Barco chinês pego pescando ilegalmente nas ilhas Galápagos |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em mercados nauseabundos e laboratórios mal controlados, a China irradiou o coronavírus que faz imensos estragos no mundo ocidental.
Mas o vitimado reage molemente, escreveram no “Le Figaro” Jean-Philippe Delsol e Nicolas Lecaussin, presidente e diretor respectivamente do IREF (Institut de Recherches Economiques et Fiscales).
Malgrado tudo o que já foi denunciado, o governo chinês prossegue com sua vontade de hegemonia planetária visando de imediato os países mais debilitados de todos os continentes, continuam.
Repressão em Hong Kong (captura de tela) |
A mentira não os incomoda e o vírus que espalharam parece lhes sorrir.
Xi Jinping de início prometeu dar um “papel decisivo” ao mercado e restabelecer o Estado de Direito.
Mas, escrevem ironicamente os autores, as promessas só obrigam aos que acreditam nelas.
Como em autentico regime comunista, Xi Jinping já se proclamou ditador perpétuo; ninguém ousa respirar fora do ritmo do Partido; internet está censurada; as estatísticas de imensa máquina burocrática são falsas; as grandes empresas ‘privadas’ são dirigidas por membros da nomenklatura; os grandes donos das maiores empresas são feitos desaparecer com sofismas diversos; as firmas dependem do dinheiro público e do arbítrio das autoridades locais do Partido Comunista; as empresas estrangeiras são acolhidas para lhes pilhar sua tecnologia.
Não é só a economia, mas a sociedade toda que está sob controle absoluto.
A sociedade sob controle absoluto |
Só em 2019 foram encarcerados mais de 10.000 crentes, na maioria cristãos. Minorias étnicas como os uigures e tibetanos devem migrar, são encerradas em campos ou são massacradas. As universidades devem ensinar marxismo e Hong Kong deve afundar na tirania.
A China é ainda uma ditadura comunista face à qual a Europa exibe uma diplomacia pusilânime enquanto Hong Kong é invadido.
A China só é forte pela debilidade do mundo, especialmente da Europa, dizem os autores.
Mas, em verdade, ela é um gigante com os pés de barro sobre o pedestal de um Estado e de um Partido igualitário que esmagam um povo pisado por milênios de paganismo.
A própria corrupção emana de uma luta de clãs que quer as rendas da tirania política e administrativa.
Unidade militar de hackers depreda sistema informático mundial |
A Europa deveria se defender da avançada ideológica pequinesa, mas os dirigentes de Bruxelas se consolam condenando simbolicamente a violação de todos os direitos, e não tiram as consequências.
François Heisbourg escreveu “A Era dos depredadores” (Le Temps des prédateurs”, Odile Jacob) para analisar a projeção econômica, ideológica e política da China especialmente sua tendência ao expansionismo mundial no pós-covid.
O autor concedeu entrevista a “Le Figaro” sublinhando a extremada matreirice chinesa na hora de gerir as crises.
É uma “diplomacia da enganação”. Ela empresta aos países quebrados, inclusive às piores ditaduras. E depois cobra os empréstimos de modo predatório.
Ela é um mercado fechado a ponto da embaixada chinesa nos insultar na sua conta do Twitter na França. Mas nós não podemos responder porque Twitter, Google e Facebook estão proibidos, como na Rússia.
Exército chinês quer controlar o mundo pela 5G |
A China pratica a depredação comercial notadamente contra os EUA e também contra os europeus. A violação da propriedade intelectual é unilateral, mas Ocidente nem pensa numa reação à altura.
Heisbourg resume seu livro dizendo que “a China é uma predadora e a Europa é sua presa”.
Para o autor, o nacionalismo vermelho chinês está crescendo e ali está o risco real.
Após a tomada de Hong Kong, o próximo passo será Taiwan e o Mar do Sul da China por onde circula a metade do comércio marítimo mundial.
Ali um erro de cálculo pode nos levar a conflitos localizados que abalem o mundo.
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