No Henan, Mons. Zhang Weizhu está preso ilegalmente pelo menos há um ano em local ignoto |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No congresso sobre ‘Cristãos perseguidos no mundo,’ coordenado pela Ordem dos Trinitários em abril de 2022, o correspondente do jornal “ABC” de Madri Pablo M. Díez, deitou luz sobre a situação dos cristãos na China.
O jornalista descreveu a repressão da religião na China com formas “sutis e escancaradas”, e pôs em dúvida que o acordo entre Pequim e o Vaticano tenha melhorado a situação dos 29 milhões de cristãos que ainda sofrem “um controle implacável, embora silencioso”.
“Na China, o Estado controla tudo o que pode afetar o poder absoluto do Partido Comunista. A chave é o desejo do regime de controlar tudo”, explicou o correspondente.
O acordo “provisório” da Santa Sé com a ditadura anticristã visa acordar a nomeação de novos bispos, e expira em outubro 2022.
Sob o acordo foram nomeados “apenas 6 das mais de 30 dioceses vagas na China” e “ainda há perseguição religiosa neste país”, disse.
Desde outubro de 1997 está desaparecido Mons. Jaime Su Zhi-min, e desde 2003 o bispo Jaime Sul; há pelo menos dois bispos em prisão domiciliar; e outros são obrigados a frequentar aulas de doutrinação política, ou têm sua eletricidade, água e gás cortados para que não possam pregar em suas igrejas.
O acordo com o Vaticano, muito criticado pelos católicos chineses sofrentes, tampouco impediu a retirada das cruzes do telhado das igrejas. “Na primavera de 2020, em meio à pandemia mais de quinhentas cruzes foram removidas na província oriental de Anhui”, lembrou Pablo. M. Díez.
“As autoridades desmantelaram as cruzes das igrejas católica e protestante sem que seus párocos ou paroquianos pudessem fazer algo para impedir isso”, disse ele.
Existem formas sutis de perseguição religiosa. Por exemplo, “os casamentos religiosos fazem a cerimônia pela manhã ou antes do amanhecer, para passar despercebidos pelas autoridades”, explicou.
“Muitas câmeras de segurança cercam as igrejas. Em uma igreja em Xangai, vi uma dúzia apontadas para a porta. O objetivo não é apenas registrar mas também dissuadir quem quiser fazê-lo”, disse Díez. “A China está se fechando aproveitando a pandemia de coronavírus”, lamentou o correspondente.
Ele se perguntou “até que ponto se pode confiar em uma ditadura que comete todos esses abusos contra a religião e contra seus cidadãos”.
Por sua vez “Aleteia” denunciou que só nos primeiros 4 meses de 2022, o regime comunista da China deteve 10 padres católicos de uma mesma diocese para doutriná-los à força nas diretrizes do Partido.
Estes novos capítulos da infindável perseguição do regime comunista de Pequim sob a cúmplice inação da ONU ocorreram todos na diocese de Baoding, na província de Hebei, a cerca de 150 quilômetros de Pequim.
A agência AsiaNews também denuncia que a diocese está sendo perseguida porque seu clero se recusa a fazer parte da espúria Associação Patriótica Católica Chinesa.
Essa de católica só tem o nome: trata-se de uma entidade criada pelo próprio Partido Comunista, à revelia da Santa Sé e sem qualquer vínculo com a Igreja Católica, para manter os fiéis e o clero sob vigilância e controle.
Os católicos que não aderem a essa associação fantoche são considerados clandestinos e, portanto, perseguidos.
Arame farpado para a religião no comunismo chinês |
A lei chinesa aprova esse tipo de detenção durante três anos, sem necessidade de justificativas. Alguns padres submetidos à “guanzhi” retornaram gravemente doentes e outros chegaram a morrer.
Os dez sacerdotes católicos detidos sob essa perversa “modalidade” de perseguição são os padres Chen Hechao, Ji Fu Hou, Maligang e Yang Guanglin, todos desde janeiro; o pe. Shang Mancang, desde abril; e, sem informações exatas sobre o mês de detenção, os padres Yang Jianwei, Zhang Chunguang, Zhang Zhenquan, Yin Shuangxi e Zhang Shouxin.
Segundo o portal Infocatolica, o próprio bispo da diocese de Baoding, dom Jaime Su Zhimin, passou mais de 40 anos submetido a trabalhos forçados durante o brutal regime de Mao Tse-Tung e está há cerca de 25 anos nas mãos da polícia chinesa.
O Pe. Liu Honggeng também está preso há sete anos.
O regime comunista nega cometer perseguição religiosa. Mas a prisão de 10 padres só por serem padres o quê é senão perseguição religiosa?, interroga “Aleteia”.
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