Prédios inconclusos em Chengdu: corrupção e má qualidade são algumas causas da dívida interna recorde mundial |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A economia da China, que emprestou quase US$ 1 trilhão para cerca de 150 países se assemelha a uma Torre de Babel, não feita de tijolos, mas de baralho, porque elevou suas vertiginosas dívidas em dinheiro e títulos para agora bater o recorde planetário.
Segundo o “The New York Times” a contabilidade de Pequim é uma bomba de dívidas. Especialmente as contraídas em casa: trilhões de dólares devidos pelos governos locais – sem incluir as dívidas de seus afiliados – e pelas incorporações imobiliárias.
O sintoma que denuncia essa bolha é que Pequim não quer cancelar grandes dívidas contraídas por países pobres.
A “generosidade” dos investimentos e empréstimos chineses obedece a um plano de conquista mundial não confessado. Mas envolvem números que são de virar a cabeça sobretudo dos países menos desenvolvidos ou pobres: de ali sua expansão.
Quando a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, visitou recentemente Pequim, não conseguiu que a China coopere em afrouxar o enforcamento por dívidas dos países de baixa renda.
O sistema bancário controlado pelo Estado chinês não aceita perdas por empréstimos estrangeiros porque está tendo perdas muito maiores em empréstimos dentro da China.
A 'dívida oculta' de Pequim atingiria US$ 10 trilhões segundo The Economic Times |
Pesquisadores do banco JPMorgan Chase calcularam em junho de 2023 que a dívida total dentro da China (incluindo famílias, empresas e governo) havia atingido 282% do produto interno bruto (PIB) anual do país.
Volume que falando em números vermelhos punha o regime comunista acima das economias do mundo todo.
O notável é a velocidade com que essa dívida se acumula em relação ao tamanho da economia. O forte aumento da dívida da China quase triplica seu PIB e é cada vez mais difícil de controlar.
Os empréstimos chineses a países em desenvolvimento encandilam os mais pobres, mas é pequeno em relação à dívida doméstica. Ainda assim, a China reluta em flexibilizar o tratamento dos inadimplentes.
Nas redes sociais chinesas, viralizam periodicamente as reclamações de que os bancos deveriam ter emprestado o dinheiro a famílias e regiões pobres em casa, não no exterior.
O setor imobiliário é o mais afetado. Várias dezenas de incorporadoras tomaram dinheiro de estrangeiros e deram calote porque estavam tentando pagar dívidas muito maiores dentro da China.
Chineses protestam contra inadimplência dos bancos menores |
Depois usaram o dinheiro para cobrir despesas, pagar bolsas, construir estradas, pontes, parques públicos e outras infraestruturas para contentar a população.
Os governos locais também coletavam dinheiro arrendando terrenos estatais para construtoras. Mas essas estão falindo e derrubando a receita dos governos locais. As afiliadas locais de financiamento ‘compraram’ até terra, que só pertence ao governo, mas não podem mais pagar.
E a dívida se acumula. A Fitch Ratings, agência de classificação de crédito, estimou que os governos locais amassaram dívidas equivalentes a cerca de 30% da produção econômica anual da China.
Os funcionários socialistas passaram da conta contraindo dívidas que não geram retornos suficientes. Agora não podem cumprir com seus credores, maioritariamente populares que com ingentes esforços tentam comprar uma moradia, que em muitos casos ficou inconclusa.
Num efeito dominó tampouco são atendidos os serviços públicos, de saúde ou aposentadorias.
O governo central marxista concedeu imensos créditos a países de baixa renda, pensados como instrumento de conquista. Agora, muitos desses países, como Sri Lanka, Paquistão e Suriname, estão agoniados pelas dificuldades para devolver.
Pagar dívida impagável a China gera miséria e revoltas no Sri Lanka |
Bradley Parks, diretor executivo da AidData na William & Mary, uma universidade em Williamsburg, Virgínia, disse:
“Os maiores perdedores acabarão sendo as pessoas comuns do mundo em desenvolvimento para as quais são negados serviços públicos básicos, porque seus governos estão sobrecarregados com dívidas insustentáveis”.
É assim que os amos comunistas de Pequim nos prometem fabulosos empréstimos e investimentos: para nos passar a corda no pescoço e nos enforcar.
Mas lá dentro, o castelo de baralho ameaça desabar. E subiu mais alto que a Torre de Babel!
Excelente matéria do Luis, parabéns pelo brilhante trabalho
ResponderExcluir