Barco fantasma de pescadores da Coreia do Norte recuperado pela marinha japonesa. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No mais recente índice de pesca ilegal não declarada e não regulamentada (IUU), a China recebeu a pior pontuação entre 152 estados costeiros avaliados em todo o mundo, referiu “ChinaDialogueOcean”.
A China é, em muitos aspectos, a nação pesqueira mais importante do planeta, com uma frota de milhares de embarcações de pesca e transportadoras de peixes, operando em todas as principais bacias oceânicas.
Também é um dos três mais importantes mercados globais de frutos do mar, dos quais é o principal exportador e terceiro maior importador.
Com a pesca ilegal IUU a China rouba anualmente economias e sociedades de capturas no valor de bilhões de dólares.
Provoca imoralmente enormes impactos ambientais sobre os estoques de peixes, prejudicando a pesquisa científica e os esforços de gerenciamento da pesca.
No novo índice desenvolvido pela Poseidon Aquatic Resource Management (empresa de consultoria em pesca e aquicultura) e pela Global Initiative Against Transnational Organized Crime (rede de especialistas de ONGs com sede em Genebra, focada no crime em direitos humanos, democracia, governança e exploração de recursos naturais), a China se classifica como o pior desempenho global.
Sua vasta e frota de navios de pesca pratica infrações nos rincões mais distantes do mundo.
Como estado portuário, a China obtém a segunda pior pontuação porque seu grande número de portos de pesca não tem supervisão, nem ela assinou o Acordo de Medidas dos Estados do Porto, de 2009.
A China possui a pior pontuação, tanto na vulnerabilidade quanto na prevalência da pesca “pirata”.
Barco fantasma da Coreia do Norte encalhado no Japão |
A pesca ilegal de centenas de barcos chineses provocou um declínio sem precedentes na fauna marinha e está levando milhares de pescadores à ruína. A China não tem o menor escrúpulo, nem com seus aliados mais leais.
“Este é o maior caso conhecido de pesca ilegal de uma única frota pesqueira industrial que opera em águas de outro país”, disse à NBC News Jaeyoon Park, pesquisador da Global Fishing Watch, ONG de conservação oceânica.
Muitas áreas de pesca mais próximas à costa da China foram despovoadas da fauna marinha nos últimos anos devido à pesca excessiva e à industrialização pelo governo chinês.
Uma das áreas mais cobiçadas é o Mar do Japão, ou Mar do Leste, entre a Península Coreana, o Japão e a Rússia.
A incursão dos barcos de pesca chineses, famosos por sua agressividade e frequentemente armados, intensificou as tensões nessa região disputada e tem empobrecido centenas de milhares de pescadores.
A atividade chinesa teve consequências catastróficas para a economia norte-coreana. Em 2017 e 2018, navios ilegais chineses dez vezes maiores que os da Coreia do Norte, capturaram uma quantidade de lula maior do que o Japão e a Coreia do Sul juntos: cerca de 160.000 toneladas, avaliadas em mais de 440 milhões de dólares anuais, segundo a revista Science Advances.
Desde 2003, os navios piratas chineses vêm causando um declínio superior a 70% nos estoques de lulas no Mar do Leste.
O ditador Kim Jong-un ordenou a ampliação do alcance de seus barcos, em geral mal equipados e com pouco combustível. Pescadores desesperados da Coreia do Norte devem navegar distâncias cada vez mais perigosamente longínquas da costa para atingir suas cotas.
Pesqueiro chinês pirata preso no Pacífico Norte |
Centenas desses barquinhos chegaram até o Japão com sua tripulação morta pela fome, hipotermia ou desidratação. Apenas cerca de 50 pescadores foram resgatados vivos nos últimos sete anos.
“Os arrastões industriais chineses estão empurrando os pescadores norte-coreanos para as águas vizinhas da Rússia”, disse à NBC News Jung-Sam Lee, um acadêmico que descobriu centenas de barcos norte-coreanos pescando ilegalmente nas águas russas em 2018.
Em 2017, a Guarda Costeira japonesa também identificou 2.000 barcos de pesca norte-coreanos pescando ilegalmente em suas águas.
A prática chinesa explicaria os “navios fantasmas” norte-coreanos que aparecem cheios de cadáveres nas praias do Japão.
Trata-se de miseráveis barcos de madeira para o transporte de cinco a dez pescadores, sem banheiros ou camas. Nos últimos cinco anos foram recolhidos mais de 500 deles – 150 apenas em 2019.
As cidades portuárias da costa leste da Coreia do Norte agora são conhecidas com o novo nome de “aldeias viúvas”.
Ótimo trabalho deste canal, acompanho há anos.
ResponderExcluirGostaria de uma materia sobre as inundações na China e sobre a perda dos arrozais, que ira fazer com que a China compre mais e mais alimentos do Brasil, acelerando seu golpe final na America do Sul.