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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

“Segunda Revolução Cultural”: Xi quer degola dos estudantes que não são bem comunistas

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Xi Jinping se mostrou profundamente preocupado a seus próximos após ler um relatório sobre a saúde ideológica das universidades chinesas apresentado pela Comissão Central de Inspeção Disciplinar do PCCh, no mês de setembro 2021.

Qualquer estudante chinês de graduação poderia ter contado a ele o que a Comissão descobriu após inspecionar 31 faculdades e universidades em toda a China, observou “Bitter Winter”.

E isso se resume em poucas, mas incisivas palavras: os alunos não se importam com os cursos obrigatórios sobre marxismo ou sobre o pensamento de Xi Jinping.

Eles os consideram um mal necessário e tentam não perder muito tempo com ideologia, concentrando-se em cursos sobre medicina, administração ou qualquer outra coisa que os ajudará após a faculdade na luta por um emprego.

Ninguém ousaria pular ou criticar os cursos ideológicos. Mas tirar uma soneca durante eles nunca foi realmente proibido e é muito praticado.

Estamos tratando desta tendência há alguns anos em nosso blog. Confira:

Universitários chineses estão fartos das aulas obrigatórias de marxismo

Regime tenta reanimar jovens desinteressados pelo socialismo

Chineses renunciam cada vez mais ao Partido Comunista

Chineses renunciam cada vez mais ao Partido Comunista
Chineses renunciam cada vez mais ao Partido Comunista
O relatório qualifica essa defecção de “fortalecimento inadequado da construção política”, e reconhece que “a educação ideológica e política é relativamente fraca”.

Recomenda que os alunos “estudem e implementem os pensamentos de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas na nova era”.

Porém deplora que os estudantes não o fazem, ou não com entusiasmo suficiente.

A raiz desse problema, afirma o relatório, estaria numa “teoria do status especial das universidades” heterodoxa.

Essa, diz, adota conceitos burgueses de liberdade acadêmica e acredita que a academia é uma zona livre onde a prioridade do marxismo e do pensamento de Xi Jinping pode não se aplicar.

Professores e administradores universitários também seriam responsáveis por este estado de coisas, lamentável para o socialismo, e já teriam sido identificados e denunciados para punição adequada.

Universitários adotam costumes "capitalistas"
Universitários adotam costumes "capitalistas"
É o que os setores mais educados chamam de “Segunda Revolução Cultural”. Na primeira Mao mandou exterminar homens cultos e proprietários para nivelar a mente e a educação de todos.

Também as universidades serão “retificadas” para que em todas as escolas a história do PCCh, do marxismo e do pensamento de Xi Jinping sejam considerados cursos principais, e não marginais.

Depois do mundo das empresas e dos negócios; da galáxia dos videojogos e do entretenimento e da liberdade da Internet, agora chegou a vez das universidades serem “retificadas” num preço que pode significar a degola moral e física de incontáveis pessoas mais instruídas.



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