
Teria sido simbólico que tal acordo tivesse sido assinado na Semana Santa, quando a liturgia da Igreja lembra o dia em que Judas negociou a venda de Jesus (quarta-feira santa) e o dia em que o entregou aos enviados dos sacerdotes para ser morto (quinta-feira santa).
Felizmente, o acordo não foi assinado nessa data e parece encontrar dificuldades de concretização. O serviço de imprensa vaticano anunciou oficialmente não há acordo iminente algum com a China.
Do outro lado, o sequestro de Mons. Guo teria sido fruto da pressão de setores marxistas rijos que não querem acordo algum.
Idas e vindas destas foram frequentes nas relações com o poder soviético.
Porém, o monstro comunista ficou espreitando. E a Ostpolitik vaticana também.
Na gruta refúgio do bispo São Pedro de Sanz y Jordá, mártir, onde brota água milagrosa. |
Os mais recentes foram vítimas do comunismo com que a Ostpolitik troca sorrisos e promessas falaciosas. Mas outros surgem hoje do fundo de séculos heroicos de evangelização em que a verdade de Cristo era pregada sem conchavos com os inimigos de Cristo e sem medo de sofrer a prisão, a tortura ou a morte.
Os peregrinos atravessam quase de quatro a pequena entrada da gruta onde o missionário dominicano espanhol São Pedro de Sanz y Jordá, lembrado como o “bispo Bai” foi conduzido por um pombo para ali estabelecer seu refúgio.
O sendeiro até o local serpeia entre morros e atravessa uma Via Sacra cheia de cruzes criada há mais de uma década quando as autoridades que agora dialogam com a diplomacia da Santa Sé “ameaçaram destruir todas elas”, segundo narra um religioso que no quer ser identificado pelos algozes comunistas.
“Aqui não somos da igreja patriótica, mas da autêntica, a que segue ao Papa”, esclarece o sacerdote.
Igreja católica em Lankou, na costa, diocese de Mindong, no sul da China |
Então afixaram sobre cada um desses montículos uma imagem impressa de cada estação piedosa com Jesus carregando a Cruz.
Na primeira estação há três cruzes de madeira a disposição do romeiro que queira carregar uma até a “cova de Bai”, imitando Jesus em sua Via Dolorosa.
Todo domingo, dezenas de fiéis perfazem a Via Sacra, em geral em grupos. Precisam fazer fila para entrar na gruta.
Nela lavam os pés e enchem garrafas com água de uma fonte natural. Eles garantem que é milagrosa.
“Minha família é católica há cinco gerações. Nós vimos uma vez por ano. É tradição desta região”, diz Fan Wenda, agricultor de 77 anos que recita sistematicamente o terço junto com todos.
O bispo Sanz y Jordá acabou cativo durante terrível perseguicao pagã contra os missionários no século XVIII.
Em Shangwan a gruta do padre Miao Zishan, martirizado pelos comunistas na Revolução Cultural (1966-1976) |
Esse sangue derramado comprou a implantação do catolicismo em Mindong, na província sulista de Fujian, um dos redutos mais antigos da fé católica no continente chinês.
Os religiosos usavam como base de suas incursões apostólicas as posses espanholas na vizinha Ilha Formosa – agora Taiwan.
Foi assim que o catolicismo em Mindong ganhou especial simbolismo para o Vaticano.
É a diocese onde nasceu o primeiro sacerdote católico chinês; onde se estabeleceu o primeiro bispo no imenso império, até que por fim virou um dos redutos mais firmes da Fé católica.
“A pressão do Estado ia e vinha, mas as comunidades religiosas deitavam sólidas raízes na areia local”, explica Eugenio Menegon, autor de livro sobre as origens do catolicismo em Mindong.
A perseguição pagã imperial foi substituída pela pressão dos nacionalistas de Chiang Kai-Shek até que o comunismo maoista montou as piores técnicas de difamação e violência contra os missionários e os cristãos.
O bispo missionário São Pedro de Sanz y Jordá não se dobrou diante das promessas e ameaças do imperador. Hoje é venerado pelo povo de Mindong. |
Esse crime hoje é praticado sistematicamente pelo sistema comunista e não o é secreto para o Vaticano que recebe seus fautores em dissimulados encontros.
O catolicismo é divino na sua fonte e sobreviveu a todos os satânicos embates comunistas.
Mas agora enfrenta um perigo nunca antes imaginado: o conchavo do Vaticano e de Pequim que lhes obrigaria por um pacto a abandonar a religião de seus martirizados antepassados e se submeter à espúria Associação Patriótica de Católicos Chineses (CCPA), mera criação do governo comunista em 1957.
O iníquo pacto, segundo sites católicos especializados como UcaNews, incluiria o reconhecimento por parte do Vaticano de sete bispos ilegais da CCPA, vários deles excomungados.
Os bispos leais ao Pontífice – um deles é o de Mindong – seriam substituídos pelos fantoches de Pequim.
O governo marxista promete aprovar dezenas de bispos fiéis que pertencem à “igreja subterrânea” e que não aceitam o comando socialista.
Em Luojiang, onde fica a catedral de Nossa Senhora do Rosário, sede do bispo de Mindong, Mons. Guo Xijin, a notícia causou estupor.
“Não estamos de acordo com essa decisão. Se o bispo deve ceder seu posto à igreja patriótica, seremos controlados pelo Partido Comunista”, reconhece Luo, proprietário de uma loja perto da catedral.
Dos 80.000 católicos de Mindong, por volta de 70.000 se declaram membros da “igreja autêntica” pastoreada pelo bispo Guo. O resto aderiu à CCPA.
Os católicos “autênticos” ou “subterrâneos” estão longe de se ocultarem.
Os católicos de Mindong não têm medo de ostentar seu catolicismo. |
O pequeno restaurante da senhora Chang está decorado com imagens de Jesus nas paredes. E isso se pode ver em muitos locais.
A cozinheira lembra que nos anos 80, a CCPA “enviou um bispo patriótico para celebrar a Missa e os fiéis o puseram para fora”.
“Não à igreja patriótica!”, exclama ela. E suas palavras são ecoadas por muitos dos presentes nos mesmos termos.
“Vivemos numa ditadura”, garante outro católico. O bispo Guo aceitará qualquer decisão do Pontífice “se a vemos por escrito e com o selo oficial”, esclarece um clérigo da catedral.
Nem o Sinédrio, nem Judas Iscariotes ousaram deixar seu pacto por escrito.
Cena de um 'processo popular comunista' na Revolução Cultural. Por ele passou o Pe Miao Zishan |
O sacerdote foi martirizado em 1968 e o povo conserva seu nome com uma aureola de santidade como a que acompanha a São Pedro de Sanz y Jordá.
Para eles também é um “mártir” e a terra da gruta faz milagres para a saúde.
O sacerdote Miao Zishan foi encarcerado e torturado pelos acólitos do maoísmo que hoje estreitam as mãos da Ostpolitik vaticana.
Ele foi “preso numa jaula” e condenado a prisão perpetua. “Foi acusado em ato público diante de 10.000 pessoas. Só foi liberado quando estava terminal”, relata um residente de Shangwan.
Após Mao a perseguição não parou.
“Nos anos 90, o governo destruiu muitas igrejas. A da minha aldeia (Baihu) se salvou porque a transformamos em casa de retiro.
“Nunca esquecerei que quando era criança vi prender um sacerdote”, rememora.
Mons. Vicente Huang Shoucheng, anterior bispo de Mindong passou 35 anos em prisões e campos de trabalho comunistas. Seu enterro foi apoteótico e os comunistas ficaram impotentes |
Veja mais em: Ante a proibição de enterrar o Bispo com sua mitra, fiéis o coroam com uma mitra de flores
A irmã Lin, freira do povoado de Saiqi denuncia que as restrições do governo prosseguem muito numerosas.
“Põem-te obstáculos na hora de renovar as igrejas ou de construí-las. Na aldeia de Qitou derrubamos a velha igreja para fazer uma nova e nos negaram a licença.
“Temos que rezar sobre os fundamentos. O mesmo aconteceu em Xiapu”.
Os fiéis se mostram submissos aos desígnios papais, mas na sua maioria estão “abalados, tristes e deprimidos”, segundo Ren Yanli, investigador da Academia de Ciências Sociais da China.
“Preocupa-nos ver que a autenticidade da fé está sendo danificada”, admite Lin, a freira de Saiqi.
“Rezem por nós”, implora antes de se despedir.
Quem no Vaticano ou na CNBB está rezando por esses pobres católicos, acossados injustamente, traídos pelos maus pastores, mas abençoados pelo Juiz supremo e Pastor dos pastores, Nosso Senhor Jesus Cristo?
Antes e depois a igreja de Xinjiang profanada pelo comunismo em 'diálogo' com a diplomacia vaticana. |
Agentes do governo arrancaram da pobre mas digna igreja de Yining, no Xinjiang, as cruzes das cúpulas das torres e do tímpano, destruíram com furor iconoclasta os ornamentos externos e suprimiram a Via Sacra do interior do templo, segundo escreveu o Pe. Bernardo Cervellera, em AsiaNews, do Pontifício Instituto das Missões Exteriores.
O mesmo atentado foi praticado contra as igrejas de Manas e Hutubi.
Para o Partido Comunista da China, agora em aberta confluência com a diplomacia vaticana, a cruz representa “uma infiltração religiosa proveniente do exterior”.
“É uma nova Revolução Cultural” é o comentário generalizado nas redes sociais vendo a fotografia da igreja de Yining (Xinjiang) despojada violentamente de suas cruzes e das imagens de santos que enfeitavam a parte superior além dos relevos e pinturas que ornavam a fachada.
A color, o movimento e a leveza das cúpulas e das decorações nos muros exteriores, das cruzes coroando o prédio eram fruto de uma fé nascente com fervor numa região central da Ásia bafejada pelo Espírito Santo.
Tudo foi destruído por ordem do governo executada entre 27 e 28 de fevereiro (2018) poucas semanas após o encontro das delegações chinesa e vaticana que preparam um “histórico” acordo para a nomeação dos bispos na Igreja Católica pelo regime anticristão.
Yining se encontra no oeste a 700 km da principal cidade de Xinjiang, Urumqi, e tem uma comunidade católica de algumas centenas de fiéis.
Na feroz Revolução Cultural entre 1966 e 1976, os Guardas Vermelhos conduzidos por Mao Tsé Tung e a tristemente célebre “Banda dos Quatro” destruíram igrejas, como também templos e pagodes de religiões diversas, livros de oração, estátuas, pinturas e tudo o que pudesse lembrar a Deus e seus santos.
Hoje análoga “Revolução Cultural” está sendo feita sob o slogan de “achinesar”.
Isso implica – segundo explicou o presidente Xi Jinping há três anos, e foi ratificado no XIX Congresso do Partido Comunista, em outubro de 2017 – na obrigatoriedade de “aderir e desenvolver as teorias religiosas, mas com características chinesas”,
1) aplicando o princípio da “independência” (leia-se ruptura com o Papa de Roma);
2) adaptando a religião à sociedade socialista (leia-se transforma-la numa força comunista) e
3) resistindo às “infiltrações religiosas provenientes do exterior (leia-se banindo os missionários e ordens religiosas)”.
O Cruzeiro símbolo da Redenção caiu na categoria “infiltração religiosa proveniente do exterior” e foi arrancado com satânico impulso da igreja de Yining.
E não só os dois maiores que coroavam as cúpulas, mas também as cruzes do cemitério anexo, de dentro do edifício sagrado, incluindo a Via Sacra e as decorações com forma de cruz nos bancos.
Foto de UCANews durante a profanação da igreja. |
Os tempos da perseguição e dos martírios da Revolução Cultural foram renovados com a mesma proibição de rezar, incluso privadamente nos próprios lares.
A polícia ameaçou os cidadãos de que caso encontre duas pessoas rezando juntas em sua casa, vai arrestá-las e obriga-las a passar por uma “reeducação”, que implica reclusão num campo de concentração.
Mons. Marcelo Sánchez Sorondo regressando recentemente da China elogiou “dialogantemente” o regime perseguidor como modelo de aplicação da doutrina social da Igreja. A declaração deixou estarrecidos os homens que tem um resto de lógica no mundo inteiro.
As novas normas anticristãs válidas desde o dia primeiro de fevereiro de 2018 só permitem atos de culto na igreja, nos horários fixados pelo despótico governo.
Um ato piedoso em qualquer outro lugar é tido como feito em “local ilegal” e sujeito a prisão, multas, e até a expropriação do prédio, acrescentou o Pe. Cervellera.
Até as moradias privadas são “local ilegal de culto”. Nas residências particulares ficou proibida toda conversa religiosa ou oração, sob pena de arresto. Os fiéis só podem rezar na igreja, e nos domingos.
Na porta de todas as igrejas, deve ser legível um cartaz que proíba a entrada “para menores de 18 anos”, porque crianças e jovens estão proibidos de participar nos ritos religiosos, e em consequência não podem receber catequese, instrução religiosa nem preparação para os sacramentos.
Só poderão ficar abertas as igrejas registradas oficialmente na burocracia marxista.
A “achinesação” erige o Partido Comunista Chinês como “guia ativo” das religiões, sob a liderança suprema do presidente Xi Jingping que acaba de ser aprovado como comandante a vida do país.
Dele e de seus amigos vaticanos dependerá a vida e a morte de qualquer construção religiosa cristã e de sua destruição.
O controle desapiedado e asfixiante se exerce sob o medo. Os católicos chineses já enfrentaram esse medo assassino e o venceram. Mas desta vez é a diplomacia vaticana que se põe do lado dos carrascos.
Na China há uma renascença religiosa impressionante. Calcula-se que mais de 80% da população tem alguma religião e que pelo menos uma quinta parte dos membros do Partido Comunista pratica alguma delas em secreto.
Incapaz de convencer o povo com as ideias comunistas, o regime recorre ao controle e à perseguição. Essas medidas de força se tendo demonstrado insuficientes, agora apela ao apoio de eclesiásticos romanos ligados de um modo ou de outro à “teologia da libertação”.
“Estou muito triste de que o Vaticano se abaixe a pactos com este governo – disse um fiel de Urumqi a AsiaNews. Agindo desse modo, se converte em cúmplice de quem quer nossa aniquilação”.
Eminentíssimo Senhor
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun
Hong Kong – China
Eminência Reverendíssima
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, associação cívica continuadora da obra do insigne professor cujo nome ostenta, e associações autônomas e coirmãs nos cinco continentes, dedicam-se a defender os valores fundamentais da Civilização Cristã.
Seus diretores, membros e simpatizantes são católicos apostólicos romanos que combatem as investidas do comunismo e do socialismo.
A posição fundamentalmente anticomunista que resulta das convicções católicas dos membros de nossas organizações ficou revigorada pela heroica resistência da “Igreja clandestina” chinesa fiel a Roma.
Seus bispos, sacerdotes e milhões de católicos recusam a se submeter à assim chamada Igreja Patriótica, cismática em relação a Roma e inteiramente submissa ao poder central de Pequim.
“Bem-aventurados os que são perseguidos por amor à justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mat. 5, 10);
“se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo. 15, 18-19).
Essas divinas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo exprimem nossa admiração à única Igreja Católica na China, hoje sob a bota comunista, e que tem em Vossa Eminência um egrégio membro e porta-voz.
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995), fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e inspirador de TFPs e entidades afins nos diversos continentes. |
O documento (que vai em anexo) é intitulado A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas — Para a TFP: omitir-se? Ou resistir?
Como Vossa Eminência poderá ver nessa Declaração, datada de 1974, a diplomacia vaticana na Europa do Leste e na América Latina buscava uma ardilosa política de aproximação com os regimes comunistas gravemente danosa para os verdadeiros católicos, a qual resultaria na submissão da Santa Igreja Católica aos déspotas vermelhos.
No dia 7 de abril de 1974, a imprensa da maior cidade da América do Sul (cfr. “O Estado de S. Paulo”) ecoou uma entrevista de Mons. Agostino Casaroli asseverando que na infeliz ilha de Cuba, oprimida pelo comunismo fidelcastrista, “os católicos são felizes dentro do regime socialista”.
E continuava Mons. Casaroli: “A Igreja Católica cubana e seu guia espiritual procuram sempre não criar nenhum problema para o regime socialista que governa a ilha”.
Essas declarações do alto enviado vaticano — que coincidiam com posicionamentos de outros Prelados colaboracionistas do comunismo — provocavam surpresas dolorosas e traumas morais nos católicos que seguiam a imutável doutrina social e econômica ensinada por Leão XIII, Pio XI e Pio XII.
Esta Ostpolitik, como ficou conhecida, era fonte de perplexidades e angústias, e suscitava no mais íntimo de muitas almas o mais pungente dos dramas.
Pois, muito acima das questões sociais e econômicas, atingiam o que há de mais fundamental, vivo e terno na alma de um católico apostólico romano: sua vinculação espiritual com o Vigário de Jesus Cristo.
A diplomacia de distensão do Vaticano com os governos comunistas levantava uma dúvida supremamente embaraçosa: é lícito aos católicos não caminharem na direção apontada pela Santa Sé? É lícito cessar a resistência ao comunismo?
Neste momento, encontramo-nos em situação análoga, porém ainda mais perigosa, com a política vaticana em relação à chamada Igreja Patriótica submissa a Pequim.
Com efeito, causou pasmo no mundo católico a noticia da visita à China de uma delegação vaticana liderada pelo arcebispo Claudio Maria Celli, quem em nome do Papa Francisco pediu aos legítimos pastores das dioceses de Shantou e Mindong que entregassem suas dioceses e seus rebanhos a bispos ilegítimos nomeados pelo governo comunista e rompidos com a Santa Sé.
Chegaram como aterradora e amplificada repetição das declarações de Mons. Casaroli em Cuba as palavras de Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Academia Pontifícia das Ciências Sociais, conhecido como conselheiro próximo do Santo Padre.
Segundo o jornal “La Stampa” de Turim do dia 2 de fevereiro, declarou ele: “Neste momento, os que melhor praticam a doutrina social da Igreja são os chineses [...]. Os chineses procuram o bem comum, subordinam as coisas ao bem geral“.
Mons. Sánchez Sorondo: “os que melhor
praticam a doutrina social da Igreja são os chineses“
Após visitar o país esmagado por uma ditadura ainda mais inclemente do que a cubana, Mons. Sánchez Sorondo, ainda à maneira de Mons. Casaroli, declarou:
“Encontrei uma China extraordinária; o que as pessoas não sabem é que o principio central chinês é trabalho, trabalho, trabalho. Não tem favelas, não tem drogas, os jovens não tem droga [...] [A China] está defendendo a dignidade da pessoa [...]”.
Nem uma só palavra sobre a perseguição religiosa que o comunismo inflige aos nossos irmãos na Fé – bispos, padres e fiéis prisioneiros –, nem à violação sistemática e universal dos direitos fundamentais do homem criado à imagem e semelhança de Deus.
As controvertidas e falsas afirmações deste alto prelado vaticano vão muito além das próprias declarações de Mons. Casaroli em Cuba no remoto ano de 1974 e ferem muito mais a reta consciência cristã.
O drama da atual situação dos católicos chineses é o de todos os fiéis que desejam perseverar diante do Leviatã comunista.
Ontem como hoje, pressionados pela diplomacia da Santa Sé para aceitarem um acordo iníquo com o regime comunista, enfrentam um gravíssimo problema de consciência: é lícito dizer não à Ostpolitik vaticana e continuar resistindo ao comunismo até o martírio se necessário for?
Na referida Declaração de Resistência, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirmava (sem ter recebido nenhuma objeção de Paulo VI ou de seus sucessores) que aos católicos é não somente lícito, mas até um dever imitar a atitude de resistência do Apóstolo São Paulo em face de São Pedro, o primeiro Papa:
“Tendo o primeiro Papa, São Pedro, tomado medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave risco de confusão doutrinária e de prejuízo para os fiéis. Levantou-se então e ´resistiu em face´ a São Pedro (Gal. II,11).
“Este não viu, no lance fogoso e inspirado do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E, sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de São Paulo.
“Os Santos são modelos dos católicos. No sentido em que São Paulo resistiu, nosso estado é de resistência.
"Resistir significa que aconselharemos os católicos a que continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, em defesa da Pátria e da Civilização Cristã ameaçadas.
O prof. Plinio recebe na sede da TFP em São Paulo a visita de Mons. Josef Slipyj,
arcebispo mor do rito greco-católico ucraniano, herói da resistência contra o comunismo.
"Resistir significa que jamais empregaremos os recursos indignos da contestação, e menos ainda tomaremos atitudes que em qualquer ponto discrepem da veneração e da obediência que se deve ao Sumo Pontífice, nos termos do Direito Canônico.
"A Igreja não é, a Igreja nunca foi, a Igreja jamais será um cárcere para as consciências.
“O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição.
“E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.
“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores:
“Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe”.
Ainda nos anos 70, tivemos a alegria de constatar, na gloriosa fileira do episcopado chinês, a resistência destemida do ilustre conterrâneo de Vossa Eminência, o Emmo. Cardeal Paul Yü Pin, então Arcebispo de Nanquim e Reitor da Universidade Católica de Taipé, Formosa (cfr. “The Herald of Freedom” de 15/2/74, em despacho da Religious News Service).
Declarou o Purpurado à citada agência (como hoje ratifica Vossa Eminência), que seria uma ilusão esperar que a China comunista modifique sua política antirreligiosa.
Cardeal Paul Yü Pin (1901 - 1978), arcebispo de Nanquim |
Voltando ao Cardeal Yu Pin, há quarenta anos ele acrescentou:
“Queremos permanecer fiéis aos valores perenes da justiça internacional [...].
“O Vaticano pode agir de modo diverso, porém não nos comoveríamos muito com isso. Penso que é ilusória a esperança de que um diálogo com Pequim ajudaria os cristãos do continente [chinês]. [...]
“O Vaticano nada está obtendo para os cristãos da Europa Oriental. [...] Se o Vaticano não pode proteger a Religião, ele não tem muita razão para continuar no assunto. [...]
“Queremos permanecer fiéis ao nosso mandato, mas somos vítimas da repressão comunista. Sob tal aproximação [do Vaticano com a China comunista], nós perderíamos a nossa liberdade. Como chineses, temos que lutar por nossa liberdade”.
A essas lúcidas e vigorosas observações, que lembram a “resistência em face” de São Paulo a São Pedro (Gálatas II, 11), o Prelado acrescentou esta emocionante previsão:
“Há uma Igreja subterrânea na China. A Igreja na China sobreviverá, como os primeiros cristãos sobreviveram nas catacumbas. E isso poderia significar um verdadeiro renascimento cristão para os chineses.”
Assim sendo, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e associações autônomas e coirmãs de todo o mundo, bem como os milhares de católicos que juntam suas assinaturas a esta mensagem de apoio moral:
Cristãos tentam impedir que agentes comunistas destruam a Cruz |
- Manifestam a Vossa Eminência, a toda a hierarquia, clero e povo católico da China, sua admiração e sua solidariedade moral, nesta hora em que urge erguer a resistência ante o Moloch comunista e a Ostpolitik vaticana. Os bispos e sacerdotes da perseguida Igreja clandestina na China que ora resistem, estão sendo para o mundo inteiro um símbolo vivo do “bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas”.
- Afirmam que haurem alento, força e esperança invencível do épico exemplo dos atuais mártires que perseveram na China. Nossas almas católicas aclamam estas nobres vítimas: “Tu gloria Jerusalem, tu laetitia Israel, tu honorificentia populi nostri” (Judith 15,10). Esses mártires constituem a glória da Igreja, a alegria dos fiéis, a honra dos que continuam a luta sacrossanta.
- Elevam suas preces a Nossa Senhora Imperatriz da China, para que com desvelo de Mãe socorra e dê ânimo aos seus filhos que lutam para se manterem fiéis apesar de circunstâncias tão cruelmente hostis.
e a guerra declarada à Igreja na China,
que a Ostpolitik vaticana bem conhece,
mas misteriosamente finge desconhecer
Stalin e seu funcionário Mao Tsé Tung, pai do comunismo chinês |
O artigo que segue é antigo, mas o tema é atualíssimo em face do recrudescimento das perseguições aos católicos chineses que resistem às imposições ditatoriais do governo de Pequim, assim como resistem à atual política de aproximação do Vaticano com o regime comunista — como tem denunciado o Cardeal Joseph Zen Ze-kiun.
Comunismo na China:
“Infiltrar todas as instituições da Igreja”
O triunfo da revolução bolchevista na Rússia, em 1917, marcou o início de um novo período da história contemporânea. Da história não só daquele país, mas de toda a humanidade, e especialmente da Igreja Católica.
Vitoriosos, os chefes soviéticos adotaram, desde logo, uma posição nitidamente contraria a toda e qualquer religião, procurando difundir o ateísmo e o materialismo por todos os meios a seu alcance, e principalmente pela força da ditadura que acabavam de impor ao povo russo.
A Igreja foi sendo obrigada a arrostar, nas mais diversas frentes, um novo adversário, que se mostrava ao mesmo tempo brutal e cheio de artimanhas.
Nunca, em seus dois mil anos de existência, teve o Catolicismo que lutar com um inimigo tão ardiloso e dotado de tal poder.
Veremos, neste artigo, o que foi e o que está sendo a guerra do comunismo contra a Igreja na China, talvez a mais diabolicamente inteligente que sofre a Esposa de Cristo no atual momento.
Em sua obra, tantas vezes elogiada, “O Comunismo e a Igreja Católica — O Livro Vermelho da Perseguição”, Albert Gaiter escreve que, entre todas as perseguições a que têm sido submetidos os católicos nos países de obediência marxista, pode-se citar a chinesa “como exemplo”, por seus processos metódicos, por sua técnica refinada e pelos resultados obtidos.
O despertar do sentimento nacionalista exacerbado ofereceu aos comunistas, ali, meios de ação com que não contavam seus correligionários de outras regiões.
O nacionalismo chinês, em suas relações com a religião, foi estudado pelo “Osservatore Romano” em 30 de janeiro de 1955 e, mais recentemente, em 14 de março deste ano, em artigos longos e bem documentados.
Igreja católica profanada para ser salão da revolução cultural de Mao Tsé-Tung |
Em trinta anos conseguiu ele impor sua ditadura a meio bilhão de almas, aproveitando-se da situação caótica da política interna do país e das perturbações internacionais que desde antes da última guerra mundial têm ocorrido no Extremo Oriente.
Fundado em Xangai, em 1921, sob a chefia de Mao Tsé-Tung, o Partido Comunista Chinês recebeu um auxilio valioso da missão de técnicos e militares russos que se encontrava no país havia um ano.
Desde logo, o espantalho da guerra sino-japonesa foi um instrumento precioso nas mãos dos bolchevistas indígenas, ansiosos por dominar inteiramente sua pátria.
Sob pretexto de combater o inimigo externo, fundaram um Estado independente, o Yenan, ao norte da China. Divulgando o “slogan”: “Um chinês não combate outro chinês, quando japoneses estão dentro de suas muralhas”, conseguiram que o chefe do governo legal, Chang Kai-Chek, fosse preso pelos seus próprios generais, sob acusação de entendimentos com o inimigo.
Como preço de seu resgate, obtiveram plena liberdade de ação para o Partido, e o compromisso de Chang de responder pelas armas ao primeiro ataque japonês que houvesse.
Os japoneses atacaram em 1937, obrigando, por força desse acordo, o governo nacionalista a entrar em uma guerra longa e dura, para a qual a China não estava preparada e que a debilitou material e moralmente.
Os comunistas, ao contrario, graças a um plano bem concebido, pelo qual suas forças nunca enfrentavam abertamente o inimigo, conseguiram consolidar seu regime nas regiões do norte.
Suas guerrilhas lhes permitiram, sem muito esforço, manter em reserva tropas descansadas e sovietizar, sem maiores perigos, o território por eles ocupado.
Por outro lado, durante a segunda guerra mundial, os aliados fizeram pressão sobre Chang Kai-Chek para que aceitasse a colaboração dos comunistas no alto comando, o que conferiu ao movimento vermelho um caráter legal em toda a China.
Comunistas chineses destroem imagens católicas. |
O exército nacionalista, esgotado e desfalcado, entrou então em luta com os comunistas pela posse do território chinês.
Em outubro de 1949, depois de quatro anos de guerra civil, os bolchevistas, senhores de toda a China continental, proclamaram em Pequim a República Popular Chinesa.
Os católicos eram uma minoria no país — quatro milhões, no total de 463.500.000 habitantes — mas minoria ativa e organizada, com 20 Arquidioceses, 85 Dioceses e 39 Prefeituras Apostólicas.
Os Prelados chineses eram 27 e, dos 5.637 Padres que ali labutavam, 2.557 eram indígenas. Sua Santidade o Papa Pio XII, reconhecendo a importância dessa Cristandade, conferiu o chapéu cardinalício ao Arcebispo de Pequim, em 1946.
Antes de 1945 a atitude dos comunistas chineses para com as Missões católicas já era de perseguição aberta, se bem que localizada e muito desordenada.
Sessão de humilhação dos proprietários na Revolução Cultural. |
Muitos fiéis foram presos, sendo exigidas pesadas somas para seu resgate. Em 1934, no II Congresso Nacional dos Soviets da China, Mao Tsé-Tung declarava:
“Nos territórios soviéticos chineses, os Padres católicos e os pastores protestantes foram expulsos pela massa popular. As propriedades confiscadas aos missionários imperialistas foram devolvidas ao seu legitimo proprietário: o povo. As escolas missionárias foram transformadas em escolas soviéticas”.
Os dirigentes do Partido mostravam-se mais interessados em fatos do que em manifestações espetaculares. Metodicamente, sabendo o que queriam, e quase em silêncio, realizaram uma grande obra de destruição.
A luta contra a Fé obedeceu, regra geral, às seguintes fases, estudadas de antemão e executadas em perfeita ordem:
1º) “liberdade e tolerância” religiosas, de acordo com o artigo 88 da Constituição da República Popular;
2º) “luta contra as superstições”: campanha violenta, oral e escrita, contra a religião, apresentada como um dos maiores males da sociedade humana; exploração, entre outros, dos velhos temas da completa liberdade de consciência e do direito de todos professarem qualquer religião;
3º) “campanha de reeducação”, cujo fim era criar, progressivamente, um “novo homem”;
4º) “oposição ativa”, destinada a paralisar totalmente o apostolado dos missionários;
5º) organização da “ação popular” ou tribunais populares: em cada cidade o Bispo, os Sacerdotes, as Religiosas e os leigos de destaque são presos e julgados sem direito de defesa.
Conquistado o poder, os comunistas proclamaram a liberdade geral e cessaram momentaneamente a perseguição aberta e declarada.
Mas, pela lei sobre atividades contra-revolucionárias, publicada em fins de 1950, o governo teve armas “legais” para uma luta mais intensa contra a Igreja e os católicos.
Velório do Pe Joseph Jia, mártir em década recente |
Começou-se também, em alguns lugares, a proibir as cerimônias religiosas, como perda de tempo prejudicial à produção nacional.
A lei sobre atividades contra-revolucionárias serviu ainda de pretexto para o fechamento de todos os jornais e revistas católicos.
Depois de uma violenta campanha contra o Vaticano, o governo, atendendo aos “desejos ardentes” e “espontâneos” da cristandade chinesa, lançou o “Movimento da Tríplice Independência” ou da “Tríplice Autonomia”.
No dia 7 de janeiro de 1951, o primeiro-ministro Chu En-Lai convidou para uma reunião em Pequim quarenta líderes católicos; nessa ocasião foram trocados pontos de vista sobre a reforma do Catolicismo.
O Movimento exigia, para a Igreja chinesa, autonomia de direção, autonomia econômica e autonomia de expansão.
Em uma palavra, criava um cisma, apesar de algumas declarações ilusórias que garantiam a manutenção das relações com o Papa, na qualidade de Chefe espiritual.
Autonomia de governo significa, para os comunistas de Chu En-Lai, que a Igreja nacional, administrada por chineses, deve libertar-se das tradições ocidentais e criar uma nova hierarquia, uma nova legislação e uma nova liturgia.
Autonomia econômica: a Igreja na China não deve receber nenhum subsidio do exterior, dado que o governo se encarrega de suprir suas necessidades.
Não deve haver mais missionários estrangeiros; os temas das pregações tem que ser adaptados à mentalidade nacional e às condições da “nova China”; é necessário estabelecer uma nova teologia, conforme com a ideologia professada pelo governo.
“Os cristãos chineses — proclamava a ‘Agência Nova China” em 14 de janeiro de 1951 — devem descobrir os tesouros do Evangelho por si e para si.
O bispo mártir Dom Cosme Shi Enxiang. O comunismo escondeu o cadáver para evitar multitudinário enterro |
O jornal oficial do Partido escrevia, em 8 de janeiro do mesmo ano: “Nosso fim é reconduzir a Igreja ao seu estado primitivo e, do ponto de vista político, adaptá-la aos desejos do povo”.
Foram fundadas nessa ocasião, para pôr em pratica tais resoluções, as “Comissões de Reforma” diocesanas e paroquiais, cuja missão era acusar e fazer condenar os Bispos e Padres que não pactuassem, administrar a “nova Igreja”, e executar a doutrinação do Clero e fiéis por meio de estudos do marxismo.
Esta campanha a favor de uma Igreja nacional prosseguiu com a expulsão do Internúncio, Mons. Antonio Riberi, em setembro de 1951, depois que este advertiu os Bispos contra o caráter cismático do movimento.
O Santo Padre Pio XII, em outubro de 1954, reafirmou a condenação dessa “reforma”, na sua Encíclica “Ad Sinarum Gentem”:
“Não podem ser considerados nem honrados como católicos os que professam ou ensinam verdades diferentes daquelas por Nós ensinadas, brevemente, acima.
“E o caso, por exemplo, dos que aderiram aos princípios nefandos chamados das Três Autonomias, ou a outros do mesmo gênero… “
No ano passado, reuniu-se duas vezes a Conferencia Nacional Católica da China.
Na segunda dessas reuniões, realizada de junho a julho, foi aprovada uma resolução, difundida pela ‘Agencia Nova China’, que declara notadamente:
“Os católicos chineses obedecerão ao Vaticano no que se refere aos dogmas e à moral, porque isto não poderia constituir um atentado aos interesses e à independência do país.
“Mas opor-se-ão a todo plano urdido pela Santa Sé que, sob o manto da religião, atente contra nossa soberania ou nosso movimento patriótico anti-imperialista”. — e acrescenta que, após a conferência, foram fundadas associações patrióticas dos católicos chineses.
Dias depois, a agencia noticiosa “Fides” divulgou um estudo sobre essas sociedades. Ali se salienta que, conquanto não tenham elas sido explicitamente condenadas pela Igreja, pode-se afirmar, à luz da Encíclica “Ad Sinarum Gentem”, que o foram implicitamente, visto estarem sob controle do Partido Comunista e serem constituídas segundo os seus princípios.
Estas associações, prossegue a agencia da Sagrada Congregação “de Propaganda Fide”, são as continuadoras do “Movimento das Três Autonomias”.
Mais recentemente, a mesma agência difundiu uma ordem secreta dirigida pelo Partido Comunista Chinês aos seus membros no estrangeiro.
Os trechos que selecionamos são tão significativos que dispensam comentário. Convém, apenas, ressaltar que, depois de procurar confundir os espíritos dando a entender que as seitas protestantes são tão perigosas para o bolchevismo quanto a Igreja, o documento, em seu último item, justifica o ensinamento de Leão XIII quando, na Encíclica “Parvenu à la vingt-cinquième année”, o Pontífice filia o comunismo ao protestantismo, através da Revolução Francesa.
O heróico Cardeal Kung passou longos anos em prisão sob horríveis torturas e acabou morrendo no exílio |
“Estabelecidos em todas as cidades do mundo, semeiam por toda parte o veneno de suas doutrinas para combater o socialismo comunista.
“Eis porque, seguindo as diretrizes dos chefes do Partido, nossos camaradas devem encontrar meios de penetrar no próprio coração de cada igreja, pôr-se ao serviço da nova organização de polícia secreta, desenvolver uma grande ação no seio de todas as obras eclesiásticas, desencadear um ataque de grande envergadura, empenhar-se a fundo, invocando até o auxílio de Deus, e, para conseguir formar uma frente única, servir-se do encanto e do poder de sedução do sexo feminino.
“Em consequência, para atingir este fim, para dividir as igrejas internamente e opor umas às outras as diversas organizações religiosas, o órgão do Partido baixou as nove disposições seguintes:
“1º) Os camaradas devem introduzir-se nas escolas estabelecidas por estas igrejas… ; devem espionar os reacionários… ; devem misturar-se aos estudantes, adaptar-se aos seus modos de sentir,… e imiscuir-se metodicamente em todos os setores da ação eclesiástica.
“2º) Cada camarada deve procurar tornar-se, pelo Batismo, membro da Igreja…
“Todos desenvolverão uma atividade de grande envergadura, servindo-se de belas frases para emocionar e atrair os fiéis. Irão mais longe ainda, e esforçar-se-ão por dividir profundamente as diversas categorias do laicato, inclusive fazendo apelo ao amor de Deus e defendendo a causa da paz…
“3º) Nossos camaradas deverão assistir a todos os serviços religiosos, e, afavelmente, cortesmente, servindo-se com inteligência dos meios mais diversos, unir-se-ão ao Clero e espionarão a sua atividade.
“4º) As escolas fundadas e dirigidas pelas igrejas são um campo ideal para a nossa penetração. Aparentando a maior benevolência, os ativistas de nossa organização devem aplicar esta dupla lei:
“Cativar o inimigo para suprimir o inimigo. Devem misturar-se alegremente aos diretores, professores e estudantes para dominá-los, aplicando o princípio: Dividir é governar.
“Além disso, devem procurar contatos com os chefes das famílias dos alunos, para reforçar o trabalho de base da revolução…
Comitiva chinesa acumpliciada com a perseguição comunista recebe calorosa acolhida da CNBB em Brasília |
“6º) Baseando-se nesse princípio de ferro: Esmagar o inimigo servindo-se dele próprio, cumpre procurar persuadir um ou outro membro eminente da Igreja de vir à China, e facilitar-lhe as autorizações e documentos necessários.
“Tal ação falsa e secreta nos ajudará a atingir nosso fim, pois esse homem eminente nos revelará a verdadeira fisionomia e a verdadeira situação da Igreja.
“7º) Os camaradas ativistas devem… descobrir os pontos fracos da organização eclesiástica, explorar as divisões internas…
“8º) Todo camarada que ocupa um posto de direção deve ter compreendido a fundo esta verdade: a Igreja Católica, escravizada ao imperialismo, precisa ser abatida e destruída completamente.
“Quanto ao protestantismo, que comete o erro de seguir uma política de coexistência, é necessário impedir que faça novas conquistas, mas podemos deixá-lo morrer de sua morte natural”.
Por que abandona os oprimidos que dizia defender?
Execuções na China. Muitos mártires católicos passaram por momentos como estes |
Lá tentou extorquir d o bispo diocesano de Mindong uma renúncia que permitisse a ocupação da diocese por Mons. Vicente Zhan Silu, um dos sete bispos ilícitos excomungados pela Santa Sé.
Os representantes vaticanos intimaram Mons. José Guo Xijin, a se tornar auxiliar ou coadjutor do bispo ilícito.
A medida afina com o projeto do ditador Xi Jingping: “achinesar” a Igreja Católica da China independizando-a de Roma e submetendo-a às políticas socialistas ditadas pela liderança marxista do Partido Comunista.
O presidente marxista pôs isso bem claro no XIX Congresso do PC em outubro de 2017: “a cultura (...) deve ser aproveitada para a causa do socialismo de acordo com a orientação do marxismo”. Acrescentando que por causa disso a religião deve ter uma “orientação chinesa” e se adaptar à sociedade socialista guiada pelo partido. (The Washington Post, 18.10.2017).
O bispo Guo passou quase um mês em detenção antes da Semana Santa de 2017. De acordo com AsiaNews, na prisão os agentes do governo apresentaram ao bispo resistente um documento a assinar. Segundo esse, ele aceitaria “voluntariamente” ser reduzido a bispo coadjutor.
Em troca receberia um reconhecimento do governo, uma “honraria” acompanhada de vantagens materiais concedidas aos colaboracionistas com o comunismo.
O bispo sacrílego e ilegal Mons. Zhan não quis confirmar seu próximo reconhecimento pela Santa Sé. Mas referiu a AsiaNews que representantes da Ostpolitik e do governo comunista chinês estão tocando as negociações.
Um padre da comunidade subterrânea de Mindong disse que “é óbvio que para nós, [esta decisão] é difícil de aceitar, mas temos o direito de nos opor ao Vaticano?”
Bispos Peter Zhuang Jianjian de Shantou e Guo Xijin de Mindong |
A redução do status de um bispo diocesano soa estranha e incrível na Igreja Universal, mas não é o caso na China.
“Qiushi”, uma revista de alto nível sobre as teorias comunistas, administrado pelo Comitê Central do Partido, publicou em 15 de setembro um artigo intitulado “Teoria e práticas inovadoras no trabalho religioso do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês”, desenvolvido em 2012.
Até agora, não foi explicado no que consistem essas “práticas inovadoras” em relação à Igreja Católica.
Mas em 14 de dezembro, a Associação Patriótica e o Conselho dos Bispos, entidades igualmente governamentais, aprovaram um plano quinquenal para “achinesar” a Igreja Católica.
A diretiva “Sincronização da religião” é um sofisma do ditador Xi Jinping que na essência impõe que as religiões não obedeçam a autoridade estrangeira alguma – leia-se Roma – e professem o socialismo.
Exige também que a Santa Sé reconheça sete bispos ilicitamente sagrados. Desses sete, Dom Huang e mais dois foram excomungados publicamente pela Santa Sé.
Manifestantes encenam sessão de tortura na China |
Alguns já foram ordenados em segredo. No total, Pequim aceitaria cerca de 40 bispos da comunidade subterrânea com as mesmas exigências imorais.
