O objetivo da IA da China está a serviço do Exército do Povo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: A guerra da inteligência artificial “baseada no engano” (Sun Tzu)
A estratégia chinesa se resume na frase “fingir até conseguir”, escreveu o jornalista Vincent Lorin, especializado em tecnologia e comércio, no artigo “A inteligência artificial chinesa chega à Europa blefando?”, reproduzido por VoxEurop.
E multiplica os exemplos como o de uma antiga empresa de comércio de leite em pó de Xangai que se tornou por arte de magia em “especialista em IA”.
Depois de mudar o seu nome para DeepBlue, nome que evoca um mítico computador da velha IBM, vendeu robôs de limpeza para aeroportos, estações ferroviárias e hospitais chineses.
Recebeu em dois anos centenas de milhões de dólares de uma nuvem de bancos e empresas, biombo do governo marxista, e se apresenta em seu site como “World Class AI maker”.
Tal empresa lançou-se à conquista do Sudeste Asiático por meio da Tailândia, e prometeu à Europa o “ônibus inteligente Panda”.
Esse seria um veículo autônomo capaz de reconhecer a palma da mão do dono, e que o ex-atravesssador de leite em pó promete ser uma maravilha tecnológica.
Quem presta atenção nestas ofensivas, diz Lorin, e procura clareza ou transparência acaba por encontrar coisas surpreendentemente estranhas.
A genial inventora do “ônibus inteligente Panda” não pode explicar como é que sua equipe de investigação e desenvolvimento concebeu esse prodígio tecnológico.
A fábrica diz que empregou “mais de 100 doutores e pós-graduados”.
Apenas cinco meses antes dizia que foram mais de “30 doutores e pós-graduados”.
Porém, nem os jornalistas chineses conseguem qualquer informação crível dos principais engenheiros e cientistas que estariam por trás da IA da empresa.
Declarações bizarras e exuberantes da liderança socialista na mídia ocidental e chinesa agravam a estranheza.
Em novembro de 2018, o vice-presidente da DeepBlue, Liu Feng-Yi, afirmou que o ônibus autônomo da empresa já funcionava em 200 cidades na China e em 500 cidades em todo o mundo.
Mas, de acordo com o Financial Times, o maravilhoso Panda era testado em 10 cidades à “espera de mais 10 até o final de 2019”, incluindo, hipoteticamente, Bancoc e Atenas.
Lorin fala de “onda mágica” para se entender os fabulosos anúncios da mídia ocidental sobre a entrada chinesa em IA europeia.
Porque é de magia que se trata, não de verdadeira tecnologia.
Bus Panda autodirigido maravilha tecnológica que ninguém sabe quem fez nem se de fato funciona ou existe |
O objetivo seria “acelerar a transformação digital das cidades italianas por meio da IA” garantindo que serão preservados “todos os requisitos de privacidade europeus”.
Para afastar desconfianças... em junho de 2019, a mídia trombeteava o evento em Atenas intitulado “Chinese AI arrives in Europe”.
Alardeava que a “líder global em aplicações baseadas em IA” levava à Europa suas mais recentes inovações “para mudar radicalmente o transporte público, os métodos de pagamento e o ambiente urbano em geral”, prometendo “investimentos”, “criação de empregos” e “transferência de tecnologia”.
A mesma mídia ocidental nada dizia sobre o comércio de leite em pó de Xangai, único produto histórico conhecido da DeepBlue, “World Class” da IA.
Cedo ou tarde – verifica o jornalista – todos os que acreditaram na astúcia chinesa de “fingir até conseguir” acabaram caindo num escândalo deplorável ou num fiasco logo sepultado.
Os revezes, contudo, não contam para Pequim: seus pesos pesados precisam penetrar toda a estrutura digital da Europa.
Não é questão de comércio, trata-se de conquista, e de fundo policial-militar.
A Huawei assinou 28 contratos com operadoras de telecomunicações na Europa, incluindo a implantação das redes 5G em alguns estados membros, malgrado as continuadas advertências de a empresa chinesa ser uma extensão do Exército vermelho.
Os chineses se afobam para investir em indústrias que desenvolvem intensivamente a IA e oferecem cifras fabulosas em rondas de financiamento conduzidas por macro-investidores ocidentais.
Se tivessem tantas e melhores IA não o fariam. Fazem porque não têm e precisam, para depois dominar seus financistas!
E, sobretudo, porque querem assumir o controle dos sistemas ocidentais e controlar seus cidadãos.
Há tempos eles têm um fim supremo fixado: a hegemonia socialista chinesa, que não poderá ser senão ditatorial sobre aqueles que acreditaram no “conto chinês”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário