Lavrov procura envolver o Brasil, sem se fotografar com Lula |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A China vem entrando na América Latina através de colossais investimentos econômicos, sobretudo na América do Sul.
Eles encobrem uma estratégia de conquista político-militar visando a hegemonia universal, objetivo supremo de Mao Tsé Tung para o regime comunista chinês.
Mas não entra sozinha.
Ela o faz de mãos dadas com a Rússia de Putin, a qual está muito diminuída do ponto de vista econômico, militar e político com a cada vez mais catastrófica e criminosa invasão da Ucrânia.
A Rússia que está impossibilitada de reeditar as infiltrações ideológicas e subversivas do tempo da URSS, tenta entrar em nossos países pendurada no dragão vermelho de Pequim.
Em abril, o chanceler russo Serguei Lavrov veio ao Brasil para levar Lula a reafirmar suas posições partilhadas com o autocrata da China, Xi Jinping.
Lula se alineia com Pequim |
Após a visita, o Kremlin comemorou a proposta do atual ocupante da Presidência brasileira de criar um clube de mediação neutro para a guerra da Ucrânia, que de fato favoreceria os interesses russos.
Lula também sugeriu que a Ucrânia entregasse a Criméia, anexada ilegalmente por Putin em 2014.
Logo depois, no retorno de sua viagem a Pequim, Lula se expandiu em ataques aos EUA, acusando-os pela continuidade da guerra e propondo abandonar o dólar como moeda de troca internacional, registrou o site de esquerda PolíticaLivre.
O chanceler moscovita prosseguiu sua viagem passando por Caracas, onde elogiou as ditaduras “mais fiéis” da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, qualificando-as de “países que escolhem seu próprio caminho”.
Aos países latino-americanos, Moscou propõe ser “necessário unir forças para conter as tentativas de chantagem e pressão unilateral ilegal do Ocidente”, noticiou A Gazeta do Povo.
A proposta pode arrastar nossos países para uma espiral fatídica em cujo fim se vislumbra uma III Guerra Mundial.
Pois tendo a invasão da Ucrânia e as tendências para uma guerra civil na Rússia dividido o mapa geopolítico do mundo, o Kremlin quer o maior apoio possível para atrair a América Latina, observou a BBC de Londres.
Putin e Xi Jinping mantém estreita relação pela formação marxista, mas a China se afasta dos fracassos russos |
Por sua vez, o presidente da martirizada Ucrânia pediu à América Latina sanções e munição contra a Rússia, mas a maioria dos países não atendeu ao pedido.
A BBC destacou a inconsistência “dessa suposta neutralidade” de certos países latino-americanos quando se trata de apoiar a Rússia.
E a América Latina ficou posta diante da alternativa entre perder estreitas relações comerciais com os chineses ou aderir à diplomacia sino-russa de fundo comunista.
A guerra na Ucrânia coincidiu com uma onda de presidentes de esquerda na América Latina, apoiados por coalizões que historicamente têm afinidade com a ex-União Soviética.
Lula quase disputa a Madura a sujeição a Moscou e Pequim |
Em recepção ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília, o presidente petista adotou os slogans preferidos de Putin como “multipolaridade”, escreveu Metrópoles.
Maduro e companheiros de viagem usam o termo para deblaterar contra um pretenso “mundo unipolar” dominado pelos EUA.
Mas dão prioridade à China e à Rússia, que Maduro definiu como “irmãos maiores” dos países latino-americanos e destinados por isso a nos chefiar.
Putin ameaça que “quem não entender” essa nova ordem geopolítica “vai perder”, glosando as doutrinas ocultistas e apocalípticas de seu filósofo preferido Alexander Dugin.
continua no próximo post: Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (2)
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