Num jornal sem religião ostensiva como o “The New York Times”, Yi-Zheng Lian, professor de economia na Universidade Yamanashi Gakuin de Kofu, Japão, escreve que a política do Papa Francisco ante de um governo ateu e comunista “não é inteiramente transparente”.
Há entre 9 e 12 milhões de católicos na China, diz, e metade deles recusa a submissão à igreja cismática criada pelo regime.
O Vaticano pretende obriga-los a se submeterem ao sistema anticristão alegando uma conciliação.
Reconhecendo a pseudo igreja “patriótica”, o Vaticano estaria danificando a pregação católica no país.
Os clérigos “patrióticos”, como é bem sabido no país, cortam passagens da Bíblia consideradas politicamente subversivas pelo Partido Comunista, acrescenta o jornal nova-iorquino.
Milhões de fiéis chineses se sentiriam abandonados e traídos após décadas de opressão marxista sofrida por fidelidade a Roma.
A aproximação com Pequim sinalizaria que o Vaticano deixará de reconhecer a Taipei, Taiwan, e só a Pequim como representante da China.
A diplomacia vaticana já sacrificou o Primaz anticomunista da Hungria, e arcebispo de Budapest Mons. Josef Mindszenty, para agradar os soviéticos e o regime títere que instalaram no país.
Segundo se anuncia, o acordo poria Pequim no controle da Igreja Católica, pois nomearia seus bispos. No fim um silêncio de morte desceria sobre o catolicismo, completa o prof. Yamanashi Gakuin.
A mídia oficial comemorou a participação de Mons. Sánchez Sorondo (4º à direita) em congresso sobre transplante de órgãos, tema em que a China exibe tétrico curriculum. |
O site de grupo foi objeto de ataques cibernéticos desde Tianjin, China continental, que bloquearam seu funcionamento momentaneamente.
Os autores renovaram o apelo: “por favor some-se à petição e continue a rezar pela Igreja perseguida na China”.
Para o influente “Wall Street Journal” a imagem do Papa Francisco “defensor dos oprimidos” está ficando sem sentido.
O pontífice que já não ajudava os ucranianos oprimidos e invadidos pela Rússia, agora dá as costas aos perseguidos católicos chineses e se alia com os perseguidores.
Ele parece ter abandonado o perfil de “campeão dos oprimidos”, diz “The Wall Street Jornal” em sua manchete.
E até está se tornando líder dos opressores, auxiliado inescrupulosamente pelo seu assessor Mons. Marcelo Sánchez Sorondo.
Francisco I e Xi Jinping Ostpolitik vaticana não quer um 'novo Mindszenty' na China comunista |
Ele fez notar em primeiro lugar que os representantes vaticanos querem obrigar a bispos legítimos a entregar suas dioceses a bispos ilegítimos, um deles excomungado, todos eles bonecos do Partido Comunista.
O Cardeal escreveu: “reconheço que eu sou pessimista sobre a situação atual da Igreja na China, mas meu pessimismo se baseia na minha longa e direta experiência da Igreja na China.
“Tenho uma experiência direta da escravidão e humilhação a que estão submetidos nossos irmãos bispos. De acordo com a informação recente, não há razão para mudar essa visão pessimista.
“O governo comunista está produzindo novas e mais estritas regulações que restringem a liberdade religiosa. A partir de 1º de fevereiro de 2018, a reunião na missa da comunidade clandestina (fiel a Roma) não será mais tolerada.
“Há quem diz que todos os esforços para conseguir um acordo entre a China e a Santa Sé visam evitar um cisma eclesial. Isso é ridículo!
“O cisma já está ali com a Igreja independente [N.T.: de Roma, mas escrava do Partido Comunista].
“Os Papas evitaram usar palavra ‘cisma’ porque sabiam que muitos não estavam na comunidade oficial por livre e espontânea vontade, mas sob forte pressão.
Os católicos fiéis a Roma só podem praticar o culto num regime de perseguição. |
“O Vaticano daria a bênção a uma nova Igreja cismática reforçada, lavando a má consciência daqueles voluntariamente renegados e outros que estão prontos para se unir a eles”.
Num outro ponto, o Cardeal Zen responde ao sofisma de que é bom encontrar um terreno comum para saldar a separação entre o Vaticano e a China.
E responde: “pode haver algo ‘comum’ com um regime totalitário? Ou você se rende ou aceita a perseguição. No ultimo caso você permanece fiel a você mesmo.
“Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?
Abordando a pergunta crítica “acredita que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China?”, responde:
“Sim, absolutamente, estão indo na direção que ficou obvia em tudo o que fizeram nos últimos meses e anos”.
Por fim, à pergunta: “És o maior obstáculo para o processo de acordo entre o Vaticano e a China?” respondeu: “Si esse acordo é ruim, estou mais do que feliz sendo um obstáculo”.
A sala de imprensa da Santa Sé reagiu em ação fora do comum, tentando desmentir as acusações do Cardeal Zen, o principal clérigo da China, segundo as quais o Vaticano estava “vendendo” os católicos chineses para agradar a Pequim, escreveu o Instituto Humanitas Unisinos reproduzindo matéria do britânico “The Tablet” de 30-01-2018.
Cardeal Zen entregou carta confidencial ao Papa denunciando pormenores da 'venda' da Igreja ao comunismo na China |
O cardeal húngaro Jozef Mindszenty buscou asilo na representação dos EUA em Budapeste, em franca oposição ao governo comunista.
Por pressão do governo comunista, a Santa Sé impôs que ele saísse do país em 1971, e lhe tirou o título de primaz da Hungria.
Durante o papado de Paulo VI, o Vaticano adotou uma política de Ostpolitik, fazendo acordos com governos satélites da Rússia soviética convocando os católicos a coexistir com o regime inimigo da Igreja.
Nada na declaração vaticana nega que se tenha chegado a um acordo entre representantes do Vaticano na China e o governo de Pequim sobre a espúria imposição a bispos católicos para entregarem suas dioceses a bispos ilegítimos pro-comunistas.
O comunismo chinês quer nomear os bispos da China e o Vaticano estaria disposto a aceitar a imposição consagrando de fato a falsa igreja controlada pelo Estado, apelidada Associação Patriótica Católica Chinesa.
O cardeal Zen tem se pronunciado em nome dos católicos clandestinos – leais a Roma – que sofrem perseguição religiosa.
Mons Pedro Zhuang Jianjian, bispo de Shantou, está sob chantagem do regime comunista e dos enviados vaticanos para entregar a diocese a bispo ilícito |
A escolta policialesca devia conduzi-lo até representantes categorizados do governo central e com uma delegação “estrangeira”, evidentemente do Vaticano.
Ele só foi informado de que “um prelado estrangeiro” o aguardava. Tratava-se de um representante da diplomacia vaticana.
Esse lhe pediu para entregar a sé episcopal ao bispo ilícito José Huang Bingzhang, noticiou a bem informada agência AsiaNews.
Foi a segunda vez em três meses que a Santa Sé lhe pediu a demissão do bispo Zhuang.
Com efeito, em carta de 26 de outubro, Dom Zhuang, 88, fora convidado pela Santa Sé a se demitir e entregar a diocese a um bispo excomungado, que a diplomacia vaticana – a Ostpolitik – está prestes a reconhecer.
Uma fonte igreja de Guangdong, que pediu para permanecer no anonimato, contou a AsiaNews: “Dom Zhuang recusou-se a obedecer e declarou: 'aceito levar a cruz por desobedecer'”.
O bispo resistente foi ordenado secretamente em 2006, com a aprovação do Vaticano.
No entanto, o governo chinês o reconhece apenas como sacerdote e, por sua vez, apoia o bispo excomungado, José Huang Bingzhang, deputado no Parlamento (Assembleia Nacional do Povo) por longo tempo.
Mons. Zhuang ficou “sob controle” – leia-se preso – até 11 de dezembro. Mesmo sabendo que o bispo é velho, que não está em boa saúde e que fazia frio extremo em Pequim, os policiais lhe recusaram o pedido de não ir a Pequim.
Tampouco lhe garantiram a presença de um médico. Sete agentes viajaram com ele, mas nenhum padre foi autorizado a acompanha-lo ou lhe prestar assistência.
O Cardeal Zen aproveitou sua inesperada presença numa audiência geral para entregar carta ao Papa que quiçá por vias normais não a acolheria. Foto arquivo 2014 |
No dia seguinte, ele foi levado à sede da governamental Associação Patriótica e fictício Conselho dos Bispos da China – uma espécie de CNBB chinesa montada pela ditadura comunista e até o presente não é reconhecida pela Santa Sé.
Lá encontrou os bispos Ma Yinglin, Shen Bin e Guo Jincai, que são respectivamente o presidente, o vice-presidente e o secretário-geral do Conselho dos Bispos.
Os bispos Ma e Guo foram sagrados ilicitamente e estão rompidos com o Vaticano.
Em 21 de dezembro, o bispo Zhuang foi levado para o hotel estadual em Diaoyutai. Lá foi recebido por três representantes da Administração Estatal de Assuntos Religiosos.
Segundo AsiaNews, naquela ocasião, o Pe. Huang Baoguo, sacerdote chinês da Congregação para a Evangelização dos Povos, levou-o a uma reunião com “o bispo estrangeiro e três sacerdotes estrangeiros do Vaticano”.
Quando a China e a Santa Sé retomaram diálogos oficiais em 2014, Mons. Claudio Maria Celli ficou encarregado das negociações.
Ele está aposentado, mas segue atuante no relacionamento China-Vaticano, e viaja frequentemente à China. A fonte da agência supõe que o prelado presente foi ele. Posteriormente ficou confirmado se tratar de Mons. Celli agindo por conta da Santa Sé.
“O bispo estrangeiro” explicou a Mons. Zhuang que seu propósito era chegar a um acordo com o governo chinês fazendo com que o ilegítimo bispo Huig ficasse bispo da diocese.
A delegação vaticana pediu a Mons. Zhuang sair da diocese e lhe concedendo como consolo a possibilidade de sugerir três nomes de sacerdotes. Entre esses, o bispo ilegítimo elegeria o vigário geral.
“Mons. Zhuang, mais uma vez, escutando o pedido, quebrou em lágrimas”, disse a fonte, acrescentando que “seria inútil designar como vigário geral um padre que o bispo ilegítimo poderia remover ao seu gosto”.
Um dos bispos, que pediu para permanecer anônimo, disse à AsiaNews que o Vaticano pediu uma opinião sobre Mons. Huang. “Não sei como isso vai acabar, mas isso parece se encaminhar para uma solução horrível”, acrescentou.
A AsiaNews pediu confirmação do Vaticano e só recebeu como resposta que apenas fizera um pedido de opinião a Mons. Zhuang sobre o bispo ilícito.
O Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, confirmou a notícia coletada pela AsiaNews, desmentindo as versões enviesadas da Ostpolitik vaticana.
Após a primeira tentativa de pressão combinada de policiais e monsenhores vaticanos, o Card. Zen fez chegar carta a Mons. Savio Hon Taifai, ainda responsável na Cúria Romana, sobre os brutais fatos.
O próprio Cardeal Zen descreveu as violências morais em carta de 29 de janeiro (2018) também publicada por AsiaNews.
Cardeal Joseph Zen Ze Kiun, bispo emérito de Hong Kong, assumiu a difícil tarefa de defender os bispos católicos diante das pressões vaticanas |
Em dezembro, o Cardeal Zen ficou estarrecido com a nova investida policialesca-vaticana com características ainda mais chocantes e surpreendentes para o ancião cardeal.
Mons. Zhuang pediu em lágrimas que o Cardeal levasse um relatório.
O Cardeal aceitou a incumbência, mas sabia ser a coisa muito incerta que o Santo Padre quisesse receber um envio do sofrido prelado resistente.
Doente e debilitado, o Cardeal de 85 anos pegou um avião de Hong Kong até Roma planejando chegar encima da hora da audiência geral do Papa de 10 de janeiro (2018).
Houve atraso, mas chegou no meio da cerimônia e ocupou o lugar reservado a cardeais. Ninguém o aguardava. Foi assim que conseguiu se aproximar para a dramática missão.
Na hora do “beija-mãos” o Cardeal a pôs nas mãos do Santo Padre dizendo que viajara só para isso e que esperava que o Papa se dignasse lê-la.
Mas, o Cardeal não aguardava o que viria: na tarde do mesmo dia Francisco I mandou chama-lo para audiência privada no dia 12.
Numa conversa de meia hora, o Cardeal perguntou se o Papa tinha tido tempo de “estudar o caso”.
A resposta do Pontífice foi: “Sim, eu falei para eles (seus colaboradores na Santa Sé) que não criem um outro caso Mindszenty”!
A referência ao cardeal Mindszenty, um dos heróis da fé na resistência à perseguicao comunista, impressionou ao Cardeal chinês.
Mas lhe lembrou que a Santa Sé, após várias tentativas frustradas do Cardeal Casaroli no sentido desejado pela ditadura comunista, havia ordenado ao Cardeal Mindszenty abandonar o país.
Foi um triunfo sinistro da convergência da Ostpolitik vaticana com o governo marxista. O Papa Paulo VI nomeou um sucessor do goto do governo comunista.
O drama da China, então, não estava acabando, mas começando.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Arcebispo emérito de Hong-Kong |
“Estou muito triste em dizer que o governo chinês não mudou e que a Santa Sé está adotando uma estratégia errada”
O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Arcebispo emérito de Hong-Kong, julga que se o Papa Francisco conhecesse a realidade do regime comunista chinês, bem como as perseguições que ele move contra os católicos, não promoveria negociações com Pequim.
O Cardeal Zen foi entrevistado por Krystian Kratiuk, de “Polonia Christiana”, prestigiosa revista católica de Cracóvia, que autorizou Catolicismo a reproduzir a entrevista, oferecendo gentilmente para isso sua gravação em inglês. A tradução para o vernáculo esteve a cargo de nosso colaborador Hélio Dias Viana.
Catolicismo — Por que o Vaticano quer assinar um acordo com o governo comunista da China?
Cardeal Zen — Obviamente o Santo Padre pode não ter muita experiência direta com os comunistas chineses, porque na América do Sul os comunistas são perseguidos.
Então ele pode ter uma simpatia natural pelos comunistas, pode não saber que eles são verdadeiramente comunistas.
Mas muitas pessoas na Santa Sé devem saber, mas talvez não tenham aquela experiência pessoal, direta.
Por isso estou realmente receoso de que elas possam ser doutrinadas pelos comunistas.
Também porque os comunistas chineses são inteligentes, são mestres no emprego de meias palavras. Então, estou muito preocupado neste momento.
Catolicismo — O que é realmente o comunismo?
Cardeal Zen — O comunismo é totalitarismo. É, portanto, um regime totalitário.
E somente aquelas pessoas que têm realmente experiência pessoal podem sentir o que é um regime totalitário, como o nazista, como o comunista.
O Papa João Paulo II conheceu. O Papa Bento também.
Mas temo que os italianos possam não conhecer muito bem, porque Mussolini não foi um totalitário muito duro.
Entretanto, os governantes totalitários querem tudo. Querem controlar tudo. Não aceitam compromisso.
Eles desejam fazer você capitular. Querem torná-lo escravo. É terrível!
Portanto, essas pessoas no Vaticano podem não ter tal percepção. Elas vão então negociar e, obviamente, nas negociações todo mundo é muito amável, com palavras amáveis. Mas esta não é a realidade.
Hu Shigen, líder leigo da Igreja fiel a Roma condenado como subversivo |
Cardeal Zen — Na carta do Papa Bento [aos católicos chineses], ele explanou muito claramente a doutrina católica sobre a Igreja.
Com certeza o Papa Francisco e outras pessoas no Vaticano concordam com essa posição. Mas, quando se negocia, é preciso saber como a outra parte pensa.
Então, eu gostaria de citar um autor hegeliano, falando sobre o acordo entre a Hungria e o Vaticano.
Ele diz: “Às vezes, formalmente, no papel, a autoridade do Papa pode ser respeitada, mas na prática um poder excessivo de decisão é dado ao governo”.
Portanto, não sabemos muito sobre como é esse acordo, pois não nos informam inteiramente.
Eles dizem: “Não, certas informações são apenas por ouvir falar”, um pedaço aqui, outro pedaço lá.
O que podemos imaginar a respeito dele, é constatar que se trata exatamente desse tipo de acordo [entre a Hungria e o Vaticano].
Na superfície, parece que a autoridade do Papa está resguardada, porque eles dizem: “O Papa diz a última palavra”.
Mas toda a coisa é falsa. Eles estão dando poder de decisão ao governo. Penso que estamos caminhando para algo pior.
Daí decorre — não estou 100% seguro — que eles aceitam a eleição [de novos bispos], a que chamam de eleição democrática, aceitam que a Conferência Episcopal aprove a escolha e leve os nomes ao Papa.
E o Papa diz a última palavra. Entretanto, tanto a eleição quanto a Conferência Episcopal são falsas.
Eu não gosto de falar muito a respeito de eleição. Na China comunista não há eleição, nenhuma eleição verdadeira. Nem sequer a mais solene eleição no Congresso do Povo... Tudo é planejado antes.
Mas agrada-me falar sobre a Conferência Episcopal. Realmente não posso acreditar que na Santa Sé não saibam que não existe uma Conferência Episcopal Chinesa.
Existe apenas um nome. Nela, de fato, nunca há discussões, reuniões.
Os bispos se encontram quando são convocados pelo governo comunista. O governo lhes dá as instruções, eles obedecem.
O então Papa Bento disse que essa Conferência não é legítima, porque nela há bispos ilegítimos, e também porque os bispos clandestinos [perseguidos pelo governo comunista] não fazem parte dessa Conferência.
Liu Bainian, funcionário do governo e vice-presidente da Associação Patriótica é o verdadeiro chefe da Igreja colaboracionista |
Mas o que existe realmente? Todos os bispos da igreja oficial [escolhidos pelo regime comunista] têm seus nomes na Conferência Episcopal.
Mas então como ela funciona? Antes de tudo, ela nunca trabalha sozinha.
Há sempre a Associação Patriótica e a Conferência Episcopal trabalhando juntas.
Mas quem a preside? Quem convoca a reunião?
O governo!
Eles nem sequer procuram ocultar a realidade. Nós podemos ver as fotos.
O Sr. Wang Zuoan, chefe da Secretaria de Assuntos Religiosos, está presidindo sorridente a reunião, enquanto o presidente da Conferência Episcopal — um bispo da Associação Patriótica — e os demais bispos estão simplesmente sentados lá, ouvindo.
Portanto, tudo é decidido pelo governo. Lembre-se: sempre que eles dizem Conferência Episcopal é o governo comunista.
O governo controla a eleição através da Conferência Episcopal, e ele próprio apresenta os nomes. Toda a iniciativa provém, portanto, do governo.
Alguém dirá: “O Papa diz a última palavra”. Que última palavra é essa? “Ora, ele pode aprovar, pode vetar”.
Bem, ele pode vetar. Mas quantas vezes? Eles apresentam todos os nomes, o Papa não pode dizer: “Não, não, não”. É muito difícil para ele, é muita pressão sobre ele.
Então, eu concluo: em certo momento ele pode ser forçado a dizer “sim”. “Oh, ele tem a última palavra!”. Não é suficiente.
Portanto, penso que é um acordo muito errado. Precisamente porque não há Conferência Episcopal. Como pode a iniciativa de escolher bispos ser dada a um governo ateu? Incrível! Incrível! Incrível!
Alguém poderá dizer: “Ora, na História, durante muito tempo, o poder de indicar bispos foi dado aos reis, ao imperador”.
Mas pelo menos eles eram reis cristãos, imperadores cristãos, enquanto estes são ateus, comunistas.
Fiéis vivem acossados pela repressão policial. Cena no santuário de Sheshan |
Catolicismo — Mas a recusa do diálogo “nos coloca fora da Igreja”? É o que dizem os comunistas.
Cardeal Zen — O diálogo é necessário, é importante. Mas deve haver princípios. Estes não podem ser negados para se obter um bom diálogo.
Por ocasião do Asia News Day, na Coreia, o Papa Francisco celebrou uma missa para todos os bispos asiáticos. Ele falou sobre o diálogo.
E disse duas coisas. Primeira: no diálogo, deve-se ser fiel à própria identidade, deve-se ser coerente com a sua própria identidade; não se pode negar a própria identidade apenas para agradar o outro lado.
Se nós somos católicos, somos católicos!
Segunda: deve-se também abrir o coração para ouvir. Portanto, deve-se dialogar, mas não se pode dizer: nós devemos absolutamente tirar conclusão.
Por quê? Porque não depende de você. Depende também do outro lado. Se este não concorda com algo razoável, você não pode concluir. Não depende de você.
Se a outra parte deseja que você se torne escravo, você não pode dizer “ok”. Não pode. E aqueles que vão negociar devem saber disso.
A autoridade do Papa é dada ao Papa. Ela não é dada a um homem particular, senhor fulano de tal. É dada ao Papa. Não é um atributo pessoal dele.
Ele não pode vendê-la. Ele não pode, por sua própria generosidade, renunciar àquela autoridade.
Às vezes, no final do diálogo, podemos dizer: “Desculpem, nós não podemos concluir. Portanto, adeus! Da próxima vez, quando vocês tiverem alguma coisa nova para dizer, voltaremos”.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Arcebispo emérito de Hong-Kong |
Catolicismo — A China está querendo aproximar-se do Vaticano para mostrar às nações ocidentais que ela é um país aberto?
Cardeal Zen — Durante essas negociações eles [os comunistas chineses] não estão demonstrando nenhuma cordialidade, não estão dando nenhum sinal de boa vontade.
Estão fazendo coisas incríveis. Portanto, não estão demonstrando abertura. Apenas mostram que querem controlar mais. Querem mostrar que são os chefes.
Por exemplo, aqueles bispos chineses ilegítimos, excomungados, os comunistas querem que o Vaticano os perdoe.
Mas eles estão fazendo coisas terríveis contra a disciplina da Igreja. São ilegítimos, são excomungados e ousam ordenar sacerdotes!
Isso aconteceu ainda muito recentemente. Incrível! Incrível!
Reúne-se a cada cinco anos uma organização chamada Assembleia dos Representantes dos Católicos Chineses, o seu mais alto corpo, a mais clara manifestação da natureza cismática daquela igreja.
Trezentos e tantos representantes — os bispos são apenas como todos os outros —, eles realizam eleições etc.
Agora, na última vez, seis ou sete anos atrás, nós dissemos à Comissão Pontifícia para a Igreja na China: “Não!”.
Dissemos aos bispos para não irem. No final eles foram [o cardeal demonstra profundo desagrado], porque o Prefeito da Congregação para a Evangelização afirmou: “Oh, os senhores estão sob pressão, nós entendemos...”. Ah, está bem.
Mas dessa vez o Vaticano diz: “Sabemos o que é isso, mas não fazemos julgamento agora. Nós observamos, nós refletimos, nós julgaremos”.
O que quer dizer isso? — Deixe-os fazer a reunião e depois você julga?
Mas aquilo é uma manobra cismática.
“Agora eles estão negociando, estão se tornando amigos, o senhor não vê isso?” Incrível!
Como se pode permitir a realização desse tipo de reunião? E então, examinando-se agora a reunião, eles mudaram? Não!
Estão exatamente como antes: “Nós queremos uma Igreja independente”. Portanto, não estão absolutamente demonstrando nenhuma boa vontade.
Nossa Senhora de Fátima é proibida na China porque sua devoção é explicitamente anticomunista |
Cardeal Zen — É muito curioso, porque eles costumam dizer: “Nossa Senhora, ok. Mas não Nossa Senhora de Fátima”. Por quê?
Porque Nossa Senhora de Fátima é anticomunista. Porque disse que o comunismo cairia na Rússia.
Então, se você tentar ir à China levando uma imagem de Nossa Senhora, talvez não haja problema, mas se levar Nossa Senhora de Fátima, não pode!
Isso é muito curioso, porque só há uma Nossa Senhora. Certa vez, no fim de uma reunião, contei isso ao Papa Bento e lhe disse: “Mas eles não conhecem Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, que é ainda mais terrível, porque Ela foi à guerra”.
A origem da invocação Auxílio dos Cristãos provém da Batalha de Lepanto [1571] e do Cerco de Viena [1683].
Portanto, a Guerreira [o cardeal esboça um comprazido sorriso] Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos! Então, penso que eles cometem muitos equívocos a respeito de Nossa Senhora.
Catolicismo — Os católicos chineses ainda são perseguidos, presos e mortos por causa de sua fé?
Cardeal Zen — Certamente houve mudanças em todos esses anos, caso se compare a situação atual com os anos do início do regime comunista.
Por exemplo, no começo dos anos 1950 — os comunistas tomaram o poder em 1949 —, especialmente em 1951, eles começaram, nas escolas dependentes da Igreja, a expulsar todos os missionários.
Muitos foram para a prisão e nunca voltaram. E depois, em 1955, ocorreu a grande perseguição.
Em uma noite eles prenderam o bispo de Xangai, o vigário-geral, o reitor do Seminário, muitos padres, muitas freiras e jovens da Legião de Maria. Enviaram-nos todos para a prisão e nunca voltaram...
E foi pior ainda em 1967, durante a “Revolução Cultural”. Até mesmo aqueles que obedeciam ao governo foram perseguidos pelos guardas vermelhos, presos, e nunca voltaram. Era muito duro. Inúmeras pessoas morreram na prisão.
Houve também anos muito difíceis, durante os quais inúmeras pessoas sofreram terrivelmente. E em dado momento, no final da “Revolução Cultural”, os comunistas começaram a política de abertura, até abriram os Seminários.
Em Hong-Kong ficamos surpresos, pois podíamos visitar os Seminários. Nessa ocasião eu pedi para ensinar naqueles Seminários. Tive que esperar quatro anos. Permitiram que eu fosse.
Isso se deu de 1990 a 1996. Pude ensinar durante sete anos, primeiro em Xangai e depois em diversos Seminários. Era algo muito novo. Incrível! E fui tratado muito gentilmente, porque estávamos em 1989.
Bispos desaparecidos |
Então, enquanto todo mundo partia para fora da China, eu fui para dentro da China. Isso significava que eu acreditava neles. Que eu sou amigo. Então, eles me trataram muito bem. Durante sete anos...
Eu costumava passar seis meses do ano em Hong-Kong, seis meses ensinando na China em todos aqueles Seminários da igreja oficial [do governo comunista].
Era muito triste ver como eles tratavam os nossos bispos. Sem nenhum respeito. Simplesmente assim [o cardeal faz um gesto de quem arrasta o outro pelo nariz]. Escravos!
Portanto, foi uma experiência terrível. Então, julgo que se as pessoas não tiverem essa experiência, elas não podem compreender.
Talvez tenha até havido outras mudanças nesses últimos anos, sem tantas pessoas na prisão. Mas alguns bispos continuam presos. Um deles morreu no ano passado.
E alguns padres que morreram misteriosamente. Diversos padres ainda estão na prisão, embora muito menos do que antes.
Porém, eles [os comunistas] continuam controlando. E, comparando, a situação é pior. Por quê?
Porque a Igreja foi debilitada. Estou muito triste em dizer que o governo chinês não mudou e que a Santa Sé está adotando uma estratégia errada.
Eles [as autoridades do Vaticano] são muito sequiosos em dialogar, dialogar. Então, dizem a todo mundo para não fazer barulho, para acomodar-se, fazer compromisso, obedecer ao governo.
Em consequência, as coisas estão indo ladeira abaixo.
Catolicismo — Os católicos na China estão se opondo ao diálogo com os comunistas?
Cardeal Zen — Alguns jornalistas vão à China e voltam dizendo: “Oh, vejam, eles agora podem falar à vontade!”.
Na China não existe liberdade de expressão. As pessoas não podem falar. Alguns [sacerdotes] podem vir agora a Hong-Kong falar comigo, podem conversar com o arcebispo Savio Hon na Congregação para a Evangelização, mas não podem falar publicamente. Então, como esperar que falem?
Se o fizerem, serão imediatamente presos. Até os advogados dos direitos humanos são presos pelo regime comunista por defenderem os pobres e os oprimidos.
Muitas pessoas são obrigadas a comparecer diante da televisão e dizer: “Desculpem-me, estou errado, o governo está certo”. Elas são humilhadas!
Portanto, não existe liberdade e estão temerosas. Às vezes o próprio Vaticano não ousa pressionar muito porque, de fato, quer que todos façam compromisso.
Catolicismo — A situação do laicato mudará após a assinatura do acordo do Vaticano com a China?
Cardeal Zen — As relações entre os leigos e o clero ocorrem sempre de duas maneiras: muitas vezes é o clero que dirige o povo, algumas vezes é o povo que dirige o clero.
Por exemplo, na igreja oficial [do governo] há também bons bispos. Eles não podem fazer nada em nível nacional da Conferência Episcopal.
Mas em suas dioceses podem fazer algumas coisas. Podem manter bem as suas dioceses e os fiéis estão contentes em segui-los.
Apelo em Hong Kong pelo bispo Cosme Shi Enxiang, provavelmente morto num cárcere comunista chinês |
Eles não entendem o que é “oficial” [igreja do Estado comunista], “subterrânea” [Igreja fiel a Roma]. Simplesmente gostam de ir à igreja, onde se pode rezar e cantar. Não são muito argutos a respeito dessas distinções.
Antigamente, na clandestinidade, os padres eram severos. Por exemplo, diziam: “Você não pode ir à igreja oficial. É pecado mortal”.
E os fiéis mais velhos acreditavam nisso. Mas agora o Papa diz: “Não, você pode ir, porque o fiel tem o direito de receber sacramentos válidos”.
Então os fiéis podem dizer: “Nas catacumbas não é seguro. É perigoso. Algumas vezes eu vou à igreja oficial, depois volto”.
Na igreja oficial, às vezes os fiéis agem melhor que os padres e os padres às vezes agem melhor que os bispos. Porque os bispos sofrem mais pressão, os padres sofrem mais pressão que os leigos.
Então os leigos podem torná-los mais fiéis à Igreja. E agora, às vezes, por causa dessa interpretação errada da carta do Papa, pode haver padres e bispos da clandestinidade que gostariam de se tornar da igreja oficial.
E então, há muitos casos em que os católicos não gostam disso e dizem: “Está errado”. Portanto, a situação é muito complicada. A situação geral é pior do que antes. Agora há mais confusão, mais divisão.
Catolicismo — Existe para os católicos chineses a esperança de viver a antiga liberdade da Igreja?
Cardeal Zen — Em seu país [Polônia], goza-se de liberdade.
Naquele tempo de domínio do comunismo as pessoas não podiam acreditar — ninguém podia esperar — na queda repentina do comunismo, de certo modo pacificamente.
Portanto, quando as pessoas me perguntam: “O que o senhor espera, quando gozarão de liberdade?”.
Eu digo: “Pode ser que talvez devamos esperar 50 anos, ou talvez cinco semanas. Por que não?”.
Estamos nas mãos de Deus. É importante rezar. Rezar pela conversão.
Nesta minha visita aqui, notei uma coisa maravilhosa: que os senhores podem generosamente esquecer o passado. Então, quando o regime caiu, não houve vingança da parte do povo.
Penso que este é o espírito cristão. Estou muito temeroso de que na China — onde os cristãos constituem uma pequena minoria — os comunistas poderão ser perseguidos quando o comunismo cair.
Porque há muitíssimas injustiças e o povo, que não é cristão, poderá se vingar. Portanto, é muito perigoso.
A única coisa seria rezar para que os comunistas sejam convertidos em seus corações. Então, poderá haver uma passagem pacífica.
Eles não gostam de falar de revolução pacífica, mas nós esperamos.
Polícia humilha católicos que vão para a igreja |
Pelo contrário, em vez de notícias de aproximação, chegam de Pequim informações de bispos encarcerados e desaparecidos.
Na Quaresma, o Bispo de Mindong, Dom Vicente Guo Xijin, reconhecido por Roma, mas não pela ditadura, foi preso e conduzido a uma localidade desconhecida.
Ele foi acusado do ‘crime’ de não se inscrever na Associação Patriótica (igreja paralela e fictícia criada pelo regime comunista para atrair e desviar os católicos).
Na hora de prendê-lo, a polícia disse que o levava “para que estude e aprenda”.
Na vigília da Páscoa foi preso em circunstâncias semelhantes o Bispo de Wenzhou, Dom Pedro Shao Zhumin.
Ele havia passado vinte anos de “doutrinamento” carcerário. Foi preso no dia 18 de maio e não se sabe onde está.
O comunismo precisa de uma falsa igreja para controlar os fiéis |
Isso já aconteceu com outros bispos sequestrados, torturados e abandonados até morrer.
Os últimos gloriosos mártires foram Dom João Gao Kexian, Bispo de Yantai em 2004, e Dom João Han Dingxian, Bispo de Yongnian em 2007.
Diante do silêncio das autoridades vaticanas em face dessas prisões ditatoriais, o embaixador da Alemanha na China, Michael Clauss, em nota oficial no dia 20 de junho, pediu a libertação do Bispo de Wenzhou e a cessação dos regulamentos religiosos, que ameaçam provocar novos atentados contra a liberdade religiosa.
Prossegue extremamente confuso o isolamento do Bispo de Xangai, Dom Tadeo Ma Daqin, preso por ter rompido os vínculos com a Associação Patriótica após sua sagração em 2012.
Com alguma frequência o regime espalha documentos atribuídos a ele, declarando que está “arrependido” e que aceita as imposições da ditadura socialista.
Mas o bispo não reaparece, sinal de que as tais declarações seriam forjadas pela polícia comunista.
A perseguição em vez de desanimar tonifica a seriedade na fé |
Só alguns fanáticos da capitulação ainda estuam otimismo. Em “La Civiltà Cattolica”, o jesuíta José You Guo Jiang, professor do Boston College, fez a apologia do entreguismo:
“A partir do momento que se instale o diálogo, a Igreja Católica e a sociedade chinesa não mais entrarão em colisão”, escreveu.
Mas seria – acrescenta Sandro Magister – “uma mistura de valores tradicionais e de ideologia marxista sob o férreo controle do Estado” como na época do paganismo, quando os imperadores martirizaram centenas de cristãos.
Em 26 de junho, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, rompeu o silêncio sobre o caso de Dom Pedro Shao Zhumin, bispo de Wenzhou:
“A Santa Sé acompanha com grave preocupação a situação pessoal de Dom Pedro Shao Zhumin, Bispo de Wenzhou, afastado pela força de sua sede episcopal. [...]
“a Santa Sé, profundamente dolorida por esse e outros episódios similares, espera que Dom Pedro Shao Zhumin possa retornar o quanto antes à Diocese”.
Foi a primeira vez que a Santa Sé interveio em favor de um bispo preso pelo comunismo chinês e que provavelmente está sofrendo fortes pressões para aderir à Associação Patriótica controlada pelo governo comunista, e assim romper com a Santa Sé, segundo a TV TG2000, do episcopado italiano
Os católicos vivem sob ameaças constantes Só a graça divina explica sua fidelidade |
Segundo a análise, todas as promessas foram sendo gradualmente traídas pelos fatos. O governo socialista interfere cada vez mais na nomeação dos bispos, escolhendo e sagrando candidatos não confiáveis.
“José” lamenta o silêncio no Vaticano e do Ocidente sobre a atual perseguição a bispos, sacerdotes e leigos.
Também teme que os badalados diálogos entre a China e o Vaticano causem a eliminação da Igreja dita “não oficial”, odiada pelo governo e que se mantém heroicamente fiel ao Papa.
O diálogo Vaticano-Pequim prepara uma 'falsa igreja católica' na China |
Por sua vez, o Cardeal Joseph Zen, Arcebispo emérito de Hong Kong, denunciou o andamento do acordo entre a Santa Sé.
Segundo ele, o governo ateu forneceria o embasamento de uma igreja falsamente católica.
O Cardeal exprimiu sua posição em entrevista para a revista Polonia Christiana.
Ele comparou a situação atual da Igreja Católica na China continental com a época da brutal repressão física comunista nas décadas de 1950 e 1960. E sublinhou que hoje a situação é ainda pior, informou “Life Site News”.
Por que é pior? – perguntou a revista polonesa.
“Porque a Igreja foi debilitada. Eu lamento ter de dizer que o governo não mudou, mas a Santa Sé está adotando a estratégia errada.
“Ela está ansiosa demais para dialogar, mas um diálogo em que eles mandam todos a não fazer barulho, a se acomodarem, a se comprometerem a obedecer ao governo.
Fake church: 9ª Assembleia dos Representantes Católicos ficção criada pelo governo comunista não reconhecida por Roma. |
Essa situação intolerável é resultado da orientação do Papa Francisco e suas experiências com o comunismo na América Latina.
“Na aparência, o acordo parece ser garantido pela palavra do Papa.
“Mas toda a iniciativa é uma fraude. Na Santa Sé estão concedendo um poder decisivo ao governo […]
“como é que se pode conceder a um governo ateu a iniciativa de escolher os bispos? É incrível. Incrível” – sublinhou.
“No papel”, o governo aprovaria uma eleição cozinhada no seio da conferencia episcopal, após o que a decisão seria encaminhada ao Papa, que teria a última palavra, explicou.
Mas acontece que “a eleição e a Conferência Episcopal” são falcatruas e o Papa nunca mais poderia propor um candidato a bispo.
Na China não há eleição livre e a Conferência Episcopal é uma criação do regime comunista, que não tem nada a ver com a Igreja.
O Cardeal Zen fala sobre as perseguições no Congresso Eucarístico de Cebú, Filipinas, em 16-01-2016. |
“É só uma fachada. Ela nunca discute nada. Só se reúne quando é convocada pelo governo. Então, o governo passa as instruções e ela obedece. É tudo uma fraude” – completou.
O Cardeal relembrou que o Papa Bento XVI já havia afirmado que não há Conferencia Episcopal na China.
“Nessa ‘Conferência’ há bispos ilegítimos, enquanto que os bispos legítimos estão na clandestinidade e não nessa ficção”, sublinhou.
O prelado desfez a dificuldade proveniente do fato de que na história houve circunstâncias em que alguns reis ou imperadores designaram bispos, dizendo:
“Mas, pelo menos nesses casos, eram reis ou imperadores cristãos. Estes são ateus comunistas que querem destruir a Igreja e, enquanto não podem destruí-la, pretendem debilitá-la”, conclui.
A cruz da igreja de Changsha vai ser a mais alta da China. |
É a igreja Xingsha, que supera em dimensões a maior estátua de Mao Tsé-Tung existente em toda a China, erguida a menos de 16 quilômetros no oeste daquela cidade, noticiou “The New York Times”.
Na ilha Tangerina, no rio Xiang, desponta uma monstruosa cabeça em granito, com ombros e sem corpo, para evocar o líder revolucionário.
Ela tem 32 metros de altura, apenas a metade da igreja. Essa disparidade logo na cidade onde Mao passou a juventude e pregou pela primeira vez suas radicais ideias marxistas, enfureceu seus já diminuídos admiradores em toda a China.
A igreja soa como um desafio ideológico ao “herói” fundador da República Popular comunista em 1949. Mao havia culpado o cristianismo de servir de ferramenta do capitalismo imperialista estrangeiro.
Milhares de fãs “vermelhos” destravaram suas línguas em batalhas verbais contra o tamanho e o simbolismo da igreja coroada pela Cruz de Cristo.
“Acolher o cristianismo em grande escala danifica a segurança ideológica de nossa nação”, escreveu Zhao Danyang, do site Grupo Pensante Moralidade Vermelha.
Mas se seus concidadãos compartilhassem sua posição, a igreja não existiria. O problema é que eles dão de ombros para a vetusta pregação maoísta e enchem as igrejas.
Em Changsha, capital da província de Hunan, há por toda parte lembranças de Mao. Os restaurantes oferecem os pratos favoritos dele. Mas a maioria dos habitantes pouco se importa com a reversão histórica em andamento.
Maior monumento a Mao ficou pequeno diante da igreja. Changsha, na ilha Tangerina sobre o rio Xiang. |
Na prática, toleravam-se, e continuam sendo toleradas, cinco denominações: o protestantismo, o catolicismo, o budismo, o taoismo e o Islã.
Quando jovem estudante em Changsha, Mao organizou greves de estudantes e trabalhadores.
Também deu forma a um movimento “sem terra” que depois se espalhou pelo país.
Ele tinha por certo que os chineses se uniriam aos imperialistas e aos missionários.
“Houve muitas igrejas em Changsha, mas foram demolidas”–explicou Tan Hecheng, autor de um relato dos massacres socialistas na região durante a Revolução Cultural de Mão.
A narrativa foi publicada em inglês com o sugestivo título O vento assassino, mas está proibida na China.
Para os habitantes, Mao é uma fonte de orgulho bairrista. “Mao foi um filho de Changsha imperador. O homem mais bem-sucedido na China”, disse Tan.
Porém, a ideia dominante é de que “a crença no Partido morreu”, acrescentou.
É claro que, para os saudosistas, a igreja mais alta da região soa como toque de finados para uma época marcada pela foice e o martelo e a bandeira vermelha com a estrela amarela.
Imagem de Nossa Senhora de Fátima peregrina em Hong-Kong. Na cidade ainda há fímbrias de liberdade. No imenso território governado pelo comunismo teria sido proibida. |
Ele falou sobre a Igreja católica chinesa e sobre o medo que os comunistas têm de Nossa Senhora de Fátima, noticiou InfoCatólica.
A respeito da China, o Cardeal focou a corrupção desenfreada instalada no âmago do comunismo chinês.
A degradação moral do Partido, especialmente nas mais altas cúpulas, associada à obediência absoluta aos ditadores, é desoladora.
O atual presidente Xi Jinping chegou a falar contra a corrupção na máquina estatal, mas logo que se apossou dela tudo ficou como antes ou pior.
Mas as pessoas que falam de Direitos Humanos continuam sofrendo repressão, perseguição, humilhações, e acabam condenadas em processos ecoados pela mídia estatal para desanimar as demais.
A direção comunista está em diálogo com a Santa Sé, mas não aceitará nada que não seja a submissão da Igreja ao Partido Comunista, disse.
O cardeal Joseph Zen Ze-kiun, bispo emérito de Hong-Kong |
Embora o horizonte pareça negro para os homens de pouca fé, para o Cardeal o importante é sermos homens de fé, que recusam toda espécie de composição com o socialismo.
Na China, muitos dos cristãos mais corajosos estão no cárcere.
Mas em determinado dia o comunismo vai cair e esses católicos vão construir uma nova China, disse.
Isso só será possível se eles não perderem sua credibilidade em arranjos com a direção comunista.
Nossa Senhora apareceu em Fátima há exatamente 100 anos e os católicos chineses conhecem bem a sua Mensagem.
Ate os comunistas! Exclamou o Cardeal Zen.
Na vida real, os comunistas estão muito preocupados e têm medo de Nossa Senhora de Fátima.
Católicos chineses veneram imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em Hong-Kong |
Porém, as imagens de Nossa Senhora de Fátima estão proibidas. Porque para os socialistas tudo o que aconteceu em Fátima é “anticomunista”. E, de fato, assim é!
O culto a Maria Auxiliadora tem raízes muito antigas em toda a China como fonte de ajuda para as pessoas e, sobretudo, para a Igreja em geral.
Na China atual, o principal perigo é o ateísmo materialista encarnado no socialismo de Estado.
Assim sendo, compreendemos perfeitamente que os comunistas estremeçam de pavor quando ouvem falar de Nossa Senhora de Fátima.
E mais ainda quando os fiéis querem introduzir no culto público alguma das imagens d’Ela, que por certo circulam clandestinamente, estimulando a resistência dos verdadeiros católicos.
Católicos se reúnem desafiando pior perseguição desde a Revolução Cultural |
Essa Revolução Cultural visou extinguir as chamadas “Quatro Velhas”: os “Velhos Costumes”, a “Velha Cultura”, os “Velhos Hábitos” e as “Velhas Ideias”.
A campanha de modernização socialista foi executada por grupos organizados de estudantes marxistas. Mao batizou-os de Guardas Vermelhos e orientou-os a atacarem toda religião, não só o cristianismo.
Incontáveis templos, prédios históricos, bibliotecas e obras de arte de um valor sem igual, foram destruídos nessa massiva “revolução cultural”.
Qualquer manifestação de prática religiosa foi proibida como intrinsecamente má. Milhões de pessoas foram perseguidas, torturadas e assassinadas pela sua religião, pela sua adesão à milenar cultura chinesa e pelo seu apego à organização social hierárquica baseada na família e na propriedade.
Em 2017 foi publicado o relatório “China Aid’s Annual Persecution Report” (“Relatório Anual da Perseguição, pela China Aid”) relativo a perseguição religiosa no ano de 2016, segundo noticiou o jornal chinês editado em Nova Iorque “The Epoch Times”.
O relatório conclui que no ano que findou os atos de perseguição socialista aos cristãos aumentaram por volta dos 20% e que o número de cristãos presos pela sua adesão a Jesus Cristo cresceu perto de 150%.
Apelo em Hong Kong pelo bispo Cosme Shi Enxiang, provavelmente morto num cárcere comunista chinês |
Muitos dos mortos podem ter sido assassinados para lhes extraírem compulsoriamente os órgãos.
Desde o ano 2000 os hospitais do governo praticaram mais de 1,5 milhões de transplantes de órgãos humanos, em muitos casos extraídos a viva força de prisioneiros de consciência.
“Eu acredito que é ideologia, assassinato em massa e encobrimento de um crime terrível, onde a única maneira de disfarçar o crime é continuar matando pessoas que sabem sobre ele”, disse o jornalista de investigação Ethan Gutmann, que ajudou a preparar o relatório do ano passado sobre a colheita de órgãos intitulado “Colheita sangrenta / O matadouro: uma atualização”.
A China “construiu uma rede elefantisíaca” de hospitais estaduais utilizados para a colheita de órgãos, acrescentou Gutmann.
Segundo o relatório, os cristãos continuam sendo forçado a praticar sua religião em casas particulares ou igrejas clandestinas. Por isso, a China está no lugar 39º na lista dos 50 piores países do mundo em matéria de perseguição ao cristianismo.
“As principais conclusões do que aconteceu o ano de 2016 e dos relatórios que chegaram nos primeiros dois meses de 2017 mostram que a situação da liberdade religiosa se está deteriorando rapidamente”, concluiu Bob Fu, chefe de China Aid, autora do relatório.
Nunca ficou se sabendo o número de mortos, feridos e desaparecidos na eclosão de violência racial na região de Xinjiang, na China Ocidental em 2009. Oficialmente houve 197 mortos e 1.700 feridos.
Já passou tempo demais e o véu de silêncio oficial encobriu tudo.
Naquela ocasião teria havido também por volta de 10.000 “desaparecidos” numa só noite, segundo informou AsiaNews.
Um “apagão” suspeito atingiu a Internet na capital Urumqi para impedir as informações de fontes independentes.
A energia voltou mas o “apagão” das informações perdura até hoje.
E aquele não foi apenas um caso. É algo frequente no império da foice de do martelo.
Os conflitos entre uigures – etnia local de religião muçulmana – e hans – etnia majoritária na China ‒ são o fruto de uma desorganização social geral induzida pelo regime socialista.
A China é um imenso e riquíssimo mosaico de culturas e etnias, com centenas de dialetos locais, como mostrou o Pe Cervellera, diretor de AsiaNews.
Em cada uma das peças desse mosaico se encontra um grupo com uma história, arte e personalidade definidas pela História.
Essa riqueza de personalidade é um obstáculo para a massificação exigida pelo socialismo.
E o regime antinatural tem necessidade de fazê-la desaparecer.
Pequim muda populações de região e oprime os grupos locais juntamente com sua religião.
Foi o caso durante anos do Xinjiang, mas também de muitas outras regiões e grupos culturais e religiosos do imenso país.
É o caso dos católicos também.
No caso dos uigures a ditadura quer dissolvê-los estimulando grande migração de hans a Xingjang, com a falsa escusa de “combater o terrorismo islâmico”.
A China virou um paiol onde a toda hora aparecem faíscas.
O caso de Xinjiang foi uma delas.
O governo reprime qualquer fonte de informação imparcial.
Os locais uigures dizem terem sido vítimas de uma chacina promovida pelos hans, e vice-versa.
Mas se se perguntar quem é o beneficiado do mata-mata entre uns e outros, verificar-se-á que é a ditadura socialista empenhada em desfazer as identidades culturais de todos.
Natal na China em 2016. |
Explorando seus cidadãos como servos e usufruindo de cumplicidades econômicas, políticas e religiosas no Ocidente, o regime de Pequim invadiu os mercados mundiais e está destruindo as economias dos países que pensa escravizar.
Porém, a modernização introduzida em largos setores da China, país de dimensões e população continentais, favoreceu um afrouxamento do regime de miserabilismo e da repressão assassina dos tempos de Mao Tsé-Tung.
Muito ativo, criativo, poético e religioso, desafiando a perseguição policial, o povo chinês aproveitou as estreitas e perigosas frestas abertas no sistema. E começou a procurar tudo que é o contrário do regime de pesadelo que inferniza sua vida.
Neste blog temos tratado muito – e continuaremos tratando – da expansão do catolicismo, das dezenas de milhares de motins populares em todos os níveis contra o regime, da recuperação de costumes sociais visceralmente anti-igualitários, etc. e do cada vez mais estéril furor repressivo do comunismo que oprime o país.
Natal na China 2016. Até bispos amigos do socialismo como D. Joseph Li Shan, arcebispo de Pequim, respeitaram o Natal. |
As ruas comerciais da China comunista ficaram cobertas de faixas de “Feliz Natal!”.
É de se observar que o cristianismo – embora em franco crescimento – é bem minoritário no país, segundo reportagem de “Aleteia”.
Mas a ditadura entendeu para onde correm as tendências profundas da alma chinesa.
“É um sério desafio”, declarou a Academia Chinesa de Ciências Sociais. Para esse guardião da ortodoxia marxista, o crescente interesse dos chineses pelo Natal é “um novo avanço da cristianização”. E, obviamente, um perigo para o ateísmo de Estado.
As cores natalinas, as árvores e canções de Natal viam-se e ouviam-se por toda parte.
Em 2014, a Academia Chinesa de Ciências Sociais elaborou um livro para orientar a Inquisição marxista contra os “mais sérios desafios” que estão surgindo no país.
Ela citou explicitamente quatro:
– os ideais democráticos exportados pelas nações ocidentais
– a hegemonia cultural ocidental
– a disseminação da informação através da internet
– a infiltração religiosa.
Pouco depois, dez estudantes chineses de doutorado denunciaram em artigo o “frenesi do Natal” e apelaram ao povo chinês para rejeitá-lo.
Para os autores bajuladores do regime, a “febre do Natal” na China demonstra a “perda da primazia da alma cultural chinesa” e o colapso da “subjetividade cultural chinesa”. Leia-se a crise do comunismo e do paganismo.
Nesse trabalho pode-se aquilatar a dimensão do fenômeno:
“Festa da Sagrada Natividade” nas escolas
“O pior é que – escrevem eles – nos jardins de infância e nas escolas primárias e secundárias, os professores compartilham com as crianças a ‘festa da Sagrada Natividade’, montam ‘árvores do nascimento de Jesus’, distribuem ‘presentes pelo nascimento de Jesus’, fazem ‘cartões do nascimento de Jesus’ e, assim, imperceptivelmente, semeiam na alma das crianças uma cultura importada e uma religião estrangeira”.
Natal em Pequim 2016 Para a Academia Chinesa de Ciências Sociais o marxismo está ameaçado
“Ausência total de valores”
“A perda total de referência ética, a moralidade em decadência, a falta de sinceridade e um nível insuficiente de cultura [consequências do comunismo confessadas por esses seus arautos] leva os chineses a buscar um porto seguro para o seu corpo e para a sua alma; a perturbação mental causada pelo ‘desencantamento’ da modernidade, junto com a ausência total de valores, tem incentivado as pessoas a redescobrir o sentido da vida religiosa”.
A dilaceração interna da China entre a utopia igualitária socialista-comunista e o doce ideal de Cristandade só faz crescer.
O governo chinês e suas instituições reagem com violência e arbitrariedades para sufocar o cristianismo. Mas não o conseguem. Pelo contrário, só perdem simpatias e apoios na alma popular.
E o glorioso símbolo da Cruz enche os horizontes visuais desse imenso país, malgrado as sacrílegas destruições policiais.
O furor anticristão poderá desatar perseguições ainda mais atrozes do que as já vistas. Mas a China está se configurando cada vez mais como um dos países onde se verificará por excelência o triunfo do Imaculado de Maria profetizado por Nossa Senhora em Fátima.
Religiosas corajosas pedem devolução dos bens da Igreja em Anyang |
O ato começou diante da sede do governo comunista do distrito, mas os católicos foram imediatamente presos pela polícia, tendo algumas freiras sido espancadas.
A diocese de Anyang, dona das propriedades, sofreu muito com a reforma agrária. Esta resultou em estrondoso fracasso, ficando a China obrigada a importar imensa quantidade de alimentos para a população.
O país socializado enfrenta agora graves crises sociais, econômicas e financeiras. Por isso, o governo central abriu uma fímbria de oportunidade para que os legítimos donos recuperem suas propriedades, desde que as utilizem para fins sociais.
O critério não faz justiça inteira aos herdeiros das terras e de prédios confiscados, porém deveria aplicar-se de cheio à Igreja Católica, que visa usar as propriedades com finalidades caritativas ou apostólicas eminentemente sociais.
O socialismo foi obrigado a reconhecer que a diocese de Anyang é a legítima proprietária do prédio ocupado pelo governo local.
Mas face à Igreja verdadeira, o comunismo não respeita sequer suas próprias leis, e não restituiu o prédio.
Além do mais, anunciou que tenciona demoli-lo para vender o terreno. O prédio fica no centro da cidade e é muito atrativo pecuniariamente.
A catedral de São José, em Tianjin, foi feita por missionários jesuítas franceses em 1917, e os católicos se mantém perseverantes malgrado as perseguições comunistas |
O Comitê Central do Partido diz que defende o Estado de Direito e protege os direitos de acordo com a lei. Por isso, muitos ingênuos acharam que a devolução aconteceria sem problema algum.
Hélas! Se há alguém que o comunismo obedece, é ao pai da mentira. Mas os católicos avançam sem temor!
O Centro de Estudos Espírito Santo, de Hong-Kong, calculou que o valor das propriedades da Igreja sequestradas pelo comunismo gira em torno de 130 bilhões de yuans (aproximadamente 17 bilhões de euros).
A luta pela restituição da posse das legítimas propriedades da Igreja evidencia o dinamismo e a coragem do Catolicismo, que ressurge, desafiando a ditadura marxista chinesa, suas arbitrariedades e seus crimes.
Nem tudo na China é pesadelo.
Há, até num sentido radicalmente oposto, indícios que apontam para uma China inteiramente diferente: um país de sonhos.
Há a cultura milenar chinesa com suas belezas e maravilhas artísticas sem nome.
Seus marfins, suas pagodes de uma fantasia empolgante, suas porcelanas requintadíssimas, suas pinturas sobre seda, suas lacas, enfim, um universo de requinte e sublimidade que testemunha uma cultura e uma civilização superiores à de muitos e muitos povos.
Entretanto, esse universo de inteligência sutil e sublimidade refinada teve um conteúdo intrinsecamente pagão. E o paganismo o secou.
Foi contra esse mundo maravilhoso, mas seco e carunchado, que se levantou a facinorosa empresa marxista maoísta.
E aquele mundo de fábula ruiu sem forças face ao crime organizado socialista.
A Revolução Cultural de Mao Zedong tudo fez para lhe dar um golpe mortal definitivo.
Entretanto, há ainda sinais de vida pujantes no povo chinês.
E uma das mais dinâmicas vem do catolicismo perseguido no país.
Nossa Senhora, imperatriz da China, é a padroeira do país. Sua festa se celebra na mesma data de Maria Auxiliadora, cujo título partilha. |
A cidade de Qi Zi Shan, diocese de Tai Yuan, é povoada exclusivamente por católicos. Ali, bispo local Mons. Li Jian Tang consagrou uma nova igreja na presença de centenas de fiéis. O templo tem 130 anos e precisou ser reconstruído inteiramente.
A diocese de Tai Yuan ostenta uma longa e gloriosa história de heroicos mártires.
A começar pelo primeiro bispo, Mons. Gregorio Grassi, martirizado no ano 1900.
Dois bispos e 24 sacerdotes, religiosos/as e leigos diocesanos foram canonizados por S.S. João Paulo II no ano 2000, segundo informou em seu tempo a agência vaticana Fides.
Agora a diocese de Tai Yuan conta hoje com 27 igrejas, 90 locais de oração e postos missionários, 50 sacerdotes, 30 religiosos e perto de 80 mil fiéis.
O sangue dos católicos derramado torrencialmente pela espada dos pagãos, dos fanáticos nacionalistas e, depois, do satânico ódio comunista, produziu imensos frutos.
O catolicismo floresce com um vigor irrefreável. Cumpre-se o inspirado ditado de Tertuliano: “o sangue dos mártires é semente de cristãos”.
Inúmeros missionários derramaram até a última gota de seu sangue pela conversão da China. O sacrifício não foi em vão e hoje rende frutos. Mártires franciscanos de China, 9-7-1900 |
As celebrações, que incluíram uma grande Procissão Eucarística, homenagearam particularmente a Imaculada Conceição.
A diocese de Tong Zhou, missão franciscana italiana, tem mais de 12 mil fiéis, 26 sacerdotes e 40 religiosas. Vinte seminaristas maiores estudam em seminários de outras dioceses. Nos últimos anos foram abertas 35 igrejas. A diocese administra também cinco clínicas e dois asilos.
O socialismo amarga sua impotência em face de este crescimento soprado pelo Espírito Santo, mas trama novas maquinações para tentar impedi-lo.
Sacerdote católico 'clandestino' atende um doente. |
Uma circular persecutória estabeleceu que “fica proibida todo tipo de atividade religiosa” nos hospitais públicos. Na prática, esses constituem a totalidade das instituições de saúde no país onde tudo esta estatizado.
O hospital de Wenzhou – cidade conhecida como a “Jerusalém da China”, pela enorme concentração de cristãos – afixou a circular em seu ingresso.
Enfermeiros e adeptos do partido ficaram encarregados de explicar as novas normas ateias aos doentes e aos visitantes.
Um funcionário treinado explicou à Radio Free Asia: “jamais foram favorecidas as atividades religiosas no hospital. As pessoas rezavam sem fazer ruído, como é compreensível. Mas alguns fizeram ruído lendo em alta voz a Bíblia ou recitando orações. E isso não está bem”.
As novas ordens “dispõem esclarecer imediatamente aos pacientes que rezar não está permitido no hospital. Se não respeitam a regra, serão contatados pelos médicos e pelas enfermeiras”.
Além de rezar de um modo mais ou menos perceptível, “está proibido receber a ministros de culto ou pastores”.
Zhejiang está no fulcro da repressão religiosa. A campanha contra as cruzes e prédios cristãos começou em 2014, quando Xia Baolong (secretário do Partido Comunista local) achou que se viam “cruzes de mais” no horizonte de Wenzhou, uma das metrópoles da província.
Para os fiéis o verdadeiro motivo é a tentativa de reduzir a influência das comunidades cristãs, oficiais e “subterrâneas” na sociedade chinesa que estão num crescimento vertiginoso pelas conversões.
Bispos húngaros assinam Constituição comunista em 1969. É esse o futuro dos bispos da China preparado pela Ospotlitik vaticana? |
Eles foram postos diante de um dilema muito difícil e grave segundo a agência AsiaNews.
Eles foram obrigados a se registrar até o fim do ano nas dependências do governo. O registro envolve uma arapuca: para ser aceito, os sacerdotes devem aderir à Associação Patriótica, e essa exige à aceitação do socialismo-comunismo e a independência de qualquer autoridade exterior, leia-se o Papa e a Santa Sé.
Dita Associação Patriótica é uma invenção da ditadura marxista que age como uma facção religiosa cismática. Ela é “incompatível” com a doutrina católica, segundo sublinhou S.S. Bento XVI em sua conhecida Carta aos Católicos Chineses.
Porém as negociações da Ostpolitik vaticana com o comunismo de Pequim parecem ter posto de lado a agoniante situação dos bons sacerdotes fiéis ao Papado.
Os problemas e as dificuldades quotidianas dos clérigos e dos fiéis chineses parecem ignoradas por negociadores especialistas em problemas de alto nível, mas desconhecedores da vida e dos esforços de fidelidade dos católicos oprimidos pela ditadura socialista.
No dia 13 de fevereiro, o Global Times [revista do Diário do Povo, jornal oficial da ditadura] anunciou uma campanha para verificar e registrar a identidade dos agentes religiosos e lhes conceder um número especial para poder agir enquanto tais.
A campanha começou pelos monges budistas e sacerdotes taoistas para os quais o registro não apresenta maiores problemas.
Logo se estendeu aos católicos. Se um padre, um religioso, uma religiosa ou até um lego como um catequista não for aprovado, não poderá participar em atividade alguma religiosa, por disposição da Administração Estatal de Assuntos Religiosos (SARA).
A SARA, o Partido Comunista, a Associação Patriótica e a chamada Conferencia Episcopal Chinesa – que é invenção do regime e não tem aprovação alguma da Igreja – aceitaram um Plano de Trabalho 2016 redigido pelo governo.
O Cardeal Minszenty sendo julgado em Budapest. Uma das mais gloriosas vítimas do comunismo e da Ostpolitik. |
Os sacerdotes fiéis à Igreja percebem com dor que o registro vai contra a fé, ameaça escandalizar os fiéis e os deixa sem saída face ao autoritarismo e as violências da ditadura.
Até muitos sacerdotes que infelizmente aderiram a comunidades oficiais não estão satisfeitos com as novas normas que introduzem mais condicionamentos em sua atividade.
AsiaNews se interroga como é que um problema tão cruciante esta sendo ignorado nas negociações entre a Santa Sé e Pequim.
A Ostpolitik tal como tentou ser conduzida sob a batuta do Cardeal Casaroli sobre tudo na Europa do Leste criou dramas lancinantes para os bons religiosos e fiéis que não podiam aceitar o regime comunista prefigura do Anticristo.
Mas, acabou gerando gigantes do heroísmo católico como os Cardeais Mindszenty e Stepinac, poderosamente auxiliados pela graça divina.
Tal vez essa não foi essa a intenção da maquiavélica e insensível Ostpolitik, Porém, hoje os povos do Leste europeu se voltam com admiração e renovado fervor para esses campeões da Fé – como também para os incontáveis mártires feitos enquanto se dançava a sinistra valsa da Ostpolitik.
Esse culto dos heróis que resistiram à Ostpolitik pressagia em esses países um futuro glorioso para a Igreja, livre da péssima colaboração católico-comunista.
Cardeal Joseph Zen: não há razão alguma para o Vaticano ficar otimista. A liberdade religiosa não existe. Os comunistas derrubaram cruzes e demoliram templos. |
O cardeal Joseph Zen, arcebispo emérito de Hong Kong, concedeu uma entrevista exclusiva à revista francesa L’Homme Nouveau sobre os problemas da Igreja Católica na China por causa da perseguição socialista e da aproximação diplomática do Vaticano com os ditadores de Pequim.
Nascido em Xangai, Joseph Zen foi para Hong Kong em 1948, a fim de ingressar no noviciado salesiano. Tornou-se sacerdote em 1961 e bispo em 1996. Bento XVI elevou-o ao cardinalato em 2006.
“Foi uma verdadeira surpresa para nós, tomar conhecimento de que Pequim quer reatar com Roma. Ficamos mesmo pasmos ao saber que as perspectivas eram tidas como muito promissoras pelo Vaticano”, disse.
Feitas as devidas ressalvas, o cardeal continuou: “Olhando as coisas mais de perto, não há razão alguma para ficar otimista. O governo chinês continua totalitário e a liberdade religiosa não existe. Recentemente eles removeram a cruz de numerosas igrejas e demoliram outros templos. Dois bispos continuam ainda na prisão. Diz-se que um deles morreu.
“A TV Phoenix entrevistou recentemente o Pe. Lombardi e nessa ocasião o Vaticano revelou seu entusiasmo pelo reaquecimento das relações entre a China e a Santa Sé.
“Mas como podem ser assim entusiastas? Não vemos razão alguma para essa euforia. Eles não entendem e não nos querem ouvir. Talvez eu seja a voz que brada no deserto, mas tenho que dizer o que devo dizer.
“Pode-se duvidar da boa-vontade do governo chinês. Enquanto aguardamos, devemos ser firmes. Não somos nós que temos que mudar, são eles.
“Nestes últimos anos a Igreja praticou uma estratégia demasiado tímida, por medo e vontade de chegar a uma composição. Bento XVI foi um papa maravilhoso, mas as pessoas que ele escolheu não ajudaram em nada. No fim de seu pontificado, apareceu um projeto de acordo com o governo chinês.
Policias controlam peregrinos no santuário mariano de Donglu, província de Hebei
“Hoje o governo puxa para assiná-lo a todo custo. É preciso que o Vaticano continue a recusar, pois esse acordo não é aceitável.
“Infelizmente, o novo Secretário de Estado está cheio de expectativas: por que o Cardeal Parolin achou conveniente louvar o Cardeal Casaroli?
“E por que ele ainda acredita nos milagres da Ostpolitik quando essa foi um insucesso, um grande insucesso? Eu não compreendo por que eles não aproveitam as lições da História. Na Hungria, ela deu num fracasso completo.
“A igreja oficial está completamente nas mãos do governo. As eleições visando à nomeação de um bispo são todas manipuladas: não há regra.
“A designação é aprovada depois pela Conferência Episcopal. Só que não existe Conferência Episcopal: trata-se apenas de fachada. O presidente da Conferência Episcopal é um bispo ilegítimo.
“Há dois anos, o novo bispo de Xangai, D. Ma Daqin, repudiou sua adesão à Igreja Patriótica durante a cerimônia de sagração. No dia seguinte, a sua sagração foi revogada. O chefe dos Assuntos Culturais, secretaria do governo, é o dono da Conferência Episcopal. Tudo é falso na China.
“Em 2010 houve nove sagrações episcopais. Todo o mundo saudou a novidade: eis que a China aceita os bispos propostos pelo Vaticano! Mas era o contrário que estava acontecendo: o Vaticano aceitava os bispos nomeados pelo governo!
Igreja Católica clandestina em Tianjin, 6ª maior cidade chinesa.
“A Santa Sé faz concessões demais e por vezes aprova candidatos que não são bons. Como pode um governo ateu apresentar nomes? O que ele sabe dos bispos?
“Eu voltei a Xangai pela primeira vez em 1974. Todas as religiões haviam desaparecido. No início dos anos 80, a Igreja recomeçou.
“Os religiosos que estiveram na prisão nos anos 50 puderam sair e ingressaram nas fileiras da Igreja clandestina. Alguns se uniram à igreja patriótica.
“Mas todos estavam idosos. Os velhos sacerdotes, que sofreram muito, são bons sacerdotes. Eles sabem que não se pode confiar nos comunistas. Permanecem fiéis à Igreja Católica, mas muitos têm medo.
“As famílias conservaram a fé vivendo na clandestinidade. Nesse ponto eu estou cheio de esperança.
“A Igreja clandestina é muito forte. É difícil avançar números, mas pode-se achar que a Igreja se divide em duas metades entre a igreja oficial e a Igreja clandestina.
Católicos rezam na festa de Nossa Senhora Auxiliadora
como também é venerada a padroeira da China.
“As situações são muito contrastantes segundo os lugares. Xangai, por exemplo, é uma cidade aberta, mas a Igreja clandestina é deveras clandestina. A missa é dita nos prédios privados. Não podemos ter igrejas.
“Mas, no norte do país, a Igreja clandestina é muito poderosa. Ela até possui grandes igrejas. O governo deixa correr. A Igreja é clandestina não porque não tem base, mas porque está fora da lei.
“A Igreja clandestina foi debilitada pelo Vaticano. Favorecendo a igreja oficial, o Vaticano debilita a Igreja clandestina: o Vaticano indica numerosos novos bispos para a igreja oficial, e muito poucos para a Igreja clandestina.
“A Santa Sé pede aos católicos que se aproximem da igreja oficial, mas como se pode pedir à Igreja clandestina que obedeça a um bispo oficial?
“Nós bradamos nossa revolta, mas eles não nos ouvem. Há seminários clandestinos, mas eles têm muitas dificuldades.
“Em certas dioceses, os bispos oficiais não obedecem ao governo. São bons bispos: eles combatem o governo.”
Cardeal Zen: por que o Vaticano acredita nos milagres da Ostpolitik quando essa foi um grande insucesso? |
A China tem algumas línguas oficiais e várias centenas de dialetos. Quando o Vaticano II proibiu o latim, a Igreja ficou sem professores para ensinarem nas várias línguas e dialetos chineses.
Os seminaristas foram então mandados para o exterior. Porém, como voltavam com a cabeça confusa, deixaram de ser enviados até não ficarem adultos e saberem discernir os erros que grassam no Ocidente. O cardeal exemplificou:
“Quanto aos seminários do Ocidente, constatamos que até nos professores havia aqueles que não respeitavam o Magistério. Alguns ensinam contra a Humanæ Vitæ.
“Hoje nós temos novos problemas, especialmente com os homossexuais. Na situação política da China, todos os holofotes estão focados na ‘democracia’. Se o senhor for pela ‘democracia’, terá problemas se disser que é contra os homossexuais.
“Honrar os poderosos e oprimir os débeis”, essa é a nova divisa.”
Protestantes em templo 'patriótico'. A opção é o cárcere! |
Quem levar seu filho a outra igreja é denunciado e perseguido em nome da lei, informou a agencia AsiaNews.
A denuncia foi feita pelos ativistas de ChinaAid, uma ONG com base no Texas, EUA, que luta pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa no país do dragão, como também é conhecida a China.
Segundo o grupo, na província central de Guizhou os pais foram intimados a não levarem mais seus filhos à igreja, sob pena de os mesmos serem excluídos dos institutos educativos superiores ou da academia militar. Quem levar o filho à igreja será denunciado e perseguido judicialmente.
Há tempo que as autoridades comunistas da região aplicam mão dura contra as religiões, com sanha especial contras as cristãs, que estão registrando um crescimento exponencial no país.
Nos últimos três anos, os adeptos do socialismo estatal demoliram e abateram as cruzes de mais de 1.500 igrejas na província de Zhejiang, como viemos informando em nosso blog.
Os líderes religiosos e os advogados que se opuseram à campanha acabaram na prisão, indiciados com acusações falsas e pretextos, segundo os procedimentos habituais do regime.
Mons Vincent Huang Shoucheng, bispo de Mindong (Fujian), não se dobrou ante as exigências do socialismo |
D. Huang completou mais de 60 anos de sacerdócio, 35 dos quais passados em cárceres comuns, campos de trabalhos forçados e prisões domiciliares.
A diocese de Mindong está constituída na sua quase totalidade por católicos fiéis ao Papa e à Santa Sé, geralmente chamados de “clandestinos” porque o governo comunista não os reconhece.
Dos 90.000 católicos da diocese, mais de 80.000 são “clandestinos”.
Eles são assistidos por cerca de 45 sacerdotes, 200 religiosas e 300 leigos consagrados, além de centenas de catequistas.
Mindong padece por causa de Mons. Zhan Silu, um “bispo patriótico” ou agente do governo que pretende governar os católicos. Poucos fiéis o seguem, os sacerdotes oficiais são só uma dezena e cuidam de poucas igrejas.
Mons Vincent Huang Shoucheng, bispo fiel ao Papado, no velório na catedral de Mindong com mitra e báculo de flores |
“Por causa dele – disse um sacerdote ‘clandestino’ – a Igreja de Mindong pode crescer e se renovar”.
Seus sofrimentos trouxeram grandes frutos para a evangelização. Nestes anos nasceram e cresceram centenas de comunidades e paróquias”.
D. Huang sagrou em 2008, com aprovação do Papa, seu bispo coadjutor, D. Vicente Guo Xijin, de 60 anos.
Ele agora assumiu como administrador a diocese. D. Guo também foi encarcerado pelos comunistas em três oportunidades.
O governo socialista proibiu, como de costume, que o bispo “clandestino” fosse enterrado com as insígnias episcopais – a mitra, o báculo, a cruz peitoral e o anel – e exigiu que comparecessem poucos fiéis nas cerimônias fúnebres.
Um fiel confidenciou a AsiaNews: “Para nós, Mons. Huang é bispo e vamos vesti-lo como tal. Se as autoridades quiserem, que venham tirar as insígnias episcopais diante de todo o povo”.
Velório de Mons Vincent Huang Shoucheng em sua catedral.
No velório compareceram por volta de 20.000 pessoas e os comunistas tiveram medo.
Eles procuraram um arranjo como o novo bispo, que lhes prometeu que tudo seria feito pacificamente.
E, em troca, pediu que a polícia marxista tolerasse a Cruz peitoral, o Anel episcopal e que o corpo do venerado bispo fosse ornado com flores.
Os agentes socialistas engoliram e aceitaram não atrapalhar. Mas os fiéis deram um jeitinho: compuseram uma mitra e um báculo com flores!
O exército vermelho montou barreiras nas estradas, mas milhares de fiéis conseguiram chegar até a Catedral, noticiou Gaudium Press.
Ali também o governo fez das suas, impedindo que entrassem mais de três mil pessoas por vez. Mas a fila fora do templo chegava a mais de dez mil fiéis aguardando pela sua oportunidade.
O governo também proibiu tirar fotos, mas isso logo se verificou impossível pelo uso geral dos celulares. Também proibiu a procissão até o jazigo. Mas uma carreata acompanhou o corpo.
Dezenas de milhares de fiéis fizeram fila para prestar as últimas homenagens ao heroico bispo. |
Em 26 de junho de 1949 foi ordenado sacerdote, mas em 12 de novembro de 1955 foi preso com mais três padres pela polícia comunista.
Passou 16 anos entre a prisão e os campos de trabalhos forçados, readquirindo a liberdade em 1971.
Nesse mesmo ano, durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, foi novamente preso, pelo delito de escrever livros catequéticos, sendo libertado somente em janeiro de 1980.
Em 1985 foi sagrado bispo coadjutor de Luoyuan, padecendo sucessivos controles policiais e prisões domiciliares, que não detiveram sua ação apostólica.
Em julho de 1990 foi encarcerado pela terceira vez, mas foi liberado em agosto de 1991 por motivos de saúde.
Em 20 de agosto de 2005 ele tomou posse como bispo da diocese de Mindong.
Aureolado com a fama de santidade, D. Huang vive hoje na lembrança de seus fiéis.
Que ele brilhe no firmamento eterno como mais um membro do exército dos santos e, mais particularmente, dos Confessores da Fé!
Manifestantes encenam perseguição religiosa na China. Acordo Vaticano-Pequim abrirá nova perseguição, diz Cardeal. |
O Cardeal lidera a resistência católica à falsa “pax sino-vaticana” que parece estar tomando forma durante encontros silenciosos de funcionários comunistas chineses com representantes do Vaticano com o aval do Papa Francisco.
O alto prelado salesiano exortou os católicos chineses a adotar uma atitude de resistência diante de acordos e praxes pastorais combinados entre Pequim e o Vaticano, ainda que aprovados pelo pontífice romano.
O Cardeal iniciou a exortação, publicada em seu blog, dirigindo-se inicialmente aos católicos que gemem no continente sob a bota marxista:
“Irmãos e irmãs do Continente, devemos agir com honra!”, escreveu, censurando os maus católicos que “estão do lado do governo” e os “oportunistas na Igreja” que “auspiciam que a Santa Sé assine um acordo para legitimar sua situação anômala”.
Segundo o Cardeal, esses “oportunistas na Igreja” ficam agora trombeteando que é necessário estar “prontos para ouvir o Papa” e obedecer “tudo o que ele dirá”. Essa proposta é feita por aqueles que se destacavam pela sua pouca fidelidade a Roma e ao Papado!
“Não devemos criticar toda ou qualquer coisa aprovada pelo Papa”, esclareceu o Cardeal Zen. Deve ser evitada toda atitude que implique uma crítica direta ao Sucessor de Pedro.
Porém, se acontecer de o Pontífice adotar uma praxe que vai contra os fundamentos da fé, ou contra a reta consciência iluminada pela fé, ele não deve ser acompanhado.
Para explicar o que pode constituir na China de hoje um atentado contra os fundamentos da fé, o arcebispo emérito de Hong Kong citou a Carta do Papa Bento XVI aos católicos chineses em junho de 2007.
Cardeal Zen: Se Pequim e o Papa fizerem um acordo, os fiéis não estarão obrigados a segui-lo |
Um acordo entre Pequim e o Vaticano que de algum modo aceitasse esses princípios iria contra os fundamentos da fé e não poderia ser seguido, ainda que o Papa o chancele.
“Vós, irmãos e irmãs do Continente, jamais e absolutamente podeis aderir à Associação Patriótica”, sublinhou o Cardeal.
Na parte final de sua exortação, o Cardeal Zen prognostica um futuro catacumbal para os fiéis que não queiram aceitar o acordo entre a China comunista e a Santa Sé. Ele disse que os católicos autênticos deverão estar prontos a renunciar à prática pública dos sacramentos e à vida eclesial que ainda subsiste, embora muito hostilizada pelo regime.
“No futuro – explicou o purpurado, equiparando os efeitos de um possível acordo China-Vaticano com as perseguições cruentas dos anos da Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung – pode-se temer que não tereis nenhum local público para rezar, mas podereis rezar apenas em casa; e ainda que não possais receber os sacramentos, o Senhor Jesus descerá até os vossos corações. E se não for possível agir como sacerdotes, podereis voltar a trabalhar os campos. Mas o sacerdote permanece sacerdote para sempre”.
A mensagem do Cardeal conclui com uma nota de esperança. A “resistência” que ele antevê contra o acordo Pequim e a Sé Apostólica poderia ser breve:
“A Igreja primitiva teve de esperar 300 anos nas catacumbas. Acredito que não teremos que esperar tanto. O inverno está para acabar”.
Fiéis se amarram ao Cruzeiro para tentar impedir a demolição. |
Esses templos sobressaem no horizonte e podem ser contemplados das autoestradas.
O regime não suportou esse triunfo da Cruz e, dentro do plano geral do Partido Comunista Chinês (PCC) contra o símbolo mais sagrado do Cristianismo, ordenou demoli-lo.
Soldados e operários pesadamente equipados iniciaram as demolições alegando os pretextos legais mais díspares.
Mas a tarefa do anticristianismo não está sendo fácil.
Apesar da enorme desigualdade de forças, os fiéis redobraram seu fervor e protagonizam verdadeiras batalhas campais em defesa dos Cruzeiros.
Por toda parte eles montam vigilância e organizam a resistência. Quando chegaram os demolidores da igreja de Sanjiang, na periferia de Wenzhou, os celulares dos fiéis começaram a tocar.
“Fomos avisados durante a noite. Estava chovendo e não tínhamos guarda-chuvas. Mas fomos todos, milhares de pessoas, chorando, vendo como destruíam a nossa igreja”, narrou uma testemunha.
A igreja de Sanjiang estava sobre um promontório e queria imitar as catedrais góticas da Europa. Tinha uma torre de 60 metros de altura e custou mais de cinco milhões de dólares, dinheiro doado pelos fiéis.
As autoridades socialistas mandaram arrasá-la até os fundamentos e no local plantaram árvores e flores.
A fúria socialista só se assanha contra os cristãos. Os templos budistas das redondezas não foram atingidos e até um deles está sendo ampliado. Paganismo e comunismo no fundo são filhos do mesmo pai da mentira.
Desde o início da campanha contra as Cruzes, 1.200 delas já teriam sido destruídas pelo socialismo.
O jornal oficial “Global Times” anunciou que a campanha ateia durará mais três anos, sob o pretexto de “embelezar” a província e eliminar prédios que violam as normas de segurança.
A igreja católica de Zhejiang, província de Wenzhou, demolida pelo regime. No fundo grande quadro estragado do Sagrado Coração de Jesus |
A verdade é que a China já conta com cerca de 28 milhões de cristãos, além de mais de 60 milhões de adeptos de cultos sincréticos que usam os Evangelhos. Dessa maneira, os cristãos superam largamente os adeptos do marxista Partido Comunista Chinês.
Wenzhou sozinha tem nove milhões de habitantes e construiu mais de duas mil igrejas. O fato paradoxal é que a região havia sido escolhida por Mao Tsé-tung, fundador do comunismo chinês, para sediar em 1958 a “experiência” de uma “zona ateia” onde foram fechados ou confiscados todos os templos durante a Revolução Cultural de 1966-76.
Em Oubei a tensão é máxima. Enquanto as pequenas habitações dos comunistas exibem o rosto do presidente chinês Xi Jinping, as moradias dos cristãos são marcadas pela Cruz pintada de vermelho, com a inscrição: “Deus, meu coração te ama”.
O matutino oficial “Global Times” reconheceu em 2015 a “surpresa” do “explosivo aumento” do Cristianismo. “As igrejas [de Zhenjiang] – acrescentou farisaicamente – são muito grandes, têm cruzes exageradas. Os não crentes não se sentem cômodos”.
Wang, 60, guardião da igreja da Roca em Xiasha, nega que a cruz de sete metros no teto fosse “irregular”. “Cumpria todas as leis”, explicou.
Ele foi um das centenas de cristãos que foram bloqueados pela policia para impedir cenas de resistência passiva como as acontecidas em muitos enclaves cristãos.
Na aldeia de Ya, não distante da cidade de Huzhou – na mesma província de Zhenjiang –, várias dezenas de devotos se atrincheiraram durante semanas junto à Cruz, no alto da torre principal da igreja, para evitar o seu desmantelamento.
“O Governo tem medo do poder dos cristãos”, disse Wang.
Na igreja da Roca chegaram a um acordo, mantendo-se um pequeno cruzeiro num lago. Outros templos tiveram que cobrir o símbolo de Cristo com panos, como em Hua Ao, ou com galhos, como se no topo da igreja houvesse uma árvore.
Os fiéis reagem ostentando mais cruzes |
Até associações cristãs de fancaria, forjadas pelo governo, se sentiram obrigadas a protestar contra ele, como o fez um de seus líderes, o pastor Joseph Gu.
O governo socialista também reagiu prendendo clérigos e advogados que foram à “Jerusalém da China” para assessorar os fiéis.
Na sua pobre moradia de Oubei, a senhora Chang conta que após a destruição da grande igreja de Sanjiang, os fiéis continuaram se reunindo na velha igreja local.
Ali eles mantêm erguido o Cruzeiro vermelho, enquanto nos muros estão escritas orações a Nosso Senhor, convidando os neófitos a comparecer.
“Se mexerem com essa Cruz, nós sairemos de novo às ruas”, adverte ela.
O Pe. Dong Baolu celebra Missa para católicos clandestinos numa das muitas igrejas das 'catacumbas' |
Um fotógrafo estrangeiro viveu na China há oito anos e documentou a vida do rebanho “clandestino” de Hebei, que é guiada pelo padre Dong Baolu.
A metade da cidade outrora foi católica devido ao apostolado dos missionários estrangeiros, que difundiram muito profundamente a fé nas mais variadas localidades da China rural.
A revolução comunista de Mao Tsé-Tung em 1949 e as campanhas políticas de extinção dos opositores nas décadas seguintes deram um golpe tremendo no rebanho católico.
O regime perseguidor se perpetua até hoje e exige dos fiéis que queiram se reunir a submissão a um ente espúrio denominado Associação Patriótica Católica Chinesa.
