A macabra cena de bebes abandonados na rua foi produto típico "made in China". Hoje o país paga sinistras consequências. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O método de ocultamento da verdade é uma segunda natureza do sistema socialista, especialmente na economia.
Há anos estamos comentando neste blog denúncias de autoridades econômicas ocidentais dos buracos negros que proliferam nas contas públicas chinesas.
Quando o patrão de um negócio, loja ou indústria fala que vai muito bem, pode ser que esteja indo bem. Mas quando fala que vai mal é porque está indo muito mal.
Já antes da crise do coronavírus, Pequim reconheceu que sua taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caiu para o mais baixo nível em 29 anos.
A culpa foi inicialmente posta nos EUA e na disputa comercial dos últimos anos. O coronavírus chegou como uma mão na roda para “justificar” as quedas em todos os rubros.
O Escritório Nacional de Estatísticas da China calculou uma expansão de 6,1% em 2019, o mais baixo nível índice 1990, divulgou o jornal chinês “The Epoch Times”.
O índice seria comemorado por qualquer país, mas feitos os descontos impostos pelo método chinês de mentir, a essência da mensagem é que Pequim diz que sua economia anda mal ou muito mal.
O Escritório também alertou para os riscos de “problemas estruturais, sistemáticos e cíclicos dentro de casa”, os quais são intrínsecos ao socialismo.
Há um leque deles que a China não consegue mais ocultar: os ligados ao controle estatal da natalidade nas últimas décadas.
A taxa de natalidade da China atingiu o recorde negativo de 1,05% em 2019, sinal de escassez de trabalhadores jovens para permitir crescimento nas próximas décadas.
Mãe traumatizada após ser obrigada a abortar pelo governo |
Segundo o Departamento Nacional de Estatísticas, houve uma queda de 580 mil nascimentos no ano passado na China em comparação com o ano anterior, sendo o terceiro declínio anual consecutivo.
Um dos fatores determinantes da queda foi, a longo prazo, a “política do filho único”: há menos casais jovens que podem trazer os filhos.
A queda da natalidade ajudava a aumentar o crescimento burocrático do PIB per capita e impressionar o Ocidente. Afinal deu num fracasso, recebido como “inesperado”, mas que na verdade só se podia esperar. O mesmo desastre se deu e está se dando em países que adotaram a restrição dos filhos por vias diversas.
Há atualmente na China cerca de 158 milhões de aposentados com mais de 65 anos. É o país com a maior população envelhecida do mundo.
A ONU projeta que em 2050 o país terá mais de 400 milhões de aposentados, aproximadamente 25% da população.
Isso exercerá uma pressão insuportável sobre as contas do Estado, escreveu “El Debate Hoy”.
Os especialistas falam que está engatilhada uma “bomba de tempo demográfica”.
Criança resgatada num esgoto. O controle socialista da natalidade gerou monstruosidades que agora repercutem negativamente até na economia. |
“O muito debatido temor de que a China envelhecerá antes de ficar rica já não é uma possibilidade teórica, está tornando rapidamente uma realidade”, observou a revista econômica The Economist, citada pela BBC News.
A revista apontou que desde 2014 os pagamentos das aposentadorias superaram as contribuições dos trabalhadores ativos.
Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (do governo chinês), a taxa de natalidade na China é de 10,48 por 1.000 pessoas, a mais baixa desde 1949, enquanto a mais baixa do mundo é a de Cuba, com 10,3. A taxa da natalidade global foi de 18,65 em 2017, segundo o Banco Mundial.
Não é à toa que as Sagradas Escrituras – e as próprias tradições pagãs chinesas – veem nos filhos uma bênção divina. E olham a esterilidade como uma maldição.
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