Natal foi proibido: seria «infiltração de forças ocidentais»

Maestros devem ensinar a proibição das festas católicas porque 'estrangeiras'
(fotos de rede social chinesa).

Luis Dufaur

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

Em Liaozhong, província de Liaoning, as bênçãos e doçuras no Natal de 2019 foram banidas por funcionários do governo comunista chinês, noticiou Bitter Winter.

Em ato público, um clérigo da igreja estatal apostrofou um ator que interpretava o Papai Noel no palco. “O cristianismo embarcou no caminho da ‘sinização’, temos nossos pastores e seminários e o Partido Comunista e o governo nos guiam.

“Doravante não precisaremos mais de missionários ocidentais nem contaremos com forças antichinesas.

“Não seremos surpreendidos pelos Estados Unidos da América nem por outros países ocidentais. Peço formalmente, aqui e agora, para deixar a cena do nosso país!”

Pediu depois ao Papai Noel que “levasse o espírito do 19º Congresso Nacional do Partido Comunista e os discursos de Xi Jinping para o Ocidente, especialmente para o presidente Trump nos EUA, a fim de estudá-los”.

Em lugar do Natal, o regime incita as pessoas a celebrar o aniversário de Mao Tsé-Tung, nascido em 26 de dezembro. Ele foi o fundador do comunismo chinês e responsável por milhões de assassinatos.

Um bolo com as palavras “feliz aniversário Mao Zedong” foi colocado em frente de uma estátua de mármore branco desse criminoso de massa no templo Wangzishan em Linyi, uma cidade do condado de Pingyi, na província oriental de Shandong.

As escolas de todo o país doutrinam as crianças a odiar qualquer elemento “ocidental”, incluindo valores democráticos e religião. Isso oficialmente é “patriotismo”.

E o Natal é apontado como uma das “coisas más” a serem odiadas.

No Natal bolo de aniversário oferecido à estátua de Mao Tsé Tung, em Pingyi.
Não é macumba! é o materialismo marxista!

O Escritório de Educação e Tecnologia de Qianxi, em Bijie, sudoeste do país, distribuiu materiais dizendo que o Natal está ligado à destruição do Antigo Palácio de Verão pelas tropas inglesa e francesa em 1860.

Esse palácio, o mais bonito do país, era a principal residência imperial de Pequim e abrigava numerosos tesouros históricos e artísticos.

Às mentiras do suposto atentado de Natal foi acrescentado que o “Carnaval” é uma celebração da “vergonhosa vitória” para humilhar os chineses.

De fato, o Natal foi comemorado na China desde a Dinastia Tang (618-907).

As mentiras do Partido Comunista têm mais efeito sobre os jovens, despreparados para discernir o engano.

Uma mulher da cidade de Wuchang, na província de Heilongjiang, disse a Bitter Winter que a escola de seu filho intensificou a “educação patriótica” no Natal e que algumas crianças passaram a demonstrar raiva por tudo que é ocidental.

“O garoto parecia muito zangado”, disse a mulher. “Um dia, quando voltava da escola, ele começou a rasgar uma foto do Papai Noel presa na porta de uma casa, dizendo que odeia os ocidentais porque incendiaram o Yuanming Yuan.”

Wu, uma mulher residente em Mudanjiang, também na província de Heilongjiang, ia comprar farinha importada quando sua filha de 12 anos se opôs dizendo que ela não devia comprar produtos do exterior e que celebrar feriados como o Natal é um sinal antipatriótico e injusto de adoração inconsciente de elementos estrangeiros.

A menina explicou que lhe ensinavam todos os dias essas coisas para ela na escola e acrescentou que os professores chamam o Natal de “uma invasão das forças reacionárias ocidentais na cultura chinesa”.

Proibição do Natal pelo Escritório de Tecnologia de Qianxi
(foto da rede social chinesa Weibo).

Um professor de Guangdong disse ao Bitter Winter que “quem quer comemorar o Natal é rotulado ‘traidor da China’ e criticado publicamente”.

A partir do sinistro Acordo entre a diplomacia vaticana e a ditadura marxista chinesa, em 2018, as paróquias católicas andam de mal em pior.

Na província de Jiangxi, os católicos que não aderem à Associação Patriótica católica, dependente do regime comunista, foram mais uma vez ameaçados, informou ainda Bitter Winter.

“A situação de vocês vai piorar em 2020”, disse aos fiéis católicos de Xiahuang o diretor local do Escritório de assuntos religiosos.

Já no 1° dia do ano, uma estátua de Nossa Senhora, instalada na igreja havia seis meses, foi arrancada pelos agentes marxistas.

A imagem era de mármore branco e pesava quase meia tonelada. Quando o guincho a arrancava, a cabeça caiu por terra com um ruído ensurdecedor.

Na Vigília de Natal, nove funcionários expulsaram os fiéis da igreja. E no dia de Natal, com reforço policial, arrancaram o crucifixo.

Os fiéis prometeram restaurar a imagem. O pároco os exortou a resistir na fé sem olhar para as dificuldades.

Outras igrejas católicas de Linchuan também sofreram perseguições do governo. A igreja de Xijia, que ocupava uma área de 200 metros quadrados, foi fechada porque era “grande demais”.

Os fiéis esconderam as imagens e demais símbolos religiosos. Logo depois, os administradores afixaram na porta um manifesto exaltando os valores socialistas fundamentais.

Sem terem onde se reunir, os paroquianos se encontraram secretamente e celebraram a Missa de Natal em uma casa abandonada e muito fria.

A polícia acabou se informando e prendeu o pároco para interrogatório.

Os católicos de Pangyang, na província de Jiangxi, e de outras localidades também recusam a adesão à falsa igreja católica ‘patriótica’.

As autoridades confiscam quadros, símbolos e livros religiosos. Mas as paróquias resistem com perseverança, celebrando as Missas secretamente e na madrugada para fugir à perseguição.

Funcionários socialistas arrancam Crucifixo de igreja católica