Essa dependência estatal socialista cultiva relações estáveis com o progressismo católico no Ocidente, notadamente com a Teologia da Libertação e certas conferências episcopais, inclusive a brasileira, que há poucos anos recebeu sua delegação em Brasília. Também está num controvertido diálogo com a Ostpolitik vaticana, ou política de aproximação da Santa Sé com os governos comunistas.
Os católicos fiéis comemoraram a Páscoa e a Ressurreição na dor e na perseguição. Mas com heroísmo de mártires. |
Havia ameaças da polícia socialista, mas esta não afastou os fiéis, que ocuparam um beco e um telhado para receberem a comunhão.
Enquanto isso, o fotógrafo viu que a igreja oficial próxima, acumpliciada com a Associação Patriótica Católica Chinesa, estava completamente vazia.
Há na China um braço de ferro, cujo fiel da balança é constituído pelos homens. Os dois braços são, porém, fabulosamente maiores: o Céu e o inferno.
Nesse longo braço de ferro, a garra de Satanás – representada pela igreja patriótica, a Ostpolitik vaticana e o governo comunista – dá sinais de fraquejar.
Um número cada vez maior de chineses está encontrando a esperança na religião.
As contrafações do catolicismo – como os protestantes e as diversas formas de sincretismo religioso, que são menos perseguidos e até tolerados pelo socialismo – têm mais membros que o Partido Comunista.
É na procura da Verdade que esses chineses acabam descobrindo, não sem muitos sofrimentos, a única Igreja verdadeira, oculta na clandestinidade: a Santa Igreja Católica Romana.
A repressão oficial está cada vez mais furiosa. Nos últimos anos, centenas de templos clandestinos que desafiavam o governo exibindo suas cruzes as tiveram removidas, ou os templos definitivamente demolidos.
O governo socialista apela sorrateiramente ao Vaticano, sonhando conseguir um acordo através do qual a Ostpolitik eclesiástica lhe entregue na bandeja a cabeça dos fiéis clandestinos.
Por isso, eles temem a aproximação entre o governo carrasco de Pequim e a Santa Sé, a qual ganhou força com o Papa Francisco.
Se houve muito sangue derramado por mártires chineses nos séculos passados, sob o regime comunista no século XX ele foi torrencial.
Esse sangue “semente de cristãos”, como disse Tertuliano, está rendendo surpreendentes frutos e acelerando o dia em que a China se verá livre do monstro marxista e de seus “companheiros de viagem” católico-progressistas.
As associações civis agora ficarão sob o controle e administração da polícia. |
A Assembleia Nacional Popular – ANP (parlamento chinês) aprovou a lei que “encurrala” a sociedade civil e terá grave impacto em muitos setores. Ela dificulta o trabalho dessas organizações e aperta o controle sobre suas atividades, membros e financiamento.
O golpe atinge de cheio os grupos religiosos e associações de caridade que são ajudados economicamente desde o exterior.
A redação, muito ambígua – como é costume na China socialista para dar azo a qualquer arbitrariedade –, visa as “organizações sociais não governamentais, sem ânimo de lucro, como fundações, grupos sociais e think-tanks”.
De momento foram apagadas da redação final “escolas, hospitais, instituições acadêmicas ou de investigação em ciências naturais, engenharia e tecnologia; e outras entidades” não especificadas.
O fato de a polícia supervisionar essas associações já “será suficiente para dissuadir muitas pessoas que poderiam contribuir com seu trabalho, especialmente por causa da maneira ilimitada e politizada com que a China interpreta aquilo que acha ser uma ameaça à segurança nacional”, disse Nicholas Bequelin, diretor de Anistia Internacional (AI) para Ásia Oriental.
A ambiguidade da redação gerou preocupação também nas câmaras de comércio estrangeiras e associações industriais que estão registradas na China como organizações sem fins de lucro.
Autoridades chinesas comunicaram a nova lei ditatorial de ONGs. |
Para os atingidos, a nova regulamentação “enormemente restritiva” reflete a desconfiança crescente do governo em relação à sociedade, que parece lhe escapar das garras.
Também serão atingidas organizações locais, sublinhou Lu Jun, cofundador da ONG chinesa Yireping, que teve de se exilar nos EUA em virtude da perseguição das autoridades comunistas.
Muitos grupos chineses independentes dependem do dinheiro e do apoio de associações estrangeiras, explicou Lu.
“A lei terá impacto menor nas organizações pelos direitos humanos, porque estas já estavam muito controladas pela polícia e sua margem de atuação já era muito limitada”, acrescentou.
Grupos como Anistia Internacional ou Human Rights Watch não podem ter escritórios no continente, todo controlado pelo regime, mas ainda dispõem de uma margem mínima de liberdade em Hong Kong.
Segundo Lu, quando a lei entrar em vigor, multiplicar-se-ão os “sequestros” ou as desaparições oficialmente não confirmadas. Ele lembrou o caso de Peter Dahlin, cidadão sueco cofundador da “China Action”, preso durante quase um mês e depois deportado porque fornecia conselhos legais aos grupos politicamente vulneráveis.
Numa roda de imprensa após a aprovação a lei, membros do Parlamento e do governo defenderam a sibilina lei e o despótico funcionamento da polícia que, segundo eles, tem “grande experiência no trato com estrangeiros”.
Os enviados socialistas não souberam responder aos jornalistas.
“Damos as boas-vindas às ONG estrangeiras”, defenderam uma vez ou outra, estarrecendo os jornalistas pela hipocrisia aparente e sem esclarecer dúvida alguma das apresentadas na roda:
“Que tipo de comportamento pode ser considerado ameaça para a segurança do país?”. “Prejudicar o país é a mesma coisa que prejudicar o Partido Comunista?”.
Estas e outras perguntas dos jornalistas, acintosamente não foram respondidas, suscitando angustiantes impressões.
O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun lidera apelo ao Papa Francisco pelo fim da perseguição religiosa na China |
Diante de 100 pessoas, o corajoso cardeal de 84 anos leu um comunicado onde se lê: “Diante de toda essa perseguição, não podemos nos considerar em segurança. Não podemos ficar indiferentes. Se nós silenciarmos, tornar-nos-emos cúmplices”.
No mesmo dia 24 de abril, a Comissão diocesana de Justiça e Paz de Hong Kong anunciou a conclusão de uma campanha de assinaturas pedindo ao Papa Francisco que reze pela liberdade religiosa e pelo fim da perseguição religiosa na China.
Os milhões de fiéis católicos do continente, o clero fiel a Roma e o próprio cardeal vêm há tempo sentido com dor a ausência de pronunciamentos do Papa Francisco nesse sentido.
A campanha recolheu 800 assinaturas na diocese, onde os católicos são pequena minoria, mas muito bem vista até pelos pagãos. O apelo implora ao Papa que exija do governo chinês o fim da remoção das cruzes das igrejas e que reze por dois bispos desaparecidos em mãos da ditadura.
“Esperamos que nas intenções de suas orações quotidianas o Papa inclua o fim da campanha de demolição das cruzes e peça pelos dois bispos desaparecidos”, disse o porta-voz Or Yan-yan à agência católica UCANEWS.
Apelo pelo Bispo Cosme Shi Enxiang, provavelmente morto num cárcere comunista chinês. |
Os católicos também estão muito preocupados com o destino de dois prelados que desapareceram no esquema repressivo socialista. Trata-se dos bispos diocesanos da província de Hebei, Dom James Su Zhimin, de 84 anos de idade, bispo de Baoding, e de Dom Cosme Shi Enxiang, de 95 anos, bispo de Yixian.
“Esses dois bispos – prossegue o estremecedor apelo – passaram presos mais da metade de suas vidas. Eles foram desaparecidos à força há 18 e 15 anos”, acrescenta a petição ao Papa.
Relatórios não confirmados apontam que Dom Shi teria morrido na prisão em janeiro de 2015. Sua família deseja dar-lhe um enterro digno, acrescenta o pedido dos fiéis.
Eles imploram ao Papa Francisco “que em suas conversações com as autoridades chinesas se informe da situação desses dois bispos”.
Guincho do regime socialista arranca Cruz da igreja. |
No amanhecer do dia 25 de fevereiro (2016), uma equipe de demolição derrubou uma Cruz que estava no alto do teto da igreja de Zhuangyuan, da paróquia católica de Yongqiang, província de Wenzhou.
A comunidade dos fiéis não foi informada da despótica decisão e não conseguiu se organizar a tempo para impedir a remoção do símbolo sacro.
A polícia bem sabe que os fiéis se organizam e resistem, e por isso age de modo traiçoeiro, violando metodicamente as próprias leis escritas.
Desde o fim de 2013, quando foi lançada a campanha governamental “Três advertências e uma demolição”, só na província meridional de Zhejiang foram destruídas pelo menos 1.700 cruzes.
A última demolição (pelo menos até a data do despacho da AsiaNews) também foi confirmada pela bem informada agência UCAN (União das Agencias de Noticias Católicas da Ásia).
Atualmente estaria na mira da campanha anticristã mais uma outra igreja católica da mesma paróquia – a de Bajia –, da qual as autoridades socialistas cortaram o fornecimento de água e energia.
A comunidade católica de Zhejiang conta com cerca de 210.000 fiéis em ostensivo crescimento.
O Cardeal Joseph Zen Ze Kiun falando no Congresso Eucarístico Internacional, em Cebú, Filipinas, 16-01-2016 |
Ele disse que os católicos oprimidos “estão ainda em águas profundas, num fogo incinerador, uma terrível realidade”.
“Eu penso que hoje as testemunhas por excelência são os mártires”, apontou o Purpurado, de acordo com a GaudiumPress.
O Cardeal Zen relatou comovedores episódios desses martírios.
Ele mostrou como o regime anticristão transformou o sistema educativo para instigar “o desdém pela religião e particularmente pela Igreja”.
Numa reunião de mestres, as autoridades tentaram obter dos educadores o pedido de expulsão do Núncio Apostólico, ainda em funções, e dos missionários estrangeiros sob a acusação de serem agentes ‘imperialistas’.
No momento decisivo da votação, um jovem sacerdote presente levantou a voz e respondeu: “Não nos está sendo permitido declarar contra a Igreja, contra o Papa, contra o Sucessor de São Pedro, contra aqueles que representam Cristo em nossa Igreja”.
“Sua voz isolada causou um choque”. O corajoso sacerdote “desapareceu nesse dia” e morreu na prisão, lembrou o Cardeal.
Ele também recordou a grande perseguição de 1955, quando mais de mil crentes, incluído o bispo de Xanghai, Dom Inácio Kung Pin-Mei, e centenas de sacerdotes foram presos.
O Cardeal Inácio Kung,enfrentou a perseguição comunista,
foi preso, torturado e por fim exilado.
A via do heroísmo e do martírio não é a via escolhida pela Ostpolitik.
Eles se recusaram a colaborar com a Associação Patriótica, espécie de igreja cismática forjada pela ditadura comunista. Agora a diplomacia vaticana empurra os fiéis resistentes para a mesma repudiada cooperação com o comunismo
Em seu julgamento, Dom Kung foi acusado de “toda espécie de crimes”. Intimado a “confessar seus pecados” contra o regime socialista, o bispo, cujas mãos estavam amarradas nas costas, proclamou no microfone:
“Viva Cristo Rei!”
O Cardeal Zen acrescentou que nessa hora em que se jogava sua vida, “saiu da multidão uma tímida voz”, a qual foi logo ecoada pela aglomeração de pessoas bradando: “Viva Cristo Rei! Viva nosso bispo!”
“Com toda certeza foi uma coragem comunicada pelo Espírito Santo,” comentou o cardeal, segundo informou a agência da Conferência Episcopal Filipina.
Dom Kung, o heroico bispo de Xangai, acabou sendo criado cardeal em segredo. Mas só pôde inteirar-se de sua dignidade em 1988. Ele morreu no exílio no ano de 2000, em Connecticut, EUA.
O Cardeal Zen concluiu sublinhando que todos nós fazemos parte do Corpo Místico de Cristo. E que, pela Comunhão dos Santos, estamos unidos espiritualmente aos católicos chineses, os quais estão sendo perseguidos nestes momentos, gemendo num campo de concentração ou entregando suas almas a Deus em circunstâncias espantosas.
Com as nossas orações, de um modo misterioso, mas poderosamente eficaz, podemos estar ao lado desses mártires, confortando-os, apoiando-os e nos tornando misticamente partícipes de seus méritos.
Não vemos isso, mas um dia, na hora do nosso juízo, veremos e compreenderemos o que fizemos ou... deixamos de fazer!
“Nossas orações, especialmente a adoração do Santíssimo Sacramento, obterão esperança para esses nossos irmãos. Após a cruz do martírio virá a ressurreição. E após as tribulações, teremos a glória e a alegria eterna”, explicou.
Os católicos chineses que tentaram participar do Congresso Eucarístico Internacional de Cebu, Filipinas, tiveram seu visto para sair do país recusado pelo regime comunista.
Os católicos de Hong Kong e Macau ainda puderam estar presentes, pois nessas “regiões administrativas especiais” subsistem agonizantes farrapos de liberdade, gravemente ameaçados após o anúncio de iminente acordo da Santa Sé com Pequim.
O Cardeal Joseph Zen Ze Kiun teme iminente capitulação do Vaticano diante do comunismo chinês |
E explicou: no início do ano passado, o jornal Wen Wei Po [N.R.: editado em Hong Kong pelo Partido Comunista da China] anunciava com júbilo que “as relações entre a China e o Vaticano logo teriam um bom desenvolvimento”.
Pouco depois, o Secretario de Estado do Vaticano, cardeal Parolin, disse que “as perspectivas são promissoras”.
“Eu não via fundamento algum para esse otimismo”, explicou o cardeal chinês. “Mais de mil cruzes foram tiradas do topo das igrejas (em alguns casos as próprias igrejas foram destruídas).
“Já não podemos nos iludir dizendo tratar-se de um episódio de zelo exagerado da parte de alguma autoridade local.
“São vários os seminários que não funcionam mais. Os estudantes do Seminário Nacional de Pequim são obrigados a assinar uma declaração de fidelidade à Igreja Independente, prometendo concelebrar com bispos ilegítimos.
“O governo está consolidando uma Igreja que objetivamente já está separada da Igreja Católica universal.
“Com tentativas de persuasão e ameaças, induzem o clero a praticar atos contra a doutrina e a disciplina da Igreja, renegando a própria consciência e dignidade.”
O Cardeal lembrou que o bispo Wu Qin-jing, de Zhouzhi, após dez anos de sagração, pôde ocupar sua diocese no último semestre de 2015, porém aceitando certo compromisso.
Logo depois, pela primeira vez no pontificado de Francisco I, foi sagrado um bispo. Trata-se de Zhang Yinlin, de Anyang. Ele foi escolhido por uma “eleição democrática” e um “decreto de nomeação da impropriamente chamada Conferência Episcopal Chinesa”. O bispo co-consagrante estava em situação canônica confusa.
Em outubro, uma delegação do Vaticano visitou Pequim. A Santa Sé nada informou. Mas o Pe. Jeroom Heyndrickx, ativista da Ostpolitik vaticana, disse que não puderam tratar problemas sensíveis, como os dos bispos presos, concentrando-se na nomeação de novos bispos.
Uma fórmula para nomear bispos estaria em discussão, mas o Cardeal Zen não foi informado.
Secretário de Estado vaticano, Card. Parolin, mostra simpatias pela teologia da libertação e pela ditadura comunista chinesa. |
A Santa Sé aprovaria a eleição e só teria um débil poder de veto em casos “graves”. Mas se o governo comunista julgar que as razões da Santa Sé são “insuficientes”, o “Conselho de bispos” procederá adiante de qualquer jeito.
Para o Cardeal, este acordo não respeita a autoridade do Papa. Ele se pergunta se em boa lei o Papa Francisco poderia assiná-lo.
Bento XVI esclareceu: “A autoridade do Papa para nomear bispos foi dada à Igreja pelo seu fundador, Jesus Cristo, não é propriedade do Papa, e nem mesmo o Papa pode cedê-la a outros”.
Segundo o Cardeal, tudo se passa como se Roma não soubesse que a chamada Conferência Episcopal chinesa é ilegítima e simplesmente não existe.
Só existe a Associação Patriótica, que juntamente com a Conferência Episcopal é dirigida por membros do governo, que se manifestam abertamente como tais.
“Assinar um acordo desse tipo é como entregar nas mãos de um governo ateu a autoridade para nomear bispos”, conclui o Cardeal Zen.
Nem na Europa do leste no tempo da União Soviética aconteceu algo similar, acrescentou.
Bispos ilegítimos e até excomungados vêm abusando do poder sacramental e a Santa Sé parece não ter nada a dizer.
Eles participaram de sagrações episcopais e da chamada Assembleia dos Representantes dos católicos chineses, organismo simbólico de uma Igreja cismática.
Após a visita da legação vaticana, o governo obrigou todos os bispos, legítimos, ilegítimos e excomungados, a concelebrarem. “Esses são todos atos objetivamente cismáticos”, observou o Cardeal.
Se a Santa Sé assinar um acordo com o governo sem esclarecer todos esses pontos, causará una grave ferida na consciência dos fiéis, acrescentou.
O Vaticano ignora as “comunidades subterrâneas”, disse o Purpurado, que a seguir perguntou espantado:
“Para ‘salvar a situação’, o Vaticano vai abandonar nossos irmãos e irmãs? Mas, eles são os membros sãos da Igreja! Silenciar a comunidade subterrânea para não irritar o governo não é um suicídio?”
No plano diplomático, as comunidades clandestinas são a cartada que a Santa Sé pode jogar. Mas amputando esses membros, o que fica na mão de nossa diplomacia para induzir a outra parte a um acordo?, observou.
Papa Francisco tencionaria fazer concessões ao comunismo chinês que chocam a consciência dos católicos do país. |
“Depois dessa assinatura, Pequim não obrigará os fiéis da comunidade subterrânea a saírem e se entregarem aos bispos ilegítimos, talvez inclusive excomungados, que então, sem mostrar arrependimento algum, apoiando-se unicamente no governo, obteriam legitimidade e se converteriam em bispos de pleno direito?”
E continua o veterano e corajoso Cardeal: “O que não me deixa tranquilo é ver nosso Eminentíssimo Secretário de Estado ainda intoxicado pelo milagre da Ostpolitik.
“Num discurso comemorativo do Cardeal Agostino Casaroli, ele elogiou o sucesso de seu predecessor garantindo a existência da hierarquia da Igreja nos países comunistas da Europa do leste”.
“Ele disse: ‘escolhendo candidatos ao episcopado, elegemos pastores e não pessoas que se opõem sistematicamente ao regime, pessoas com a atitude de gladiadores, pessoas que gostam de se mostrar no cenário político’.
“Eu me pergunto: a quem [o Secretário de Estado] se referia fazendo essa descrição? Temo que ele estivesse pensando num cardeal Wyszynski, num cardeal Mindszenty, num cardeal Beran”.
“Mas esses são os heróis que defenderam com coragem a fé de seu povo!, exclamou o venerável cardeal. “Espanta-me pensar assim, desejaria estar me enganando”.
“No dia em que se assinar o acordo com a China haverá paz e alegria, mas não aguardem que eu participe nas celebrações do início dessa nova Igreja. Desaparecerei, vou começar uma vida monástica para orar e fazer penitência.
“Pedirei desculpas ao Papa Bento XVI por não ser capaz de fazer o que ele aguardava que eu fizesse. Pedirei ao Papa Francisco seu perdão para este velho Cardeal por tê-lo molestado com tantas cartas inapropriadas.
“Os Santos Inocentes foram assassinados e o anjo pediu a José que pusesse Maria e o Menino a salvo, fugindo. Hoje nossos diplomatas poderiam aconselhar José a tentar um diálogo com Herodes?”
"Você acha que vai ter sorte?" |
A censura e o bloqueio sistemático da informação na Internet e redes sociais é operada contra os cidadãos chineses diretamente pelo Ministério da Segurança Pública do governo comunista. (Great Firewall of China)
O “Grande Firewall da China” assim chamado em alusão à Muralha Chinesa – “Projeto Escudo Dourado” na terminologia do regime – é objeto de amplíssimo tratamento na rede mundial, onde pode se encontrar documentação em quantidade super-abundante.
Os critérios de bloqueio são estritamente político-ideológicos apontando a incomunicação de quem quer que não pense como o governo, ou possa vir a pensar diferente.
Nosso blog é monitorado frequentemente pelo WebSitePulse, e os resultados continuam invariavelmente os mesmos: nosso blog “inexiste” para os residentes na China continental ou “vermelha”, exceção feita da cidade de Hong Kong, onde ainda os acordos internacionais são relativamente respeitados.
Quem quiser verificar basta acrescentar nosso endereço (http://pesadelochines.blogspot.com.br/) na página de testes de WebsitePulse - Website Test behind the Great Firewall of China, aguardar alguns segundos e ler online o estado desse bloqueio.
Internet na China: "Ui! Uau! Ele procurou 'Direitos humanos'!" |
Este teste voltou a constatar em 8 de janeiro de 2016 que "Pesadelo chinês" está bloqueado em pelo menos Pequim, Shenzen, Mongólia interior, e nas províncias de Heilongjiang e de Yunnan.
Para ver os resultados do teste mais exigente da WebSitePulse desde Shangai, feito em sexta-feira, 8 de janeiro de 2016, 02:44:26 (GMT +00:00): CLICAR AQUI: “Pesadelo chinês” bloqueado.
Resultados do mesmo teste na mesma data, 8.1.2016 desde Pequim: CLICAR AQUI: “Pesadelo chinês” bloqueado.
Resultados do mesmo teste na mesma data desde Guangzhou: CLICAR AQUI : “Pesadelo chinês” bloqueado.
Resultados do mesmo teste na mesma data desde Hong Kong: CLICAR AQUI. Nessa cidade até agora a Grande Muralha de Fogo ainda não foi implementada, pelo menos integramente, e “Pesadelo chinês” pode ser acessado.
Mons José Martin Wu Qinjing bispo de Zhouzhi, província de Shaanxi |
Agora, em um ato público na catedral de sua diocese, o bispo desafiou as autoridades socialistas usando o barrete e o anel que lhe cabe como sucessor dos Apóstolos.
O governo comunista entende bem o efeito religioso que os símbolos da vestimenta clerical – batina, faixa, anel e barrete – exercem sobre os fiéis e os proíbe em lugares públicos. A repressão pode levar à prisão.
Conforme o jornal oficial South China Morning Post, Dom Wu celebrou a Missa com os paramentos sacerdotais, barrete roxo e anel, próprios à sua condição.
Tratou-se da inauguração de uma nova cruz na catedral de Zhouzhi, outro símbolo que enlouquece o socialismo. O gesto foi encarado como uma afronta às autoridades do país, que proibiram o uso das vestimentas e dos símbolos episcopais.
Dom Wu foi sagrado bispo de Zhouzhi, na província do Shaanxi, pelo antigo bispo de Xian, Dom Anthony Li Duan, em outubro do ano passado.
O jornal comunista assinala também que vários candidatos do Partido e da Associação Patriótica Católica Chinesa estão desejosos de usurpar as dioceses vacantes, mas o jeito dado em Zhouzhi os deixou frustrados e amargurados.
A ameaça de usurpação é especialmente grave nas dioceses de Hubei, Hebei e Mongólia Interior, onde bispos poderão ter sagração sacrílega nos próximos meses, sem a aprovação da Santa Sé.
“Muitas dioceses na China estão sem bispo. Não podemos esperar que as relações com o Vaticano melhorem para preenchê-las”, declarou a EFE o militante do Partido Comunista Liu Bainian, vice-presidente da Associação Patriótica que comanda as violências contra os direitos da Igreja.
A diplomacia vaticana dá sinais de preferência pelo governo socialista, mas o Direito Canônico diz que só o Papa pode nomear bispos. A norma tradicional prejudica a política de aproximação do Vaticano com Pequim.
A Associação Patriótica Chinesa desrespeita as leis da Igreja e já procedeu a sagrações ilícitas. Nesses casos a pena de excomunhão é imediata, recaindo sobre ordenados e ordenantes.
Os vínculos diplomáticos entre a China e o Vaticano foram quebrados em 1951 pela chegada dos comunistas ao poder. Eles expulsaram os religiosos estrangeiros e passaram a exigir dos cristãos que acatassem somente o Partido Comunista.
Milhões de católicos se recusaram a obedecer e resistem às injunções da ditadura socialista. Está aberta uma época de martírio de bispos, padres e leigos, cujo heroísmo constitui uma esperança da promessa do triunfo do catolicismo nesse imenso país asiático.
Enquanto o governo chinês tira as cruzes pela força, os cristãos colocam mais cruzes por toda parte. |
Mais de 100 agentes da tropa de choque reforçavam a polícia e os funcionários estatais contra os pacíficos paroquianos que queriam proteger o símbolo da Fé.
“Nós não violamos a lei. Não fazemos oposição ao governo, somos cidadãos comportados”, lamentava um paroquiano que se identificou somente como Chen, temendo retaliações das autoridades.
Os dirigentes socialistas da província de Zhejiang, no sudeste da China, receberam um ultimato superior para arrancar as cruzes de torres, tetos e paredes de cerca de 4.000 igrejas que povoam os panoramas daquela dinâmica região.
A indignação popular é grande, e até as associações cristãs que aceitaram o controle do Partido Comunista para não serem hostilizadas, agora se mobilizaram contra o poder socialista, denunciando a campanha como anticonstitucional e humilhante.
No sentir geral, a campanha contra a Cruz é atribuída a Xi Jinping, presidente da China e chefe supremo do Partido Comunista.
Para Yang Fenggang, especialista em religiões da China na Universidade de Purdue, nos EUA, o partido cometeu um grave erro de cálculo.
Ele achava que eliminando as cruzes esfriaria a expansão cristã e reforçaria o controle da ditadura. Porém, está se dando o contrário e a região está entrando numa perigosa instabilidade religiosa.
Os agentes da demolição socialista encontram inesperada resistência. Os paroquianos organizam vigílias e tentam bloquear as entradas das igrejas até com caminhões. Em outras igrejas, eles re-erguem as cruzes em atitude desafiante.
“As autoridades estão especialmente preocupadas porque os cristãos têm um forte senso de identidade e podem se transformar numa poderosa força social”, ponderou Zhao Chu, comentarista independente.
Ele acresce que o Partido Comunista está desafiando um inimigo que hoje é maior que ele próprio. Segundo Yang, os cristãos somam por volta de 100 milhões e aumentam aceleradamente, enquanto o Partido Comunista tem por volta de 88 milhões de aderentes, e em diminuição.
O próprio Partido oficial é ateu e anti-religioso, mas está cheio não só de cristãos, mas também de budistas, muçulmanos e seguidores de outras crenças. A cúpula da ditadura teme que especialmente os cristãos venham a mudar o Partido por dentro.
O comunismo tentou apagar a religião durante a Revolução Cultural das décadas de 1960 e 1970. Mas o imenso vazio espiritual que ele criou funciona agora como um motor moral que leva os chineses a procurarem a Cruz de Cristo.
Pequim exige que todos os grupos religiosos se submetam a seu controle, enquanto trabalha para nomear bispos sem ouvir o Vaticano.
O governo pode se gabar de suas relações com o “progressismo” católico no exterior e de certos gestos conciliadores provenientes da diplomacia vaticana. Mas essas amizades não impressionam muito os fiéis, e nem sequer os pagãos que se aproximam do Evangelho.
A própria Igreja Patriótica Católica – uma dependência burocrática do governo que pretende mandar nos católicos –, temendo o aumento da animosidade contra o Partido, protestou contra a remoção das Cruzes de algumas igrejas em Zhejiang e pediu o término das oposições populares.
Yang acha que as autoridades podem perder sua influência junto às associações colaboracionistas, as quais estão de fato se parecendo com o sempre foram: um instrumento astuto da repressão.
“Agora essa ponte está sendo incendiada”, acrescentou Yang.
Católicos de Dafei rezam enquanto cruz da igreja (ver sombra) está sendo arrancada pelos agentes socialistas. |
Cada uma de suas cidades se destaca pelo fabrico de algum artigo: botões, sapatos, produtos para animais de estimação, brinquedos. E cada cidade tem uma ou duas igrejas.
Vinte e quatro líderes católicos publicaram uma carta aberta muito firme denunciando a ilegalidade da campanha do governo contra as Cruzes.
Nas aldeias, a população desobedece às ordens socialistas e se recusa a tirar as Cruzes. O governo envia então equipes de demolição que cumprem sua missão, mas pouco depois as Cruzes estão reinstaladas em seus lugares.
“Foi um ataque surpresa. Não os deixamos entrar, mas eles arrebentaram os cadeados. Exigimos o documento autorizando, mas eles nada mostraram. Eles nos expulsaram da igreja”, disse Tu, um dos paroquianos.
“Nós todos chorávamos. Nossos corações estavam em pedaços, mas éramos impotentes para resistir, e só rezávamos e cantávamos hinos”.
Em Dafei, a equipe de demolição montou andaimes para atingir a Cruz, enquanto os policiais impediam que um fotógrafo e um vídeo-jornalista da Associated Press pudessem documentar o atentado. Despercebido do esquema de repressão, um repórter presente conseguiu filmar as cenas.
Enquanto a cruz caía, os fiéis cantavam: “Ele recorre ao amor da Cruz, da Cruz, para conquistar os homens”.
Sintoma eloquente da reação religiosa, um dos líderes cristãos de Zheijiang, cujo nome não foi revelado, explicou a decisão dos fiéis ao jornal britânico The Guardian:
“Cada vez que derrubarem uma Cruz, levantaremos uma nova. Estamos pensando em fazer bandeiras e roupas com a Cruz estampada. Faremos a Cruz florescer em toda a China”, noticiou Infocatolica.
Mons. Vicente Weifang Zhu (centro) manifesta contra o governo comunista. |
Apesar de sua idade, Dom Zhou dirigiu pessoalmente uma manifestação diante da sede do governo socialista local em defesa do símbolo máximo de Cristo e de sua Igreja.
Com seus 26 sacerdotes diocesanos jovens, ele segurava uma faixa que dizia: “Defendemos a dignidade de nossa fé; contra a demolição das Cruzes”.
Diversos sacerdotes levavam outros cartazes caseiros, se onde podia ler: “Nós nos opomos do modo mais absoluto à destruição das Cruzes”, escreveu a agência AsiaNews.
Funcionários e policiais acompanharam os manifestantes até um escritório do governo para receberem a queixa e, assim, esvaziarem o ato, que era acompanhado com simpatia pelos populares.
A notícia se espalhou rapidamente pelas redes sociais chinesas e um bom número de católicos apareceu às pressas no escritório do governo para apoiar os manifestantes.
Um deles disse: “Muitos fiéis estavam esperando para se somarem a este movimento. Manter as Cruzes é nossa responsabilidade”.
Nas missas, por iniciativa de um sacerdote, foi pedida aos fiéis a recitação diária do Terço da Divina Misericórdia, de Santa Faustina, pela preservação da fé católica e das Cruzes.
Em seguida o bispo coadjutor, Dom Pedro Shao Zhumin, publicou uma carta aberta assinada por todos os sacerdotes ditos “clandestinos”, que são perseguidos por sua fidelidade ao Papa.
Nela, eles pedem “com força que cesse a demolição das cruzes de todas as igrejas”. O coadjutor está visitando as paróquias uma após a outra, para rezar com os fiéis e pedir o fim da destruição violenta do símbolo da Redenção. Os paroquianos estão fazendo jejuns penitenciais com o mesmo objetivo.
Com o expressivo título “Brademos! Chega de ficar em silêncio!”, a carta aberta está endereçada a “todos os cidadãos e a todos os católicos da China”.
Outro aspecto da manifestação contra a remoção forçada das cruzes.
Nela eles conclamam “com força todas as paróquias da diocese a se organizarem em turnos para jejuar e rezar continuadamente, a fim de deter a demolição das Cruzes. Devemos rezar três vezes, fazendo este pedido: ‘Nossa Senhora de Sheshan’, Auxiliadora dos cristãos, rogai por nós!” e ‘Jesus, em Vós confio’”.
Nossa Senhora de Donglu, ou também Nossa Senhora Auxiliadora, é a Padroeira, venerada espiritualmente como a Imperatriz da China.
O bispo e os sacerdotes recomendam: “Todos devemos nos confessar, participar de maneira fervorosa na Adoração Eucarística e fazer penitência por nossas famílias e paróquias”.
O bispo de Handan, província de Hebei, no norte de China, também fortemente hostilizado pelo governo socialista, não hesitou em enviar mensagem de apoio à corajosa resistência do clero de Wenzhou.
Mensagens similares chegaram de toda a China, inclusive de religiosos afins ao regime perseguidor, mas que envergonhados ou interesseiros julgam que nas circunstâncias atuais é melhor tomar distância do governo socialista.
Wang Zuoan anunciou maior perseguição religiosa aos católicos fieis neste ano. |
O isolamento patenteou-se pela ausência de líderes mundiais na parada do Dia da Vitória, excetuados muito poucos regimes amigos.
E acentuou-se com a não admissão do representante russo à reunião do G7 (outrora G7+1, ou G8), realizada na Alemanha, além dos parcos dividendos da visita de Vladimir Putin ao Papa Francisco.
Moscou retomou a velha aliança estratégica com Pequim, que foi ativa e intensa nos tempos de Stalin e Mao Tsé-Tung.
De fato, as tentativas de romper o isolamento pela via religiosa já tinham começado antes da visita do chefe do Kremlin ao Vaticano. Na China, a ponte é feita por meio da igreja cismática russa.
Pela vez primeira no período pós-staliniano, Pequim autorizou a ordenação de sacerdotes ortodoxos chineses, informou o metropolita Hilarion de Volokolams, chefe das relações exteriores do Patriarcado de Moscou, segundo a oficial agência Tass, referida por AsiaNews.
O anúncio aconteceu após a visita oficial do metropolita à China (14-17 de maio), onde participou no 4° encontro do grupo de trabalho sino-russo para cooperação na área religiosa.
O presidente Xi Jinping, participando do 70° aniversario da vitória soviética na II Guerra Mundial, encontrou-se em Moscou com o patriarca ortodoxo Kirill. Este elogiou a importância que Pequim estaria dando “ao papel da cultura, das tradições e do fator moral na formação da vida do povo e do indivíduo”.
Palavras profundamente enganosas e insinceras. A tal “importância” foi marcada pelo massacre sistemático de milhões de chineses durante a revolução maoísta, que visou especialmente qualquer religião e cultura tradicional, assim como os membros das classes sociais, representantes do passado milenar chinês.
Hoje o problema se põe de um modo diferente. O cristianismo progride a passos enormes, inclusive dentro do Partido Comunista, e Pequim quer acabar com esse movimento religioso. E para isso apela ao Vaticano e a Moscou.
O metropolita Hilarion qualificou os colóquios com os dirigentes marxistas chineses como “muito construtivos”. Ele confirmou que as partes chegaram a um acordo para “a ordenação de um sacerdote chinês que estudou vários anos na Rússia”.
Wang Zuoan troca presentes com o metropolita Hilarión do Patriarcado cismático de Moscou engajado em feroz hostilidade contra os católicos ucranianos. Moscou 15-07-2014 |
A seguir visitou uma comunidade ortodoxa no estado da Mongólia Interior, e concelebrou em Irkutsk, Sibéria, com um sacerdote da igreja ortodoxa autônoma chinesa.
A Revolução Cultural chinesa extinguiu o ramo cismático russo, mas agora quer ressuscitá-lo e promovê-lo entre os cristãos. Se a enganação prosperar, certo número deles poderá cair sob a autoridade religiosa de Moscou, consolidando assim o poder de Pequim sobre os logrados.
Kung Cheung Ming é o primeiro sacerdote cismático de língua chinesa. A Rússia o enviou a Hong Kong para desincumbir-se dessa ignóbil tarefa.
O Patriarcado de Moscou na China escorraçou também o periclitante Patriarcado ecumênico de Constantinopla, que havia tentado manter a partir de Hong-Kong uma última relação com as comunidades ortodoxas do continente.
A “cooperação religiosa” sino-russa foi lançada em 2013, quando o Patriarca de Moscou, Kirill, foi recebido pelo presidente Xi na Grande Sala do Povo, em Pequim.
Segundo a bem informada agência AsiaNews, a manobra não deve surpreender. A igreja russa tem uma longa experiência de compromissos com os regímenes autoritários.
E Pequim só tem a ganhar com a entrada desse fator de divisão entre os cristãos.
Em Anzhuang: altar 'clandestino' antes de ser destruído pela polícia em 22-05-2015 |
A perseguição foi denunciada pela agência Églises d’Asie, habitualmente informada por relatórios que chegam discretamente da enorme prisão em que se transformou a China comunista.
Nas últimas semanas foram presos um bispo e um número não informado de sacerdotes. A polícia socialista destruiu um altar público dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e ao Coração Imaculado de Maria.
A província de Hebei registra uma das mais altas proporções de católicos anticomunistas, os quais estão, por esse motivo, na “clandestinidade” ou na “Igreja subterrânea”.
A agência Ucanews informou que D. Julius Jia Zhiguo foi detido pelas forças policiais no dia 12 de maio e liberado no dia 24 do mesmo mês, para celebrar a Missa de Pentecostes. O esquema repressivo temia que sua ausência gerasse protestos e ecoasse internacionalmente.
D. Julius tem 80 anos, é bispo de Zhengding e considerado “clandestino” por recusar-se a ingressar na Associação Patriótica, criada pelo governo para jugular a Igreja Católica e pô-la ao serviço do socialismo.
O número de prisões de simples fiéis já não se conta, de tal maneira se tornaram frequentes.
Os motivos do encarceramento do bispo foram mantidos em segredo. O “crime” teria sido a ordenação de diversos sacerdotes que não se submeteram ao regime anticatólico.
O prelado já havia sido intimado a não participar nas tradicionais romarias de Nossa Senhora que se realizam no mês de maio.
Policiais chegam a Anzhuang (Hebei) para destruir um altar 'clandestino' |
O Pe. Liu e mais outros oito sacerdotes “clandestinos” de Baoding haviam sido presos em 27 de dezembro de 2006 e pressionados a aderir a órgãos da igreja “oficial”. Após oito anos de reclusão sem julgamento, foram liberados sem nunca terem aceitado entrar no clero “oficial” ou comunista.
Também na diocese de Baoding, em 22 de maio, pouco antes da festa de Pentecostes, a polícia tomou de assalto um local de culto “clandestino”. Cerca de 40 agentes ocuparam a cidadezinha de Anzhuang, a uns 200 quilômetros ao norte de Baoding, e destruíram um altar construído ao ar livre.
O altar era dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e ao Coração Imaculado de Maria. Para destruí-lo, a polícia pretextou a falta de autorizações municipais.
Segundo Ucanews, o povo católico tentou se opor à ação da polícia e duas mulheres foram feridas.
Em Anzhuang reside Mons. Francis An Shuxin, bispo coadjutor de Baoding, que permaneceu confinado numa prisão de 1996 a 2006. Como em 2009 ele fraquejou e aceitou entrar na cismática Associação Patriótica, o governo comunista o empossou à força como bispo ordinário de Baoding.
Mas os fiéis e boa parte do clero não reconhecem sua falsa autoridade, censurando-o vivamente por ter cedido às extorsões do governo.
Dom James Su Zhimin, bispo de Baoding, a polícia confinou em local ignoto |
O bispo ilegal foi contatado por telefone e justificou a depredação sacrílega do altar com palavras próprias de um Pôncio Pilatos: “Trata-se de católicos ‘clandestinos’ que não aceitam minha autoridade. Eu não acho que possa ajudá-los”.
O caso de Hebei não é isolado. As violências anticristãs estão se reproduzindo em todo o país desde que o presidente Xi Jinping, num discurso público em 20 de maio, reafirmou os tirânicos princípios que devem reger a questão religiosa na China.
A saber, que o Partido Comunista só tolera as religiões que aceitam colocar-se a serviço dos planos oficiais e trabalhar pela “realização do sonho chinês de uma grande renovação da nação”. Leia-se a plena implantação do comunismo.
Os atropelos anticristãos revelam, porém, o nervosismo que cresce nas fileiras maoístas diante da onda de prática religiosa na população, inclusive dentro do Partido Comunista.
A todo-poderosa Comissão Central de Inspeção da Disciplina Partidária voltou a proibir qualquer prática religiosa aos 86,7 milhões de membros do Partido Comunista Chinês.
“O fato de um pequeno número de membros do Partido ter abandonado o materialismo dialético (…) e se voltado para a religião é causa de grave preocupação, a ponto desse fenômeno cair, a partir de agora, sob os golpes das ações disciplinares. (…) O próprio Marx indicou claramente que, na sua essência, o comunismo começa a partir do ateísmo”, ameaçou dita Comissão em artigo para os membros do Partido.
Fieis rezam em reparação por um Cruzeiro derrubado pela polícia comunista. |
O relatório denuncia que o regime está executando “um esforço orquestrado para consolidar o poder e suprimir a dissensão”. A perseguição religiosa na China cresceu nos últimos oito anos em mais de 150% por ano, informou o blog Creative Minority Report.
A hostilidade do regime ateu chinês contra toda religião é bem conhecida. Porém, o rápido aumento dos cristãos na China tira o sono dos ditadores de Pequim.
Dito aumento “abriu uma crise dentro do Partido Comunista Chinês. Na mesma proporção que aumenta o número dos que professam fé em Jesus Cristo, cresce também o número dos cidadãos que desejam o Estado de Direito, se opõem ao governo totalitário e apoiam a livre expansão da sociedade civil”.
Vários bispos e comunidades católicas estão na mira especial da perseguição, pois sempre foram os arquétipos do descontentamento cristão contra o assédio e a agressividade do regime socialista.
O relatório cita líderes cristãos de Zheijang que denunciaram a destruição de mais de 30 igrejas em 2014, a remoção forçada de 422 cruzeiros e a prisão de pelo menos 300 fiéis pela polícia. Desses, 150 foram feridos e outros 60 levados ante tribunais penais e administrativos.
