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quarta-feira, 24 de abril de 2024

China constrange Igreja a virar uma anti-Igreja “patriótica”

A perseguição religiosa ficou muito acentuada
A perseguição religiosa ficou muito acentuada
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O Departamento de Propaganda do Partido Comunista Chinês (PCCh) distribuiu o texto de uma nova “Lei Patriótica de Educação” (爱国主义教育法), válida desde o 1º de janeiro de 2024.

É uma das mais importantes leis chinesas porque reorganiza toda propaganda do Partido, explicou “Bitter Winter”.

O termo “educação” não se refere às escolas, mas à reeducação de todos os cidadãos, grande meta da Revolução Cultural de Mao Tsé-tung, até agora lograda apenas parcialmente, malgrado as massacres.

Em janeiro de 2004, a 25ª Conferencia Nacional de Grupos Religiosos, na Associação Chinesa Islâmica, recebeu instruções sobre como as comunidades devem reeducar os praticantes.

Trata-se de convencê-los de que na China “o Estado é maior que a religião, e que a lei socialista passa por cima de todas as normas religiosas”. Em breve, a meta suprema da propaganda do Partido Comunista.

As crianas na escola deverão ser ensinadas a obedecer o comunismo por cima de qualquer igreja
As crianas na escola deverão ser ensinadas
a obedecer o comunismo por cima de qualquer igreja
O site “Bitter Winter” ofereceu uma tradução em inglês do texto completo do novo lineamento.

Segundo o site, o cerne do novo instrumento persecutório gira em volta do “patriotismo” que recebe um monstruoso novo significado.

Na essência “patriotismo” consistiria no amor ao Partido e ao socialismo.

Ele exige compreender que sem o Partido Comunista não haverá socialismo e não haverá vida saudável para as religiões e os crentes. Leia-se perseguição, tortura e morte.

Para atingir esse objetivo, os crentes devem apreender, pensar e praticar o pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas da Nova Era.

As religiões devem insistir nas ideias de “unidade” e “paz” e nisto parafraseia a propaganda progressista pós-conciliar.

A ideia de “unidade” exige construir o socialismo por todo lado num país moderno obedecendo sempre ao Partido Comunista e o socialismo com características chinesas.

Então as religiões devem aprofundar e solidificar a Sinicização da religião, reinterpretando nesse sentido as Escrituras, organizando o clero e fiéis, para que todos reunidos celebrem os festivais pagãos imemoriais chineses. Muito ecumênico (sob as lentes da polícia, os visores dos fuzis ou látegos dos torturadores, é claro).

Igrejas católicas estão sendo fechadas e os padres encarcerados
Igrejas católicas estão sendo fechadas e os padres encarcerados
Com a mesma finalidade as religiões devem agir nas cerimônias históricas, insistindo no desenvolvimento socialista e no amor do Partido Comunista.

Os religiosos darão ao governo uma boa imagem de “patriotismo” aderindo estritamente às ordens oficiais. 

O que significa educar os fiéis na obediência à lei socialista, instalando firmemente em suas mentes a consciência de que o Estado é maior que a religião, de que a lei estatal esta por cima das leis religiosas.

Revistas, sites, perfis de Internet devem produzir e difundir excelentes temas “patrióticos” assim concebidos. 

O governo fornecerá sabedoria e força para isso (se necessário com a chibata ou com a bala, aliás isto não está escrito, para inglês não ver).



quarta-feira, 17 de abril de 2024

Pequim prega a natalidade porque diminui a população

Mãe junto a seu bebê abortado pela força na China comunista
Mãe junto a seu bebê abortado pela força na China comunista
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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política internacional,
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O Partido Comunista chinês quer que as mulheres tenham mais filhos por um motivo materialista: faltam operários e soldados para fazer crescer a economia e alavancar a expansão militarista.

O inumano controle da natalidade pela política do “filho único” durante décadas, tardiamente substituída pela dos “dois filhos” provocou imenso desequilíbrio populacional: faltam operários e soldados.

Acresce que a alta percentagem de idosos destrói as contas públicas e as poupanças privadas, constatou reportagem do jornal “The New York Times”.

A planificação socialista inverteu a propaganda materialista e passou a invocar o patriotismo das “boas esposas e mães”.

É tudo o contrário da posição marxista, inimiga da família bem constituída. Mas, agora, por razoes de interesse expansionista passou a oferecer moradias mais baratas, vantagens fiscais e dinheiro vivo às famílias com mais filhos.

Mas não obtém resultados. Os costumes pagãos pré-comunistas louvavam as famílias com prole numerosa.

Guerrilheiros cambojanos de orientação chinesa massacravam as crianças
Guerrilheiros cambojanos de linha chinesa massacravam as crianças
Porém, a Revolução Cultural maoista tirou as mulheres do lar e da dependência do marido para aumentar a mão de obra, tendo no máximo um único filho.

Aliás, é o que fazem as esquerdas no mundo todo.

A mudança antinatural “educou” as novas gerações de mulheres chinesas em evitar o casamento e as crianças. E foi feito num ritmo tão rápido que a população da China em 2023 se contraiu por segundo ano consecutivo.

Também o aumento estatístico da proporção de idosos está pondo em xeque o futuro econômico, fato que impressiona a fundo ao materialismo socialista.

Em 2023 diminuíram as nascenças por sétimo ano consecutivo: a China ganhou 9,02 milhões de bebes, cifra por baixo dos 9,56 milhões de 2022. Assim deixou de ser o país mais populoso do mundo, sendo superado pela Índia.

