Pequim intervém mercados tecnológicos e faz tremer o mundo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Pequim passou a intervir rudemente em diferentes mercados, como os de tecnologia e educação, radicalizando o controle socialista das grandes empresas que enriqueceram a China nas últimas décadas.
Nessas décadas que começaram com a viagem entreguista do presidente americano Richard Nixon, que bancava de conservador, os investimentos americanos, ocidentais e de países capitalistas do Oriente, reergueram a China, miserabilizada pelas reformas de base do líder marxista Mao Tsé Tung.
Nelas o governo comunista tolerou a competição das empresas que surgiram para produzir para Ocidente e que visavam ganhar o mercado nascente, inovar e destruir a concorrência, escreveu Rodrigo Zeidan, Professor da New York University Shanghai (China) na “Folha de S.Paulo”.
Porém, esse período otimista está sendo abalado por Xi Jinping. Esse voltou a agitar a bandeira vermelho tijolo do marxismo estatista e igualitário, sem fornecer razões, gerando uma incerteza corrosiva das pirâmides financeiras e industriais, aliás de mal explicada consistência.
Xi promete a vitória da corrente exacerbadamente nacionalista e marxista que comanda dentro do Partido Comunista Chinês com um retorno ao “socialismo raiz”.
Xi Jingping prega retorno econômico ao 'socialismo raiz |
O governo marxista age astuciosamente contra as empresas chinesas que abriram o capital e cotam no exterior. Para fugir do controle dos capitais, essas fizeram malabarismos financeiros usando empresas de fachada registradas em paraísos fiscais.
O investidor americano que compra ações de uma empresa chinesa na Bolsa de Nova York, na verdade, compra parte de uma subsidiária de um desses paraísos.
Mas se o governo chinês proíbe as empresas sediadas na China de prosseguir com esses malabarismos, o investidor americano pode ficar com papéis sem valor.
Pequim tomou medidas duras contra empresas como a Didi (dona da 99 Táxi, no Brasil), Alibaba e Tencent, que juntas valem mais de U$ 1 trilhão, equivalente ao valor de todas as empresas de capital aberto no Brasil.
O peso da mão socialista caiu sobre a educação dos filhos das famílias chinesas enriquecidas.
A ideia de uma elite muito bem preparada é mal vista pelo igualitarismo, mas foi útil para o desenvolvimento gigantesco da economia chinesa. Sem dúvida até o presente, mas o horizonte futuro ficou escuro.
Para enquadrar algumas das maiores empresas do país, Xi aduziu argumentos que convenceram pouco ou nada.
A incerteza é geral para pequenas e grandes empresas. O temor é que Xi, como prometeu, esteja comandando um retorno à ortodoxia marxista de efeitos perversos que podem gerar até uma crise econômica planetária.
Intervencionismo de Xi-Jinping faz tremer mastodontes financeiros chineses |
Com Xi, se mostra mais intervencionista e nivelador e muda as regras do jogo sem dizer nada aos jogadores.
Estaríamos só numa primeira onda de medidas intervencionistas que precede muitas outras?
Que acionistas vão sobreviver na China e no mundo? Mas, interessa a Xi que sobreviva algum desses odiados capitalistas?
O certo é que o ditador exigiu promover a “riqueza moderada a todos” ou “prosperidade comum”. Leia-se a distribuição igualitária dos bens no sistema socialista, ou da pobreza niveladora.
Os líderes chineses passam as primeiras semanas de agosto em discussões secretas no resort de Beidaihe, na província de Henan, a 300 km da capital escreveu a “Folha de S.Paulo”.
Incertezas invadem os mercados mundiais derivadas de estranhas manobras de Pequim |
Para bancar obediência ao governo, a Tencent — uma das companhias de tecnologia mais lucrativas do país — anunciou uma doação de mais de R$ 41,5 bilhões a um projeto “dedicado à prosperidade comum”,.
O outrora líder Deng Xiaoping tinha tolerado que “alguns fiquem ricos primeiro”.
Agora, XI prega um retorno ao “socialismo raiz” onde a desigualdade econômica é a inimiga nº 1 porque põe em risco a utopia comunista da igualdade total.
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