Missa na igreja católica de Liuhe, periferia de Qingxu, norte da China |
Relatos detalhados vindos da China descrevem cristãos montando guarda dia e noite em volta das igrejas para prevenir tentativas do governo de destruí-las.
Eles correm o risco de serem presos ou surrados pelas forças de segurança socialista e acusados de “constituir um grupo para perturbar a ordem”. Esse “crime” pode dar até em campo de concentração, dependendo da arbitrariedade das autoridades.
Mas o regime também age com astúcia. Pois quanto mais ele tenta destruir a religião, mais cresce o número de igrejas.
Em desespero de causa, os perseguidores estão apelando para a Santa Sé, da qual esperam obter algum acordo. Se conseguirem, este lhes servirá de instrumento de repressão sob a aparência de estarem agindo de acordo com a vontade do Papa.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun: “acordo a qualquer preço, caminha para uma rendição incondicional, como quer Pequim” |
Em entrevista ao jornal milanês Il Corriere della Sera, ele “pôs os pingos nos is” a respeito de conversas pessoais de alto nível entre a Santa Sé e a ditadura de Pequim.
As conversações estariam sendo conduzidas pelo Secretário de Estado da Santa Sé, Mons. Pietro Parolin, e se apoiariam num clima telefônico amistoso estabelecido entre o Papa Francisco e o líder da ditadura maoísta, presidente Xi Jingping.
Corriere della Sera: O que não entendem em Roma?
Cardeal Zen: “Na Cúria, os italianos não conhecem a ditadura chinesa, porque jamais experimentaram o regime comunista. Eu sempre confiei em Parolin, até ficar sabendo que ele era a favor de um acordo que, no estado atual das coisas, seria apenas uma rendição incondicional”.
Corriere della Sera: Mas nos últimos meses a China acenou com uma nova disposição, falou-se de uma oferta sobre o problema da nomeação dos bispos.
Cardeal Zen: “Em Pequim não há vontade de diálogo. Acontece que nos colóquios seus delegados levam à mesa um documento que o lado católico tem que assinar e os nossos não têm possibilidade nem força de propor outra coisa.
“Será que vamos sacrificar a nomeação e a sagração de bispos em aras de um diálogo fajuto?
“Na China ainda há dois bispos muito idosos no cárcere. Talvez um deles esteja morto, após anos de detenção, e não o dizem, deixando a família na dúvida. Falo de Mons. Shi Enxiang, encarcerado por causa de sua fidelidade à Santa Sé. Mons. Shi teria 93 anos. Em fevereiro (2015), o chefe comunista de sua cidadezinha foi perguntar à família se tinha recebido o corpo. Depois vieram outros dizendo que aquele funcionário é um bêbado e que nada se sabe do bispo”.
Corriere della Sera: O que se deveria fazer então?
Cardeal Zen: “Seria necessário bater forte com o punho na mesa, reforçar nossa Igreja Católica e o nosso clero na China, porque quando os nossos estão unidos, os funcionários do regime têm medo, ficam aterrorizados com a ideia de terem problemas com seus superiores. Porque todo chefe político na China é ao mesmo tempo imperador e escravo: pode esmagar quem está embaixo dele, mas teme ser esmagado por quem está acima dele”.
Corriere della Sera: E se o Papa lhe pedisse para silenciar?
“Responder-lhe-ia relembrando o que ele fazia em Buenos Aires: rezava missa nas praças, fazia manifestações nas calçadas, é algo formidável”.
Concluindo, o Cardeal sublinhou:
Cardeal Zen: “Os comunistas esmagam as pessoas quando veem que elas têm medo. Em sentido contrário, é necessário estimular os católicos chineses perseguidos a serem corajosos. Aqueles que em Roma bramam por conseguir acordos a qualquer preço, caminham para uma rendição incondicional, como quer Pequim”.
Wang Zuoan anunciou maior perseguição aos católicos neste ano |
A escolha e sagração dos bispos católicos é da alçada exclusiva da Santa Sé.
A sagração ilegal envolve excomunhão imediata de todos aqueles que participam dela, inclusive bispos canonicamente regularizados.
A decisão ilegal e despótica foi publicada no site do SARA como resultado do Congresso Nacional de Agentes de Pastoral realizado em Pequim no final de dezembro 2014.
Nela, o diretor do SARA, Wang Zuoan, anunciou que “2015 será um ano muito importante para o trabalho religioso”.
Wang explicou que esse “trabalho”, que melhor se chamaria de “perseguição religiosa”, “deve ser feito de acordo com os regulamentos religiosos do governo, para promover a vigência da lei e levar em conta a opinião dos fiéis na hora de programar políticas religiosas e diretivas do governo central”.
Em poucas palavras, a religião fica submissa a leis e portarias do socialismo.
Uma das linhas mestras do plano é apoiar a Associação Patriótica, espécie de cisma promovido há décadas pelo governo maoísta.
Também será estimulada uma Conferência Episcopal capaz de eleger e sagrar bispos ignorando Roma.
Há um punhado de candidatos a bispos desejados pelo governo aguardando a aprovação da Conferência Episcopal. Mas eles não foram aceitos pelo Vaticano, como o Pe. José Tang Yuange, de Chengdu.
Em nome da “promoção da lei”, o plano manda monitorar todas as pessoas que exerçam alguma função na Igreja e obriga instituições religiosas e seminários a abrirem suas contas bancárias.
O plano institui também certificados a serem emitidos pelo governo no Seminário Nacional de Pequim na hora da graduação dos seminaristas em qualquer matéria.
O referido Congresso Nacional de Agentes de Pastoral é composto por bispos, padres e leigos da Associação Patriótica e da Conferência Episcopal em ruptura com Roma. Ele se realiza cada cinco anos.
Em 2010, o Vaticano manifestou “profunda dor” quando se reuniu o 8º Congresso, e alertou o clero e o laicato para não participar dele.
Dom Cosme Shi Enxiang (com roupa de prisioneiro): Pequim esconde o cadáver para evitar multitudinário enterro |
Eles se referem às artimanhas de Pequim com o corpo de Dom Cosme Shi Enxiang, dado como certamente morto no dia 30 de janeiro de 2015, escreveu o Pe. Bernardo Cervellera, especialista em assuntos chineses.
Os parentes aguardam a devolução do cadáver, ou pelo menos as cinzas do bispo, que desapareceu pela última vez em 13 de abril de 2001, quando foi levado pela polícia.
Dom Cosme, de 93 anos, é um bispo “subterrâneo” (proibido pelo regime) de Yixian, província de Hebei. Ele foi conduzido numa Sexta-Feira Santa a um local desconhecido, sem processo nem indiciamento.
Os parentes pediram em vão durante anos notícias à polícia, até que em 30 de janeiro um empregado público de Baoding (Shizhuang) comunicou que o prelado estava morto.
A notícia percorreu toda a China e os católicos falam dele como de um “mártir” ou de um “santo” que passou a metade de sua vida em prisões e campos de concentração por causa de sua fidelidade à fé e ao Papa.
Devido à sua avançada idade, Dom Cosme pode ter morrido em decorrência das condições de insalubridade ou de torturas.
Os católicos de Yixian estavam organizando os funerais, dos quais participariam milhares de pessoas.
A perspectiva do multitudinário enterro apavorou o regime.
A prefeitura disse então que o funcionário que vazou a notícia devia estar bêbado, ou que não entendeu a pergunta ou as palavras que pronunciou.
Anteriormente, outros bispos resistentes – ou “subterrâneos” porque não são aceitos pelo comunismo – tiveram a mesma sorte de Dom Cosme.
Dom João Gao Kexian: a polícia cremou e sepultou o corpo para não deixar vestígios das torturas |
Em 2007, Dom João Han Dingxian, bispo de Yongnian (Hebei), morreu após dois anos de isolamento em cárcere policial. O corpo foi cremado e enterrado sem cerimônia religiosa.
Dom Liu Difen, bispo resistente de Anguo (Hebei), morreu num hospital em 1992. Ele estava preso e a polícia avisou os familiares para que fossem visitá-lo, pois estava “muito doente”. Logo depois da visita, o bispo apareceu morto. Segundo os parentes, no corpo do prelado havia dois furos nos quais se podia enfiar um dedo, sinal de que havia sido torturado.
Dom Giuseppe Fan Xueyan, bispo de Baoding (Hebei), foi preso durante alguns meses em 1992. A polícia comunista devolveu o cadáver, abandonando-o envolto num saco plástico na porta da casa de parentes.
O corpo apresentava sinais de tortura no pescoço (talvez tenha sido enforcado com um fio de ferro) e vários grandes hematomas no peito, na testa e nas pernas.
Dom Fan havia passado quase 30 anos na prisão por se recusar a aderir à Associação Patriótica, autarquia burocrática comunista que mantém boas relações com a Teologia da Libertação e com a CNBB no Brasil. Milhares de fiéis foram ao funeral, apesar da intimidação de muitos soldados.
No dia anterior à morte de Dom Cosme, apareceu em Baoding o “número quatro” do Politburo, Yu Zhengsheng. Ela fora inspecionar a “situação das religiões”, segundo a agência oficial de informações Xinhua.
Foi a primeira vez que um personagem comunista tão graduado foi visto na pequenina Baoding.
Segundo os fiéis, tudo indica que a cúpula do Partido Comunista está preocupada com os abalos sociais que poderiam acontecer quando for anunciada a morte do venerado bispo.
O regime teme sobretudo a publicidade do caso no exterior, no preciso momento em que ele banca de “moralizador” da corrupção em meio a escândalos de membros do partido.
Dom Pedro Fan Xueyan: a polícia devolveu seu corpo num saco de lixo |
Dom Cosme Shi Enxiang nasceu em 17 de abril de 1922 em Shizhuang (Hebei). Ordenado sacerdote em 1947, por não atender às exigências de apostasia de Mao Tsé-Tung e por sua fidelidade ao Papa, foi preso pela primeira vez em 1954.
Em 1957 foi condenado a trabalhos forçados, primeiro na gélida região de Heilonjiang e depois nas minas de carvão de Shanxi.
Foi liberado em 1980, recomeçando seu apostolado. Em 1982, foi sagrado bispo secretamente por Dom Zhou Fangji.
Em 1987 foi posto em prisão domiciliar.
Em 1989, após o massacre da Praça Tiananmen, os bispos “clandestinos” fiéis a Roma foram todos presos, juntamente com muitos sacerdotes.
Em poucas semanas, cinco bispos e 14 sacerdotes “desapareceram” nos cárceres, sendo liberados somente em 1993, após uma campanha internacional de denúncias.
Dom Cosme foi novamente preso em 13 de abril de 2001, não se sabendo desde então mais nada sobre ele, até a dolorosa notícia recente.
Um fiel de Yixian disse à agência AsiaNews: “Nós só queremos seu corpo ou suas cinzas para dar digna sepultura a este mártir da fé”, que passou 54 anos (mais da metade de sua vida) na prisão.
No Vaticano, a Ostpolitik, ou política vaticana de aproximação com os regimes comunistas, tampouco nada sabe a respeito do heroico prelado católico.
CLIQUE PARA AMPLIAR |
Não é uma novidade.
É mais uma cíclica confirmação:
nosso blog "Pesadelo chinês" continua bloqueado pela ditadura comunista na China continental.
A nova e recente confirmação foi fornecida pelo site especializado Blocked in China.
Se o leitor quiser ver como está neste instante o bloqueio de "Pesadelo Chinês", basta clicar neste link: http://www.blockedinchina.net/?siteurl=http%3A%2F%2Fpesadelochines.blogspot.com.br%2F.
Em repetidas ocasiões anteriores recebemos análogo relatório de bloqueio constatado pelo site WebSitePulse especializado em monitorar o funcionamento dos sites no mundo todo, e utilizando o teste Website Test behind the Great Firewall of China.
Eis os resultados de 2008: NOSSO BLOG BLOQUEADO NA CHINA. TESTE CONFIRMA
E os resultados de 2012: "Pesadelo chinês" continua bloqueado na China
O bloqueio acaba redundando numa confissão de impotência intelectual e ideológica. E o fato nos estimula a prosseguir na mesma via.
Pelo menos, enquanto, os "companheiros de estrada" do comunismo chinês mancomunados com ele, como as esquerdas políticas brasileiras e instrumentos da Teologia da Libertação ou afins, não tentem manobras de força liberticidas contra a iniciativa pacífica, ideológica e desprovida de recursos econômicos que é o blog "Pesadelo chinês".
Diversamente do Ocidente, na China o Natal é ocasião de entrada do catolicismo na juventude. |
A prefeitura ordenou que “nenhuma escola de ensino médio, fundamental ou creche pode celebrar atividades ou comemorações relacionadas com o Natal”, e ameaçou com inspeções para surpreender os desobedientes.
O pretexto aduzido foi que as celebrações do Natal são “poluição espiritual ocidental”, informou Zero Hedge.
O fato de fundo é que a província de Zhejiang abriga uma das maiores comunidades de cristãos da China.
O governo está demolindo igrejas e cruzes, e os enfrentamentos entre policiais e fiéis são cada vez mais abundantes e violentos.
O responsável pela educação de Wenzhou, Zheng Shangzhong, disse que essa interdição do Natal visa “reduzir a obsessão das escolas com as festas ocidentais, em detrimento das chinesas”.
Embora Zheng seja comunista, ateu e maoísta, recomendou festas pagãs, como o Festival da Lanterna, o Festival do Barco Dragão e o Ano Novo Lunar.
O anúncio aos pastores, pintura chinesa |
O Natal não é uma festa tradicional da China, mas está penetrando em grandes cidades como Pequim e Xangai.
Nestas se podem ver grandes árvores natalinas e outros enfeites, até mais brilhantes que os de países ocidentais, onde existe a tradição de comemorar o nascimento de Jesus.
Só em Pequim, cerca de 3.000 pessoas, jovens na sua maioria, foram batizadas na noite de Natal.
25 de dezembro é dia de trabalho no país comunista, mas milhares de jovens inclusive não cristãos, assistiram às missas atraídos pelo Natal. Estima-se que muitos deles pediram para aprender o catecismo, ou fazer o catecumenato visando receber o batismo.
China é o maior produtor mundial de enfeites de Natal |
Desde então não se voltou a perguntar sobre o assunto.
Por isso, a autoritária decisão das autoridades socialistas de Whenzou não é considerada um fato singular ou isolado, mas a ponta de um iceberg de dimensões crescentes.
Em Zhejiang, especialmente na cidade de Yiwu, são fabricados cerca de 60% dos enfeites de Natal distribuídos no mundo.
O governo comunista da China está furioso contra os cristãos, escreveu Steven W. Mosher, da agência Aleteia.
Ele está derrubando igrejas, prendendo bispos e líderes “clandestinos” da Igreja Católica e sagrando ilicitamente bispos dóceis ao regime.
A causa mais dinâmica dessa explosão de ódio, intrínseca, aliás, ao comunismo, é o rápido crescimento do número dos cristãos, como vimos comentando longamente em nosso blog.
Hoje os cristãos seriam por volta de 100 milhões. Só os católicos perfazem cerca de 12 milhões. Muitos deles são novos convertidos que, ansiosos por cumprir a Grande Missão, estão evangelizando os seus concidadãos chineses, diz Steven.
Do outro lado, o Partido Comunista tenta recrutar novos membros entre intelectuais, empresários e outras classes anteriormente “suspeitas”, inclusive capitalistas!
Ainda assim, a maioria dos 86,7 milhões de adeptos da “fé” socialista – em boa medida devido aos benefícios auferidos do “partidão” maoísta – já é menos numerosa do que a dos seguidores de Cristo na China.
Os ditadores socialistas querem que o povo só acredite no deus-Partido e nas suas encarnações: os líderes ideológicos e corruptos. Para eles, a atual derrota social é intolerável.
A recente onda de perseguição anticristã tem sua causa no ressentimento e na frustração do chefe, que se pretende todo-poderoso.
A boa notícia é que, mesmo assim, o catolicismo na China está em ascensão.
O articulista narra testemunhos edificantes e animadores da fé católica que ele viu em recente viagem à China.
Um padre católico, pároco nos arredores de uma grande cidade, mostrou-lhe o desenho de uma enorme estátua de Jesus Cristo que ele construirá em segredo. Depois, ele pretende erguê-la na calada da noite sobre um pedestal com vista para a rodovia que passa perto da sua igreja.
“Como você vai conseguir a permissão das autoridades?”, perguntou espantado o jornalista. “É terra da Igreja e não preciso de permissão", respondeu ele com firmeza. É claro que a polícia vai usar de violência. E os fiéis pensam em resistir.
No norte da China, Steven não viu igrejas derrubadas, mas sim construídas. As milhares de igrejas demolidas ou confiscadas por ordem do Partido durante as décadas de cinquenta e sessenta do século passado foram quase todas reconstruídas ou reformadas.
Na igreja paroquial de Dongergou, província de Shanxi, as missas vêm sendo celebradas de modo ininterrupto há mais de 220 anos.
Steven viu os fiéis chegarem meia hora antes, para cantar orações em chinês clássico, compostas centenas de anos atrás. Na hora de começar a missa, a igreja estava lotada.
As novas igrejas foram construídas com ou sem licença do governo. A coragem é grande e se difunde.
Em uma das aldeias, os paroquianos – grande parte dos quais convertidos há pouco – organizavam reuniões de oração e missas ocasionais quando um padre podia estar presente.
O local? Um estábulo abandonado. Steven deu-lhes um donativo para ajudar na construção da nova igreja.
Cinquenta duplas de evangelizadores leigos de certa paróquia viajam de moto todos os domingos pela manhã até as comunidades vizinhas.
Depois de assistirem à missa na igreja paroquial na noite anterior e de receberem uma bênção do padre, eles partem para as aldeias, a quinze, trinta, cinquenta quilômetros de distância.
Eles se reúnem em casas de famílias com pessoas desejosas de conhecer a fé católica, para ler a Bíblia e rezar.
Alguns desses grupos de novos crentes já se tornaram muito grandes para se reunirem na casa de alguém.
Quando o governo local lhes negou permissão para construir uma igreja, eles construíram então um “salão social” que funciona como igreja, embora ainda não consagrada e com outro nome.
Segundo Steven, nas ruas da China se veem muitas pessoas usando cruzes. Se você lhes perguntar, elas vão responder que são cristãs, mesmo que não saibam quase nada sobre a fé.
O número de protestantes na China cresce muito mais rápido que o de católicos, porque a Igreja Católica exige uma adesão muito mais consciente e profunda.
Steven se lembra das faces radiantes das 26 crianças que fizeram a Primeira Comunhão na Catedral da Imaculada Conceição. Todas elas tinham frequentado durante vários meses a catequese, memorizado as suas orações e entendido o significado da Eucaristia.
Vários bispos católicos estão em prisão domiciliar por rejeitarem a autoridade da Associação Católica Patriótica Chinesa (ACP), uma organização de fachada criada pelo Partido Comunista Chinês para monitorar e reprimir os católicos.
Entre eles encontra-se o bispo de Xangai, dom Thaddeus Ma, que está há mais de dois anos em prisão domiciliar no Seminário de Sheshan.
Eu me lembro da face de um jovem padre – “José”, para não revelar seu nome – que planejava ir a Roma para estudar. O governo acha que ele é seminarista, mas “José” foi ordenado por um bispo clandestino e mantém seu sacerdócio em segredo.
São Francisco Xavier morreu olhando para a China, a qual ele desejava, do fundo de seu coração de fogo, conquistar para Jesus Cristo. Não lhe foi possível chegar até lá.
Deus escreve certo por linhas tortas. O sacrifício desse grande santo e missionário jesuíta está sendo premiado em um século cujos horrores ele não poderia imaginar.
Na catedral de Pequim, Steven identificou uma bela representação de Maria com o Menino Jesus.
Ela veste o traje de uma imperatriz manchu (a última dinastia antes da república e do comunismo), enquanto o Menino está vestido como o príncipe herdeiro dessa mesma dinastia, o qual reinará um dia em toda a China.
Reinará porque o verdadeiro catolicismo – aquele que adora o Rei dos reis – sorri de preferência para os reis legitimamente constituídos.
Governo socialista ordenou 'limpar' de cruzeiros o 'horizonte visual' |
Em Jinxi, província de Hunan, o pároco tentou impedir o crime sacrílego, mas foi amarrado e levado preso. Por sua vez, na igreja de Nossa Senhora de Jindezhen, na província de Jiangxi, o pároco foi ludibriado e o guarda noturno raptado, só sendo liberado quando a igreja estava demolida.
Com efeito, agentes de Assuntos Religiosos do governo comunista convocaram o Pe. Dong Guohua, pároco de Jindezhen, para uma ceia onde seria discutida a reestruturação da paróquia de Nossa Senhora.
Como o local do encontro ficava muito longe, após longas conversações os agentes ofereceram ao pároco um quarto para dormir. Qual não foi a sua surpresa quando, acordado à meia-noite por uma chamada telefônica, foi informado de que a igreja não mais existia!
Em relato divulgado pela Internet, o guardião da igreja contou que, enquanto vigiava a entrada da mesma, foi sequestrado por desconhecidos. Após ameaçá-lo, eles o prenderam num carro e o abandonaram na madrugada do dia seguinte longe da igreja.
Quando ele voltou, o prédio sagrado estava em ruínas, os objetos religiosos haviam desaparecido, e o tabernáculo fora sepultado sob o entulho, sendo danificado pelos tratores.
A destruição da igreja de Jinxi foi confirmada pela bem-informada agência UCAN. E também pelo bispo de Changsha, D. Metodio Qu Ailin, que acrescentou novos pormenores ao relato das trapaças do governo comunista.
O pároco preso “foi liberado e os policiais pediram desculpas”. Mas a igreja está no chão e o sacerdote mora numa pensão.
Igreja católica demolida em Wenzhou, província de Zhejiang. |
A campanha anticristã começou após Xia Baolong, secretário do Partido Comunista de Zhejiang, avistar uma igreja em Baiquan, a qual, segundo ele, exibia uma Cruz de um modo “demasiado evidente” e ofensivo à vista. À vista dos socialistas, evidentemente, além da do diabo.
Mas ele caiu de costas quando viu, nas cidades da região, “uma selva de cruzes no horizonte visual”. Então mandou “retificar” essa visão.
A partir daquele momento, esmigalhar cruzes, destruir estátuas e demolir igrejas virou a tarefa mais absorvente do Partido Comunista.
Até o bispo “oficial” Vincenzo Zhu Weifang – nomeado pelo comunismo em violação aos direitos da Igreja –, que se apossou da diocese de Wenzhou (Zhejiang), e seus sacerdotes, também canonicamente ilegais, ficaram tomados de medo pela reação popular.
Por isso estão denunciando o próprio patrão – o governo local – devido a essa campanha de demolições. O prelado ilícito escreveu uma carta pastoral advertindo o governo dos perigos de “aumentar a instabilidade”, refletindo assim o temor de todos eles juntos virem a experimentar a ira do povo indignado.
Violências anti-religiosas não tiram a fé. Na China reforçam a resistência e multiplicam o número de fiéis. |
Wang Zuo'an declarou ao jornal oficial China Daily que será construída uma “teologia cristã chinesa […] adaptada às condições nacionais”, a qual “integrará a cultura chinesa” e será “compatível com o caminho do socialismo” definido pelo Partido Comunista.
Em certo sentido, a proposta faz rir. Pois os ideólogos comunistas não precisam apertar o cérebro para excogitar esse engenho anticristão.
Ele já existe, em várias versões, e foi elaborado por teólogos, bispos e sacerdotes, vários deles hoje bem instalados em Roma. É a Teologia da Libertação.
Ela preenche ao pé da letra as condições exigidas por Wang Zuo'an e o PC chinês. Inclusive oferece um cardápio de correntes internas com diversos matizes para enganar os fiéis.
Porém, o comunismo chinês talvez não seja tão ingênuo assim. Ele pode ter detectado o desprestígio em que essa mal-afamada teologia libertária caiu há vários anos.
E convir-lhe-ia então fingir que criou uma outra, visando aos mesmos objetivos anticapitalistas e de luta de classes com ares teológicos.
O anúncio aconteceu no contexto das crescentes perseguições aos católicos que resistem ao comunismo na China e a certas denominações protestantes e ecléticas.
Como lhes tirar a fé?, perguntam governantes comunistas. Com uma 'teologia da libertação' como no Ocidente!, respondem outros. |
A nova teologia serviria também para aproximar o comunismo chinês das “novas teologias” – aliás bastante decrépitas – que vieram flagelando o catolicismo nas últimas décadas.
A derrubada ou a amputação de dezenas de igrejas e locais de culto, especialmente em Wenzhou, não está sendo suficiente para abafar a expansão do número dos seguidores de Jesus Cristo.
Essa expansão, segundo “Le Figaro”, causa crispação nos dirigentes chineses. Eles apelariam agora para uma reedição da “teologia” que fez com que inúmeros fiéis abandonassem a Igreja no Ocidente.
Seminaristas de Pequim |
Para essa Missa estava anunciada a participação do bispo excomungado Joseph Ma Yinglin, cuja sagração em 2006 fora feita à revelia da Santa Sé. O regime o impôs então como bispo de Kunming, e o empossou em 2010 como reitor do seminário.
Diante dos veementes protestos dos seminaristas, a direção do Seminário propôs o bispo Giovanni Fang Xingyao, presidente da Associação Patriótica, inventada pelo governo para controlar a Igreja Católica.
Dom Fang é bispo da diocese de Linyi. Sagrado em 1997 com aprovação da Santa Sé, ele foi aos poucos se aproximando do governo socialista e submetendo-se a ele.
Também essa proposta inaceitável foi recusada pelos seminaristas, pois Dom Fang participou de várias sagrações ilícitas.
Uma fonte do Seminário Nacional citada sob anonimato pela agência UCAN contou que o bispo excomungado nos anos anteriores não se apresentou para a Missa e só mandou entregar os certificados de fim de curso.
O próprio bispo ilegal não queria a cerimônia, mas foi constrangido por “superiores”, leia-se pelo governo socialista.
Afinal não houve cerimônia, e em represália os seminaristas não receberam os diplomas, ficando adiados os cursos para sacerdotes e religiosos.
Não é a primeira vez que os seminaristas de Pequim se insurgem contra os ex abruptos despóticos da Associação Patriótica. Em janeiro de 2000, todos os estudantes do Seminário Nacional – mais de 130 – se negaram a participar de uma sagração ilícita de cinco bispos alinhados ao governo.
A cerimônia na catedral da Imaculada Conceição de Pequim devia ser um golpe propagandístico do regime, mas resultou num fracasso pela ausência de fiéis e a deserção dos seminaristas.
Naquela ocasião, todos os estudantes foram mandados de volta para casa sem direito de voltar ao seminário.
Em carta aberta, os seminaristas explicaram seu gesto: “Não queremos ir contra o Papa; ainda que fiquemos impedidos de ser sacerdotes, conservaremos a alma pura, em comunhão com a Igreja universal e unidos no amor de Cristo”.
Também os seminaristas de Xangai se opuseram à presença de bispos canonicamente ilícitos na sagração do bispo auxiliar D. Ma Daqin. Este heroico bispo, logo após a sua sagração, enquanto ainda estava no recinto da catedral, renunciou à Associação Patriótica.
Por isso foi preso imediatamente, encontrando-se desde então em prisão domiciliar no santuário mariano de Sheshan e impedido de exercer seu ministério.
Os seminaristas de Xangai foram expulsos em bloco e o seminário diocesano foi fechado pela ditadura comunista.
A bem informada agência AsiaNews noticiou que centenas de cristãos de uma cidade perto de Wenzhou lutaram durante horas contra policiais que queriam arrancar o símbolo da Redenção do alto da igreja.
Alguns fieis foram socados, receberam pontapés e porretadas.
Após horas de confronto, a polícia desistiu. Mas voltou num horário tardio da noite para tomar conta da igreja e tirar a Cruz pela força.
O Partido Comunista da região de Zhejiang lançou a campanha “Três revisões e uma demolição”.
O objetivo seria corrigir os prédios construídos fora do Plano Diretor da cidade.
Mas, de fato, a campanha visa destruir em grande escala as igrejas cristãs que florescem por toda parte na província, apelidada de ‘Jerusalém do Oriente’.
A agência AsiaNews elaborou uma lista com fotos de 64 igrejas destruídas ou com as cruzes arrancadas por essa campanha persecutória que se está estendendo a outras províncias da imensa China.
CLIQUE AQUI para ver a lista das igrejas demolidas.
No povoado de Guangtou (Beibaixiang, Yueqing, Wenzhou), em 11 de junho (2014), a comunidade cristã local foi notificada que a grande Cruz sobre sua igreja seria removida pelas autoridades.
Os fiéis intuíram a hipocrisia e guardaram a igreja dia e noite. Naquele dia funcionários e policiais de choque chegaram à Igreja às 5 horas da manhã para completar seu diabólico plano.
Os fiéis presentes deram o sinal de alerta e em pouco tempo pelos menos 200 aldeões se concentraram na praça da igreja e cortaram a energia elétrica, inviabilizando assim o uso dos equipamentos de demolição ou motosserras.
Os fieis também interpuseram seus corpos diante dos policiais, recebendo toda espécie de golpes. Vários resultaram feridos e ficaram sangrando no chão.
Porém, a resistência foi tão forte que a polícia abandonou o local.
Os temores dos cristãos se confirmaram quando as tropas voltaram mais fortes e agressivas para completar a ordem da ditadura anticristã.
A igreja foi construída em 2006 com todas as aprovações e licenças das autoridades.
Mas o governo socialista de Zhejiang tergiversa, dizendo que as igrejas demolidas são prédios ilegais.
Mas, segundo a opinião generalizada em Whenzou, na China e no exterior, o Partidão está preocupado com a grande expansão do cristianismo na região.
Via Sacra demolida em Longgang |
As grandes estátuas de Jesus, de Nossa Senhora e de São José, que pesavam cada uma perto de cinco toneladas, foram vedadas com tijolos em volta, para não poderem ser vistas nem cultuadas pelo povo. Outras imagens foram removidas com maquinarias e toda a decoração das cenas da Paixão foi sumariamente demolida, informou a agência UCA News.
Por volta de 100 católicos compareceram às pressas e entoaram hinos de reparação, sem poderem conter as lágrimas.
“A conduta das autoridades relembra a demolição das propriedades da Igreja durante a Revolução Cultural”, disse um membro da comunidade católica, que pediu para seu nome não ser divulgado de medo da repressão, acrescentou UCA News.
O atentado começou à noite para não atrair resistências e aconteceu 48 horas após equipes de demolição arrasarem um templo protestante na mesma cidade. Até instantes antes das destruições as autoridades comunistas negavam que estivesse em curso um plano de destruição dos templos cristãos.
Wenzhou transformou-se num símbolo da resistência à política de extinção da religião do Partido Comunista. Veja mais em:
* O “cometa cristão” está ficando grande e incontrolável na China;
* Jesus é mais procurado nas redes sociais chinesas que Mao ou o PC
* Cristãos da China poderão ser em breve os mais numerosos do mundo
O jornal britânico “The Telegraph” compilou uma lista com os nomes de mais de 20 igrejas que sofreram ou aguardam uma próxima demolição.
Templo demolido com explosivos, fiéis dispersados com violência pela polícia |
Na mesma semana quatro católicos foram surrados e feridos por agentes governamentais em Wenzhou, sob o pretexto de que atrapalhavam a demolição forçada de uma igreja.
Enquanto isso, a propaganda oficial do governo espalha cinicamente: “Há muitos cristãos e nós lhes concedemos grande dose de respeito pela liberdade de religião”. A frase é tirada de uma declaração de uma autoridade comunista ao jornal governista “Global Times”.
Porém, em discurso no Partido Comunista, Feng Zhili, presidente do Comitê Comunista para Assuntos Religiosos e Étnicos de Zhejiang, se queixou de que o cristianismo está ficando “demasiadamente excessivo e incontrolável”.
O temor é de que os chefes socialistas de Pequim estejam preparando uma campanha nacional de perseguição às igrejas “ilegais”, para exigir delas submissão ao controle do Partido Comunista.
O governo revida dizendo que os fiéis “estão espalhando rumores online” pelas redes sociais e “incitando reuniões ilegais dentro de prédios ilegais”.
Artifícios criminosos dos perseguidores de Cristo de hoje e de sempre.
Afluência de fiéis enche templos cristãos e tira o sono do socialismo |
Um pouco por toda parte se erguem novos templos coroados por uma Cruz, indicadores dessa conversão religiosa.
Em meio às incessantes convulsões revolucionárias em mais de meio século de ditadura comunista, os chineses estão encontrando no Evangelho e na Cruz de Cristo o cais de paz e segurança espiritual de que sentiam falta. E este fenômeno interior é incontrolável pela polícia e pelas organizações do Partido ditatorial.
“É uma coisa maravilhosa ser um seguidor de Jesus Cristo. Traz uma grande confiança”, explicou Jin Hongxin ao jornalista de “The Telegraph” de Londres, enquanto contemplava uma grande cruz dourada na Semana Santa.
Parafraseando Tertuliano, quiçá sem sabê-lo, Jin disse: “Se todo o mundo na China acreditasse em Jesus, então não haveria mais necessidade de postos policiais. Não haveria mais bandidos e, portanto, não haveria mais crimes”.
Fenggang Yang, professor de sociologia na Universidade Purdue, nos EUA, e autor do livro Religião na China: sobrevivência e renascimento sob o comunismo”, explica:
“Pelos meus cálculos, a China vai se tornar o país com maior população cristã no mundo. E isto vai acontecer muito cedo. Em menos de uma geração (25 anos). Poucas pessoas estão preparadas para lidar com esta mudança drástica”.
À sombra do “cerne duro” da Fé de Jesus Cristo constituído pela resistência católica ao comunismo, o protestantismo chinês se beneficia. Ele passou de um milhão de seguidores antes da revolução maoísta a mais de 58 milhões hoje, segundo os números do Pew Research Centre's Forum on Religion and Public Life.
Católicos na China formam o núcleo mais temido pela ditadura socialista |
Ainda segundo o professor Yang, por volta de 2030, incluindo os católicos, o total da população cristã chinesa superaria 247 milhões, um número bem acima do México, do Brasil e dos EUA, que têm as mais numerosas concentrações de católicos no mundo.
“Mao acreditou que conseguiria eliminar a religião Ele até achou que o tinha obtido”, comenta o professor Yang. “Mas é irônico, ele não conseguiu. E, no momento atual, fracassou completamente”.
A perseguição socialista não tem diminuído, mas está perdendo o controle. Em inúmeros lares, milhões de pessoas leem em conjunto a Bíblia e praticam atos de piedade.
Estas “igrejas domésticas” são ilegais e “subterrâneas”. Não têm pastores nem licença do Estado e congregam o maior número de neófitos. Essas pessoas caminham para ingressar de cheio na Igreja de Jesus Cristo.
Os frequentadores de templos abertos são espionados regularmente. A polícia instala acintosamente câmaras de vídeo dentro dos templos para intimidar os pregadores.
“Eles querem que o pregador fale de modo comunista. Eles querem que o povo pratique a religião no espírito comunista”, disse um pregador doméstico improvisado.
Obviamente, o regime chinês incumbiu diversos representantes acadêmicos e políticos de contestar os números e projeções do professor Yang.
Velório do Cardeal Joseph Fan Zhong-Liang, arcebispo de Shangai. Sofreu décadas em campos de concentração e prisões. |
O temor do socialismo diante de um inquérito ou censo sério e confiável, abona as hipóteses que falam de um crescimento forte do cristianismo que o governo não quer reconhecer. Muitos outros indícios que abordamos em outros posts deste blog, apontam no mesmo sentido.
A Bíblia é tida oficialmente como um livro subversivo. E quando o livro de Daniel diz que o profeta recusa obedecer às ordens de um rei que vai contra Deus, o regime acha que isso é “muito perigoso”.
Acumulam-se tempestades no horizonte religioso chinês, incluindo grandes lutas entre os seguidores de Jesus Cristo e os adeptos do Partido Comunista.
Nesse confronto, é provável que os chineses que procuram sinceramente a Verdade, acabem encontrando a única verdadeira Igreja de Jesus Cristo: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
que Mao ou o PC
Quadro comparativo das procuras em 3 de abril 2014. CLIQUE PARA AMPLIAR |
Bethany Allen, do Foreign Policy Magazine, saiu em busca dos nomes mais procurados na maior rede social chinesa no dia 3 de abril.
A procura da palavra “Bíblia” resultou em mais de 17 milhões de resultados. Porém, a “bíblia do comunismo chinês”, quer dizer, o “Livro Vermelho” de Mão Tsé-Tung, rendeu menos de 60 mil.
O nome do novo ditador-presidente “Xi Jinping” apareceu quatro milhões de vezes, cifra decepcionante diante dos quase 18 milhões de resultados para “Jesus”, fundador da religião mais perseguida na China.
O mais incrível é que o Partido Comunista chinês vasculha todas as mensagens com um exército de cem mil censores e faz desaparecer as que falam de pessoas ou nomes “politicamente incorretos” como Bíblia e Jesus Cristo.
Jesus Cristo na arte chinesa |
Mas se alguém digitar “igreja subterrânea”, como é conhecida a Igreja Católica fiel à Santa Sé e oposta ao socialismo, a tela apresenta um “brancão” com a mensagem de que os resultados não podem ser exibidos devido a leis e regulamentos do marco legal chinês.
O desinteresse pela ideologia comunista e a avidez pelo cristianismo explica estes resultados até há pouco inimagináveis.
Os resultados recolhidos pela colunista do Foreign Policy Magazine não têm obviamente caráter científico. E devem mudar muito segundo as épocas do ano.
Acresce que após a publicação dessa reportagem, o exército de censores do governo pode ter redobrado as interceptações, tornando-as mais específicas.
Porém, na China ficou incontestável que os cidadãos querem ouvir mais sobre Cristo e sua pregação do que sobre Mao e suas teorias igualitárias e ditatoriais.
Escudo humano para defender igreja em Sanjiang, antes de ser dinamitado. |
Autoridades do Partido Comunista da província oriental de Zhejiang negaram que estivesse em curso uma “campanha de demolição” de igrejas no país.
Porém, simultaneamente, testemunhas denunciaram que cerca de doze já haviam sido demolidas ou perdido suas cruzes
Em outras igrejas, os responsáveis receberam intimação para tornarem “menos conspícua” a presença dos templos, por exemplo desligando as luzes durante a noite.
O fato é que os responsáveis religiosos acusam os líderes comunistas dessa rica província de “grave interferência” nos assuntos da Igreja, agindo de acordo com uma campanha orquestrada.
No início de abril, cristãos afluíram em massa à igreja de Sanjiang, no importante porto de Wenzhou, cidade também conhecida como a “Jerusalém do Oriente”, porque tinha sido anunciada sua demolição, noticiou “The Telegraph” de Londres.
Governo derruba com bulldozer igreja declarada 'ilegal' |
O paroquiano Li Jingliu declarou: “Eu defenderia a igreja até o fim dos fins, sem temer feridas ou morte”.
“Eles dizem que a Santa Cruz sobe muito alto e viola o código de construção. Claramente é um pretexto para pôr abaixo as igrejas”, explicou um sacerdote de Wenzhou.
Vendo o tamanho da reação, as autoridades desmentiram o anúncio da destruição.
Porém, não muitos dias depois, quando a reação acalmou, a polícia irrompeu brutalmente no local, dispersou os civis desarmados e dinamitou o templo.
Feng Zhili, presidente do Comitê comunista para Assuntos Religiosos e Étnicos de Zhejiang, apontou o crescimento do cristianismo na região como culpado de “atritos sociais”, obviamente não explicados.
O prédio depois de dinamitado |
Em Wenzhou, um milhão dos nove milhões de residentes professam alguma forma de cristianismo repudiada pelo comunismo.
Quem e quantos são esses cristãos tão temidos pela maior ditadura da Terra?
A estrutura do cristianismo chinês pode ser comparada à de um cometa. O cerne duro é composto pelos católicos que resistem ao comunismo e se mantêm fiéis a Roma, contra todas as vicissitudes em contrário.
Também são chamados de católicos “subterrâneos”, pois não são reconhecidos oficialmente. Eles somam vários milhões.
Colados neles estão os católicos “patrióticos”, isto é, católicos moles que preferem claudicar na fé por oportunismo. Eles se submetem a uma entidade espúria denominada Associação Patriótica, criada pelo comunismo para jugular todo o catolicismo.
Povo defende templo de Sanjiang, antes do socialismo dinamitar |
Não há e não pode haver estatísticas oficiais. Mas se fala habitualmente entre seis e 14 milhões de católicos, embora o número possa ser maior.
Na cauda do catolicismo há um grande número de protestantes que entram em fácil composição com o comunismo, não apresentando em geral maiores resistências à ditadura, que não os teme como aos católicos.
Formando uma cauda ainda maior e menos consistente estão os cristãos ditos “sincréticos”. Seus pregadores leem o Evangelho nas casas e fazem misturas com outras crenças, a gosto do consumidor. São, em geral, os que menos preocupação causam aos inimigos de Jesus Cristo.
Mas acontece que esse cometa de densidades diversas – desde o centro católico autêntico, aquecido pelo Espírito Santo, até a cauda mais frouxa – já soma mais de 85 milhões de aderentes, quiçá cem milhões.
E isto num momento em que, segundo a ortodoxia oficial, os mitos religiosos deveriam estar completamente desenraizados do povo!
Prédio religioso reduzido a escombros. |
O crescimento do “cometa cristão” enlouquece as autoridades comunistas que, não conseguindo convencer os cristãos à apostasia, hostilizam suas igrejas e práticas com discutível sucesso.
As estimativas apontam que cada dia entre 3.000 e 10.000 chineses aderem ao “cometa cristão”, segundo o site britânico Christian Today.
O novo presidente Xi Jinping faz apelos constantes no sentido de voltar ao entusiasmo do comunismo ortodoxo de Mao Tsé-Tung, mas não está sendo muito ouvido, nem mesmo nas fileiras do Partido Comunista.
Mais recentemente, ocorreu-lhe chamar os chineses para o velho paganismo que Mao também tentou erradicar. Ele disse que a China “está perdendo seu compasso moral” e chegou a propor um retorno às “crenças tradicionais” pagãs como o budismo, o confucionismo e o taoísmo, que “poderiam ajudar a preencher o vazio que permitiu a floração da corrupção”.
A agência Reuters reproduziu esses propósitos do líder comunista citando fontes próximas à chefatura suprema do país, escreveu “The Telegraph”.
O “cometa cristão” não deixa de crescer e atrapalhar os promotores do ateísmo explícito ou dissimulado.
Pe. Raymond J. de Souza |
A situação se põe assim: Dom José Fan Zhong-Liang SJ, último bispo legítimo de Xangai, morreu há pouco em prisão domiciliar, aos 97 anos de idade, após passar mais de 50 anos num campo de concentração (laogai em chinês).
O governo proibiu que ele fosse enterrado segundo o ritual próprio a um bispo.
Dom José viveu como morreu: na paz de Deus, numa recusa absoluta de qualquer forma de submissão à chefatura comunista de Pequim, e em estrita fidelidade ao Papa.
Com esta heroica passagem à eternidade, a diocese de Xangai – talvez a mais importante da China – completa 60 anos sem bispo em funções.
Essa tragédia teve início em 1955, quando o regime maoísta, temendo a livre prática do catolicismo – temida em geral por todos os tiranos de ontem e de hoje – prendeu o então bispo da cidade, D. Inácio Kung Pin-Mei, e por volta de 200 sacerdotes e líderes católicos.
Alguns meses depois, D. Inácio Kung foi levado ao estádio da cidade para um julgamento-show. Com as mãos amarradas às costas, ele foi empurrado até um microfone e constrangido a “confessar seus crimes ao povo”.
Cardeal Inácio Kung Pin-Mei, arcebispo de Shangai resistiu heroicamente ao comunismo |
Imediatamente foi levado embora e mantido preso durante mais de cinco anos, até chegar um novo julgamento.
Em 1960, o regime comunista já tinha montado uma “Associação Católica Patriótica”, a qual mantém boas relações com associações do exterior, entre elas a CNBB brasileira.
Os asseclas desse grupo usufruem de algumas liberdades para praticar o culto, após adotarem o socialismo, romperem com o Papa e reconhecerem o governo comunista e anticristão como único chefe da Igreja na China. Obviamente, isso equivale a um cisma.
Foi essa espúria associação que julgou D. Inácio Kung. “Eu sou um bispo católico romano” – respondeu D. Kung a seus carrascos, usando desta vez vestimentas eclesiásticas.
“Se eu repudio o Santo Padre, não somente deixaria de ser bispo, mas sequer seria católico. Os senhores podem cortar minha cabeça, mas eu nunca porei de lado meus deveres”, respondeu o heroico prelado diante dos vendilhões.
O preço humano foi alto: D. Kung “desapareceu” por mais 25 anos.
Acabou sendo sentenciado à prisão perpétua e nem mesmo seus familiares podiam visitá-lo ou escrever-lhe cartas.
Cardeal Joseph Fan Zhong-Liang, recentemente falecido |
Porém, em 1988 D. Kung foi liberado, exilando-se nos EUA sob o pretexto de doença. Ele viveu e morreu em Connecticut no ano 2000, com 97 anos de idade.
A “Associação Patriótica” tinha outros planos. Ela fez sagrar sacrilegamente Aloísio Jin Luxian como bispo do regime em Xangai.
A Santa Sé nunca reconheceu a legitimidade da eleição e designou como bispo legítimo D. Joseph Fan Zhong-Liang, sucedendo a D. Kung.
D. Joseph Fan foi sagrado clandestinamente em 1985. Ele já tinha passado 30 anos nos campos de concentração.
Todo seu ministério episcopal em Xangai transcorreu em prisão domiciliar, inclusive quando D. Kung havia sido posto fora do país.
Em 2013 faleceu Jin, o bispo progressista e filocomunista. Mas em 7 de julho de 2012 havia sido sagrado um sucessor para esse mau bispo.
D. Tomás Ma Daqin agora em prisão domiciliar |
Porém, durante a cerimônia de sagração, D. Ma anunciou que ele não mais faria parte da associação criada pelo governo comunista.
Não dia seguinte ele foi preso e até hoje permanece em “prisão domiciliar”.
O compromisso da política vaticana com o comunismo não tinha adiantado de nada.
Com a morte do bispo-fantoche Jin e do digno e legítimo bispo D. Fan, a grande diocese ficou sem pastor, cumprindo-se em 2015 o 60º aniversário da decapitação da vida católica em Xangai.
Comunistas e eclesiásticos vaticanos modernizados podem tentar tudo.
Mas o Espírito Santo é infinitamente mais forte do que todos eles, e fala mais fundo nas almas. E o povo de Xangai percebe entusiasmado de que lado está Deus.
Arcebispo de Shangai Aloisio Jin Luxian, falecido em abril 2013 |
A comunidade católica de Xangai reúne 150 mil fiéis, segundo o governo, mas os sacerdotes julgam que é o dobro disso.
O bispo de Xangai, Dom Aloísio Jin Luxian, faleceu no último mês de abril aos 96 anos de idade. E no dia 7 de julho aquele que caminhava para ser seu sucessor, o bispo auxiliar Dom Tadeo Ma Daqin, foi desaparecido pela polícia comunista.
Dom Tadeo Ma parecia encarnar o enganador sonho de uma conciliação entre a ditadura de Pequim e a diplomacia da Santa Sé, conhecida como “Ostpolitik”.
Ele estava inscrito na Associação Patriótica – espécie de cúpula eclesiástica ilegítima controlada pelos ditadores de Pequim.
Dom Tadeo Ma, momentos antes da polícia fazê-lo "desaparecer" |
Desde então ele é mantido em prisão domiciliar num seminário nos subúrbios da grande Xangai.
Sem bispos legítimos, a mais rica e mais importante diocese católica da China jaz envolta na incerteza.
Os fiéis se sentem “em estado de choque, aflitos e ansiosos”, diz o Pe. Michael Kelly, diretor da agência de notícias UCA News, uma das mais bem informadas sobre os assuntos católicos na Ásia.
“É o pior dos momentos... não sabemos qual será o próximo passo do governo. Não sabemos qual será o próximo passo da comunidade... Só Deus sabe o que acontecerá.”
“Neste país, você não ama o país se não ama o Partido Comunista. E muitos católicos chineses amam o país, mas não amam o Partido.”
A confusão estabelecida reaviva a memória da noite de 8 de setembro de 1955, quando agentes comunistas prenderam e aprisionaram os líderes católicos, inclusive ao bispo D. Jin, que acabou passando 18 anos atrás das grades e trabalhando em campos de concentração.
A atitude intrépida e a resistência de D. Tadeo ao comunismo deixaram os tiranos loucos de furor. Eles não querem mais saber de nenhuma ordenação, com medo de a cena voltar a se repetir.
Semana Santa na China |
A crise é agravada pelo fato de a Associação Patriótica proceder à sagração de quatro bispos sem a aprovação do Vaticano. Todos eles incorreram em excomunhão imediata e estão suspensos de ordens, mas ocupam ilegalmente as dioceses. Eles são repudiados pelo povo, mas sustentados pelo governo.
“Não há solução à vista para a presente confusão”, diz o padre belga Jeroom Heyndrickx, diretor do Instituto Verbiest da Universidade Católica de Louvain, partidário ardoroso do diálogo Pequim-Santa Sé, que acabou dando em renovada perseguição.
Dom Tadeo poderá ficar condenado a passar o resto de sua vida no isolamento. Mas sacerdotes e fiéis veem a atual provação como uma ocasião de “renovação”. Pois, dizem eles, “temos que amar as dificuldades. Nós sabemos que a dificuldade e a perseguição alimentam nossa esperança”.
“Se a Igreja não passasse por provações e desafios, não existiria Igreja nenhuma. Nós somos cristãos. Nós temos fé. Nós podemos esperar.”
Ex-prisioneiros de 'campos de reeducação pelo trabalho' |
Zhu falou à imprensa com o olhar perdido. Ela não consegue explicar sua história sem dar saltos no tempo, após tantos traumatismos.
Ela relembra os 13 dias que permaneceu com os braços atados em um ângulo de 90 graus, ou os seis meses em que viveu enclausurada em um cubículo, na mais absoluta escuridão, que também era sua latrina.
Seu crime foi tentar ajudar seu irmão. Desesperado, ele pedira um adiantamento a seu chefe, que considerou uma ofensa e o denunciou à polícia, que o enviou a um campo de reeducação.
Zhu quis saber o acontecido e também foi mandada a uma dessas prisões.
Shen Lixiu, 58, teve arrancados os dentes com socos em 'campo de reeducação pelo trabalho' |
“Estou aqui para que o mundo conheça os maus-tratos neste campo”, conta Zhu à Agência Efe. Ela estava junto com cinco companheiras que decidiram falar com a imprensa estrangeira.
Wang, 56, teve que sobreviver a uma operação sem anestesia e em condições “insalubres”, na qual o médico, para torturá-la, fez um enxerto em seu pescoço com algodão, o qual carrega até hoje.
“Quero retirá-lo diante de uma organização de direitos humanos para mostrar o lado obscuro da China”, explica.
O governo de Xi Jinping anunciou o fechamento dos campos de reeducação e suas vítimas tomaram coragem para falar.
Essas vítimas não acreditam muito na promessa do ditador socialista. “Há muita corrupção”, defende Xue Ling, uma mulher de 54 anos que saiu de Masanjia com as feridas ainda sem cicatrizar. Xue teve parte do ovário extirpado “por engano”.
Organizações de direitos humanos e advogados do país já alertam contra a enganação oficial.O vice-ministro de Justiça, Zhao Dacheng não soube responder o que farão com as pessoas que, até agora, eram enviadas aos campos de reeducação.
Eles denunciam o “novo sistema de correção por bairros”, um antigo método do governo para “reinserir na sociedade” cidadãos que cometeram delitos menores.
Tang Shuxiu, 51, foi enviada a um
'campo de reeducação pelo trabalho' porque se queixou
de não ter recebido o apartamento prometido
“Pode derivar em mais ilegalidades, em forçar as pessoas a ficarem 'semidetidas' sem direito a julgamento”, comenta o letrado Ding Xikui, próximo à família do Nobel da Paz Liu Xiaobo, preso desde 2009.
Esta falta de concretização é o que suscita dúvidas, enquanto vão aparecendo informações que abrem a porta para novas atrocidades.
O problema é que poderão internar qualquer pessoa nesses centros por uma suposta toxicomania, comentou Maya Wang, da Human Rights Watch.
“Qualquer desculpa serve”, explicam as mulheres de Masanjia, que são mantidas temporariamente nas chamadas “prisões negras” cada vez que o Partido realiza uma importante reunião na capital.
A carta apelo do prisioneiro torturado diz, entre outras coisas, que além das violências, trabalham sem cessar "quase sem pagamento" isto é, recebem 10 yuan por mês = R$ 3,89 !!! |
Julie Keith, uma mãe do Oregon (EUA), enregelou-se ao encontrar uma carta meticulosamente oculta dentro de um pacote para Halloween “made in China” que ela comprou na loja Kmart.
Grafada num inglês trêmulo, a mensagem imergiu-a num cenário de horror pelo qual ela jamais imaginaria que pudesse passar.
O autor estava preso num campo de trabalho forçado em Masanjia, no norte da China, trabalhando 15 horas diárias durante toda a semana sob o látego de desapiedados guardas.
“Se você comprar este produto, por favor, mande esta carta para a Organização Mundial de Direitos Humanos”, leu Julie. “Milhares de pessoas na China, que sofrem a perseguição do Partido Comunista, ficar-lhe-ão gratas para sempre”.
Quanto ao preço que os comunistas pagam por sua liberdade e pela dos demais presos, Zhang diz na carta que é “quase não pagamento”, pois os 10 yuans mensais por ele referidos equivalem a 3,89 reais!
Julie encaminhou ao governo esta carta que era mais um dramático apelo à comunidade internacional para a realidade do regime escravagista chinês encravado na “reeducação através do trabalho”. A reportagem é do influente “The New York Times”.
Na realidade, a carta provinha de uma das tantas colônias penais onde não se sabe quantos críticos do governo, religiosos, simples cidadãos “caçados” para completar o número de trabalhadores e pequenos criminosos podem passar quatro anos sem julgamento segundo a lei. A galáxia do horror.
Fato singular: Zhang, 47 anos, ex-detento de Masanjia, confessou recentemente ser o autor da carta. Reconheceu que essa foi uma das mais de 20 cartas que na fábrica-prisão onde se achava confinado ele colocou em produtos destinados ao Ocidente.
Julie Keith não podia acreditar: a tragédia entrou em seu lar num produto "made in China" |
A morte de colegas por suicídio ou doenças fazia parte do pão quotidiano.
“Às vezes os guardas puxavam-me pelos cabelos, colavam na minha pele barras ligadas à eletricidade, até que o cheiro de carne queimada enchia a sala”, disse Chen Shenchun, 55, que passou dois anos num desses campos.
A maioria dos escravos-operários de Masanjia foi presa por causa de sua crença. Mas o regime os mistura com prostitutas, drogados e ativistas políticos. As violências se concentram naqueles que se recusam a renegar sua fé.
Os chefes do campo de concentração não atendem pedidos de entrevista. Também os guardas temem abrir a boca. Um deles respondeu segundo a cartilha oficial: “Não há prisioneiros aqui. São todos estudantes.”
Tampouco quiseram dar entrevista os executivos da Sears Holdings, dona da loja Kmart que vendeu o pacote com a carta. Afinal de contas, ficam parecendo escoadouros de um negócio sinistro.
Um porta-voz da empresa declarou que a investigação interna realizada após a descoberta da carta nada teria encontrado no sentido do uso de trabalho escravo nos produtos que vende. A falta de transparência informativa da empresa ficou pior quando o referido porta-voz se recusou a dar o nome da fábrica chinesa envolvida no caso.
Zhang estava proibido de ter canetas e papéis, mas surrupiou-os num escritório enquanto fazia limpeza.
Sede de comando do campo de concentração de Masanjia |
Julie conta: “Quando abri a caixa e minha filha encontrou a carta, duvidei que fosse verdade. Mas então pesquisei no Google ‘Masharjia’ e vi que esse não era um lugar legal” – declarou.
Ela repassou a carta a um órgão governamental americano. A matéria é explosiva e a administração Obama adota uma atitude de subserviência diante das práticas inumanas chinesas.
No fim, um porta-voz do governo defendeu que casos complicados como esse levam muito tempo para serem averiguados.
Ou seja, é para nunca serem esclarecidos e nenhuma decisão proporcionada ser adotada.
Como no caso de Zhang...
Da próxima vez que o leitor for comprar algum produto chinês, pense na tragédia que pode estar levando para casa.
Pároco da igreja São Francisco Xavier, Tijuca, Pe. José Li Guozhong assistiu peregrinos 'clandestinos' |
Alguns deles vivem proibidos de ver até uma simples foto do Papa. Eles foram recebidos, segundo o organograma, na Paróquia Divino Espírito Santo, no Maracanã, noticiou “O Globo”.
Eles vieram misturados com católicos de Hong Kong, Taiwan e Macau, onde o catolicismo é tolerado. Eram peregrinos “clandestinos” vindos da China continental, desafiando a repressão e a punição do Partido Comunista.
O socialismo é de tal maneira asfixiante e implacável que esses heroicos fiéis ficaram acostumados a desconfiar de tudo e de todos: não diziam seus nomes e não permitiam a divulgação de fotos.
Catolicismo sincero só na clandestinidade |
Além disso, essa Associação Patriótica recebe também fraternal acolhida na CNBB e em seus congêneres ‘progressistas’ no mundo. Mas os verdadeiros católicos, que são fiéis ao Papa, não conseguem sequer sonhar com isso.
Os componentes de um grupo deles lutaram para chegar ao Rio e tentaram aproveitar ao máximo a liberdade religiosa do Brasil. Participam de catequeses e missas em mandarim.
Alguns eram catecúmenos e sequer haviam sido batizados.
O padre José Li Guozhong, da Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca, chinês que vive no Brasil há 30 anos, calculou que cerca de 70 peregrinos da China continental vieram até o Rio.
Procissão religiosa "clandestina" para não ser proibida pela policia |
“Participei de uma procissão de uma igreja para outra em São Paulo, na semana passada. Vi os policiais ajudando, abrindo o caminho. E lembrei-me da Igreja na China. Rezo muito para que isso aconteça um dia na China. Lá a polícia nos prenderia”, disse a peregrina por meio do Pe. Li, que fazia de intérprete.
Há entre 12 milhões e 15 milhões de católicos na China, mas quase a metade é ilegal, ou seja, resiste à “igreja” progressista pró-comunista.
Cardeal Joseph Zen |
Os peregrinos chineses queriam tirar fotos com o arcebispo emérito de Hong Kong, cardeal D. Joseph Zen, 81, que é muito crítico do regime marxista e da política de aproximação vaticana com esse regime – a “Ostpolitik”.
O Cardeal definiu com lacônica e dolorosa expressão a situação do catolicismo chinês:
“Não há liberdade na China, é isso”, dando o nome de bispos desaparecidos no país.
Os fiéis clandestinos não participavam da alegria fácil do espetáculo da JMJ, mas no fundo da alma a graça deleitava seu espírito com a aspiração cheia de fé de que um dia vindouro o catolicismo triunfará na China.
Procissão aconteceu sob ameaças e intimidações |
A polícia impediu que os peregrinos se unissem aos moradores da cidade na comemoração em honra de Nossa Senhora.
As forças da repressão bloquearam as estradas que servem de aceso à cidade com homens armados dia e noite.
Ainda assim os engenhosos católicos chineses continuaram comemorando a festa com uma procissão solene diante o santuário.
Donglu, na diocese de Baoding, província de Hebei, tem 10.000 habitantes e se encontra a poucas horas de carro de Pequim.
90% da cidade é católica. Um fiel comentou que “a polícia impede o acesso às pessoas de fora no mês de maio todos os anos”.
Entretanto, os habitantes da cidade acossada sustentam que “os milagres se repetem sem parar” no local.
Policiais vigiam peregrinos na cidade de Donglu |
Na China durante o ano 1900, houve três aparições de Nossa Senhora.
Em Pequim Ela se fez ver acompanhada pelo arcanjo São Migue e circundada por muitos anjos.
A segunda aparição aconteceu na aldeia de Santai durante a revolta dos nacionalistas antiocidentais boxer e a terceira aconteceu em Donglu, considerada um dos bastiões da Igreja Católica no país.
Naquela ocasião, uma belíssima Senhora apareceu no céu, no momento em que os fiéis imploravam o auxílio de Nossa Senhora para protege-los contra 10.000 ferozes boxers que atacavam a cidadezinha porque era católica em virtude do apostolado dos missionários vicentinos vindos de Ocidente.
A chusma pagã teria visto uma esplendorosa senhora pairando no ar que os apavorava e um poderoso cavaleiro – tal vez São Miguel arcanjo – que os mandava de volta.
Após o milagre os católicos construíram um esplendido santuário como reconhecimento.
Nossa Senhora “Imperatriz da China” ou “Rainha da China” |
Donglu é a meta tradicional das romarias no norte da China, especialmente nos dias 23 e 24 de maio, festa de Maria Auxiliadora.
Cada ano comparece dezenas de milhares de fiéis vindos do país todo e sobre tudo, dos chamados “católicos das catacumbas” ou “subterrâneos” fiéis a Roma, e por isso mesmo odiados especialmente pelo socialismo.
Em 23 de maio de 1995 atingiram o número de 50.000 e o satânico comunismo decidiu impedir novos comparecimentos do gênero apelando para milhares de soldados do Exército vermelho, tanques e helicópteros.
Para representar a Nossa Senhora um missionário escolheu uma pintura da última imperatriz da China Ci Xi, da dinastia Manchou Qing, vestida em roupagens imperiais. O artista então usou essa imagem pintando Nossa Senhora segurando o Menino Jesus.
A imagem logo conquistou o coração dos chineses e foi instalada no santuário de Donglu e em 1924 foi proclamada “Imperatriz da China” ou “Rainha da China” pelo primeiro sínodo de bispos chineses.
O Núncio Apostólico, D. Celso Costantini, consagrou o país a essa invocação.
A hostilidade dos esbirros socialistas forçou a esconder a imagem em local seguro, e a imagem hoje exibida é uma cópia. A imagem original gira pela China em peregrinação oculta aos Neros marxistas.
Num seminário "clandestino" |
O regime comunista persegue os membros da Igreja Católica fiéis ao Papado.
InfoCatólica reproduz um outro testemunho impressionante. Um seminarista mantido no anonimato por segurança contou que quase 30 vocacionados procedentes de três regiões entraram no mesmo seminário.
Quase todos tinham 17. Eles viviam numa gruta num morro alto que foi cavada pelos seminaristas maiores e que também servia de capela, aula e refeitório.
No vale, havia uma aldeia com 100 habitantes, todos católicos. Eles subiam os alimentos. O seminaristas aproveitavam o tempo ao máximo para estudar, pois não sabiam quando chegaria a polícia comunista.
A gruta era fria e úmida e o refúgio era a oração e o estudo. Sofriam dores de estomago por falta de alimento, mas se consolavam ouvindo os testemunhos dos sacerdotes que tinham passado pelos cárceres socialistas. “Quando Deus abençoa, o faz com uma cruz” ensinavam eles.
Naquela gruta podiam cantar, falar em voz alta, fazer passeios. Mas, um dia a polícia ficou sabendo e prendeu alguns. Um camponês correu à gruta para alertar. O reitor do seminário clandestino não hesitou: era preciso fugir logo!
Os camponeses os acolheram, mas a polícia começou a revistar as casas com cães.
Nas casas não podiam falar em voz alta nem sair da habitação. Tinham que mudar de local sem cessar.
Até hoje, conta a testemunha “os seminaristas de minha diocese continuam levando esse estilo de vida, fugindo de um canto a outro. Nas festas, como a Páscoa só um ou dois deles podem cantar e em voz baixa.
O sangue dos mártires é semente de cristãos e uma primavera católica está assomando na China. A cada ano, a pesar da hostilidade oficial, milhares de chineses recebem o batismo.
O seminarista quis contar sua experiência porque no Ocidente fala-se muito, e muito falsamente, de “apertura na China, de desenvolvimento, e até de melhora das relações diplomáticas entre a Santa Sé e China, como se na China houvesse liberdade religiosa”.
A Igreja chamada de “oficial” ou “patriótica” faz parte do sistema de repressão do catolicismo, e tem poderosos cúmplices no “progressismo” católico como a Teologia da Libertação, marxista ou não.
O problema é político explicou o seminarista: o comunismo sequer reconhece o valor da pessoa, despreza seus direitos e, portanto esmaga a liberdade do verdadeiro catolicismo.
Mons. Daqin "desaparecido" pela polícia socialista |
Continuam na Ásia e no mundo as iniciativas para obter a libertação de Mons. Taddeo Ma Daqin, bispo auxiliar de Xangai, que no dia de sua sagração teve a coragem de romper com a Associação Patriótica, órgão da repressão socialista.
O bispo foi imediatamente preso pela policia e está “desaparecido”.
A agência AsiaNews informou que o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong-Kong, presidiu na igreja de Santa Margarida desta cidade, a uma celebração nas intenções do bispo sequestrado, com a presença de mais de 800 católicos.
O Cardeal acusou os representantes do governo comunista de interferência na vida da Igreja. De fato, a prepotência e a violência têm sido a única atitude estável do regime face aos católicos fieis à Roma e que recusam pactos com o socialismo.
Mas o corajoso Cardeal foi além: ele apontou personalidades da própria Igreja que “se tornaram escravos do mal” devido à troca de benefícios e premiações materiais oferecidas pelo comunismo.
A política de distensão da Santa Sé em relação aos déspotas marxistas de Pequim tem contribuído para arrefecer a resistência dos católicos diante das incitações do mal.
Antes da Missa, por volta de 200 católicos rezaram o terço diante da sede dos representantes de Pequim em Hong-Kong, pedindo a libertação de Mons. Daqin, de Mons. Cosme Shi Enxiang, bispo de Yixian, e do Pe. Lu Genjun, vigário geral de Baoding, além de outros.
Mereceram uma especial menção os dois sacerdotes de Harbin que foram obrigados a se afastar de suas paróquias por se recusarem a participar de uma sagração episcopal ilícita naquela cidade.
O jornal filipino “Philippine Daily Inquirer” comparou a resistência de D. Thaddeus Ma Daqin à de Tomás More, o Lorde Chanceler da Inglaterra que resistiu até ao martírio às injunções iníquas do rei Henrique VIII, fundador da falsa igreja anglicana.
Decapitado em 1535 pela sua fidelidade à Igreja, da qual se tornou uma das luminárias no Céu, São Tomás More hoje está também nos altares.
Harbin: padres e fiéis fogem de bispo excomungado |
Antes da sagração ilícita, representantes do governo avisaram aos sacerdotes resistentes que estes sofreriam pesadas consequências.
Os sete sacerdotes resistentes se ausentaram deliberadamente da cerimônia canonicamente ilegal ou manifestaram publicamente sua oposição ao fato de o Pe. Yue não ter mandato papal para ser bispo e estar estreitamente ligado ao governo.
Por sua vez, a Santa Sé declarou que o Pe. Yue incorreu em excomunhão automática prevista pelo Código de Direito Canônico.
Mas ele continua celebrando Missa como bispo em ruptura com a Igreja, com as costas aquecidas pelo governo marxista.
Nas últimas semanas os sete resistentes foram indiciados por “rendimentos insatisfatórios” e receberam ordem de fazer um “auto-exame” de três meses.
Segundo as fontes, os sacerdotes foram constrangidos a deixar suas paróquias para “se arrependerem de sua má conduta”.
Desde então, os sacerdotes resistentes moram em casas de paroquianos, voltaram às suas cidades natais ou migraram para outra província.
Harbin: igreja onde aconteceu a sagração sacrílega e ilegal. |
Também o número de fiéis que frequentam Missa na igreja do Sagrado Coração de Jesus de Harbin (mais conhecida como “a catedral”) caiu vertiginosamente. Um certo número deles passaram a ir à Missa do clero “subterrâneo” que em verdade é o único que está em união com Roma.
O governo exige dos sete padres resistentes uma “carta de arrependimento” endereçada ao Pe. Yue e que concelebrem este dentro de um prazo de três meses. Caso contrário, a polícia vai expulsá-los da diocese.
Um dos sete teria fraquejado e concelebrado com o bispo excomungado durante a consagração de uma nova igreja na cidade de Bei’an.
Entrementes, Dom José Wei Jingyi, bispo de Qiqihar, legitimamente sagrado e empossado, mas não reconhecido pelo governo, diz que em Heilongjiang vai crescer a pressão do governo sobre a comunidade católica fiel a Roma.
Tratar-se-ia de uma maneira de impedir que os fiéis continuem a engrossar as fileiras do rebanho verdadeiramente católico.
“Nas décadas anteriores, um dos grandes grupos que o governo queria suprimir foi a comunidade “não registrada” [leia-se não dirigida pelo governo] da província de Hebei. No ano seguinte à sagração de D. Paulo Meng Qinglu como bispo de Hohhot, em 2010 [numa situação de perigosa ambiguidade, pois o eclesiástico recebeu aprovação da Santa Sé, mas pertence à Associação Patriótica, órgão do governo que persegue a Igreja], a comunidade católica “não registrada” da Mongólia Interior teve um aumento explosivo de membros. Nós podemos prever que vai acontecer o mesmo em Heilongjiang após a sagração ilegal do Pe. Yue” – disse ele a UCANEWS.com.
Bispos sagrantes incluiam "legalizados" pela Santa Sé
Os católicos da cidade têm bem claros os princípios da Igreja e por isso temem que sua vida religiosa vá ser gravemente afetada com previsíveis represálias e perseguições por parte do governo socialista e do clero alinhado com ele.
O excomungado bispo Yue nada fez para proteger os que deveriam pertencer a seu clero, fato que confirmou ainda mais os fiéis na convicção de que estão diante de um esbirro da ditadura anticristã.
D. Thaddeus Ma Daqin "desapareceu" logo após sagração |
Na hora da sagração o agora novo bispo Dom Thaddeus Ma Daqin, recusou a imposição das mãos de Dom Zhan Silu, bispo “oficial” de Mindong não reconhecido por Roma e afiliado à ditadura anticristã. Também se recusou a receber a comunhão desse bispo ilegal.
Em sua homilia, Dom Thaddeus, que era membro do Comitê Nacional da Associação Patriótica, disse: “Eu acredito que não convém continuar servindo a Associação Patriótica”.
O povo aplaudiu vivamente a declaração e verteu torrentes de lágrimas diante de uma coragem que há muito os líderes da Igreja não exibem.
D. Ma Jaqin não podia ignorar o preço de sua atitude: ele “desapareceu” após a cerimônia.
O regime alega que “foi repousar porque sofria de esgotamento físico e moral” no seminário da cidade. Mas, o sofisma faz pensar em alguma forma de intimidação psicológica ou até prisão.
Em Hong Kong, as autoridades eclesiásticas julgam que ele está prisioneiro de fato.
Procissão católica "clandestina" |
Segundo o Centro de Estudos da Fé, de Hebei, 22.104 chineses receberam o sacramento do batismo na Páscoa de 2012. Os dados foram publicados pela Rádio Vaticana.
Como os católicos na China comunista já são mais de seis milhões, os quase 22 mil novos fiéis representam um aumento de 0,33%.
Só na diocese de Hong-Kong – com 360 mil fiéis e na qual a Igreja goza de certa liberdade – houve na Páscoa 3.500 batismos, um aumento do 0,97%.
A atração exercida pela graça toca um número crescente de chineses e o regime socialista quer coarctar a liberdade do catolicismo. Para isso recorre a todas as violências e artifícios, até com a cumplicidade de falsos católicos eclesiásticos e civis.
Os 22.104 novos católicos pertencem a 101 dioceses continentais e 75% deles são adultos. Na província de Hebei, bastião do catolicismo chinês, houve 4.410 batizados, 615 a mais do que no ano passado.
Porém, algumas dioceses importantes, como a de Xangai, não batizam na Páscoa, enquanto outras só na clandestinidade.
Os numerosos mártires da China constituem poderosos intercessores celestes na paulatina, mas profunda conquista desse país-continente para Jesus Cristo e sua única Igreja, a católica, apostólica romana.
Na China, 2011 foi o pior ano da última década sob o prisma dos direitos humanos. 3.832 dissidentes foram encarcerados, tendo 159 deles sido repetidas vezes torturados, alguns ficando aleijados para sempre.
86% dos encarceramentos não tiveram pretexto legal algum, e em outros 6% dos casos a base legal foi contestável.
Esses dados foram registrados no Relatório Anual da organização Chinese Human Rights Defender, que monitora o estado da dissidência no país.
Segundo Renée Xia, diretor internacional do grupo, a repressão levou o país ao “nível mais baixo jamais registrado em matéria de liberdade de expressão, de culto e de palavra na China.
“Não se via uma política tão feroz desde que o Movimento pela Defesa dos Direitos foi lançado nos primeiros meses do ano 2000”.
Em agosto de 2011, o regime aprovou uma emenda do Código Penal que permite prender qualquer cidadão por tempo indeterminado e em lugar oculto.
Foi a base “legal” para as “desaparições forçadas” de dissidentes e ativistas dos direitos humanos. O procedimento constitui uma violação aberta da letra da Constituição, que não difere muito de um pedaço de papel “para inglês ver”.
2.795 dissidentes acabaram nas “black jail” ou prisões ocultas, sem que os familiares ou advogados tivessem notícia. Outros 163 foram mantidos em prisão domiciliar; 25 foram exilados à força para outras províncias e sete internados em hospitais psiquiátricos.
Nas prisões “legais” caíram 89 dissidentes, 72 dos quais foram encerrados em “detenções criminosas”, que são dependências especializadas dos cárceres; 60 foram condenados a trabalhos forçados.
Do ponto de vista da liberdade de expressão, Pequim impôs a 260 milhões de internautas um cadastro especial, cancelou a privacidade online e combateu os usuários de Weibo, site de microblogging equivalente ao Twitter. 30% dos usuários foram identificados e intimados a “parar de difundir notícias falsas e antiestatais”.
A agência AsiaNews informa que a liberdade religiosa foi das mais atingidas pela repressão em 2011. Sinistro destaque coube às sagrações ilegítimas de bispos católicos, ao acosso policial a sacerdotes considerados suspeitos pelo regime, além da repressão a grupos protestantes no Tibete e a muçulmanos no Xinjiang.
O governo teme a liberdade religiosa, sobretudo para o catolicismo anticomunista, o qual tem dado mostras de uma explosiva capacidade de expansão, facilitando a população a fugir do doutrinamento marxista do regime.
Bispo ilícito da Associação Patriótica excomungado latae sententiae |
A situação dos bispos colaboracionistas consagrantes ainda resta confusa mas muito grave, pois segundo a mesma declaração vaticana, pois eles "expuseram-se às sanções canônicas graves previstas na lei da Igreja (em particular, cânone 1382 do Código de Direito Canônico)" quer dizer excomunhão latae sententiae.
Eis o documento vaticano, publicado no Bolletino della Sala Stampa della Santa Sede em inglês, italiano e chinês:
DECLARAÇÃO DA SANTA SÉ:
ORDENAÇÃO EPISCOPAL DA DIOCESE DE LESHAN(província de Sichuan, China Continental)
No que diz respeito à ordenação episcopal do Rev. Paul Lei Shiyin, que teve lugar na quarta-feira 29 de junho passado e foi conferida sem o mandato apostólico, se esclarece como segue:
1) O Rev. Lei Shiyin, ordenado sem o mandato papal e, portanto, ilegitimamente, não tem autoridade para governar a comunidade diocesana católica, e a Santa Sé não o reconhece como bispo da diocese de Leshan. Os efeitos da sanção em que ele incorreu pela violação da norma do cân. 1.382 do Código de Direito Canônico ficam de pé.
[O Código de Direito Canônico diz no cânon 1382: “O bispo que confere a alguém a sagração episcopal sem mandato pontifício, da mesma maneira que aquele que recebe dele a sagração, incorre em excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica.”).
O mesmo Rev. Lei Shiyin tinha sido informado, há algum tempo, que era inaceitável para a Santa Sé como candidato ao episcopado por razões comprovadas e muito graves.Segundo informações de fonte chinesa reproduzidas pelo "Corriere della Sera", o bispo além de ativo membro da Associação Patriótica, órgão do Partido Comunista para reprimir a Igreja Católica, "já seria pai de um ou dois filhos".
2) Os bispos consagrantes expuseram-se às sanções canônicas graves previstas na lei da Igreja (em particular, cânone 1382 do Código de Direito Canônico. Cf Declaração do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos de 06 de junho de 2011).
Bispos colaboracionistas consagrantes
também expostos à excomunhão
3) Uma ordenação episcopal sem mandato pontifício é diretamente oposta à autoridade espiritual do Sumo Pontífice e prejudica a unidade da Igreja. A ordenação de Leshan foi um ato unilateral que semeia a divisão e, infelizmente, produz rupturas e tensões na comunidade católica na China. A sobrevivência e o desenvolvimento da Igreja só pode ter lugar em união com ele, a quem a própria Igreja é confiada em primeiro lugar, e não sem seu consentimento como, no entanto, ocorreu em Leshan. Se se quer que a Igreja na China seja católica, a doutrina da Igreja e sua disciplina devem ser respeitadas.
4) A sagração de episcopal de Leshan deixou profundamente entristecido o Santo Padre, que deseja enviar aos fiéis amados na China uma palavra de encorajamento e de esperança, convidando-os à oração e à unidade.
Vaticano, 4 de julho de 2011
Dom Savio Hon Tai-Fai, da Propaganda Fidei: não acatar imposições cismáticas do governo chinês |
Mons. Savio Hon, secretário da congregação romana Propaganda Fidei, exortou os chineses a desobedecerem às injunções do regime socialista para constituírem uma Igreja “independente” da Santa Sé e totalmente submetida ao Estado, noticiou a agência AsiaNews.
Mons. Savio pede que, por amor à Igreja e seguindo o exemplo de tantos heróis católicos da fé nos últimos séculos, sacerdotes e bispos chineses mantenham erguida a cabeça face às pressões e ameaças do governo comunista.
O secretário de Propaganda Fidei confirmou que os bispos ilicitamente sagrados por bispos submissos ao regime socialista não têm direito de exercer o ministério pastoral.
Também anunciou a Declaração, posteriormente divulgada pelo Vaticano, sobre a excomunhão de bispos ilicitamente sagrados, embora sem fazer menção aos nomes dos concernidos na China.
Essa medida vem sendo implorada com sangue da alma pelos fiéis chineses, após a péssima impressão deixada pela negativa da Comissão do Vaticano para a China de excomungar os bispos sagrados ilicitamente por bispos colaboracionistas.
O povo fiel chegou a se manifestar nas ruas contra essas sagrações, feitas sob um misto de violência e cumplicidade e em contradição com o Direito Canônico.
Um aspecto do problema é que certos teólogos americanos e europeus apóiam uma Igreja “independente” na China e estimulam o germe da divisão eclesiástica no país, disse o alto prelado vaticano.
Essa tendência existe também no Brasil e sempre procurou orientar a CNBB – e o próprio CELAM – no sentido de constituir um “Vaticaninho” que comandaria a linha dos bispos, pouco ligando para Roma.
Sagração ilícita como esta em Chengde acarreta excomunhão reservada à Santa Sé |
Mons. Savio deplorou os prelados e sacerdotes chineses oportunistas que se prestam a conchavos inaceitáveis em troca de benefícios do governo
Enquanto isso, o clero e os fiéis que não se aviltam são punidos de diversos modos: perda de subvenções, punição na carreira, impedimento de viajarem ao exterior ou no interior da própria China, obrigação de fazerem cursos de “reeducação socialista” etc.
Atualmente, diversos candidatos ao episcopado não são sagrados pela Santa Sé, por resistirem às condições impostas pelo socialismo ou não desejarem ser sagrados por bispos excomungados.
Os eclesiásticos que não se engajam na linha do Partido Comunista – como D. Li Lianghui, bispo de Cangzhou, Hebei – estão sofrendo confinamentos ou devem passar por “sessões políticas” (a vulgar “lavagem cerebral”).
A tensão atingiu um novo patamar com a sagração ilícita do Pe Paulo Lei Shiyin como bispo de Leshan (Sichuan) sem mandato do Papa.
No sacrílego ato participaram sete bispos que – na teoria, ou até aquele momento, estavam em comunhão com o Papa, informou o jornal do episcopado italiano “Avvenire”.
A Santa Sé não excomungou de imediato o bispo sagrado e os consagrantes sacrílegos, tal vez aguardando informações mais precisas das condições de violência em que o ato foi praticado.
Entretanto, os constrangimentos que podem ter existido foram pelo menos em alguns casos meramente formais, ou intranscendentes.
O novo bispo ilícito, D. Paulo Lei Shiyin, é membro da Conferência Consultiva do Povo Chinês, organismo do Parlamento comunista. Além do mais é vice-presidente da Associação Patriótica, espécie de igreja cismática socialista, da qual foi presidente no Estado de Sichuan.
Paul Lei Shiyin e bispos colaboracionistas que o sagraram ilicitamente pareciam estar à vontade |
Outra sagração ilícita em Hankow (Wuhan) foi impedida pela pressão dos fiéis em 10 de junho. Pelos mesmos fiéis que sofrem pela inação vizinha na cumplicidade dos órgãos vaticanos.
Como sinal do recrudescimento da perseguição religiosa a sagração desejada pelo Papa, do Pe Joseph Sun Jigen em Handan (Hebei), foi impedida pela força policial a serviço da famigerada Associação Patriótica.
A polícia seqüestrou o sacerdote que, segundo os fiéis, se encontra num “local desconhecido”.
Mons. Cosme Shi Enxiang e Mons. Tiago Su Zhimin |
A revista “Time” pretendeu que foi um simbólico agitador de rua muçulmano, “indignado”, incendiário de Londres ou de outro lugar. Outros propuseram personagens da política, da cultura ou do espetáculo, com menos força de convicção.
Como personagens do ano 2011, a agência AsiaNews propôs dois “grandes desconhecidos”. Por certo desconhecidos pelos homens, mas não por Deus.
O primeiro é Mons. Tiago Su Zhimin (à direita na foto), de quase 80 anos, Bispo de Baoding (Hebei), preso pela policia socialista chinesa em 8 de outubro de 1997.
Ninguém sabe qual é a acusação, nem mesmo se houve algum processo contra ele, ou pelo menos onde o bispo está.
Em novembro de 2003 foi descoberto por acaso que ele estava internado num hospital de Baoding, estreitamente rodeado por policiais do sistema repressivo.
Os parentes puderam lhe fazer então uma inesperada e apressada visita. O regime não tolerou este contato e o bispo está desaparecido até hoje.
Campos de concentração estão espalhados pelo país |
Dele não se sabe ao pé da letra nada. Seus parentes, amigos e fiéis continuam pedindo à polícia, sem resultado, qualquer notícia, por menor que seja.
Antes da última prisão, Mons. Su Zhimin passou pelo menos 26 anos em cárceres ou em campos de trabalhos forçados.
Seu crime era ser “contrarrevolucionário”, porque desde os anos 50 sempre recusou aderir à espúria e cismática Associação Patriótica, que pretende edificar uma igreja nacional em ruptura com o Papado.