No mesmo 2023, faleceram 11,1 milhões de pessoas, e a China passou a ter mais idosos do que qualquer outra parte do mundo, e em rápido aumento.

A população total da China é de 1,409 bilhões, com uma diminuição de 2,08 milhões no último ano, mais do dobro dos 850.000 a menos de 2022, informou “AsiaNews”. 

É o primeiro declínio desde a Grande Fome de Mao Tsé-tung em 1961.

Detalhe de cena familiar na China, repleta de descendência. Celebrando o Ano Novo. século XVIII, dinastia Ching. Fonte Wikipedia
Detalhe de cena familiar tradiciional na China, repleta de descendência.
Celebrando o Ano Novo. século XVIII, dinastia Ching. Fonte: Wikipedia
Especialistas da ONU estimam que o total da população chinesa diminua 109 milhões por volta de 2050.

O número de idosos atingiu 296,97 milhões em 2023, constituindo o 21,1% da população total e tendo aumentado num ano em quase 17 milhões.

A expectativa é que esse número cresça em mais de 400 milhões por volta de 2035, quase duas vezes a população do Brasil.

A Academia Chinesa de Ciências calcula que o sistema de aposentadorias falirá por esse ano.

Os dados são do Escritório Nacional de Estatísticas comunista reproduzidos pela Reuters.

O ditador Xi Jinping instou aos funcionários do governo a promover uma “cultura do matrimonio e da maternidade e influenciar especialmente sobre o que pensam os jovens do “amor e matrimonio, da fertilidade e família.”

Mas as mulheres não querem saber de filhos porque as leis prometidas não são respeitadas e as mães não são protegidas.

Campanhas de propaganda e encontros patrocinados pelo Estado que incitam os jovens a se casar enchem as redes sociais clamando pelo “rejuvenescimento da nação”.

Comunismo quer operários e soldados mas faltam jovens. Praça para crianças em Xiapu, 2021, para promover nascimentos
Comunismo quer operários e soldados mas faltam jovens.
Praça para crianças em Xiapu, 2021, para promover nascimentos
Mas décadas de gerações criadas pelo comunismo na ideia de igualdade destruíram as opiniões tradicionais sobre o matrimonio.

Piora ainda a situação o fato de a “política do filho único” ter provocado um grande desequilíbrio entre o número de homens e mulheres. Só podendo ter uma criança, os casais preferiam que fosse um homem que os sustentasse na velhice.

E, horresco referens, abortavam os fetos de sexo feminino. Hoje há até muitos chineses que “compram” uma mulher em países vizinhos para poder casar.

No papel, as leis promovem a igualdade de gênero e ilegalizam a discriminação no emprego em função do gênero, raça ou origem étnico.

Mas na prática, as empresas querem candidatos masculinos.

Uma nova norma exige 30 dias de reflexão antes de efetivar o divorcio. Mas o índice de matrimônios desce há nove anos não só nas cidades, mas nas zonas rurais.

Em quase 150.000 sentenças judiciais de divórcio computadas por Ethan Michelson, professor da Universidade de Indiana, o 40% dos pedidos por parte de mulheres foram denegadas pelo juiz, até quando havia provas de violência doméstica.

O próprio Xi prega agora que a família é o fundamento da sociedade chinesa e a estabilidade familiar é a base da estabilidade social e do desenvolvimento nacional.

Agora China perde população pelo aborto e limitação forçada da natalidade
Agora China perde população pelo aborto e limitação forçada da natalidade
Então os juízes não concedem o divórcio. Os ditos populares na Internet giram com ideias como “uma licença de matrimonio virou uma licença para surrar”, ou algo ainda pior.

As políticas do governo que pretendem atrair as mulheres ao matrimonio, são percebidas como uma arapuca.

A instituição da família, ainda venerada no velho paganismo, hoje afunda sob o peso de monstruosas desordens criadas pelo igualitarismo socialista.

Só uma conversão do povo chinês ao catolicismo poderia restaurar a ordem e a paz da fundamental instituição familiar em meio a tanta confusão e decadência.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Falências chinesas terao efeitos dominó no mundo?

Tribunal de Hong Kong ordenou liquidação da Evergrande com colossal dívida
Tribunal de Hong Kong ordenou liquidação da Evergrande com colossal dívida
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Um tribunal de Hong Kong determinou a liquidação da endividada gigante imobiliária chinesa Evergrande abrindo um longo e intrincado processo de repercussão universal.

Os débitos da Evergrande chegam a US$ 330 bilhões. A maior parte dos ativos da companhia estão na China continental onde as decisões da Justiça dependem do Partido Comunista Chinês (PCCh) que decide se valem ou não.

A juíza do caso, Linda Chan já concedera à Evergrande sete adiamentos para negociar um acordo com seus credores, mas a empresa que acreditava ter as costas aquecidas pelo PCCh, fazia caso omisso. A final a juíza deu um basta.

Minutos após a liquidação, as ações da Evergrande caíram quase 21%, arrastando para baixo subsidiárias de veículos elétricos (-18,2%) e de administração de propriedades (-2,5%).

O processo promete se enrolar, mas ainda assim a queda da cotação irá para abaixo seguindo as vicissitudes do caso nos tribunais e os arbítrios do PCCh, órgão supremo do julgamento.

Pouparam tudo para ter uma casa e agora Evergrande está falida
Pouparam tudo para ter uma casa e agora Evergrande está falida
O tribunal de Hong Kong nomeou a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal para a liquidação da Evergrande, atendendo a um grupo de credores.

O CEO da Evergrande, Shawn Siu, prometeu “cooperar” com os liquidantes, mas deu a entender que levantaria todos os obstáculos legais possíveis.

Siu disse que a ordem afeta só o braço do grupo listado em Hong Kong, responsável de parte minúscula da Torre de Babel das dívidas da Evergrande.

Acrescentou que as imensas operações do conglomerado “permanecem intactas” na China continental.

A afirmação é enganosa, pois se multiplicam as denúncias de incontáveis construções há muito paralisadas no continente.

A Evergrande viveu dos subsídios do regime, mas agora esse diz querer voltar ao “comunismo originário” de Mao Tsé-tung, e teria fechado a torneira do dinheiro às empresas que outrora promovia com imensa largueza.

O jornal Standard, de Hong Kong, diz da ordem judicial que, seus “efeitos psicológicos podem acelerar a crise do mercado imobiliário”, e que pelo menos três outras incorporadoras chinesas já passaram por processos semelhantes.

Propriedade é incompatível com comunismo
Propriedade é incompatível com comunismo
A Evergrande está sediada em Cantão onde está protegida dos processos de liquidação iniciados em Hong Kong. Então pode rir da Justiça de Hong Kong, mas treme diante do retorno ao comunismo adotado por Pequim.

O grupo hoje é a principal face visível da crise imobiliária na China, que mergulha de uma em nova crise.

Seu fundador e presidente, Xu Jiayin, está em prisão domiciliar por “suspeita de atividades ilegais”. Mais uma faca nas mãos dos algozes do PCCh.



quarta-feira, 3 de abril de 2024

Pesadelo pode explodir de Taiwan ao mundo em 2024

Uma guerra de agressão da China contra Taiwan seria um pesadelo para o mundo todo
Uma guerra de agressão da China contra Taiwan seria um pesadelo para o mundo todo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Taiwan se dividiu escolhendo presidente a William Lai Ching-te, candidato do Partido Democrata Progressista (DPP) com ampla margem de vitoria, mas lhe negando a maioria no Parlamento em favor do Kuomintang, observou “AsiaNews”.

O último resultao, somando e restando, satisfaz a Pequim.

O fato dominante é que a grande maioria da população não quer a reunificação com a China comunista.

Porém, não quereria declarar a independência para não alastrar a ilha a uma guerra que estaria destinada ao fracasso. Então prefere manter o ‘statu quo’, relegando as aspirações nacionalistas predominantes.

A enganosa fórmula de “um país, dos sistemas”, que teria sido modelo também para Taiwan, acabou sendo abortada pela lamentável sorte de Hong Kong, hoje engolida por Pequim.

Portanto, ficou impensável a hipótese de “um país, dos sistemas” outrora aventada para uma reunificação que salvaguardaria as liberdades fundamentais.

Em Hong Kong, a ditadura chinesa encarcerou toda a oposição democrática, inclusive os líderes não violentos.

Constantes atritos servem a Pequim para testar as defesas taiwanesas
Constantes atritos servem a Pequim para testar as defesas taiwanesas
Em muitas partes opinião dos 23 milhões de taiwaneses, ainda que expressada em eleições livres, parece contar pouco: Taiwan é considerada só como um problema político ainda não resolvido com a China.

Em Pequim, o ditador Xi Jinping fala expressamente, até em ocasiões solenes, que não pode se adiar muito a reunificação e que para isso está disposto ao uso da força.

Desde 2005 uma lei excogitada por Pequim autoriza a guerra contra Taiwan se a ilha proclama a independência ou se a reunificação pacífica resulta impossível.

Desde 2023, Xi aumentou a pressão militar em volta de Taiwan, com operativos aéreos e movimentos de navios de guerra simulando um ataque.

Xi Jinping consolidou completamente o controle do aparelho militar que está prestes a executar as arbitrariedades que queira o ditador.

Para 2024 é de se temer a intensificação da escalada bélica rumando para um conflito econômico e militar numa zona clave para os equilíbrios mundiais.

A nível mundial, isolar Taiwan é uma condição que Pequim impõe a todos os que querem se beneficiar com sua cooperação econômica.

Mas os EUA não podem permitir que Taiwan vire um posto militar de avançada chinesa no Pacífico.

Nem catástrofes naturais adversos abalam a bem organizada Taiwan
Nem catástrofes naturais adversos abalam a bem organizada Taiwan
Taiwan produz mais do 80% dos microchips do mundo
, ferramentas indispensáveis para o funcionamento do planeta, desde celulares até computadores, desde componentes de veículos de transporte e militares até eletrodomésticos.

A destruição de Taiwan poria de joelhos o mundo que conhecemos hoje. Acresce que quase metade dos portacontenedores do mundo passa pelo Estreito de Taiwan.

Xi Jinping que não duvidou em eliminar adversários e opositores, quer passar à historia como uma divindade materialista à altura de Mao Tsé-tung, o fundador do comunismo chinês.

Mas, para isso precisaria ser glorificado.

E a anexação de Taiwan à China continental seria a tarefa histórica, sagrada e irrenunciável que o elevaria ao patamar dos deuses, melhor seria dizer demônios, marxistas.

E é de se temer que queira fazê-lo nesta vida, aliás a única que existe para um ateu.

Então estaria disposto a fazer pagar ao sofrido povo chinês o preço de uma guerra monstruosa que acabaria abalando até o último canto do mundo


quarta-feira, 6 de março de 2024

O bispo de Wenzhou Mons. Peter Shao preso mais uma vez

Bispo de Wenzhou, Mons. Pedro Shao Zhumin, mais uma vez sequestrado pela polícia
Bispo de Wenzhou, Mons. Pedro Shao Zhumin, mais uma vez sequestrado pela polícia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Para os católicos chineses, 2024 começou mal com a prisão do bispo Peter Shao Zhumin, de 61 anos, diocesano de Wenzhou, na província oriental de Zhejiang, disseram fontes à AsiaNews.

O Bispo bispo Shao não é reconhecido pelo governo chinês e, por isso, é rotineiramente preso pelas autoridades socialistas para impedi-lo de exercer o seu ministério ao serviço da vibrante comunidade católica local.

As forças de segurança levaram o prelado sob custódia ontem. “Ele recebeu ordens de levar roupas para a primavera, verão, outono e inverno”, disse uma fonte.

“Isso sugere que a situação dele não é promissora e que provavelmente ficará detido por muito tempo. Os fiéis estão preocupados porque nem sabem onde ele será detido”.

Dom Shao foi ordenado bispo coadjutor com mandato papal em 2011 e sucedeu ao bispo Vincent Zhu Wei-Fang quando este faleceu em setembro de 2016.

No entanto, nunca foi reconhecido pelas autoridades marxistas porque se ao recusa a aderir aos órgãos oficiais impostos pelo governo aos católicos chineses.

Considerando vacante o bispado, o governo colocou ilegitimamente no comando da diocese um membro da Associação Patriótica Católica Chinesa, Padre Ma Xianshi.

Mons. Peter Shao Zhumin, bispo de Wenzhou, resiste à perseguição comunista
Mons. Peter Shao Zhumin, bispo de Wenzhou, resiste à perseguição comunista
Durante as festividades, o Bispo bispo Shao é regularmente detido para que não faça as celebrações públicas litúrgicas numa cidade que é apelidada de Jerusalém do Oriente pelas quantidade desuas igrejas.

Em 2023, no dia 16 de dezembro, porém, as coisas foram um pouco diferentes. Poucos dias antes do Natal, no dia 16 de Dezembro, Mons. Shao foi levado pelas forças de segurança e libertado dois dias depois num ato de intimidação.

Nos dias 24 e 25 de dezembro, em pleno Natal, ele foi levado ao condado de Taishun para impedi-lo de celebrar a missa da grande festae natalina., mas ainda assim relatou que passou um dos Natais mais pacíficos de sua vida.

A sua detenção ocorreu mais tarde, na sequência de uma nova carta ao bispo usurpador que Dom Shao escreveu ao Padre Ma no dia 31 de dezembro, acreditando em sã consciência que devia protestar contra as decisões sobre a diocese tomadas sem a sua autoridade.

“Escrevi-vos”, diz a carta que Dom Shao tornou pública, “expressando o meu desejo de me encontrar convosco o mais rapidamente possível para discutir soluções para alguns dos problemas complexos da diocese neste momento.

“Sua resposta foi que não era conveniente para você me conhecer. Por isso, escrevo para pedir que transmitam minhas opiniões aos meus irmãos sacerdotes e aos paroquianos”.

“Em 2019, sem a minha permissão, houve uma mudança de paróquias e uma transferência de padres desta Igreja, e a desclassificação não autorizada da diocese de Lishui ao estatuto de paróquia sob a diocese de Wenzhou.

Mais de 5.000 fiéis assistiram ao velório do bispo anterior, Mons. Vincent Zhu Wei-Fang
Mais de 5.000 fiéis assistiram ao velório do bispo anterior,
Mons. Vincent Zhu Wei-Fang, fiel a Roma
“Depois de quatro anos, li novamente sobre uma divisão de paróquias e uma transferência de sacerdotes (decidida pelo Padre Ma para 6 de janeiro) sem a permissão do bispo. Escrevi para você imediatamente para pedir uma indicação.

“O mesmo se aplica à promoção dos seminaristas. De acordo com o direito da Igreja, é necessário ser ordenado pessoalmente pelo bispo da diocese ou ter dele procuração.

“De acordo com o Código de Direito Canônico, qualquer pessoa que receba ordens sagradas de alguém que não tenha poder legítimo para ordenar é automaticamente suspensa.”, acrescentou após denunciar numerosas ações anti-canonicas do usurpador.

A carta parece provocou uma forte irritação dos organismos comunistas da Igreja em Wenzhou, que aparentemente estão por detrás da prisão de Mons.Shao.

“Agora”, disse a fonte à AsiaNews, “os fiéis estão rezando por ele, pedindo ao Senhor que o traga de volta à sua comunidade o mais rápido possível”.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Até as crianças foram proibidas de celebrar o Natal na China

Policiais dissuadiam fiéis de entrarem nas igrejas no Natal
Policiais dissuadiam fiéis de entrarem nas igrejas no Natal
Luis Dufaur
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Proibição das crianças na celebração da Noite de Natal, controles de trânsito e fechamento de empresas, proibição de exposição de ornatos natalinos nas residências universitárias.

Essas são algumas das medidas impostas pelas autoridades de Baoding, cidade da província de Hebei, no norte da China, não muito longe da capital, Pequim.

Grande número de católicos vive nessa região. Foi por isso que a polícia adotou medidas excepcionais de repressão na noite de Natal.

Houve até controles de trânsito no centro histórico de Yuhua Road, onde fica a catedral dos Santos Pedro e Paulo, sede da diocese de Baoding.

Todos os veículos foram proibidos de entrar no centro histórico após as 16h e os ônibus que passam pela área foram desviados. Todos os comércios próximos à igreja foram fechados e não foram permitidas vendas ou promoções de Natal.

Uma morador de Baoding informou à AsiaNews que a igreja estava cercada por policiais, viaturas perto da catedral e unidades com equipamento anti-motim.

Os uniformados impediam os pais de entrar com seus filhos no templo pretextando que “não era seguro para as crianças porque havia muitas pessoas lá dentro”. A polícia estava por toda parte dentro da igreja, criando uma atmosfera pesada, em forte contraste com o espírito da celebração.

Também os alunos das escolas e universidades locais foram obrigados a permanecer no campus na véspera de Natal, para evitar celebrações, e nos dormitórios todos os objetos com significado natalino foram proibidos.

Tropas anti-motim e viaturas para intimidar os católicos
Tropas anti-motim e viaturas para intimidar os católicos
A atmosfera ficou tensa em Donglu onde a polícia tomou conta da cidade uma semana antes do Natal. Seu santuário é famoso pela imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, imperatriz da China, a padroeira do país que atrai muitos devotos.

Em 1900, os católicos procuraram refúgio nessa cidade durante a onda de violência contra os estrangeiros e o cristianismo denominada Rebelião dos Boxers.

Quando tentaram atacar os católicos e destruir a igreja, os fanáticos Boxers viram uma Senhora no céu que os apavorou e fugiram. Só eles viram e não sabiam descrevê-la.

Os católicos concluíram se tratar de Nossa Senhora. Afinal encomendaram a um pintor a confecção de uma pintura.

O artista A representou com as roupagens e insígnias da imperatriz. Os milagres se multiplicaram até que o Papa Pio XI a aprovou como Padroeira do país.

Como o fato prodigioso aconteceu na festa de Maria Auxiliadora (24 de maio) ficou com a invocação de Nossa Senhora Auxiliadora Imperatriz da China. O ódio marxista hoje perpetua o furor dos nacionalistas Boxers.

O caso de Baoding refletiu o reforço dos controles sobre a religião impostos pela ditadura socialista em toda a China nos últimos anos.

Vigilância ostensiva para afastar os fiéis
Vigilância ostensiva para afastar os fiéis
Circulam ordens do governo para que escolas e empresas “boicotem feriados estrangeiros” e “proíbam a promoção do Natal”.

As autoridades só enviaram saudações de Natal à Associação Patriótica dos Católicos Chineses e ao Conselho Cristão Chinês, dependências burocráticas “oficiais” para oprimir católicos e protestantes.

A Administração Nacional de Assuntos Religiosos elogiou em carta essas dependências por seguirem a orientação do pensamento de Xi Jinping e o espírito do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês que, por hoje, está valendo como ensinando doutrinas dogmáticas.

No voto de Natal, o governo de Pequim pediu aderir ao caminho traçado por Xi e à sinicização para “administrar rigorosamente os assuntos religiosos”.

Wang Huning, conselheiro político e pregador protestante da ideologia marxista de Xi Jinping, exortou seus cofrades a “aderir à direção da sinicização”, os valores fundamentais do socialismo e da cultura tradicional chinesa, adquirindo “uma compreensão profunda das teorias e políticas do Partido sobre religião”.

“Vocês são chamados a administrar estritamente os assuntos religiosos”, reiterou Wang, obedecendo à ordem despótica de Xi.




quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Divinizaçao materialista do ditador chinês

Xi no lugar de Mao
Xi no lugar de Mao
Luis Dufaur
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O ditador comunista chinês, Xi Jinping, visitou o mausoléu de Mao Tsé tung, no centro da Praça Tiananmen, oficialmente para comemorar o 130º aniversário do nascimento do carrasco da grande nação chinesa, segundo noticiou “AsiaNews”.

Na prática, se tratou de depor o velho Mao do seu pedestal de divindade materialista e colocar em seu lugar ao próprio Xi.

Para a apalhaçada cerimônia marxista, o ditador ingressou junto com outros seis membros do mais alto órgão de decisão do Partido Comunista Chinês (PCCh), no mausoléu onde está o corpo mumificado de Mao.

Eventos de homenagem análogos foram realizados em muitas outras partes do país, começando pela cidade natal de Mao, Shaoshan.

Mao, nascido em 26 de dezembro de 1893, continua a ser um mito importante na sociedade chinesa após a sua morte, há mais de 40 anos.

O Partido Comunista comemora o aniversário do nascimento de Mao a cada 10 anos.

Depois da homenagem de praxe ao “Grande Timoneiro” ao visitar mausoléu, Xi e os altos dignitários comunistas realizaram um simpósio no Grande Salão do Povo.

Xi sublinhou em discurso a importância de levar adiante a causa da hegemonia marxista chinesa que Mao promoveu.

Xi louvou o engolimento da cidade de Hong Kong, a unificação da China e à extinção da independência de Taiwan.

Qiushi, o principal jornal teórico oficial do partido no poder, elogiou o legado de Mao e glorificou a liderança de Xi Jinping, celebrando o líder que aponta a fortuna do Partido e do Estado como uma divindade ateia.

O novo deus ateu XI emerge apagando o velho deus ateu Mao
O novo deus ateu XI emerge apagando o velho deus ateu Mao
Xi no poder foi mudando subtilmente a atitude das autoridades em relação a Mao. Elogiou a Revolução Cultural, mas eximiu de culpa a Mao pelos monstruosos crimes coletivos e anuncia que pretende reviver algumas práticas políticas e econômicas daquela sanguinária época, consolidando a ditadura e controle estatal da economia.

A revista oficial Caixin cometeu a infelicidade de louvar o crescimento econômico num editorial de Natal, mas o artigo foi removido poucas horas depois de ter sido publicado online.

Na cidade natal de Mao, Shaoshan, uma enorme multidão de pessoas de diferentes partes da China reuniu-se para ver vídeos e entoar slogans e canções da época da Revolução Cultural, apelando em voz alta pelo retorno do socialismo.

A economia chinesa registrava um crescimento extraordinário após a visita do presidente americano Richard Nixon que inaugurou a torrente de investimentos ocidentais que deu à China, que então morria de fome, a atual projeção econômica.

A desigualdade crescente entre ricos e pobres motivou o aumento dos que pedem o retorno ao velho comunismo de Mao sob a batuta de Xi, o novo ídolo supremo.

Xi reconhece este movimento ao igualitarismo que matou milhões e não hesita, e até comemora, anunciar a crise e decadência da economia chinesa.

Poucos dias depois o imenso banco Zhonngzhi teve decretada sua falência por seus fabulosos vermelhos que habitualmente eram cobertos pelo governo central.

Mas esse cessou de salvar as monstruosas empresas chinesas que agonizam longe do igualitarismo miserabilista marxista.



quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Católicos chineses padecem sob a “sinodalidade vaticano-comunista”

Bispo cismático comunista  Joseph Li-Shan semeou preocupação nos fiéis visitando Hong Kong
Bispo cismático comunista  Joseph Li-Shan semeou preocupação nos fiéis visitando Hong Kong
Luis Dufaur
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A visita a Hong Kong de Dom Joseph Li-Shan, líder do órgão do Partido Comunista Chinês enganosamente nomeado Associação Católica Patriótica Chinesa (APCC), convidado pelo Bispo de Hong Kong, Cardeal Stephen Chow causou arrepios. 

Lord Patten, o último governador britânico de Hong Kong, chamou a abordagem do Vaticano de "autoengano" e pouco mais do que uma “política de apaziguamento” em relação “ditadores que demonstram violência delictiva”, escreveu “Infovaticana” .

A “Igreja clandestina” da China, leal a Roma, é perseguida desde que Mao Zedong assumiu o poder em 1949, em castigo dessa lealdade. Seus bispos estão em comunhão com Roma e rejeitam a jurisdição do Partido Comunista Chinês sobre a Igreja.

Em sentido oposto, a APCC criou bispos e dioceses que eram outro ramo do Estado chinês. Seus bispos da APCC ordenados de forma ilícita, foram automaticamente excomungados. A ilegalidade continuou até que o pacto Sino-Vaticano de 2018 força a união da Igreja clandestina com a APCC.

Pelo pacto, deveria haver uma Igreja Católica única: a excomunhão de sete bispos ordenados ilicitamente seria levantada e o PCCh iria concordaria com o Vaticano sobre a nomeação de bispos no futuro.

Porém, para muitos fiéis esse pacto cai encima dos católicos clandestinos que sofrem pela sua lealdade ao Papa.

O Cardeal Joseph Zen, um dos mais respeitados Cardeais, transmitiu essas preocupações ao Vaticano e foi ignorado; quando solicitou uma audiência urgente com o Santo Padre, foi rejeitado.

Mais recentemente, o Cardeal foi preso pelas autoridades chinesas; e agora, aos noventa anos, vive sob vigilância. Por outra parte, o Pacto Sino-Vaticano está sendo repetidamente violado pelo PCCh, o Vaticano sabe mas engole.

Bispo cismático Joseph Li-Shan comanda organismo burocrático comunista chamado de Igreja Patriótica
Bispo cismático Joseph Li-Shan comanda organismo burocrático comunista chamado de Igreja Patriótica
João Paulo [nome fictício], um chinês que vive e estuda nos EUA, mantém contacto regular com a família e amigos no seu país, concedeu uma entrevista sob anonimato em que falou do Cardeal Zen com carinho e profunda reverência

“Ele foi preso e condenado. Estamos todos em perigo. ... Não sei o que vai acontecer comigo”., se referindo ao Sínodo da Sinodalidade.

Num momento em que precisávamos desesperadamente de apoio, Roma traiu-nos. Agora, ao silêncio do Vaticano sobre as perseguições sistêmicas na China acrescenta-se a sua forte promoção da imoralidade sexual, que levará a minha nação pelo mesmo caminho da desordem ocidental”.

“Os membros da Igreja oficial controlada pelo PCCh – continua João Paulo – usam a opinião do Papa Francisco de que os chineses podem ser bons cristãos e bons cidadãos ao mesmo tempo. Mas o Santo Padre não descreve o regime como antidemocrático. 

“Na verdade, qualquer verdadeiro cristão que não deseje ser um sujeito pró-PCCh – sofre muito sob a ditadura chinesa”.

O Centro Jesuíta de Pequim, única congregação religiosa não condenada pelo PCCh, garante aos estudantes americanos que “viver num país comunista não é muito diferente de viver num país com um sistema político democrático”.

Há belas igrejas oficiais, mas nelas não brilha a luz da verdade. Não precisamos do catolicismo sinicizado do Presidente Xi. “Precisamos de uma doutrina social que ensine inequivocamente por que o comunismo é inimigo do cristianismo”, prossegue o testemunha.

A perseguição aumentou, em vez de diminuir, desde que o Vaticano fechou o seu acordo com a China em 2018. A tentação de apostatar tem sido forte: “um número crescente de padres clandestinos – coagidos pelo PCCh e encorajados por Roma – começaram a registar-se no governo. “Eles foram imediatamente autorizados a presidir missas e administrar os sacramentos nas igrejas oficiais”.

“Obedecem frequentemente a ordens para proibir as crianças de entrar em igrejas e campos de verão, comprometem ou distorcem a sua pregação sobre a doutrina, a moralidade e as relações entre a Igreja e o Estado”

“Os católicos clandestinos identificam-se com os mártires pós-1949 e recusam-se a aderir à Igreja oficial e reforçam a sua heroica lealdade à Santa Sé. “Continuam a circular cartas de Pio XII, João Paulo II e Bento XVI que condenaram o regime e apoiaram os perseguidos”.

“Sentem-se totalmente traídos pelo acordo entre a China e o Vaticano, a ponto de considerarem que os sacramentos da Igreja oficial não são válidos. 

Raramente encontram um “padre leal” não registrado – que não aderiu ao Partido Comunista – para celebrar uma missa clandestina num local seguro, têm de receber os sacramentos apenas em espírito. "Alguns 'padres leais' remanescentes celebram missas privadas em casas."

“Este grupo clandestino tem uma visão conservadora sobre questões morais e está horrorizado com a sugestão de que os ensinamentos sociais tradicionais da Igreja possam agora ser objecto de debate”.

João Paulo II explica que “quando os que apoiam o acordo e afirmam que ‘só existe uma igreja na China’, eles aceitam que uma igreja que não é livre para pregar toda a verdade”.

João Paulo publicou artigos em um blog mas, como ele mesmo explica, “minha conta foi encerrada permanentemente três dias depois, fui denunciado às autoridades por membros da Igreja oficial.” No entanto, os elogios ao Papa Francisco e ao ditador Xi não têm problemas de divulgação.

Missa na clandestinidade de fiéis chineses leais a Roma que temem a sinodalidade
Missa na clandestinidade de fiéis chineses leais a Roma que temem a sinodalidade
“Após 30 anos de perseguição, muitos filhos leais que conseguiram sair dos campos de trabalho regressaram às suas cidades e paróquias. 

Os padres esforçavam-se por celebrar missas, administrar os sacramentos e pregar de casa em casa. As igrejas foram recuperadas e reconstruídas. 

A antiga missa em latim estava bem preservada, porque a China estava fechada ao mundo desde 1949.

Tem havido muita angústia e raiva entre aqueles que mantiveram viva a chama da fé na China; em grande parte dirigida contra o Papa Francisco. Perante isto, o Cardeal Zen apelou à prudência.

“Eles traíram vocês”, ele lhes disse. “não comecem uma revolução, voltem para casa, orem com sua família e esperem por tempos melhores. É um regresso às catacumbas: mas o comunismo não é para sempre.

O Cardeal Zen interpelou os membros do Colégio Cardinalício em 2019: “Podemos testemunhar passivamente este assassinato da Igreja na China por aqueles que deveriam protegê-la e defendê-la dos seus inimigos?”

Ele implorou a seus irmãos cardeais que agissem: “Eu imploro de joelhos”.

“Eu me junto a ele de joelhos”, acresce João Paulo: “eu vos imploro; não vos prostreis diante deste mal”.



quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Cemitérios de carros elétricos na China

Um dos cemitérios de carros eléctricos na China. Foto Bloomberg
Um dos cemitérios de carros eléctricos na China. Foto Bloomberg
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na China, desde há poucos anos se constata um abandono massivo de carros elétricos.

Isso gerou campos de gerar arrepio com milhares de veículos largados em bom estado, alguns com bichos de pelúcia nos painéis, mostrou longa reportagem do “La Nación”.

Esses incríveis “cemitérios” constituem um exemplo ovante do fracasso da economia chinesa movida por estímulos e desestímulos dirigistas, como é típico do socialismo.

Segundo a agência Bloomberg, o fenômeno começou em 2019 e se repete em dezenas de cidades do país asiático.

Os carros parados por tempo indeterminado em baldios chineses têm um padrão comum: são modelos modernos, com carrocerias claras.

Há pouco mais de uma década, fabricantes chineses entraram no negócio da mobilidade elétrica para aproveitar subsídios governamentais.

Os cemitérios de carros elétricos existem em muitas cidades
Os cemitérios de carros elétricos existem em muitas cidades
Grande parte produziu modelos pequenos com um design básico, qualidade e duração da bateria efêmera, pelo que não eram atrativos para o utilizador médio.

Porém, eram utilizáveis por empresas que apostavam em um negócio que parecia estar começando.

As políticas governamentais socialistas afetaram ambas as partes: fabricantes e consumidores.

Um sistema de créditos recompensava o fabricante desses carros e penalizava o fabrico de automóveis com combustíveis tradicionais. Em algumas cidades, foram impostas restrições aos carros de combustão fósseis.

As empresas visando aproveitar o programa de subsídios, falsificavam os registros dos carros elétricos produzindo chassis vazios, sem baterias, ou baterias que não cumpriam as normas.

O quotidiano oficial “Diário do Povo” revelou em 2016 dezenas de fraudes envolvendo empresas que reivindicavam mais de 1,3 bilhões de dólares em subsídios.

Subsídios socialistas acabaram mal
Subsídios socialistas acabaram mal
Quando Pequim cortou os subsídios planificados pelo regime, muitas empresas foram à falência. Dos mais de 500 fabricantes chineses de automóveis elétricos de 2019, menos de 100 produzem até hoje.

Os incentivos geraram um boom que em pouco tempo levou o gigante asiático a representar 60% da frota elétrica mundial e a desenvolver a maior infraestrutura de carregamento existente.

O ritmo produtivo se mantém até hoje: só em 2022 a China fabricou seis milhões de veículos elétricos e híbridos plug-in.

