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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Trem-bala chinês, para o Brasil, não!

Uma das jóias do progresso tecnológico chinês, o trem de grande velocidade D3115 foi abalroado pelo ouropel tecnológico D301, que vinha de Pequim. O trágico acidente aconteceu em Shuangyu, perto da cidade de Wenzhou, província de Zhejiang, mais de 1300 quilômetros ao sul da capital.

O trem atropelado estava parado sobre um grande e moderno viaduto de 30 metros de altura. A violência do impacto jogou dois vagões no abismo, tendo um deles ficado pendurado pelas rodas.

As informações, reproduzidas pelo diário “Le Monde” de Paris, falam de mais de 43 mortos, 200 feridos, e mais de mil passageiros envolvidos no acidente. Numerosas fotos e vídeos tirados pelos moradores das vizinhanças circularam logo na Internet.

Enquanto as equipes humanitárias ainda tiravam corpos dos vagões acidentados ‒ uma criança foi resgatada com vida ‒ as escavadeiras os afundavam na lama com malas e pertences.

Vídeo postado (ver embaixo) em Youtube registra esse fato alucinante, mas muito afim com o materialismo socialista e difundido em blog do “Le Monde”.



Segundo o diário “The Telegraph” num outro video podia se ver corpos caindo enquanto os operarios desmanchavam os vagões acidentados e a indignação percorria a China toda.



Os habitantes da região e os internautas no Sina Weibo ‒ equivalente do Twitter ‒ estavam furiosos. Não somente desapareciam bens que pertenciam a passageiros e/ou familiares, mas fotos ou vídeos que poderiam ajudar a esclarecer como aconteceu a tragédia.

Esclarecimento que o Ministro das Ferrovias Sheng Guangzu prometera dar em profundidade. A contradição entre as palavras e os fatos foi macabra.

Como é costume, provavelmente nunca se ficará sabendo ao certo o que houve. Os órgãos do governo encarregar-se-ão de cobrir com panos a catástrofe. A rede chinesa de trens de alta velocidade é a menina dos olhos do regime socialista e uma de suas grandes cartadas propagandísticas.

Vagão acidentado derrubado às pressas
Os trens chineses da categoria D deveriam circular a 250 km/h, segundo a infalível planificação oficial. Mas, após as más situações já vividas, não podem exceder os 200 km/h.

Os comboios acidentados não pertencem propriamente ao mesmo tipo do arqui-incensado “trem-bala” que conecta Pequim e Xangai, inaugurado no 90º aniversário do Partido Comunista chinês.

Na teoria, esses trens-bala viajariam a 450 km/h. Na verdade, o governo rebaixou sua velocidade para 380 km/h. Após pânicos coletivos, falhas, e atrasos sucessivos, abaixou a máxima para 300 km/h. O pretexto foi o meio ambiente, a poupança de energia e a diminuição do preço das passagens.

Zhou Yimin, ex-chefe do Departamento de Tecnologia do Ministério das Ferrovias, confessou que os “trens-bala” chineses foram feitos com a reconhecida tecnologia socialista: a contratação de tecnologias estrangeiras, logo depois puxadas para além dos limites de fiabilidade por engenheiros locais, para atender às exigências de propaganda do comunismo central.

O porta-voz do mesmo ministério, Wang Yongping, ufanava-se de que a tecnologia socialista era bem melhor em vários pontos que a do trem-bala japonês Shinkansen, que, entretanto, jamais sofreu um acidente mortal em quatro décadas de serviço.

O anterior ministro, Liu Zhijun, foi preso em fevereiro por suposto enriquecimento ilícito, atividade bem enraizada no Partido Comunista. Agora, pelo menos três dirigentes estatais foram demitidos, como de costume, para eximir o governo de responsabilidade.

Menina, 2, resgatada 21 horas depois
As despesas com a rede de super-velocidade parecem irracionais. Só a propaganda do socialismo chinês no exterior a justifica.

Segundo o diário “Le Figaro”, também de Paris, Pequim teria ordenado uma revisão total de sua rede ferroviária de grande velocidade. Trata-se de recuperar a face diante do exterior e manter as aparências de um fulgurante sucesso ferroviário chinês prestes a tomar conta do mundo.

Aliás, o Brasil bem poderia vir a ser uma das vítimas deste engodo.

Arnaud de la Grange, correspondente do “Figaro” em Pequim, escreveu que a China estava há tempos inundada pelos comentários mais críticos sobre os novos trens. Os resultados mostravam-se calamitosos, segundo La Grange.

Após o desastre, a Internet foi invadida por um tsunami de queixas dos usuários chineses movidos pelo medo, a insegurança e as más experiências pessoais. Ninguém compreendia como, se fosse certa a versão oficial, nenhum sinal avisava que havia um comboio parado nos trilhos e sobre o viaduto.

“Mais um!” – escreveu um internauta chinês que divulgou em Youtube as primeiras imagens do desastre. “Quem agora vai ousar pegar um trem de grande velocidade?”, interrogou um outro, citado pela agência oficial Nova China.

Na semana anterior ao acidente, a rede entrou várias vezes em pane. Circulavam pela net testemunhos indignados de passageiros que foram vítimas de infindas paradas sob o sol em vagões perfeitamente isolados, onde o ar condicionado não funcionava mais.

Na sexta-feira, o ministério competente havia anunciado que os problemas seriam solucionados logo. Os problemas aduzidos eram sempre climatológicos, contraditórios e pouco críveis, sendo logo substituídos por outros.

A cegueira ideológica e a incompetência da planificação socialista acabam de escrever assim uma página cheia de sangue nos anais dos desastres ferroviários.



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