Mons. Shi Enxiang passou encarcerado de 1957 até 1980. Naquele período ele foi constrangido a trabalhos agrícolas forçados em Heilongjiang, bem como nas minas de carvão de Shanxi. Voltou a ser preso em 1983; depois passou três anos em prisão domiciliar.
Em 1989, após a formação da Conferência Episcopal dos bispos “subterrâneos” – leia-se fiéis ao Papado e perseguidos pela polícia e pelo clero colaboracionista – ele foi detido mais uma vez e solto em 1993, para voltar a ser preso em 2001.
No total, Mons. Shi já passou 51 anos na prisão.
Trabalhos forçados: herança de Mao Tsé Tung ainda viva |
Foi o caso, por exemplo, de Mons. José Fan Xueyan em 1992; de Mons. João Gao Kexian em 2006, e de Mons. João Han Dingxiang em 2007.
O governo de Pequim, quando interpelado, responde cinicamente “não sabemos”.
“Não sabemos” é também a resposta aos melífluos agentes da distensão vaticana com a ditadura marxista.
A suavidade mostrada até agora pelo Vaticano no dialogo com as autoridades chinesas – prossegue AsiaNews – não conseguiu liberar estes bispos nem as dezenas de padres “subterrâneos” que definham nos campos de concentração chineses.
Coisa espantosa: os seus nomes não são pronunciados nem sequer nas orações pelos cristãos perseguidos nas igrejas “ecumênicas” e teoricamente não-socialistas do Ocidente.
Pior ainda, enquanto eles seguiam padecendo tormentos e os efeitos de décadas de prisão e violências, a CNBB acolhia "ecumenicamente" os enviados dos algozes na sua sede de Brasília.
Cardeal Joseph Zen Zekiun |
A Igreja Católica na China está reduzida a um “estado desastroso” por causa da política de aproximação da Santa Sé com o governo socialista de Pequim, escreveu o Cardeal Joseph Zen Zekiun, SDB, bispo emérito de Hong Kong.
Essa política é uma continuação da também desastrosa Ostpolitk conduzida pelo então Mons. Agostino Casaroli com os tiranos do Kremlin e seus fantoches na Europa Oriental.
Há um dialogo legitimo, escreve o cardeal, mas uma coisa diferente é quando “um Papa fala àqueles que estão assassinando cruelmente seus filhos”.
“Devemos procurar palavras doces para falar com aqueles que deram uma bofetada ao nosso amado Santo Padre?” acrescenta o purpurado se referindo às sagrações ilegítimas e praticadas com violência pelo governo comunista no fim de 2010.
Liu Bainian: chefia a Associação Patriótica que persegue os católicos |
O Cardeal lamentou que de Roma se diz aos católicos fiéis, em última análise: “não vós compreendemos. Malgrado a pressão que sofreis, obedecei às ordens do governo”.
D.Li Shan, bispo de Pequim que os fiéis acham instrumento da ditadura |
Para o Cardeal zen, “só a bondade do Papa não chama de cismática a Igreja oficial da China que quer ser uma Igreja independente com sagrações episcopais sem mandato pontifício”, em alusão ao atual presidente da Propaganda Fidei, Cardeal Dias e seus assessores que ele acusa de seguirem a Ostpolitik de submissão ao comunismo na China.
O cardeal Zen conclui ressaltando dramaticamente que os fiéis da China padecem aguardando em vão que venham de Roma os esclarecimentos indispensáveis.
“Cada dia que passa é uma eternidade para suas dores. Quando afinal o Senhor atenderá suas súplicas?”, pergunta.
A Páscoa para alguns católicos chineses foi triste. É o que nos diz a notícia da Folha de São Paulo intitulada: “China prende 36 fiéis de igrejas ‘subterrâneas’, publicada no dia 25 de abril passado.
Na China, a igreja ‘subterrânea’ é o nome dado à verdadeira Igreja Católica que se mantém unida à Santa Sé.
A “igreja católica oficial” , digamos assim, está submetida ao Partido Comunista Chinês e não presta obediência a Roma.
O governo chinês fez questão de incrementar as perseguições aos católicos fiéis a Roma justamente durante a vigília pascal: “autoridades chinesas invadiram ontem dezenas de casas e prenderam ao menos 36 pessoas em Pequim. Os fiéis estavam prestes a celebrar a Páscoa em uma praça pública ao noroeste da capital chinesa”, afirma a notícia citada.
Apesar da clara perseguição, os mandatários chineses ainda insistem que há liberdade no país: “O governo alega que no país há liberdade de religião, garantida pela Constituição chinesa”, continua a notícia.
É o cinismo dos mais desabridos do comunismo chinês.
Nós que vivemos num País onde, por enquanto, há liberdade para os católicos, devemos rezar por esses chineses, nossos irmãos na fé.
Rezemos para que seja desmascarada a hipocrisia do comunismo chinês e para que Nossa Senhora Imperatriz da China faça a Santa Igreja florescer nessa grande nação.
A única igreja católica em Ordos, na província da Móngolia Interior, foi demolida pela polícia chinesa e seu pároco, Pe Gao Em, foi preso junto com Yang Yizhi, um líder leigo católico.
O crime sacrílego aconteceu a meia-noite. Os fiéis erigiram um Cruzeiro no local de 5 metros de altura e passaram a montar guarda para impedir o saque das ruínas, informou a agência UCANews.
Poucos dias depois, o Pe Zhang Shulai e a religiosa Wei Yanhui, da “igreja clandestina” fiel a Roma, foram mortos a facadas em Wuhai, na mesma província.
A notícia, inicialmente difundida pela Laogai Research Foundation, acabou sendo confirmada pela polícia socialista, informou o diário “Il Messagero” de Roma.
Os fiéis estão espantados vendo que a diplomacia vaticana aumenta os sinais de aproximação com a tirania comunista de Pequim enquanto os esbirros socialistas multiplicam as violências e crimes contra os católicos fiéis ao Papa.
Provincia de Fujian |
Eles pertencem à Igreja Católica, dita “clandestina” porque não obedece à cismática “Igreja Patriótica” ficção burocrática criada pelo Partido Comunista.
A polícia invadiu o acampamento e ordenou fechá-lo, mas os sacerdotes recusaram-se a obedecer.
Os religiosos explicaram a situação aos estudantes e deram liberdade aos que quisessem para voltar a casa. Só 20 foram embora.
A polícia ficou impressionada e se afastou, mas convocou os padres para um longo interrogatório sem ousar prender nenhum.
Por fim, em março a polícia prendeu o Pe Luo num “hotel” (prisão dissimulada) de Fuan.
Santuário ameaçado de destruição na China |
Ele acrescentou: “serei feliz se puder servir de testemunha de Cristo e imitar o exemplo de tantos santos mártires”.
Por sua vez, os padres Guo Xijin, Miu Yong e Liu Maochun também receberam mandato de prisão, mas até agora não foi efetivado.
Mais três padres foram multados, porém preferem ir no cárcere a pagar essas imposições iníquas.
A diocese de Mindong está quase totalmente constituída por fiéis à Santa Sé ‒ “subterrâneos” ou “clandestinos”‒ perseguidos pelo socialismo. Dos 80 mil católicos, mais de 70 mil são “clandestinos”, muito organizados e ativos, contando com mais de 50 sacerdotes, 96 freiras e 400 leigos catequistas. O bispo é Mons. Vincenzo Huang Shoucheng, 86.
Existe um “bispo patriótico” dependente do governo e vagamente comparável aos bispos da Teologia da Libertação no Brasil, Mons. Zhan Silu, que é acompanhado por poucos e desanimados seguidores.
Em mais um ato público de fé e resistência ao regime comunista, 5.000 católicos chineses desafiaram a neve, o intenso frio (30ºC abaixo de zero) e a polícia, para dar digna sepultura a Mons. Leo Yao Liang, bispo coadjutor de Xiwanzi.
O bispo anti-comunista passou 30 anos na prisão, por recusar a Associação Patriótica (igreja cismática submissa ao regime marxista).
Desde 2006 a polícia manteve-o seqüestrado por causa do mesmo “crime”.
As autoridades comunistas proibiram que ele fosse tratado como bispo, mas no momento da sepultura os fiéis inseriram clandestinamente as insígnias episcopais no caixão.
A agência AsiaNews, uma das raras fontes que conseguiu furar o bloqueio das informações feito pela ditadura socialista, lamentou que os fiéis não recebessem nenhuma mensagem de condolências do Vaticano, e que o jornal vaticano “L’Osservatore Romano” não publicasse em tempo uma necrologia do heroico mártir.
Mais de 20.000 católicos comparecem às exéquias de Mons. Tiago Lin Xili [foto], bispo “clandestino” (resistente ao comunismo) de Wenzhou, informou a agência AsiaNews.
O cortejo tomou duas horas e meia para chegar até o cemitério e foi precedido por uma foto do bispo de dois metros de altura recoberta de flores.
O socialismo tentou em vão impedir que o corpo do prelado fosse revestido com as insígnias episcopais, mas proibiu toda foto que o apresentasse com mitra e cruz pastoral.
O comunismo entende bem a importância revolucionária de banir esses símbolos.
O bispo passou seus últimos anos condenado a trabalhos forçados e depois em prisão domiciliar.
Seu martírio reforçou a coesão dos 120 mil fiéis da diocese.
Mais de mil policiais fizeram vigilância ostensiva, mas não ousaram intervir.
As vantagens repressivas da política socialista chinesa de aproximação com eclesiásticos católicos dispostos a “dialogar” com a ditadura marxista está levando os repressores a fazerem mais vítimas: os próprios protestantes e sincretistas!
Religiosa católica 'clandestina' surrada pela polícia socialista
Documento secreto do Partido Comunista visa inseri-los num esquema de submissão análogo ao praticado com os católicos por meio da Associação Patriótica (pseudo-católica).
Perto de 50 milhões de protestantes ou seguidores de crenças sincréticas que incluem o cristianismo deverão entrar em Associações Patrióticas do gênero da “católica”, ou serão simplesmente eliminados.
O documento foi revelado e difundido integralmente pela China Aid Association, baseada nos EUA, e é datado de 24 de julho de 2007.
Foi obtido na prefeitura de Jingmen (província de Hubei) e enviado subrepticiamente ao exterior. O número de série do documento foi apagado para evitar o reconhecimento do funcionário que permitiu o vazamento. Se reconhecido pode perder a vida.
A campanha repressiva – revela o documento – foi elaborada pelo governo central após um encontro nacional do Seminário de Trabalho Cristão (mais conhecido como “Conferência 601”, de 1° junho 2007), presidida por agentes do governo central para os Assuntos religiosos.
O objetivo explícito é “lutar contra as atividades de infiltração por parte de forças hostis estrangeiras sob manto de religião cristã e resguardar a estabilidade na nossa sociedade e no terreno religioso”. Trata-se de palavreados habitualmente usados para levar adiante a perseguição religiosa.
Na prática, todos os grupos que a qualquer título reivindicam o rótulo cristão deverão ser absorvidos pelo “Movimento das Três Autonomias”, agência do Estado socialista que funcionará como “expressão única do cristianismo protestante”, sob o látego marxista.
O documento ordena a “estandardização” dos locais de reunião cristãos, de suas atividades e um registro dos pastores. O regime empenhar-se-á em “educar a maioria” deles, de “isolar e eliminar as pequenas minorias” e oferecer uma “paciente e acurada educação ideológica”, na qual, obviamente não faltará o marxismo.
Mons Li Shan, bispo de Pequim que os fiéis acham serviçal da ditadura
Para tal resultado, o plano oficial aconselha fazer um levantamento de “locais de encontro, participantes, endereços e estilos”; verificar “se há infiltração de forças estrangeiras ou trabalho missionário estrangeiro que envolva superstições feudais ou heresias”.
Em tudo, o regime age como Supremo Inquisidor em matéria de ortodoxia religiosa. Na realidade, visará quem discorda do socialismo, ou manifesta gosto pela propriedade privada, a tradição ou a família. Estas instituições são “superstições feudais” no linguajar maoísta.
O inquérito incluirá “o conteúdo das pregações, a história pessoal dos missionários e seus perfis, suas fontes de sustento pessoal, situação financeira, atividades, membros mais importantes do grupo e pessoas que habitualmente participam das reuniões religiosas”.
Em breve, normas persecutórias religiosas que vem sendo aplicadas há décadas contra os católicos fiéis a Roma com a anuência ou colaboração sorrateira até da esquerda católica ocidental.
Mons. Jia Zhiguo, bispo “subterrâneo” (fiel a Roma) de Zhengding foi seqüestrado na sua cassa por cinco policiais e está “desaparecido”.
Este novo abuso repressivo representou mais um “golpe para a estratégia de unificação da Igreja chinesa lançada pela Santa Sé”, escreveu o Pe. Bernardo Cevellera, diretor da agência AsiaNews e um dos maiores conhecedores do catolicismo chinês.
Os fiéis chineses acham que essa estratégia só serve à ditadura comunista.
D. Jia tem 74 anos e sofre várias doenças contraídas nos longos anos passados nos cárceres comunistas, além das ligadas à idade. A policia socialista tenta doutriná-lo nas posições anti-católicas do Partido Comunista.
Também lhe exige aderir à Associação Patriótica, coisa que leva a romper com a Santa Sé, qualquer que seja a modalidade escolhida.
O bispo “patriótico” (submisso ao PC chinês) Mons. Jang Taoran, de Shijiazhuang, tinha-se reconciliado com a Santa Sé e aceitara colaborar com D. Jia, ficando seu bispo auxiliar.
Porém, a cismática “Igreja patriótica” não quer saber de acordos sinceros, mas apenas de manobras para pôr os católicos verdadeiros sob a bota da ditadura socialista. E denunciou os dois.
A polícia chinesa disse a D. Jia que “a unidade dos bispos é ruim porque desejada por uma potência estrangeira como o Vaticano. Se unidade haverá, será através do governo e da Associação Patriótica”.
D. Jia recusou-se a assinar a adesão a esse grupo dissidente e a polícia prometeu puni-lo. Agora efetivou as ameaças.
Na mesma região de Hebei, o sacerdote “clandestino” (fiel a Roma) Paolo Ma, 55, de Dung Lü, foi preso por celebrar a Missa para um grupo de fiéis.
Os controles e prisões arbitrárias estão aumentando nessa região onde se concentra grande parte dos católicos chineses, noticiou AsiaNews.
O esquema repressivo do governo conluiado com os sacerdotes e bispos “patrióticos” acelerou as violências, pois se aproxima o aniversário do assassinato de Mons. Giuseppe Fan Xueyan, bispo de Baoding.
Ele é considerado mártir pelos genuínos católicos. Todo ano os fiéis visitam seu túmulo onde fazem orações em comum.
D. Fan foi seqüestrado pela polícia e levado a um campo de concentração em 1992. Na noite de 13 de abril do mesmo ano seu corpo com evidentes sinais de tortura foi abandonado num saco de lixo na porta da casa de parentes.
AsiaNews lembra que há mais dois bispos “subterrâneos” desaparecidos há anos: D. Giacomo Su Zhimin (da diocese de Baoding, Hebei), seqüestrado pela polícia em 1996, e D. Cosma Shi Enxiang (diocese de Yixian, Hebei), 86, “desaparecido” em 13 de abril de 2001.
Também há dezenas de sacerdotes “subterrâneos” em prisões e campos de trabalho forçado. Tal vez alguns deles já ingressaram na gloriosa coorte de mártires que desde o Céu intercedem junto a Nossa Senhora pela conversão do conjunto da China.
Mons. Li Shan, bispo "patriótico" de Pekín age ligado ao Partido Comunista. Fiéis o consideram "traidor" ao Papa e à Igreja. |
Os escândalos provocados por D. José Li Shan, em verdade eram previsíveis considerando seu passado de colaboração com a ditadura marxista.
Entretanto, um véu de pudor envolvia o nome do bispo pelo fato de ter sido ordenado em 21 de setembro de 2007 com a aprovação da Santa Sé. Mas desde que voltou a repetir o surrado slogan “amar a pátria, amar a Igreja”, que na China sempre foi interpretado como submeter a Igreja ao Partido Comunista, esse véu se desfez.
D. Li Shan voltou a denunciar as “graves interferências por parte do poder político estrangeiro [leia-se Roma] e da Igreja clandestina” [leia-se os católicos fiéis ao Papa]. D. Li atacou aqueles que “criam dificuldades tentando nos convencer a abandonar o princípio da autogestão da Igreja [i. é, a autonomia em relação à Santa Sé], nos fazendo voltar ao passado”.
Liu Bainian,funcionário do governo, é o verdadeiro chefe da "Igreja Patriótica" subserviente do comunismo. |
Algo muito parecido com o que sempre pregaram os progressistas no Brasil.
Enquete da agência Asia News revelou que muitos bispos oficiais ou concordatários não julgam dita dependência da Igreja Patriótica ao comunismo como “inconciliável” com a doutrina católica.
O Cardeal de Hong Kong, D. Joseph Zen Ze-kiun, fez um apelo aos bispos e padres da Igreja oficial pro-comunista para não aceitarem acordos com o regime anticristão. O apelo está no artigo “Inspirados no martírio de Santo Estevão”.
O corajoso Cardeal de Hong Kong é contraditado por missionários comuno-progressistas como o Pe. Jerome Heyndrickx.
Para este religioso colaboracionista, a resistência ao comunismo tem que acabar, e os bispos devem se afiliar à Igreja oficial pro-comunista. O missionário manipula nesse sentido uma carta de S.S.Bento XVI à China. Porém, o cardeal Zen recusa essa interpretação.
O perigo de compromissos comuno-progressistas é grande, na ótica do Cardeal Zen. Por isso ele alertou contra as ambiguidades e os enganosos elogios de um acordo com Pequim.
E acrescentou:
“Então, o martírio teria se transformado numa estupidez?
“Isso é absurdo! Miopia! O compromisso pode ser uma estratégia provisória, mas não pode durar sempre.
“Estar unidos ao Santo Padre em secreto e ao mesmo tempo fazer parte de uma Igreja que se declara autônoma de Roma é contraditório. (...)
“Caros irmãos bispos e sacerdotes, nossos sofrimentos pela fé são a fonte da vitória, embora de momento possam parecer uma derrota”.
Muitos sites católicos continuam sendo bloqueados pelo regime de Pequim. Por exemplo Radio Veritas of Asia, todos os sites católicos de Taiwan e os da diocese de Hong Kong, informou AsiaNews.
O governo apelou para um velho truque das ditaduras comunistas e socialistas.
Ele que eleva a imoralidade até o nível de valor metafísico em nome da igualdade total, agora diz que quer combatir a pornografia na internet.
"Pornográficos" são, então, os sites religiosos e especialmente os católicos. Assim a repressão é acrescida de mais uma injúria contra a Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
No início de janeiro, o site do governo China.com.cn anunciou o bloqueio de “91 sites da web pornográficos ou com conteúdo vulgar”, sem especificar quais eram.
Mas, nesse momento cessou o acesso ao blog Bullog.cn, onde escrevem muitos dissidentes que assinam “Carta 08”.
O governo quer que Google, Msn e os chineses Baidu e Sohu.com impeçam eles próprios a circulação de notícias “não corretas” segundo o marxismo.
Considerando os antecedentes ele acha que tem boas chances de ser atendido.
Na China há mais de 253 milhoes de internautas. “O probema para o governo – disse um deles a AsiaNews – è que o pessoal não tem mais confiança na informação oficial”.
A ditadura socialista teme, por sua parte, que a Internet sirva para aglutinar os descontentes.
Ou, ainda, que se espalhem notícias como a recente intoxicação em massa com leite com melamina ou dados sobre a corrupção crônica e debandada no Partido Comunista.
Em novembro o blogger Guo Quan de Nanjing (foto) foi preso mais uma vez.
O “crime” oficial foi “subversao contra o poder estatal”. O fato real foi publicar uma carta pedindo reformas democráticas. No anterior encarceramento o “crime” foi criticar o governo pelo deplorável "auxílio" que deu - ou melhor, não deu - às vítimas do terremoto em Sichuan.
Por volta de 10.000 fiéis despediram os restos mortais do Pe Joseph Jia Fuqian, tio do bispo “clandestino” – quer dizer, fiel a Roma que não aderiu ao cisma da Igreja Patriótica oficial comunista ‒ D. Julius Jia Zhiguo, bispo de Zhengding. O Pe Joseph morreu do coração e outras doenças com a idade de 88 anos.
Os fiéis vieram da provincial de Hebei e Estados vizinhos sob um frio de 2° graus centigrados.
O funeral foi realizado na catedral de Cristo Rei da cidade de Wuqiu, segundo informou a agência Union of Catholic Asian News. O rito foi celebrado pelo bispo perseguido, sobrinho do falecido sacerdote.
O Pe Joseph era venerado pelas suas virtudes e testemunhos de fé em meio à perseguição marxista. Esta tenta a todo o momento desviar os católicos da fidelidade íntegra à Cátedra de Pedro. Quer encaixá-los numa falsa “igreja” dita “oficial” ou “Patriótica” que é uma dependência burocrática da ditadura anti-cristã.
20.000 católicos ao todo concorreram ao velório. Mons. Jia, 73, que vive na catedral sob vigilância continua da policia, celebrou os funerais assistido por 60 sacerdotes de Zhengding.
O governo ameaçou o prelado e os sacerdotes de não celebrarem a Missa do funeral. Exigiu que se limitassem a um enterro simples no cemitério.
A multidão presente tornou muito difícil um tentativo de repressão brutal. Sobretudo, quando os fiéis, saíram em procissão da catedral para o cemitério levando pelas ruas da cidade uma grande fotografia do defunto sacerdote.
O Pe. Joseph Jia nasceu num lar tradicional católico. Do seu clã, cinco jovens foram ordenados sacerdotes. Em 1958, ele recusou-se a aderir à Associação Católica Patriótica cismática e marxista, e que tem muitos paralelismos com a Teologia da Libertação. Ele fundou uma congregação religiosa masculina onde encorajava “as novas gerações a defender a fé”.
A doce festividade do Natal transcorreu na aflição para os cristãos chineses.
O sistema comunista, intrinsecamente ateu, hostilizou-os especialmente na Noite do Natalício de Menino Jesus, em numerosas províncias do imenso país.
Eles padeceram numa certa analogia com a Sagrada Família que não teve ninguém que a acolhesse em Belém, nem mesmo considerando o avançado estado de gestação de Nossa Senhora.
Nove mulheres cristãs foram arrestadas na província de Henan na noite tão cara à Igreja. Seu crime foi representar a cena da Natividade.
A polícia invadiu o local e as levou ao centro de detenção do condado de Yucheng.
Embora o subjetivismo protestante leve seus seguidores a entrar em fáceis composições relativistas com qualquer regime, o fanatismo anticristão marxista não faz distinções entre católicos e outros e os persegue em graus diversos.
De fato, também os protestantes estão sob a opressão de uma organização estatal, o Conselho Cristão da China, que funciona como a Igreja Patriótica “católica”, de má reputação, cismática e acumpliciada com o progressismo ocidental.
Os cristãos – incluindo neste termo muitos grupelhos sincretistas que misturam cristianismo e paganismo em doses muito díspares – somam cem milhões.
Os católicos fiéis, entretanto, seriam entre 8 e 14 milhões segundo a fonte.
Houve também prisões na Região Autônoma de Xinjiang, no noroeste do país, e na província oriental de Anhui nos dias 21 e 22 de dezembro. Nesses casos foram presos 10 estudantes. O material religioso foi seqüestrado.
Enquanto a mídia transmitia uma Olimpíada digna do melhor dos mundos do espetáculo, os fiéis católicos chineses gemiam na angústia. Eles sabiam, que assim que acabasse a festa montada pelo marxismo, a repressão viria se abater mais dura do que antes.
Porém “a ofensiva” das autoridades socialistas chegou enquanto os organizadores não tinham acabado de abrir as últimas garrafas de champanha oferecidas pela ditadura.
Informou o diário dos bispos italianos 'Avvenire' que no próprio domingo de encerramento, poucas horas antes da espetacular cerimônia conclusiva, quatro agentes de polícia violaram a catedral de Wuqiu (Hebei) e levaram preso Mons. Giulio Jia Zhiguo (foto), bispo subterrâneo (fiel a Roma) de Zhengding.
Segundo a agência AsiaNews, ele foi arrestado no momento que celebrava a Missa. É a décima-segunda vez que o prelado é jogado na prisão. O bispo tem 73 anos, quinze dos quais passados detrás das grades (1963-1978). Desde 1989, ele estava sob “estreita vigilancia”. Na realidade, nos últimos duas décadas alternou períodos de liberdade com longas passagens pelos cárceres.
Durante as festas olímpicas, o corajoso prelado – igual que muitos outros genuinamente católicos – foi posto em prisão domiciliar.
A polícia vigiava-o 24 horas sobre 24, e tinha levantado uma barraca em frente de sua casa, onde se arrevesavam os guardiões.
Ao mesmo tempo, na cidade olímpica, a miragem mentirosa do regime bancava uma “face liberal”. A ditadura aprovou enganosos “espaços para a espiritualidade e a oração” dotados de celebrações religiosas para todos os credos, observou Avvenire.
Foi um ápice de cinismo e falso ecumenismo.
A igreja “oficial”, departamento do regime, usufruiu de um estatuto bem mais favorável. Mas com limites: a ditadura temia que os católicos fieis a Roma se reunissem nessas igrejas. Por isso, só eram tolerados atos “oficiais” com um máximo de 200 pessoas.
Para a Igreja subterrânea toda reunião estava proibida sob pena de vinganças pós-olímpicas.
Os fiéis de Zhengding não hesitaram em proclamar sua fé e se reuniram para celebrar a festa da Assunção de Nossa Senhora, muito venerada na China. A polícia deixou correr para não chamar a atenção com mais atos repressivos durante os Jogos.
Mas a retaliação chegou logo, como demonstrou o encarceramento de D. Giulio.
No momento, acrescentou Avvenire, ele parece ter sido engolido pela maquina repressiva. Ninguém sabe onde foi levado nem se e quando poderá voltar.
A diocese subterrânea de Zhengding (Hebei), conta com mais de 110 mil fiéis e pelo menos 80 sacerdotes e mais de 90 freiras.
Mais de mil fiéis participaram da festa da Assunção de Nossa Senhora que encolerizou a policia, informou AsiaNews.
A poucas horas do início das Olimpíadas, três militantes pela vida americanos estenderam uma faixa com o dizer “Jesus Cristo é Rei” em inglês e chinês, na Praça Tiananmen, em Pequim.
Foram presos imediatamente pela polícia. Eles protestavam pela violação dos direitos humanos no país.
Notadamente pelo aborto forçado em massa e a perseguição religiosa aos cristãos, segundo informou LifeSiteNews.
Sendo estrangeiros, e o fato acontecendo em meio de grande presença de jornalistas, a polícia liberou-os posteriormente. Fossem chineses, sabe Deus em qual campo de “re-educação” iriam a sofrer duras penas durante anos.
A ditadura socialista chinesa está à testa da massacre de inocentes no mundo.
Policiais, soldados e câmaras de espionagem fecharam o acesso à basílica de Nossa Senhora de Sheshan, perto de Shanghai.
É o maior santuário mariano da China, visitado todo ano por dezenas de milhares de fiéis, sobre tudo em 24 de maio, festa de Nossa Senhora Auxiliadora.
Policiais impedem carros e peregrinos de subir à basílica sem licença especial.
Os católicos não pedem essa autorização pois os registros podem ser usados “para nos reprimir após que a grande festa dos Jogos Olímpicos tenha terminado” declarou um católico fiel a Roma, e por isso perseguido.
Os restaurantes e hotéis da região foram interditados de acolher clientes.
Há um “brutal crescimento da febre securitária em torno dos santuários católicos” comentou o jornal “La Croix” de Paris.
As dioceses estão proibidas de fazerem romarias.
A famigerada Igreja patriótica (associação cismática ao serviço do comunismo) trabalha para sustá-las e convoca a rezar pelo sucesso das Olimpíadas!.
O governo alega “segurança” e perigo de “congestões” de público.
A verdade é que está apanicado com a idéia de que se patenteie o desacordo católico com a opressão socialista que afoga toda liberdade religiosa autêntica.
Nesta hora de Olimpíadas a ditadura trabalha ao máximo para enganar o Ocidente.
Policiais militares treinam en Nanjing |
O jornalista italiano Francesco Liello do jornal esportivo La Gazzetta dello Sport fez a denúncia. Os comunistas chineses alegam “razões de segurança” para interditar qualquer símbolo religioso nos recintos olímpicos.
Para fugir das críticas, Pequim embaralhou os termos da proibição. Para isso foi ajudado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) o qual interpretou o regulamento da competição de modo a justificar os tiranos ateus.
No Congresso americano, o deputado Thaddeus McCotter disse se tratar de mais uma jogo da propaganda comunista, lembrando os bispos e sacerdotes católicos fiéis a Roma prisioneiros ou procurados pela polícia.
Mons. José Han Dingxiang, bispo de Handan, China, foi morto numa dependência policial comunista. Foram-lhes negadas as exéquias e até os sacramentos, informou o jornal vaticano “L'Osservatore Romano”.
Os agentes cremaram e sepultaram o corpo às presas.
Ele morreu incitando os católicos a rezarem mais o rosário.
O prelado passou mais de 35 anos em campo de concentração e diversas prisões acusado de “atividades contra-revolucionárias”, i. é, anticomunistas.
Enquanto prelados, sacerdotes e fiéis genuinamente católicos seguem sofrendo sanguinária perseguição na China, os ardilosos eclesiásticos da Igreja Patriótica chinesa fingem uma falsa fidelidade a Roma para tentarem sujeitar os simples fiéis ao regime comunista que martiriza a Igreja.
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Arcebispo emérito de Hong-Kong |
Cardeal Zen — Durante essas negociações eles [os comunistas chineses] não estão demonstrando nenhuma cordialidade, não estão dando nenhum sinal de boa vontade.
Estão fazendo coisas incríveis. Portanto, não estão demonstrando abertura. Apenas mostram que querem controlar mais. Querem mostrar que são os chefes.
Por exemplo, aqueles bispos chineses ilegítimos, excomungados, os comunistas querem que o Vaticano os perdoe.
Mas eles estão fazendo coisas terríveis contra a disciplina da Igreja. São ilegítimos, são excomungados e ousam ordenar sacerdotes!
Isso aconteceu ainda muito recentemente. Incrível! Incrível!
Reúne-se a cada cinco anos uma organização chamada Assembleia dos Representantes dos Católicos Chineses, o seu mais alto corpo, a mais clara manifestação da natureza cismática daquela igreja.
Trezentos e tantos representantes — os bispos são apenas como todos os outros —, eles realizam eleições etc.
Agora, na última vez, seis ou sete anos atrás, nós dissemos à Comissão Pontifícia para a Igreja na China: “Não!”.
Dissemos aos bispos para não irem. No final eles foram [o cardeal demonstra profundo desagrado], porque o Prefeito da Congregação para a Evangelização afirmou: “Oh, os senhores estão sob pressão, nós entendemos...”. Ah, está bem.
Mas dessa vez o Vaticano diz: “Sabemos o que é isso, mas não fazemos julgamento agora. Nós observamos, nós refletimos, nós julgaremos”.
O que quer dizer isso? — Deixe-os fazer a reunião e depois você julga?
Mas aquilo é uma manobra cismática.
“Agora eles estão negociando, estão se tornando amigos, o senhor não vê isso?” Incrível!
Como se pode permitir a realização desse tipo de reunião? E então, examinando-se agora a reunião, eles mudaram? Não!
Estão exatamente como antes: “Nós queremos uma Igreja independente”. Portanto, não estão absolutamente demonstrando nenhuma boa vontade.
Nossa Senhora de Fátima é proibida na China porque sua devoção é explicitamente anticomunista |
Cardeal Zen — É muito curioso, porque eles costumam dizer: “Nossa Senhora, ok. Mas não Nossa Senhora de Fátima”. Por quê?
Porque Nossa Senhora de Fátima é anticomunista. Porque disse que o comunismo cairia na Rússia.
Então, se você tentar ir à China levando uma imagem de Nossa Senhora, talvez não haja problema, mas se levar Nossa Senhora de Fátima, não pode!
Isso é muito curioso, porque só há uma Nossa Senhora. Certa vez, no fim de uma reunião, contei isso ao Papa Bento e lhe disse: “Mas eles não conhecem Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, que é ainda mais terrível, porque Ela foi à guerra”.
A origem da invocação Auxílio dos Cristãos provém da Batalha de Lepanto [1571] e do Cerco de Viena [1683].
Portanto, a Guerreira [o cardeal esboça um comprazido sorriso] Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos! Então, penso que eles cometem muitos equívocos a respeito de Nossa Senhora.
Catolicismo — Os católicos chineses ainda são perseguidos, presos e mortos por causa de sua fé?
Cardeal Zen — Certamente houve mudanças em todos esses anos, caso se compare a situação atual com os anos do início do regime comunista.
Por exemplo, no começo dos anos 1950 — os comunistas tomaram o poder em 1949 —, especialmente em 1951, eles começaram, nas escolas dependentes da Igreja, a expulsar todos os missionários.
Muitos foram para a prisão e nunca voltaram. E depois, em 1955, ocorreu a grande perseguição.
Em uma noite eles prenderam o bispo de Xangai, o vigário-geral, o reitor do Seminário, muitos padres, muitas freiras e jovens da Legião de Maria. Enviaram-nos todos para a prisão e nunca voltaram...
E foi pior ainda em 1967, durante a “Revolução Cultural”. Até mesmo aqueles que obedeciam ao governo foram perseguidos pelos guardas vermelhos, presos, e nunca voltaram. Era muito duro. Inúmeras pessoas morreram na prisão.
Houve também anos muito difíceis, durante os quais inúmeras pessoas sofreram terrivelmente. E em dado momento, no final da “Revolução Cultural”, os comunistas começaram a política de abertura, até abriram os Seminários.
Em Hong-Kong ficamos surpresos, pois podíamos visitar os Seminários. Nessa ocasião eu pedi para ensinar naqueles Seminários. Tive que esperar quatro anos. Permitiram que eu fosse.
Isso se deu de 1990 a 1996. Pude ensinar durante sete anos, primeiro em Xangai e depois em diversos Seminários. Era algo muito novo. Incrível! E fui tratado muito gentilmente, porque estávamos em 1989.
Bispos desaparecidos |
Então, enquanto todo mundo partia para fora da China, eu fui para dentro da China. Isso significava que eu acreditava neles. Que eu sou amigo. Então, eles me trataram muito bem. Durante sete anos...
Eu costumava passar seis meses do ano em Hong-Kong, seis meses ensinando na China em todos aqueles Seminários da igreja oficial [do governo comunista].
Era muito triste ver como eles tratavam os nossos bispos. Sem nenhum respeito. Simplesmente assim [o cardeal faz um gesto de quem arrasta o outro pelo nariz]. Escravos!
Portanto, foi uma experiência terrível. Então, julgo que se as pessoas não tiverem essa experiência, elas não podem compreender.
Talvez tenha até havido outras mudanças nesses últimos anos, sem tantas pessoas na prisão. Mas alguns bispos continuam presos. Um deles morreu no ano passado.
E alguns padres que morreram misteriosamente. Diversos padres ainda estão na prisão, embora muito menos do que antes.
Porém, eles [os comunistas] continuam controlando. E, comparando, a situação é pior. Por quê?
Porque a Igreja foi debilitada. Estou muito triste em dizer que o governo chinês não mudou e que a Santa Sé está adotando uma estratégia errada.
Eles [as autoridades do Vaticano] são muito sequiosos em dialogar, dialogar. Então, dizem a todo mundo para não fazer barulho, para acomodar-se, fazer compromisso, obedecer ao governo.
Em consequência, as coisas estão indo ladeira abaixo.
Catolicismo — Os católicos na China estão se opondo ao diálogo com os comunistas?
Cardeal Zen — Alguns jornalistas vão à China e voltam dizendo: “Oh, vejam, eles agora podem falar à vontade!”.
Na China não existe liberdade de expressão. As pessoas não podem falar. Alguns [sacerdotes] podem vir agora a Hong-Kong falar comigo, podem conversar com o arcebispo Savio Hon na Congregação para a Evangelização, mas não podem falar publicamente. Então, como esperar que falem?
Se o fizerem, serão imediatamente presos. Até os advogados dos direitos humanos são presos pelo regime comunista por defenderem os pobres e os oprimidos.
Muitas pessoas são obrigadas a comparecer diante da televisão e dizer: “Desculpem-me, estou errado, o governo está certo”. Elas são humilhadas!
Portanto, não existe liberdade e estão temerosas. Às vezes o próprio Vaticano não ousa pressionar muito porque, de fato, quer que todos façam compromisso.
Catolicismo — A situação do laicato mudará após a assinatura do acordo do Vaticano com a China?
Cardeal Zen — As relações entre os leigos e o clero ocorrem sempre de duas maneiras: muitas vezes é o clero que dirige o povo, algumas vezes é o povo que dirige o clero.
Por exemplo, na igreja oficial [do governo] há também bons bispos. Eles não podem fazer nada em nível nacional da Conferência Episcopal.
Mas em suas dioceses podem fazer algumas coisas. Podem manter bem as suas dioceses e os fiéis estão contentes em segui-los.
Apelo em Hong Kong pelo bispo Cosme Shi Enxiang, provavelmente morto num cárcere comunista chinês |
Eles não entendem o que é “oficial” [igreja do Estado comunista], “subterrânea” [Igreja fiel a Roma]. Simplesmente gostam de ir à igreja, onde se pode rezar e cantar. Não são muito argutos a respeito dessas distinções.
Antigamente, na clandestinidade, os padres eram severos. Por exemplo, diziam: “Você não pode ir à igreja oficial. É pecado mortal”.
E os fiéis mais velhos acreditavam nisso. Mas agora o Papa diz: “Não, você pode ir, porque o fiel tem o direito de receber sacramentos válidos”.
Então os fiéis podem dizer: “Nas catacumbas não é seguro. É perigoso. Algumas vezes eu vou à igreja oficial, depois volto”.
Na igreja oficial, às vezes os fiéis agem melhor que os padres e os padres às vezes agem melhor que os bispos. Porque os bispos sofrem mais pressão, os padres sofrem mais pressão que os leigos.
Então os leigos podem torná-los mais fiéis à Igreja. E agora, às vezes, por causa dessa interpretação errada da carta do Papa, pode haver padres e bispos da clandestinidade que gostariam de se tornar da igreja oficial.
E então, há muitos casos em que os católicos não gostam disso e dizem: “Está errado”. Portanto, a situação é muito complicada. A situação geral é pior do que antes. Agora há mais confusão, mais divisão.
Catolicismo — Existe para os católicos chineses a esperança de viver a antiga liberdade da Igreja?
Cardeal Zen — Em seu país [Polônia], goza-se de liberdade.
Naquele tempo de domínio do comunismo as pessoas não podiam acreditar — ninguém podia esperar — na queda repentina do comunismo, de certo modo pacificamente.
Portanto, quando as pessoas me perguntam: “O que o senhor espera, quando gozarão de liberdade?”.
Eu digo: “Pode ser que talvez devamos esperar 50 anos, ou talvez cinco semanas. Por que não?”.
Estamos nas mãos de Deus. É importante rezar. Rezar pela conversão.
Nesta minha visita aqui, notei uma coisa maravilhosa: que os senhores podem generosamente esquecer o passado. Então, quando o regime caiu, não houve vingança da parte do povo.
Penso que este é o espírito cristão. Estou muito temeroso de que na China — onde os cristãos constituem uma pequena minoria — os comunistas poderão ser perseguidos quando o comunismo cair.
Porque há muitíssimas injustiças e o povo, que não é cristão, poderá se vingar. Portanto, é muito perigoso.
A única coisa seria rezar para que os comunistas sejam convertidos em seus corações. Então, poderá haver uma passagem pacífica.
Eles não gostam de falar de revolução pacífica, mas nós esperamos.
Eminentíssimo Senhor
Cardeal Joseph Zen Ze-kiun
Hong Kong – China
Eminência Reverendíssima
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, associação cívica continuadora da obra do insigne professor cujo nome ostenta, e associações autônomas e coirmãs nos cinco continentes, dedicam-se a defender os valores fundamentais da Civilização Cristã.
Seus diretores, membros e simpatizantes são católicos apostólicos romanos que combatem as investidas do comunismo e do socialismo.
A posição fundamentalmente anticomunista que resulta das convicções católicas dos membros de nossas organizações ficou revigorada pela heroica resistência da “Igreja clandestina” chinesa fiel a Roma.
Seus bispos, sacerdotes e milhões de católicos recusam a se submeter à assim chamada Igreja Patriótica, cismática em relação a Roma e inteiramente submissa ao poder central de Pequim.
“Bem-aventurados os que são perseguidos por amor à justiça, porque deles é o Reino dos céus!” (Mat. 5, 10);
“se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo. 15, 18-19).
Essas divinas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo exprimem nossa admiração à única Igreja Católica na China, hoje sob a bota comunista, e que tem em Vossa Eminência um egrégio membro e porta-voz.
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995), fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e inspirador de TFPs e entidades afins nos diversos continentes. |
O documento (que vai em anexo) é intitulado A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas — Para a TFP: omitir-se? Ou resistir?
Como Vossa Eminência poderá ver nessa Declaração, datada de 1974, a diplomacia vaticana na Europa do Leste e na América Latina buscava uma ardilosa política de aproximação com os regimes comunistas gravemente danosa para os verdadeiros católicos, a qual resultaria na submissão da Santa Igreja Católica aos déspotas vermelhos.
No dia 7 de abril de 1974, a imprensa da maior cidade da América do Sul (cfr. “O Estado de S. Paulo”) ecoou uma entrevista de Mons. Agostino Casaroli asseverando que na infeliz ilha de Cuba, oprimida pelo comunismo fidelcastrista, “os católicos são felizes dentro do regime socialista”.
E continuava Mons. Casaroli: “A Igreja Católica cubana e seu guia espiritual procuram sempre não criar nenhum problema para o regime socialista que governa a ilha”.
