Ex-banqueiro Lai Xiaomin executado |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
As convulsões internas no comunismo chinês com suas lutas pelo poder, entrechoques pessoais sanguinários, crimes e corrupção, são opacas para os não iniciados.
Essa escuridão em parte se compreende pelo culto do mistério que marcou a psicologia do poder já no paganismo antigo e em outra grande parte no desapiedado igualitarismo não menos cruel do marxismo.
Aos ocidentais chegam apenas as repercussões dessas lutas cainitas revestidas das aparências excogitadas pelo vencedor. Em diversos posts tivemos ocasião de ecoar o noticiário de purgas, corrupção e extermínios. Veja por exemplo: Corrupção no comunismo chinês supera os recordes da América Latina
A ascensão de Xi Jinping soou como gongo fúnebre para aqueles – comunistas sinceros ou não – que adotaram um confuso liberalismo econômico que sonhava com se aproximar do capitalismo.
A entronização de Xi disse que aquela era estava condenada ao fim e a execução vem se realizando com sutil ferocidade.
Mais recentemente, o banqueiro Cai Guohua, ex-presidente do banco Hengfeng Bank, foi executado por desvio de fundos, abuso de poder, corrupção, subornos e empréstimos ilegais noticiou “Observador” de Portugal.
O Tribunal Popular de Dongying, nordeste da China, cassou seus direitos políticos e confiscou seus bens. Na sentença condenou Cai por “ocupar ilegalmente propriedades do banco em benefício próprio”.
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No ano anterior, o antecessor de Cai no Hengfeng Bank, Jiang Yunxi, também foi condenado à morte com uma suspensão de dois anos.
A corrupção no Partido Comunista Chinês e no Exército Popular atingiu sempre patamares insuspeitados.
Quando o ditador quiser eliminar uma figura que ele julgue adversa, já tem os fatos para condená-lo. Nem falar da imoralidade sexual dos altos dirigentes de que Mao Tsé Tung deixou exemplos nauseabundos. Após explosão, corrupção e suspeitas apavoram o país
Também foi executado o banqueiro Lai Xiaomin acusado de obter 1,8 bilhão de yuans em subornos e outras formas de corrupção entre 2008 e 2018, assim como de praticar a bigamia, segundo a TV estatal CCTV, ecoada por Yahoo!
Lai foi ex-presidente da Huarong, uma das maiores administradoras de fundos estatais da China, e havia sido condenado à morte no começo de janeiro.
“Lai Xiaomin era um fora da lei extremamente ganancioso. O dano social foi enorme e os crimes extremamente graves. Ele deve ser punido severamente pela lei”, diz a sentença com sabor a pré-fabricada em alta esfera mas emitida pelo tribunal de Tianjin.
O executivo confiscou todos seus bens e o condenou por ter “vivido muito tempo com outras mulheres” fora do casamento, com as quais teve filhos ilegítimos.
Esse costume é reprovável mas é milenar no paganismo e absoluto no comunismo que por princípio não reconhece nem família, nem casamento. Tolera no máximo velhos costumes ancestrais para evitar revoltas populares.
Lai fez uma confissão transmitida pela TV estatal chinesa mostrando um apartamento em Pequim com armários cheios de maços de dinheiro, carros luxuosos e barras de ouro que o ex-banqueiro teria recebido como suborno, embora tenha dito: “não me atrevi a gastar”.
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Desde então, passou a atuar também nas áreas de investimento, empréstimo e no setor imobiliário.
“O tratamento severo a Lai Xiaomin reflete a forte determinação do Comitê Central, com o presidente Xi Jinping como centro, para administrar o Partido [Comunista] e sua tolerância zero na punição da corrupção”, disse o tribunal glorificando o ditador.
Na decisão mandando executá-lo, a Justiça destacou que a maior parte das atividades de combate a esse crime ocorreu após o 18º Congresso do Partido Comunista, no final de 2012.
Esse Congresso deu início à ampla campanha anticorrupção que marcou a ascensão de Xi como secretário-geral da organização e a eliminação dos que lhe tinham disputado o cargo. Mais glória a Xi.
A expulsão de Lai suscitou a desconfiança nos analistas políticos que o regime ditatorial de Xi está usando o aparato disciplinar do partido para concentrar poderes e se livrar de dissidentes. A corrupção carcome o exército chinês
Desde 2012, mais de 1,5 milhão de dirigentes comunistas a todos os níveis sofreram algum tipo de sanção.
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