No entanto, nem tudo que é elétrico é sustentável, escreve “La Nación” e a superprodução chinesa de EVs (veículos elétricos, em inglês) não foi acompanhada pela demanda.

Primeiro porque, possivelmente, os compradores ainda não estavam preparados para saltar de uma vez para o transporte elétrico.

Segundo, porque quando ficaram prontos, já tinham aparecido opções mais modernas e equipadas que superavam em muito os primeiros modelos de capacidades limitadas.

Embora as baterias destes veículos contenham metais preciosos como o níquel, o lítio e o cobalto, que poderiam ser reciclados e ter uma segunda vida no sector, estes automóveis são hoje uma fonte de resíduos tóxicos cuja desintegração será, mais cedo ou mais tarde, uma tarefa com a qual o governo terá que lidar.

Acúmulos de carros abandonados em consequência da planificação socialista
Acúmulos de carros abandonados em consequência da planificação socialista
Segundo a mídia local, o governo de Hangzhou teria se comprometido a limpar essas áreas. Ainda assim, quando os repórteres da Bloomberg News percorreram a cidade no final de julho 2022, encontraram vários cemitérios transbordantes nos distritos de Yuhang e West Lake.

Os cemitérios de carros elétricos não são o primeiro caso de abandono massivo em consequência de uma produção frenética planificada e irreal socialista.

Em 2018, Wu Guoyong, um fotógrafo radicado em Shenzhen, documentou esse tipo de “cemitérios” industriais fotografando pilhas de bicicletas com drones.

As bicicletas estavam destinadas a um sistema de pedalagem partilhado que resultou em milhões de cópias descartadas. em valas, rios e estacionamentos.

Em suma, ambos os exemplos representaram a dinâmica comunista chinesa de consumo induzido para projetar a imagem da China vermelha no mundo.

Cemitérios de bicicletas produzidas para obedecer à planificação socialista
Cemitérios de bicicletas produzidas para obedecer à planificação socialista
Até hoje as autoridades governamentais não querem comentar o desastre da planificação central que deu nesses cemitérios de carros esquecidos.

Qualquer crítica aos planos da central ditatorial do Partido Comunista Chinês pode atrair pesadas punições.



quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Arkansas proíbe chineses possuir propriedades agrícolas: roubam tecnologia

Governadora Sarah Huckabee Sanders não quer roubo de tecnologia agricola
Governadora Sarah Huckabee Sanders não quer roubo de tecnologia agricola
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O estado norte-americano de Arkansas ordenou que a Northrup King Seed se desfaça de quase 65 hectares de terras agrícolas.

A empresa é subsidiária da Syngenta, que é controlada pela ChemChina, estatal química chinesa que por sua vez, afirmou o “Globo Rural” é uma companhia militar que opera nos EUA é e está numa lista negra do Departamento de Defesa do país.

A lei aprovada pelo legislativo estadual, foi assinada pela governadora republicana Sarah Huckabee Sanders, informou “Isto É Dinheiro”.

A ação é a primeira num estado e precede uma onda de iniciativas legais em outros que restringem as propriedades chinesas de terras agrícolas nos estados respectivos.

Atualmente, 24 Estados consideram leis similares em comparação a 14 no começo de 2023.

O “ponto político crítico” foi atingido após a divulgação massiva de que empresas chinesas compraram terras perto de bases militares em Dakota do Norte e no Texas, disse o advogado Micah Brown, do Centro Nacional de Direito Agrícola da Universidade de Arkansas.

O balão espião chinês que sobrevoou os EUA aumentou essas preocupações, acrescentou Brown.

Syngenta virou subsidiária de empresa chinesa militarmente suspeita
Syngenta virou subsidiária de empresa chinesa militarmente suspeita
Se a empresa não se desfizer das terras, Arkansas pode tomar medidas judiciais. O procurador estadual disse ter “total confiança” de que Syngenta venderá a propriedade.

Ele não informou se foram identificadas outras terras que poderiam motivar ações semelhantes.

A governadora Sarah Huckabe Sanders afirmou que vai garantir “que todas as empresas operando em Arkansas sejam amigas do Estado e boas para os trabalhadores locais”.

Syngenta nega que qualquer executivo da China esteja envolvido na “compra, arrendamento ou qualquer outra forma de aquisições de terras” no Estado.

“Nossos funcionários em Arkansas são americanos liderados por americanos que se importam profundamente em servir aos agricultores de Arkansas. Essa ação prejudica os agricultores locais mais do que qualquer outra pessoa”, disse a empresa.

Proibição de Arkansas poderá ser imitada por outros estados
Proibição de Arkansas poderá ser imitada por outros estados
Arkansas também multou a Syngenta em US$ 280 mil por não relatar sua propriedade estrangeira segundo exige lei estadual de 2021. A Syngenta disse que a registrou no Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O governo do Arkansas teme que a propriedade chinesa, ainda que sob fachada de empresas do EUA ponha em risco a segurança do país.

A governadora de Arkansas apontou que a Syngenta usa 64 hectares de terra para a pesquisa em tecnologia de sementes.

E explicou: “sementes são tecnologia. As empresas de propriedade chinesa levam essa tecnologia de volta para o país, roubando a pesquisa americana e dizendo aos nossos inimigos como atingir fazendas americanas”, disse Sarah, no discurso transmitido pela rede local THV11.

“É uma clara ameaça à nossa segurança e nossos grandes agricultores”, acrescentou.

A Syngenta, ao todo, possui 1,5 mil acres de terras nos EUA para pesquisa, desenvolvimento, testes regulatórios e produção.