Essas declarações do alto enviado vaticano — que coincidiam com posicionamentos de outros Prelados colaboracionistas do comunismo — provocavam surpresas dolorosas e traumas morais nos católicos que seguiam a imutável doutrina social e econômica ensinada por Leão XIII, Pio XI e Pio XII.
Esta Ostpolitik, como ficou conhecida, era fonte de perplexidades e angústias, e suscitava no mais íntimo de muitas almas o mais pungente dos dramas.
Pois, muito acima das questões sociais e econômicas, atingiam o que há de mais fundamental, vivo e terno na alma de um católico apostólico romano: sua vinculação espiritual com o Vigário de Jesus Cristo.
A diplomacia de distensão do Vaticano com os governos comunistas levantava uma dúvida supremamente embaraçosa: é lícito aos católicos não caminharem na direção apontada pela Santa Sé? É lícito cessar a resistência ao comunismo?
Neste momento, encontramo-nos em situação análoga, porém ainda mais perigosa, com a política vaticana em relação à chamada Igreja Patriótica submissa a Pequim.
Com efeito, causou pasmo no mundo católico a noticia da visita à China de uma delegação vaticana liderada pelo arcebispo Claudio Maria Celli, quem em nome do Papa Francisco pediu aos legítimos pastores das dioceses de Shantou e Mindong que entregassem suas dioceses e seus rebanhos a bispos ilegítimos nomeados pelo governo comunista e rompidos com a Santa Sé.
Chegaram como aterradora e amplificada repetição das declarações de Mons. Casaroli em Cuba as palavras de Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, Chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Academia Pontifícia das Ciências Sociais, conhecido como conselheiro próximo do Santo Padre.
Segundo o jornal “La Stampa” de Turim do dia 2 de fevereiro 2018, declarou ele: “Neste momento, os que melhor praticam a doutrina social da Igreja são os chineses [...]. Os chineses procuram o bem comum, subordinam as coisas ao bem geral“.
Mons. Sánchez Sorondo: “os que melhor
praticam a doutrina social da Igreja são os chineses“
Após visitar o país esmagado por uma ditadura ainda mais inclemente do que a cubana, Mons. Sánchez Sorondo, ainda à maneira de Mons. Casaroli, declarou:
“Encontrei uma China extraordinária; o que as pessoas não sabem é que o principio central chinês é trabalho, trabalho, trabalho. Não tem favelas, não tem drogas, os jovens não tem droga [...] [A China] está defendendo a dignidade da pessoa [...]”.
Nem uma só palavra sobre a perseguição religiosa que o comunismo inflige aos nossos irmãos na Fé – bispos, padres e fiéis prisioneiros –, nem à violação sistemática e universal dos direitos fundamentais do homem criado à imagem e semelhança de Deus.
As controvertidas e falsas afirmações deste alto prelado vaticano vão muito além das próprias declarações de Mons. Casaroli em Cuba no remoto ano de 1974 e ferem muito mais a reta consciência cristã.
O drama da atual situação dos católicos chineses é o de todos os fiéis que desejam perseverar diante do Leviatã comunista.
Ontem como hoje, pressionados pela diplomacia da Santa Sé para aceitarem um acordo iníquo com o regime comunista, enfrentam um gravíssimo problema de consciência: é lícito dizer não à Ostpolitik vaticana e continuar resistindo ao comunismo até o martírio se necessário for?
Na referida Declaração de Resistência, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirmava (sem ter recebido nenhuma objeção de Paulo VI ou de seus sucessores) que aos católicos é não somente lícito, mas até um dever imitar a atitude de resistência do Apóstolo São Paulo em face de São Pedro, o primeiro Papa:
“Tendo o primeiro Papa, São Pedro, tomado medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave risco de confusão doutrinária e de prejuízo para os fiéis. Levantou-se então e ´resistiu em face´ a São Pedro (Gal. II,11).
“Este não viu, no lance fogoso e inspirado do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E, sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de São Paulo.
“Os Santos são modelos dos católicos. No sentido em que São Paulo resistiu, nosso estado é de resistência.
"Resistir significa que aconselharemos os católicos a que continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, em defesa da Pátria e da Civilização Cristã ameaçadas.
O prof. Plinio recebe na sede da TFP em São Paulo a visita de Mons. Josef Slipyj,
arcebispo mor do rito greco-católico ucraniano, herói da resistência contra o comunismo.
"Resistir significa que jamais empregaremos os recursos indignos da contestação, e menos ainda tomaremos atitudes que em qualquer ponto discrepem da veneração e da obediência que se deve ao Sumo Pontífice, nos termos do Direito Canônico.
"A Igreja não é, a Igreja nunca foi, a Igreja jamais será um cárcere para as consciências.
“O vínculo da obediência ao Sucessor de Pedro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor, esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmamos a nossa posição.
“E de joelhos, fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.
“Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores:
“Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe”.
Ainda nos anos 70, tivemos a alegria de constatar, na gloriosa fileira do episcopado chinês, a resistência destemida do ilustre conterrâneo de Vossa Eminência, o Emmo. Cardeal Paul Yü Pin, então Arcebispo de Nanquim e Reitor da Universidade Católica de Taipé, Formosa (cfr. “The Herald of Freedom” de 15/2/74, em despacho da Religious News Service).
Declarou o Purpurado à citada agência (como hoje ratifica Vossa Eminência), que seria uma ilusão esperar que a China comunista modifique sua política antirreligiosa.
Cardeal Paul Yü Pin (1901 - 1978), arcebispo de Nanquim |
Voltando ao Cardeal Yu Pin, há quarenta anos ele acrescentou:
“Queremos permanecer fiéis aos valores perenes da justiça internacional [...].
“O Vaticano pode agir de modo diverso, porém não nos comoveríamos muito com isso. Penso que é ilusória a esperança de que um diálogo com Pequim ajudaria os cristãos do continente [chinês]. [...]
“O Vaticano nada está obtendo para os cristãos da Europa Oriental. [...] Se o Vaticano não pode proteger a Religião, ele não tem muita razão para continuar no assunto. [...]
“Queremos permanecer fiéis ao nosso mandato, mas somos vítimas da repressão comunista. Sob tal aproximação [do Vaticano com a China comunista], nós perderíamos a nossa liberdade. Como chineses, temos que lutar por nossa liberdade”.
A essas lúcidas e vigorosas observações, que lembram a “resistência em face” de São Paulo a São Pedro (Gálatas II, 11), o Prelado acrescentou esta emocionante previsão:
“Há uma Igreja subterrânea na China. A Igreja na China sobreviverá, como os primeiros cristãos sobreviveram nas catacumbas. E isso poderia significar um verdadeiro renascimento cristão para os chineses.”
Assim sendo, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e associações autônomas e coirmãs de todo o mundo, bem como os milhares de católicos que juntam suas assinaturas a esta mensagem de apoio moral:
Cristãos tentam impedir que agentes comunistas destruam a Cruz |
- Manifestam a Vossa Eminência, a toda a hierarquia, clero e povo católico da China, sua admiração e sua solidariedade moral, nesta hora em que urge erguer a resistência ante o Moloch comunista e a Ostpolitik vaticana. Os bispos e sacerdotes da perseguida Igreja clandestina na China que ora resistem, estão sendo para o mundo inteiro um símbolo vivo do “bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas”.
- Afirmam que haurem alento, força e esperança invencível do épico exemplo dos atuais mártires que perseveram na China. Nossas almas católicas aclamam estas nobres vítimas: “Tu gloria Jerusalem, tu laetitia Israel, tu honorificentia populi nostri” (Judith 15,10). Esses mártires constituem a glória da Igreja, a alegria dos fiéis, a honra dos que continuam a luta sacrossanta.
- Elevam suas preces a Nossa Senhora Imperatriz da China, para que com desvelo de Mãe socorra e dê ânimo aos seus filhos que lutam para se manterem fiéis apesar de circunstâncias tão cruelmente hostis.
Assine esta carta você também! CLIQUE AQUI
a Ostpolitik bem conhece, mas finge desconhecer
Stalin e seu funcionário Mao Tsé Tung, pai do comunismo chinês |
O artigo que segue é antigo, mas o tema é atualíssimo em face do recrudescimento das perseguições aos católicos chineses que resistem às imposições ditatoriais do governo de Pequim, assim como resistem à atual política de aproximação do Vaticano com o regime comunista — como tem denunciado o Cardeal Joseph Zen Ze-kiun.
Comunismo na China:
“Infiltrar todas as instituições da Igreja”
O triunfo da revolução bolchevista na Rússia, em 1917, marcou o início de um novo período da história contemporânea. Da história não só daquele país, mas de toda a humanidade, e especialmente da Igreja Católica.
Vitoriosos, os chefes soviéticos adotaram, desde logo, uma posição nitidamente contraria a toda e qualquer religião, procurando difundir o ateísmo e o materialismo por todos os meios a seu alcance, e principalmente pela força da ditadura que acabavam de impor ao povo russo.
A Igreja foi sendo obrigada a arrostar, nas mais diversas frentes, um novo adversário, que se mostrava ao mesmo tempo brutal e cheio de artimanhas.
Nunca, em seus dois mil anos de existência, teve o Catolicismo que lutar com um inimigo tão ardiloso e dotado de tal poder.
Veremos, neste artigo, o que foi e o que está sendo a guerra do comunismo contra a Igreja na China, talvez a mais diabolicamente inteligente que sofre a Esposa de Cristo no atual momento.
Em sua obra, tantas vezes elogiada, “O Comunismo e a Igreja Católica — O Livro Vermelho da Perseguição”, Albert Gaiter escreve que, entre todas as perseguições a que têm sido submetidos os católicos nos países de obediência marxista, pode-se citar a chinesa “como exemplo”, por seus processos metódicos, por sua técnica refinada e pelos resultados obtidos.
O despertar do sentimento nacionalista exacerbado ofereceu aos comunistas, ali, meios de ação com que não contavam seus correligionários de outras regiões.
O nacionalismo chinês, em suas relações com a religião, foi estudado pelo “Osservatore Romano” em 30 de janeiro de 1955 e, mais recentemente, em 14 de março deste ano, em artigos longos e bem documentados.
Igreja católica profanada para ser salão da revolução cultural de Mao Tsé-Tung |
Em trinta anos conseguiu ele impor sua ditadura a meio bilhão de almas, aproveitando-se da situação caótica da política interna do país e das perturbações internacionais que desde antes da última guerra mundial têm ocorrido no Extremo Oriente.
Fundado em Xangai, em 1921, sob a chefia de Mao Tsé-Tung, o Partido Comunista Chinês recebeu um auxilio valioso da missão de técnicos e militares russos que se encontrava no país havia um ano.
Desde logo, o espantalho da guerra sino-japonesa foi um instrumento precioso nas mãos dos bolchevistas indígenas, ansiosos por dominar inteiramente sua pátria.
Sob pretexto de combater o inimigo externo, fundaram um Estado independente, o Yenan, ao norte da China. Divulgando o “slogan”: “Um chinês não combate outro chinês, quando japoneses estão dentro de suas muralhas”, conseguiram que o chefe do governo legal, Chang Kai-Chek, fosse preso pelos seus próprios generais, sob acusação de entendimentos com o inimigo.
Como preço de seu resgate, obtiveram plena liberdade de ação para o Partido, e o compromisso de Chang de responder pelas armas ao primeiro ataque japonês que houvesse.
Os japoneses atacaram em 1937, obrigando, por força desse acordo, o governo nacionalista a entrar em uma guerra longa e dura, para a qual a China não estava preparada e que a debilitou material e moralmente.
Os comunistas, ao contrario, graças a um plano bem concebido, pelo qual suas forças nunca enfrentavam abertamente o inimigo, conseguiram consolidar seu regime nas regiões do norte.
Suas guerrilhas lhes permitiram, sem muito esforço, manter em reserva tropas descansadas e sovietizar, sem maiores perigos, o território por eles ocupado.
Por outro lado, durante a segunda guerra mundial, os aliados fizeram pressão sobre Chang Kai-Chek para que aceitasse a colaboração dos comunistas no alto comando, o que conferiu ao movimento vermelho um caráter legal em toda a China.
Comunistas chineses destroem imagens católicas. |
O exército nacionalista, esgotado e desfalcado, entrou então em luta com os comunistas pela posse do território chinês.
Em outubro de 1949, depois de quatro anos de guerra civil, os bolchevistas, senhores de toda a China continental, proclamaram em Pequim a República Popular Chinesa.
Os católicos eram uma minoria no país — quatro milhões, no total de 463.500.000 habitantes — mas minoria ativa e organizada, com 20 Arquidioceses, 85 Dioceses e 39 Prefeituras Apostólicas.
Os Prelados chineses eram 27 e, dos 5.637 Padres que ali labutavam, 2.557 eram indígenas. Sua Santidade o Papa Pio XII, reconhecendo a importância dessa Cristandade, conferiu o chapéu cardinalício ao Arcebispo de Pequim, em 1946.
Antes de 1945 a atitude dos comunistas chineses para com as Missões católicas já era de perseguição aberta, se bem que localizada e muito desordenada.
Sessão de humilhação dos proprietários na Revolução Cultural. |
Muitos fiéis foram presos, sendo exigidas pesadas somas para seu resgate. Em 1934, no II Congresso Nacional dos Soviets da China, Mao Tsé-Tung declarava:
“Nos territórios soviéticos chineses, os Padres católicos e os pastores protestantes foram expulsos pela massa popular. As propriedades confiscadas aos missionários imperialistas foram devolvidas ao seu legitimo proprietário: o povo. As escolas missionárias foram transformadas em escolas soviéticas”.
Os dirigentes do Partido mostravam-se mais interessados em fatos do que em manifestações espetaculares. Metodicamente, sabendo o que queriam, e quase em silêncio, realizaram uma grande obra de destruição.
A luta contra a Fé obedeceu, regra geral, às seguintes fases, estudadas de antemão e executadas em perfeita ordem:
1º) “liberdade e tolerância” religiosas, de acordo com o artigo 88 da Constituição da República Popular;
2º) “luta contra as superstições”: campanha violenta, oral e escrita, contra a religião, apresentada como um dos maiores males da sociedade humana; exploração, entre outros, dos velhos temas da completa liberdade de consciência e do direito de todos professarem qualquer religião;
3º) “campanha de reeducação”, cujo fim era criar, progressivamente, um “novo homem”;
4º) “oposição ativa”, destinada a paralisar totalmente o apostolado dos missionários;
5º) organização da “ação popular” ou tribunais populares: em cada cidade o Bispo, os Sacerdotes, as Religiosas e os leigos de destaque são presos e julgados sem direito de defesa.
Conquistado o poder, os comunistas proclamaram a liberdade geral e cessaram momentaneamente a perseguição aberta e declarada.
Mas, pela lei sobre atividades contra-revolucionárias, publicada em fins de 1950, o governo teve armas “legais” para uma luta mais intensa contra a Igreja e os católicos.
Velório do Pe Joseph Jia, mártir em década recente |
Começou-se também, em alguns lugares, a proibir as cerimônias religiosas, como perda de tempo prejudicial à produção nacional.
A lei sobre atividades contra-revolucionárias serviu ainda de pretexto para o fechamento de todos os jornais e revistas católicos.
Depois de uma violenta campanha contra o Vaticano, o governo, atendendo aos “desejos ardentes” e “espontâneos” da cristandade chinesa, lançou o “Movimento da Tríplice Independência” ou da “Tríplice Autonomia”.
No dia 7 de janeiro de 1951, o primeiro-ministro Chu En-Lai convidou para uma reunião em Pequim quarenta líderes católicos; nessa ocasião foram trocados pontos de vista sobre a reforma do Catolicismo.
O Movimento exigia, para a Igreja chinesa, autonomia de direção, autonomia econômica e autonomia de expansão.
Em uma palavra, criava um cisma, apesar de algumas declarações ilusórias que garantiam a manutenção das relações com o Papa, na qualidade de Chefe espiritual.
Autonomia de governo significa, para os comunistas de Chu En-Lai, que a Igreja nacional, administrada por chineses, deve libertar-se das tradições ocidentais e criar uma nova hierarquia, uma nova legislação e uma nova liturgia.
Autonomia econômica: a Igreja na China não deve receber nenhum subsidio do exterior, dado que o governo se encarrega de suprir suas necessidades.
Não deve haver mais missionários estrangeiros; os temas das pregações tem que ser adaptados à mentalidade nacional e às condições da “nova China”; é necessário estabelecer uma nova teologia, conforme com a ideologia professada pelo governo.
“Os cristãos chineses — proclamava a ‘Agência Nova China” em 14 de janeiro de 1951 — devem descobrir os tesouros do Evangelho por si e para si.
O bispo mártir Dom Cosme Shi Enxiang. O comunismo escondeu o cadáver para evitar multitudinário enterro |
O jornal oficial do Partido escrevia, em 8 de janeiro do mesmo ano: “Nosso fim é reconduzir a Igreja ao seu estado primitivo e, do ponto de vista político, adaptá-la aos desejos do povo”.
Foram fundadas nessa ocasião, para pôr em pratica tais resoluções, as “Comissões de Reforma” diocesanas e paroquiais, cuja missão era acusar e fazer condenar os Bispos e Padres que não pactuassem, administrar a “nova Igreja”, e executar a doutrinação do Clero e fiéis por meio de estudos do marxismo.
Esta campanha a favor de uma Igreja nacional prosseguiu com a expulsão do Internúncio, Mons. Antonio Riberi, em setembro de 1951, depois que este advertiu os Bispos contra o caráter cismático do movimento.
O Santo Padre Pio XII, em outubro de 1954, reafirmou a condenação dessa “reforma”, na sua Encíclica “Ad Sinarum Gentem”:
“Não podem ser considerados nem honrados como católicos os que professam ou ensinam verdades diferentes daquelas por Nós ensinadas, brevemente, acima.
“E o caso, por exemplo, dos que aderiram aos princípios nefandos chamados das Três Autonomias, ou a outros do mesmo gênero… “
No ano passado, reuniu-se duas vezes a Conferencia Nacional Católica da China.
Na segunda dessas reuniões, realizada de junho a julho, foi aprovada uma resolução, difundida pela ‘Agencia Nova China’, que declara notadamente:
“Os católicos chineses obedecerão ao Vaticano no que se refere aos dogmas e à moral, porque isto não poderia constituir um atentado aos interesses e à independência do país.
“Mas opor-se-ão a todo plano urdido pela Santa Sé que, sob o manto da religião, atente contra nossa soberania ou nosso movimento patriótico anti-imperialista”. — e acrescenta que, após a conferência, foram fundadas associações patrióticas dos católicos chineses.
Dias depois, a agencia noticiosa “Fides” divulgou um estudo sobre essas sociedades. Ali se salienta que, conquanto não tenham elas sido explicitamente condenadas pela Igreja, pode-se afirmar, à luz da Encíclica “Ad Sinarum Gentem”, que o foram implicitamente, visto estarem sob controle do Partido Comunista e serem constituídas segundo os seus princípios.
Estas associações, prossegue a agencia da Sagrada Congregação “de Propaganda Fide”, são as continuadoras do “Movimento das Três Autonomias”.
Mais recentemente, a mesma agência difundiu uma ordem secreta dirigida pelo Partido Comunista Chinês aos seus membros no estrangeiro.
Os trechos que selecionamos são tão significativos que dispensam comentário. Convém, apenas, ressaltar que, depois de procurar confundir os espíritos dando a entender que as seitas protestantes são tão perigosas para o bolchevismo quanto a Igreja, o documento, em seu último item, justifica o ensinamento de Leão XIII quando, na Encíclica “Parvenu à la vingt-cinquième année”, o Pontífice filia o comunismo ao protestantismo, através da Revolução Francesa.
O heróico Cardeal Kung passou longos anos em prisão sob horríveis torturas e acabou morrendo no exílio |
“Estabelecidos em todas as cidades do mundo, semeiam por toda parte o veneno de suas doutrinas para combater o socialismo comunista.
“Eis porque, seguindo as diretrizes dos chefes do Partido, nossos camaradas devem encontrar meios de penetrar no próprio coração de cada igreja, pôr-se ao serviço da nova organização de polícia secreta, desenvolver uma grande ação no seio de todas as obras eclesiásticas, desencadear um ataque de grande envergadura, empenhar-se a fundo, invocando até o auxílio de Deus, e, para conseguir formar uma frente única, servir-se do encanto e do poder de sedução do sexo feminino.
“Em consequência, para atingir este fim, para dividir as igrejas internamente e opor umas às outras as diversas organizações religiosas, o órgão do Partido baixou as nove disposições seguintes:
“1º) Os camaradas devem introduzir-se nas escolas estabelecidas por estas igrejas… ; devem espionar os reacionários… ; devem misturar-se aos estudantes, adaptar-se aos seus modos de sentir,… e imiscuir-se metodicamente em todos os setores da ação eclesiástica.
“2º) Cada camarada deve procurar tornar-se, pelo Batismo, membro da Igreja…
“Todos desenvolverão uma atividade de grande envergadura, servindo-se de belas frases para emocionar e atrair os fiéis. Irão mais longe ainda, e esforçar-se-ão por dividir profundamente as diversas categorias do laicato, inclusive fazendo apelo ao amor de Deus e defendendo a causa da paz…
“3º) Nossos camaradas deverão assistir a todos os serviços religiosos, e, afavelmente, cortesmente, servindo-se com inteligência dos meios mais diversos, unir-se-ão ao Clero e espionarão a sua atividade.
“4º) As escolas fundadas e dirigidas pelas igrejas são um campo ideal para a nossa penetração. Aparentando a maior benevolência, os ativistas de nossa organização devem aplicar esta dupla lei:
“Cativar o inimigo para suprimir o inimigo. Devem misturar-se alegremente aos diretores, professores e estudantes para dominá-los, aplicando o princípio: Dividir é governar.
“Além disso, devem procurar contatos com os chefes das famílias dos alunos, para reforçar o trabalho de base da revolução…
Comitiva chinesa acumpliciada com a perseguição comunista recebe calorosa acolhida da CNBB em Brasília |
“6º) Baseando-se nesse princípio de ferro: Esmagar o inimigo servindo-se dele próprio, cumpre procurar persuadir um ou outro membro eminente da Igreja de vir à China, e facilitar-lhe as autorizações e documentos necessários.
“Tal ação falsa e secreta nos ajudará a atingir nosso fim, pois esse homem eminente nos revelará a verdadeira fisionomia e a verdadeira situação da Igreja.
“7º) Os camaradas ativistas devem… descobrir os pontos fracos da organização eclesiástica, explorar as divisões internas…
“8º) Todo camarada que ocupa um posto de direção deve ter compreendido a fundo esta verdade: a Igreja Católica, escravizada ao imperialismo, precisa ser abatida e destruída completamente.
“Quanto ao protestantismo, que comete o erro de seguir uma política de coexistência, é necessário impedir que faça novas conquistas, mas podemos deixá-lo morrer de sua morte natural”.
em Xinjiang destroem cruzes, torres e imagens
Antes e depois a igreja de Xinjiang profanada pelo comunismo em 'diálogo' com a diplomacia vaticana. |
Agentes do governo arrancaram da pobre mas digna igreja de Yining, no Xinjiang, as cruzes das cúpulas das torres e do tímpano, destruíram com furor iconoclasta os ornamentos externos e suprimiram a Via Sacra do interior do templo, segundo escreveu o Pe. Bernardo Cervellera, em AsiaNews, do Pontifício Instituto das Missões Exteriores.
O mesmo atentado foi praticado contra as igrejas de Manas e Hutubi.
Para o Partido Comunista da China, agora em aberta confluência com a diplomacia vaticana, a cruz representa “uma infiltração religiosa proveniente do exterior”.
“É uma nova Revolução Cultural” é o comentário generalizado nas redes sociais vendo a fotografia da igreja de Yining (Xinjiang) despojada violentamente de suas cruzes e das imagens de santos que enfeitavam a parte superior além dos relevos e pinturas que ornavam a fachada.
A color, o movimento e a leveza das cúpulas e das decorações nos muros exteriores, das cruzes coroando o prédio eram fruto de uma fé nascente com fervor numa região central da Ásia bafejada pelo Espírito Santo.
Tudo foi destruído por ordem do governo executada entre 27 e 28 de fevereiro (2018) poucas semanas após o encontro das delegações chinesa e vaticana que preparam um “histórico” acordo para a nomeação dos bispos na Igreja Católica pelo regime anticristão.
Yining se encontra no oeste a 700 km da principal cidade de Xinjiang, Urumqi, e tem uma comunidade católica de algumas centenas de fiéis.
Na feroz Revolução Cultural entre 1966 e 1976, os Guardas Vermelhos conduzidos por Mao Tsé Tung e a tristemente célebre “Banda dos Quatro” destruíram igrejas, como também templos e pagodes de religiões diversas, livros de oração, estátuas, pinturas e tudo o que pudesse lembrar a Deus e seus santos.
Hoje análoga “Revolução Cultural” está sendo feita sob o slogan de “achinesar”.
Isso implica – segundo explicou o presidente Xi Jinping há três anos, e foi ratificado no XIX Congresso do Partido Comunista, em outubro de 2017 – na obrigatoriedade de “aderir e desenvolver as teorias religiosas, mas com características chinesas”,
1) aplicando o princípio da “independência” (leia-se ruptura com o Papa de Roma);
2) adaptando a religião à sociedade socialista (leia-se transforma-la numa força comunista) e
3) resistindo às “infiltrações religiosas provenientes do exterior (leia-se banindo os missionários e ordens religiosas)”.
O Cruzeiro símbolo da Redenção caiu na categoria “infiltração religiosa proveniente do exterior” e foi arrancado com satânico impulso da igreja de Yining.
E não só os dois maiores que coroavam as cúpulas, mas também as cruzes do cemitério anexo, de dentro do edifício sagrado, incluindo a Via Sacra e as decorações com forma de cruz nos bancos.
Foto de UCANews durante a profanação da igreja. |
Os tempos da perseguição e dos martírios da Revolução Cultural foram renovados com a mesma proibição de rezar, incluso privadamente nos próprios lares.
A polícia ameaçou os cidadãos de que caso encontre duas pessoas rezando juntas em sua casa, vai arrestá-las e obriga-las a passar por uma “reeducação”, que implica reclusão num campo de concentração.
Mons. Marcelo Sánchez Sorondo regressando recentemente da China elogiou “dialogantemente” o regime perseguidor como modelo de aplicação da doutrina social da Igreja. A declaração deixou estarrecidos os homens que tem um resto de lógica no mundo inteiro.
As novas normas anticristãs válidas desde o dia primeiro de fevereiro de 2018 só permitem atos de culto na igreja, nos horários fixados pelo despótico governo.
Um ato piedoso em qualquer outro lugar é tido como feito em “local ilegal” e sujeito a prisão, multas, e até a expropriação do prédio, acrescentou o Pe. Cervellera.
Até as moradias privadas são “local ilegal de culto”. Nas residências particulares ficou proibida toda conversa religiosa ou oração, sob pena de arresto. Os fiéis só podem rezar na igreja, e nos domingos.
Na porta de todas as igrejas, deve ser legível um cartaz que proíba a entrada “para menores de 18 anos”, porque crianças e jovens estão proibidos de participar nos ritos religiosos, e em consequência não podem receber catequese, instrução religiosa nem preparação para os sacramentos.
Só poderão ficar abertas as igrejas registradas oficialmente na burocracia marxista.
A “achinesação” erige o Partido Comunista Chinês como “guia ativo” das religiões, sob a liderança suprema do presidente Xi Jingping que acaba de ser aprovado como comandante a vida do país.
Dele e de seus amigos vaticanos dependerá a vida e a morte de qualquer construção religiosa cristã e de sua destruição.
O controle desapiedado e asfixiante se exerce sob o medo. Os católicos chineses já enfrentaram esse medo assassino e o venceram. Mas desta vez é a diplomacia vaticana que se põe do lado dos carrascos.
Na China há uma renascença religiosa impressionante. Calcula-se que mais de 80% da população tem alguma religião e que pelo menos uma quinta parte dos membros do Partido Comunista pratica alguma delas em secreto.
Incapaz de convencer o povo com as ideias comunistas, o regime recorre ao controle e à perseguição. Essas medidas de força se tendo demonstrado insuficientes, agora apela ao apoio de eclesiásticos romanos ligados de um modo ou de outro à “teologia da libertação”.
“Estou muito triste de que o Vaticano se abaixe a pactos com este governo – disse um fiel de Urumqi a AsiaNews. Agindo desse modo, se converte em cúmplice de quem quer nossa aniquilação”.
Na gruta refúgio do bispo São Pedro de Sanz y Jordá, mártir, onde brota água milagrosa. |
Os mais recentes foram vítimas do comunismo com que a Ostpolitik troca sorrisos e promessas falaciosas. Mas outros surgem hoje do fundo de séculos heroicos de evangelização em que a verdade de Cristo era pregada sem conchavos com os inimigos de Cristo e sem medo de sofrer a prisão, a tortura ou a morte.
Os peregrinos atravessam quase de quatro a pequena entrada da gruta onde o missionário dominicano espanhol São Pedro de Sanz y Jordá, lembrado como o “bispo Bai” foi conduzido por um pombo para ali estabelecer seu refúgio.
O sendeiro até o local serpeia entre morros e atravessa uma Via Sacra cheia de cruzes criada há mais de uma década quando as autoridades que agora dialogam com a diplomacia da Santa Sé “ameaçaram destruir todas elas”, segundo narra um religioso que no quer ser identificado pelos algozes comunistas.
“Aqui não somos da igreja patriótica, mas da autêntica, a que segue ao Papa”, esclarece o sacerdote.
Igreja católica em Lankou, na costa, diocese de Mindong, no sul da China |
Então afixaram sobre cada um desses montículos uma imagem impressa de cada estação piedosa com Jesus carregando a Cruz.
Na primeira estação há três cruzes de madeira a disposição do romeiro que queira carregar uma até a “cova de Bai”, imitando Jesus em sua Via Dolorosa.
Todo domingo, dezenas de fiéis perfazem a Via Sacra, em geral em grupos. Precisam fazer fila para entrar na gruta.
Nela lavam os pés e enchem garrafas com água de uma fonte natural. Eles garantem que é milagrosa.
“Minha família é católica há cinco gerações. Nós vimos uma vez por ano. É tradição desta região”, diz Fan Wenda, agricultor de 77 anos que recita sistematicamente o terço junto com todos.
O bispo Sanz y Jordá acabou cativo durante terrível perseguicao pagã contra os missionários no século XVIII.
Em Shangwan a gruta do padre Miao Zishan, martirizado pelos comunistas na Revolução Cultural (1966-1976) |
Esse sangue derramado comprou a implantação do catolicismo em Mindong, na província sulista de Fujian, um dos redutos mais antigos da fé católica no continente chinês.
Os religiosos usavam como base de suas incursões apostólicas as posses espanholas na vizinha Ilha Formosa – agora Taiwan.
Foi assim que o catolicismo em Mindong ganhou especial simbolismo para o Vaticano.
É a diocese onde nasceu o primeiro sacerdote católico chinês; onde se estabeleceu o primeiro bispo no imenso império, até que por fim virou um dos redutos mais firmes da Fé católica.
“A pressão do Estado ia e vinha, mas as comunidades religiosas deitavam sólidas raízes na areia local”, explica Eugenio Menegon, autor de livro sobre as origens do catolicismo em Mindong.
A perseguição pagã imperial foi substituída pela pressão dos nacionalistas de Chiang Kai-Shek até que o comunismo maoista montou as piores técnicas de difamação e violência contra os missionários e os cristãos.
O bispo missionário São Pedro de Sanz y Jordá não se dobrou diante das promessas e ameaças do imperador. Hoje é venerado pelo povo de Mindong. |
Esse crime hoje é praticado sistematicamente pelo sistema comunista e não o é secreto para o Vaticano que recebe seus fautores em dissimulados encontros.
O catolicismo é divino na sua fonte e sobreviveu a todos os satânicos embates comunistas.
Mas agora enfrenta um perigo nunca antes imaginado: o conchavo do Vaticano e de Pequim que lhes obrigaria por um pacto a abandonar a religião de seus martirizados antepassados e se submeter à espúria Associação Patriótica de Católicos Chineses (CCPA), mera criação do governo comunista em 1957.
O iníquo pacto, segundo sites católicos especializados como UcaNews, incluiria o reconhecimento por parte do Vaticano de sete bispos ilegais da CCPA, vários deles excomungados.
Os bispos leais ao Pontífice – um deles é o de Mindong – seriam substituídos pelos fantoches de Pequim.
O governo marxista promete aprovar dezenas de bispos fiéis que pertencem à “igreja subterrânea” e que não aceitam o comando socialista.
Em Luojiang, onde fica a catedral de Nossa Senhora do Rosário, sede do bispo de Mindong, Mons. Guo Xijin, a notícia causou estupor.
“Não estamos de acordo com essa decisão. Se o bispo deve ceder seu posto à igreja patriótica, seremos controlados pelo Partido Comunista”, reconhece Luo, proprietário de uma loja perto da catedral.
Dos 80.000 católicos de Mindong, por volta de 70.000 se declaram membros da “igreja autêntica” pastoreada pelo bispo Guo. O resto aderiu à CCPA.
Os católicos “autênticos” ou “subterrâneos” estão longe de se ocultarem.
Os católicos de Mindong não têm medo de ostentar seu catolicismo. |
O pequeno restaurante da senhora Chang está decorado com imagens de Jesus nas paredes. E isso se pode ver em muitos locais.
A cozinheira lembra que nos anos 80, a CCPA “enviou um bispo patriótico para celebrar a Missa e os fiéis o puseram para fora”.
“Não à igreja patriótica!”, exclama ela. E suas palavras são ecoadas por muitos dos presentes nos mesmos termos.
“Vivemos numa ditadura”, garante outro católico. O bispo Guo aceitará qualquer decisão do Pontífice “se a vemos por escrito e com o selo oficial”, esclarece um clérigo da catedral.
Nem o Sinédrio, nem Judas Iscariotes ousaram deixar seu pacto por escrito.
Cena de um 'processo popular comunista' na Revolução Cultural. Por ele passou o Pe Miao Zishan |
O sacerdote foi martirizado em 1968 e o povo conserva seu nome com uma aureola de santidade como a que acompanha a São Pedro de Sanz y Jordá.
Para eles também é um “mártir” e a terra da gruta faz milagres para a saúde.
O sacerdote Miao Zishan foi encarcerado e torturado pelos acólitos do maoísmo que hoje estreitam as mãos da Ostpolitik vaticana.
Ele foi “preso numa jaula” e condenado a prisão perpetua. “Foi acusado em ato público diante de 10.000 pessoas. Só foi liberado quando estava terminal”, relata um residente de Shangwan.
Após Mao a perseguição não parou.
“Nos anos 90, o governo destruiu muitas igrejas. A da minha aldeia (Baihu) se salvou porque a transformamos em casa de retiro.
“Nunca esquecerei que quando era criança vi prender um sacerdote”, rememora.
Mons. Vicente Huang Shoucheng, anterior bispo de Mindong passou 35 anos em prisões e campos de trabalho comunistas. Seu enterro foi apoteótico e os comunistas ficaram impotentes |
Veja mais em: Ante a proibição de enterrar o Bispo com sua mitra, fiéis o coroam com uma mitra de flores
A irmã Lin, freira do povoado de Saiqi denuncia que as restrições do governo prosseguem muito numerosas.
“Põem-te obstáculos na hora de renovar as igrejas ou de construí-las. Na aldeia de Qitou derrubamos a velha igreja para fazer uma nova e nos negaram a licença.
“Temos que rezar sobre os fundamentos. O mesmo aconteceu em Xiapu”.
Os fiéis se mostram submissos aos desígnios papais, mas na sua maioria estão “abalados, tristes e deprimidos”, segundo Ren Yanli, investigador da Academia de Ciências Sociais da China.
“Preocupa-nos ver que a autenticidade da fé está sendo danificada”, admite Lin, a freira de Saiqi.
“Rezem por nós”, implora antes de se despedir.
Quem no Vaticano ou na CNBB está rezando por esses pobres católicos, acossados injustamente, traídos pelos maus pastores, mas abençoados pelo Juiz supremo e Pastor dos pastores, Nosso Senhor Jesus Cristo?
Mons Vincent Guo Xijin foi sequestrado pela polícia comunista em ato de intimidação e libertado com proibição de celebrar |
Uma delegação diplomática vaticana presidida por Mons. Claudio Maria Celli pediu ao bispo legítimo ficar na diocese como bispo auxiliar do bispo ilegítimo e excomungado Zhan Silu.
A inédita capitulação seria parte inicial de um acordo histórico entre a Santa Sé e o comunismo chinês.
Posto contra a parede pelas autoridades vaticanas, Mons. Guo reafirmou a disposição de se submeter à vontade do Papa Francisco, mas pediu que a transferência fosse formalizada com um “documento autêntico verificável do Vaticano”, segundo informou o jornal “The New York Times”.
O pedido, aliás, tão razoável numa situação canônica em extremo complicada, parece ter caído mal no Vaticano e em Pequim. Até o presente, a Santa Sé não ousou emitir o documento de praxe, tal vez temendo deixar uma prova de irregularidade. E Mons. Guo ficou com a diocese aguardando instrução.
Na presidência de Xi Jinping o regime vem demolindo as igrejas e os símbolos da Cruz pelo país todo, vendo nelas uma ameaça ao controle marxista.
A igreja católica dita “subterrânea” é especialmente odiada pelo socialismo. Já a chamada “igreja patriótica” criada pelo governo em 1957 com bispos ilegítimos é submissa ao Partido Comunista.
Esse quer que todo o clero fiel a Roma seja submetido ao comando dessa repartição “patriótica” marxista.
Mons. Guo é sucessor de Mons. Vincent Huang Shoucheng, um herói da fé que passou 35 anos nas prisões e campos de concentração.
Em 2017, Mons. Guo foi preso durante 20 dias para que não pudesse celebrar uma Missa para crismar crianças e neófitos.
E o corajoso bispo de Mindong foi sequestrado pela polícia na noite do dia 26. Os policiais também levaram preso o chanceler da diocese, o Pe. Xu, como informou a documentada agência “AsiaNews”.
No dia do aprisionamento, Mons. Guo foi convocado pelo Escritório de Assuntos Religiosos, onde discutiu com os funcionários socialistas durante pelo menos duas horas.
Ele teve tempo para fazer rapidamente uma mala e foi feito desaparecer pela polícia como no ano passado.
Os fiéis acham que o bispo foi sequestrado porque se negou a concelebrar as cerimônias da Semana Santa com o bispo ilícito, excomungado e cismático Zhan Silu.
Até Patrick Poon, responsável pela ONG esquerdista Amnesty International na China, mostrou seu espanto e exigiu que o governo chinês comunicasse com a maior urgência o paradeiro do bispo.
“É vergonhoso assediar um prelado e leva-lo preso sem razão legítima alguma. É uma violação evidente da liberdade religiosa”, disse ele à France Press.
O blog “Il sismógrafo” redigido na Secretaria de Estado da Santa Sé e caixa de ressonância habitual dos acordos com o regime comunista reproduziu a informação da agência France Press.
Mas acrescentou que tendo consultado um porta-voz vaticano não identificado, esse se recusou a fazer comentários, contrariamente à ONG não-religiosa mencionada.
A polícia local indagada pela agencia France Press, declarou não saber de nada. O mesmo fez o escritório provincial para as questões religiosas. Essa “ignorância” é de praxe nos “desaparecimentos” praticados pelas autoridades chinesas.
Mas, após 24 horas de intimidante prisão, os eclesiásticos recuperaram a liberdade, por tempo indefinido. A violência foi praticada enquanto progridem as negociações sino-vaticanas, noticiou “La Nación”.
A polícia, entretanto, proibiu a Mons. Guo celebrar qualquer missa como bispo, completou “AsiaNews”. A Ostpolitik vaticana ficou em embaraçosa e inexplicável posição.
Achinesar a Igreja é submete-la ao governo marxista. Bispos excomungados são até deputados do Partido Comunista. |
A repressão visou impedir com ameaças que o prelado divulgasse algum comentário sobre os “diálogos” entre a China e o Vaticano entre os jornalistas estrangeiros presentes em Pequim para acompanhar as reuniões da Assembleia Nacional do Povo, órgão máximo do PC chinês.
Nos mesmos dias, sacerdotes católicos “não oficiais” de Heilongjiang, e o administrador apostólico de Harbin, Mons. Giuseppe Zhao, ficaram retidos nas delegacias para não terem contatos com os jornalistas.
Simultaneamente a ditos fatos, o jornal francês “La Croix” ligado ao episcopado francês, anunciou que o Vaticano aguardava uma delegação chinesa para as primeiras semanas de abril.
Segundo o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, o objetivo da comitiva seria a assinatura do acordo histórico do Vaticano com a ditadura maoista. A informação não foi confirmada pelo Vaticano.
Teria sido simbólico que tal acordo tivesse sido assinado na Semana Santa, quando a liturgia da Igreja lembra o dia em que Judas negociou a venda de Jesus (quarta-feira santa) e o dia em que o entregou aos enviados dos sacerdotes para ser morto (quinta-feira santa).
Felizmente, o acordo não foi assinado nessa data e parece encontrar dificuldades de concretização. O serviço de imprensa vaticano anunciou oficialmente não há acordo iminente algum com a China.
Do outro lado, o sequestro de Mons. Guo teria sido fruto da pressão de setores marxistas rijos que não querem acordo algum.
Idas e vindas destas foram frequentes nas relações com o poder soviético.
Porém, o monstro comunista ficou espreitando. E a Ostpolitik vaticana também.
As crescentes perseguições forçaram a dividir a página em duas.
Continua em "A perseguição religiosa na China" -- segunda parte).
Como consigo entrar em contato com vocês? Gostaria de saber mais sobre o catolicismo clandestino na China e como posso ajudá-los. Meu email é gabyalvesamorim@hotmail.com
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