Pesadelo chinês: Pesca pirata chinesa devasta os oceanos

Frota pesqueira de alto mar sai de Taizhou, para um ano de pesca em águas remotas

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

Ficou no imaginário público o perfil do pirata perna-de pau com um periquito no ombro e um parche no olho, assaltando galeões no Caribe como nos filmes ou contos para crianças.

Acha-se que foram personagens do passado ou da literatura.

Os séculos passaram, tudo mudou e, pasmem, a pirataria ficou mais ativa e tecnificada do que nunca.

Hoje, no III milênio a pirataria é o pior flagelo de todas as atividades humanas que ocorrem no oceano.

A mais devastadora versão é a pesca ilegal não declarada e não regulamentada (IUU na abreviatura em inglês) que representa entre 20 e 50% da captura global mundial de peixes, escreveu “La Nación”.

Os novos piratas não têm “patente de corso”, salvo a de Pequim, e vão à procura de espécies protegidas, ou utilizam redes proibidas, provocando a queda vertical dos estoques marítimos pesqueiros.

Pesqueiros piratas na Indonesia prefrem se afundar a serem pegos com cargas e instrumentos ilegais

Pesqueiros piratas na Indonésia preferem se afundar
a serem pegos com cargas e instrumentos ilegais

Apenas um quinto das espécies comerciais são pescadas de forma racional.

Esse declínio vertiginoso rouba mais de US $ 20 bilhões por ano aos estados costeiros e ameaça a subsistência de milhões de pescadores honrados que trabalham em pequena escala.

Os novos piratas aparentam estar envolvidos em outros crimes organizados que vão até o tráfico de drogas.

Dezenas de milhares de tripulações do Sudeste Asiático e da África trabalham para grandes frotas chinesas e estrangeiras em condições análogas às dos antigos escravos.

No Pacífico, a rotina é matar os observadores que surpreendem essa pirataria.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) aprovou um acordo que obrigará os países a suspenderem os subsídios a essa pesca ilegal.

Mas há um monstro da ilegalidade que se resiste: é a China. Se supõe que um outro – a Índia – acabará cedendo.

Mas a China é mestra em todo tipo de falcatruas. Para não irmos mais longe, no nosso Atlântico Sul, a frota chinesa ilegal pode reunir centenas de pesqueiros no limite das nossas Zonas Econômicas Exclusivas, prestes a invadi-las quando a vigilância costeira – lamentavelmente escassa na nossa imensa área marítima soberana – tiver se afastado em suas passagens de rotina.

Nas águas argentinas, o furto de espécies cobiçadas se mede em centenas e até bilhões de dólares por ano.

Pesqueiros chineses estreitam fileiras para fugir de guarda costeira coreana

Mark Zimring, da The Nature Conservancy (TNC), destaca que a tecnologia avançada permite monitorar as frotas pesqueiras ilegais.

Mas é essa tecnologia que falta às Marinhas da América do Sul em navios de vigilância numericamente suficientes e com suspeita de conivência corrupta pelo menos na Argentina.

Os chineses são mestres nesta atividade predadora, desligam os transponders identificadores, mudam os nomes de seus navios, não obedecem os controles obrigatórios.

E se pegos até tentam colidir – com risco de afundamento – os barcos das guardas costeiras. Em fim de contas, a péssima qualidade dos pesqueiros chineses vale menos que a multa que deveriam pagar segundo os padrões internacionais se forem pegos e conduzidos a porto.

Mas eles têm apoios em políticos de esquerda que também ilegalmente mandam não interceptar o crime organizado no mar.

Dessa maneira, os beneficiários finais dos crimes nos oceanos fogem facilmente dos poucos inspetores de pesca se escondendo detrás de identificações fraudadas.