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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Colapso econômico chinês pode alastrar o mundo

Polícia de Shangai procura quem foge do lockdown
Polícia de Shangai procura quem foge do lockdown
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O Partido Comunista da China pôs sua economia em perigo com uma fantasiosa “política de zero covid” que congelou 200 milhões de pessoas sob medidas anti-pandêmicas, analisou “The Economist”

Muitos dormem no chão das fábricas para continuar trabalhando, mas a produção industrial caiu e China crescerá menos rápido que os EUA pela primeira vez desde 1990.

As vacinas ocidentais que seriam a solução para o COVID são proibidas, e a política de zero covid promete continuar em 2023. Proibido criticar! É sabotagem e ataque direto ao ditador Xi Jinping.

Assim não se vê como possa ser debelada a COVID.

O segundo problema e mais importante para Xi na sua política econômica é ideológico. Seus objetivos são coerentes com o comunismo: combater a desigualdade, os gigantes econômicos e a dívida.

Quer também garantir que a China domine as novas tecnologias e seja fortalecida contra as sanções ocidentais que, aliás não existem, mas poderiam existir em caso de guerra.

Xi expande a parte menos produtiva da economia – a estatal – e golpeia o setor privado com multas, regulamentações e expurgos.

Pela primeira vez em 40 anos, nenhum setor importante está se liberalizando, pelo contrário está sucumbindo aos golpes estatizantes.

China não vai crescer e se prepara para enfrentar consequências globais que pode incluir uma guerra devastadora, como na que está empenhado seu colega Vladimir Putin.

Mao mandou o Partido Comunista adotar uma abordagem prática para tornar o país mais rico, misturando reformas de mercado com controle estatal.

Lockdown deixou supermercados de Shangai sem suprimentos
Lockdown deixou supermercados de Shangai sem suprimentos
Agora, a campanha “zero covid” de Xi Jinping volta à rigidez e condena a economia à estagnação, observou “The Economist”.

Acresce que a luta ideológica do ditador é por refazer o socialismo e não outra.

Depois de quase dois meses, o bloqueio de Xangai está diminuindo, mas a China está longe de estar livre de covid, e nunca o estará com novos surtos em Pequim e Tianjin.

A economia cambaleia, a vendas no varejo em abril foram 11% menores do que no ano anterior, trabalhadores dormem no chão de fábrica, mas a produção industrial e a exportação caíram. Xi desistiu de sediar a Copa da Ásia em 2023.

Xi excogitou um “novo conceito de desenvolvimento” que visa combater a desigualdade por obra do Partido Comunista com uma enxurrada de multas, novas regulamentações e expurgos que estagnou a indústria de tecnologia, que contribuia com 8% do PIB.

A repressão ao setor imobiliário, responsável por mais de um quinto do PIB, é selvagem mas incompleta e as vendas de imóveis caíram 47% em abril em comparação com o ano anterior.

O governo promete um vasto programa de estímulo ao crescimento. O partido tenta tranquilizar os aterrorizados magnatas da tecnologia.

Os portos estão entupidos de produtos mas foram paralisados pelas normas da ditadura
Os portos estão entupidos de produtos mas foram paralisados pelas normas da ditadura
Xi quer tirar a economia da estagnação promovendo a economia estatal mas prejudica o setor privado, que é o mais dinâmico.

Os mercados financeiros viram grandes saídas. As ações chinesas são negociadas com um desconto de 45% em relação às americanas.

A economia ideológica de Xi faz prever mais bloqueios e flerteia com a recessão. Algumas multinacionais ignorar como a Apple estão mudando as cadeias de suprimentos para longe da China. A presença econômica da China no exterior caminha ser mais estatal e política.

Nas redes sociais as pessoas desabafam sobre bloqueios e empregos perdidos, mas uma intensa vigilância visa cortar pela raiz qualquer agitação e opinião que não seja de apoio aos objetivos do partido.

Os tecnocratas que discordam da guinada ao socialismo carecem de coragem para se opor. Na caixa preta do Partido Comunista, Xi não tem rival e pensa garantir seu poder até pelo menos 2027.


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