Operários exaustos na linha de produção do iPhone |
Reportagem da BBC apontou que as fábricas de onde saem os produtos Apple não cumprem com as condições básicas de humanidade prometidos pela empresa.
O serviço apontou que na linha de produção do iPhone 6, as promessas de proteger os trabalhadores são violadas rotineiramente.
A investigação jornalística encontrou violações em matéria de horas de trabalho, dormitórios, reuniões extras e jovem idade dos empregados.
A Apple tentou se desculpar manifestando forte desacordo com as conclusões da investigação da BBC.
Porém, as imagens estão aí: trabalhadores exaustos que caem dormidos após períodos de 12 horas nas fábricas de Pegatron, na periferia de Xangai.
Um repórter não identificado passou a trabalhar numa fábrica de componentes para computadores Apple e teve que trabalhar 18 dias sem interrupção a despeito de repetidas solicitações de um dia de intervalo.
Outro repórter que chegou a trabalhar 16 horas de uma vez, disse: “Em cada ocasião que eu voltava ao dormitório, tinha vontade de não me mover mais.
“Se eu estava com fome, não queria me levantar para comer. Só queria ficar deitado e dormir. Mas não conseguia dormir pela noite por causa do estresse”.
Apple se recusou a responder ao programa, mas emitiu um comunicado inconcludente garantindo que “nenhuma outra companhia faz tanto quanto a Apple para garantir condições de trabalho saudáveis e seguras”.
Entretanto, reconheceu que iria investigar os casos dos operários que caem dormindo durante o trabalho.
As pobres condições de trabalho nas fábricas chinesas, de onde saem os produtos Apple, já haviam sido denunciadas em 2010, quando 14 operários se suicidaram na Foxconn, o maior fornecedor da empresa.
Após os sucessivos suicídios, a Apple publicou um conjunto de normas para tratar os funcionários de seus fornecedores. E até mudou parte do trabalho para as fábricas da Pegatron, na periferia de Xangai.
Mas tudo parece ter ficado no papel, “para inglês ver”. A revelação do programa Panorama da BBC mostrou que esses “bons propósitos” são sistematicamente violados.
Reportagem monstra com vídeos que pregação humanística da Apple é conversa para cliente ocidental |
Apple saiu-se com palavras tranquilizadoras e a Pegatron prometeu investigar cuidadosamente as denúncias. Algo positivo, desde que não se repita a fraude verificada.
“A segurança e o bem-estar do trabalhador estão entre as nossas máximas prioridades”, diz o comunicado da Apple juntamente com outros belos propósitos da singular filosofia da empresa.
O programa BBC Panorama também foi ver o fornecedor da Apple na ilha indonésia de Bangka.
Segundo a Apple, a empresa está comprometida com a extração “ética” de minérios, mas a BBC achou provas de aproveitamento de minérios extraídos de minas ilegais.
O programa identificou crianças trabalhando em condições extremamente perigosas, até em circunstâncias onde poderiam ser enterradas vivas por desabamentos.
A BBC acompanhou uma gangue que vendia estanho a um fornecedor da Apple. A empresa, que pretende seguir a filosofia de seu mítico fundador Steve Jobs, saiu pela tangente, falando de uma complexa situação em Bangka.
Apple reconheceu que lhe seria fácil recusar o estanho das minas ilegais. Mas declarou: “Nós escolhemos ficar comprometidos e tentar mudar as coisas no local”.
Como na China?
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