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quarta-feira, 23 de março de 2022

China mascara passado de crimes

A pior matança coletiva da história foi silenciada
A pior matança coletiva da história foi silenciada
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








À décadas causou espanto o livro oficial sobre a “História do Partido Comunista Chinês, 1949-1978”, publicado por ocasião dos 90 anos do partido. Entretanto as cifras monstruosas dos extermínios de massa haveriam de se revelar deformadas para abaixo.

Naquela época, a causa do estarrecimento foi o silêncio deliberado sobre as dezenas de milhões de pessoas mortas para a implantação da utopia socialista.

“Não menos do que 60 milhões”, disse Frank Dikötter, historiador da Universidade de Hong Kong que está escrevendo um livro sobre os primeiros anos da República do Povo. Hoje se calcula, por baixo, em cem milhões de vidas cortadas pelo fanatismo igualitário comunista.

A contestada história oficial de 1978 formava um volume de 1.074 páginas que visava ludibriar os 82 milhões de membros do partido e os ingênuos ou amigos do Ocidente.

Os historiadores apontam como exemplo o modo de se apresentar a Campanha Anti-Direitista de 1957.

proprietários de terra que foram publicamente humilhados e mortos.  
Esta é mencionada num só parágrafo, que se refere superficialmente a protestos, greves e saques.

Na realidade os cidadãos morriam de fome aos milhões, em decorrência da reforma agrária e de políticas industriais coletivistas.

Nessa campanha, mais de 550 mil intelectuais foram tachados de “direitistas”, demitidos de seus empregos, torturados e enviados para campos de trabalho onde muitos morreram.
Professores, artistas, intelectuais foram criminalizados

Cinicamente, uma nota de rodapé reconhece que “98%” das vítimas da campanha foram acusadas “equivocadamente”.

Porém, a história oficial elogia os morticínios e a eliminação fatal dos “direitistas”, dizendo que foi “necessária e correta” para implantar o socialismo.

Um discurso análogo ao de Putin para massacrar os civis ucranianos sob pretexto espúrio de desnazificação.

Os crimes de massa continuam sendo um método aprovado pelo regime comunista até quando fingiu cortejar o capitalismo.

Sobre o Grande Salto Adiante de 1958-62, de Mao Tsé Tung, a campanha de coletivização e industrialização que causou um dos maiores morticínios culposos de massa da História da humanidade, o livro constata apenas estatisticamente que a população da China caiu em 10 milhões de 1959 a 1960.

Milhões foram mortos de fome pelo socialismo
De fato ntre dois e três milhões de pessoas foram mortas em 1949-51 pelo fato de serem proprietárias de terras, fazendeiros ou “contra-revolucionárias”, denunciadas falsamente como bandidos ou espiões do Kuomintang, o adversário político.

Mas a história oficial não menciona sequer um número, embora elogie a reforma agrária e outras campanhas contra os proprietários urbanos e industriais que morreram chacinados.

O livro faz de Mao apenas uma restrição: ele teria cometido erros “esquerdistas”, como a Revolução Cultural.

Porém, diz maquiavelicamente que os mesmos foram “necessários” e põe a culpa em etéreas “expansões” equivocadas.
Biden e Xi JinPing a mesma mentira perdura
Biden e Xi JinPing a mesma mentira perdura

Em última análise, ninguém teve culpa pelo extermínio.

Dezenas de milhões de chineses proprietários, fazendeiros, intelectuais, nobres e simples populares foram sacrificados no altar fanático da igualdade socialista.

“É uma espécie de ilusão mostrar que eles estão fazendo um esforço para contar a verdade, quando sabemos que eles não estão”, disse a historiadora Zhou Zun, da Universidade de Hong Kong.

O presidente Hu Jintao apadrinhou uma equipe de pesquisadores encarregada de suprimir fatos ou interpretações indesejáveis da história.

Assim saiu aquela história, que o governo comemora como “um esforço coletivo”, disse Frank Dikötter.

O passado imediato da China não é tão passado assim. Ele vive acalentado no espírito ditatorial de Xi Jing Ping.

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