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quarta-feira, 11 de maio de 2022

Acordo Pequim-Vaticano acoberta perseguição religiosa

No Henan, Mons. Zhang Weizhu está preso ilegalmente pelo menos há um ano em local ignoto
No Henan, Mons. Zhang Weizhu está preso ilegalmente
pelo menos há um ano em local ignoto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






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No congresso sobre ‘Cristãos perseguidos no mundo,’ coordenado pela Ordem dos Trinitários em abril de 2022, o correspondente do jornal “ABC” de Madri Pablo M. Díez, deitou luz sobre a situação dos cristãos na China.

O jornalista descreveu a repressão da religião na China com formas “sutis e escancaradas”, e pôs em dúvida que o acordo entre Pequim e o Vaticano tenha melhorado a situação dos 29 milhões de cristãos que ainda sofrem “um controle implacável, embora silencioso”.

“Na China, o Estado controla tudo o que pode afetar o poder absoluto do Partido Comunista. A chave é o desejo do regime de controlar tudo”, explicou o correspondente.

O acordo “provisório” da Santa Sé com a ditadura anticristã visa acordar a nomeação de novos bispos, e expira em outubro 2022.

Sob o acordo foram nomeados “apenas 6 das mais de 30 dioceses vagas na China” e “ainda há perseguição religiosa neste país”, disse.

Desde outubro de 1997 está desaparecido Mons. Jaime Su Zhi-min, e desde 2003 o bispo Jaime Sul; há pelo menos dois bispos em prisão domiciliar; e outros são obrigados a frequentar aulas de doutrinação política, ou têm sua eletricidade, água e gás cortados para que não possam pregar em suas igrejas.

O acordo com o Vaticano, muito criticado pelos católicos chineses sofrentes, tampouco impediu a retirada das cruzes do telhado das igrejas. “Na primavera de 2020, em meio à pandemia mais de quinhentas cruzes foram removidas na província oriental de Anhui”, lembrou Pablo. M. Díez.

“As autoridades desmantelaram as cruzes das igrejas católica e protestante sem que seus párocos ou paroquianos pudessem fazer algo para impedir isso”, disse ele.

Existem formas sutis de perseguição religiosa. Por exemplo, “os casamentos religiosos fazem a cerimônia pela manhã ou antes do amanhecer, para passar despercebidos pelas autoridades”, explicou.

Muitas câmeras de segurança cercam as igrejas. Em uma igreja em Xangai, vi uma dúzia apontadas para a porta. O objetivo não é apenas registrar mas também dissuadir quem quiser fazê-lo”, disse Díez. “A China está se fechando aproveitando a pandemia de coronavírus”, lamentou o correspondente.

Ele se perguntou “até que ponto se pode confiar em uma ditadura que comete todos esses abusos contra a religião e contra seus cidadãos”.

Por sua vez “Aleteia” denunciou que só nos primeiros 4 meses de 2022, o regime comunista da China deteve 10 padres católicos de uma mesma diocese para doutriná-los à força nas diretrizes do Partido.

Estes novos capítulos da infindável perseguição do regime comunista de Pequim sob a cúmplice inação da ONU ocorreram todos na diocese de Baoding, na província de Hebei, a cerca de 150 quilômetros de Pequim.

A agência AsiaNews também denuncia que a diocese está sendo perseguida porque seu clero se recusa a fazer parte da espúria Associação Patriótica Católica Chinesa.

Essa de católica só tem o nome: trata-se de uma entidade criada pelo próprio Partido Comunista, à revelia da Santa Sé e sem qualquer vínculo com a Igreja Católica, para manter os fiéis e o clero sob vigilância e controle.

Os católicos que não aderem a essa associação fantoche são considerados clandestinos e, portanto, perseguidos.

Arame farpado para a religião no comunismo chinês
Arame farpado para a religião no comunismo chinês
Os padres detidos são submetidos à técnica “guanzhi”, que mistura restrições à mobilidade e sessões obrigatórias de doutrinação comunista.

A lei chinesa aprova esse tipo de detenção durante três anos, sem necessidade de justificativas. Alguns padres submetidos à “guanzhi” retornaram gravemente doentes e outros chegaram a morrer.

Os dez sacerdotes católicos detidos sob essa perversa “modalidade” de perseguição são os padres Chen Hechao, Ji Fu Hou, Maligang e Yang Guanglin, todos desde janeiro; o pe. Shang Mancang, desde abril; e, sem informações exatas sobre o mês de detenção, os padres Yang Jianwei, Zhang Chunguang, Zhang Zhenquan, Yin Shuangxi e Zhang Shouxin.

Segundo o portal Infocatolica, o próprio bispo da diocese de Baoding, dom Jaime Su Zhimin, passou mais de 40 anos submetido a trabalhos forçados durante o brutal regime de Mao Tse-Tung e está há cerca de 25 anos nas mãos da polícia chinesa.

O Pe. Liu Honggeng também está preso há sete anos.

O regime comunista nega cometer perseguição religiosa. Mas a prisão de 10 padres só por serem padres o quê é senão perseguição religiosa?, interroga “Aleteia”.


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