Estrangeiros migram, prateleiras vazias e fábricas paradas: economia cotidiana na China |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Por volta da metade dos estrangeiros que moram em Xangai se sentem expulsos pelas ditatoriais normas socialistas contra o Covid-19 e pensam abandonar a cidade, revelou reportagem de “China in focus”.
Veja: Fábricas param e dezenas de milhões ficam confinados
Em abril uma enquete encomendada pelo Hong-Kong Focus entrevistou 950 estrangeiros que vivem na cidade e calculou que 48% deles abandonarão a cidade em um ano e 37% pensa nessa opção.
Em Xangai vivem 215.000 estrangeiros 55% dos quais têm algum tipo de Master constituindo parte vital da cúpula diretiva das empresas radicadas na metrópole.
O governo socialista flexibilizou as restrições pela pandemia para as empresas estrangeiras. Mas essas dizem que encontram muita dificuldade para conseguir novos funcionários por causa das ordens de confinamento na cidade.
Segundo o Instituto de Finanças Internacionais os inversores estrangeiros estão retirando seus capitais da China num ritmo sem precedentes. Não houve retiradas comparáveis em outros mercados prejudicados pela pandemia.
A gravidade desta fuga provém do fato que Xangai é o centro financeiro da China.
A Quanta Computer Co, um gigante de capital taiwanês, grande produtor de peças para Apple e Tesla revelou que milhares de empregados em suas fábricas estão infectados e que seus apelos a auxílios do exterior foram silenciados pelo governo ansioso de cortar a epidemia até com recursos irreais.
Foxconn fechou duas fábricas fornecedoras de Apple e Tesla |
A Qualcomm, outro gigante provedor de Apple, fechou duas de suas fábricas nas vizinhanças de Xangai. No interior da região se multiplicam as infecções detectadas, supostamente espalhadas desde a cidade.
Os temores de um fechamento drástico atingiram Pequim. O pavor dos residentes se revela no esvaziamento das prateleiras nos supermercados.
Cenas de pânico incontrolado se desataram em Chaoyang, o maior distrito econômico de Pequim, onde vivem 3,45 milhões de pessoas.
Os residentes dizem estar preocupados por outro possível bloqueio total como em Xangai para frenar a propagação do vírus.
As filas para os testes se estendem por vários quarteirões e os cidadãos devem passar pelo teste três vezes. Se o governo achar alguns milhares de casos, o pior é a se temer.
Pânico não deixa alimentos à venda em Pequim |
Os controles socialistas já estão instalando muros de fechamento de ruas e bairros que poderão ser assumidos pela polícia de um momento a outro.
O influencer Wang Sicong, filho de um magnata do entretenimento dono do Wanda Group, foi banido da rede social Weibo – que substituiu a Twitter, banida do país junto com Google e Facebook – pelo muito difuso e confuso delito de “violação de leis e regulamentos relacionados”.
Foi achada a causa em WeChat – o WhatsApp da China – : Wang teria enviado mensagens em que “parece se queixar” do insistente acosso de testes de Covid-19 na China.
Wang disse que a imposição dos testes deixa a população ante a opção entre servilismo e coragem.
Lockdown deixou supermercados de Xangai sem suprimentos |
Depois o produto passou a ser entregue em todas as moradias de Xangai e Hong Kong.
É o Lianhua Qingwen que teria sido concebido segundo a medicina tradicional chinesa com sete componentes naturais, mas cujo resultado é ignoto.
Por causa disso foram apagados todos os comentários de Wang nas redes sociais.
Em Xangai a população continua denunciando a falta de mantimentos. O governo revidou publicando vídeos de prateleiras cheias em 1.000 centros de comercialização de alimentos que teriam reaberto.
Filas para teste em Pequim |
Outras incongruências denunciaram a enganação: os clientes aparecem com pesadas roupas de inverno que não são necessárias nos meses cálidos da atual repressão.
Em certas cenas se vem legumes nas prateleiras em primeiro plano, mas no fundo as prateleiras estão vazias.
Entretanto, a economia mundial já sofre desabastecimento de produtos feitos nas fábricas chinesas, e os mais previdentes se preparam para algo muito pior, inclusive no Brasil.
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