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quarta-feira, 18 de março de 2015

Sonho de Mao: chineses empreendem a conquista da África

A China deita a mão na infraestrutura africana
A China deita a mão na infraestrutura africana
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Habilidosamente, a China está tomando conta da infraestrutura básica do continente africano, apontou Sébastien Le Belzic, especialista em relações sino-africanas e correspondente do jornal “Le Monde” em Pequim.

Estradas, autoestradas, aeroportos e vias férreas: a China está ficando com uma malha de vias de comunicação que perpassa toda a África e serve à maravilha aos interesses do imperialismo chinês.

A preferência é pelas rotas por onde circulam as matérias-primas africanas.

Em Pequim, a China e a União africana (UA) fecharam um acordo sobre um vasto projeto de infraestrutura para ligar as capitais africanas por meio de autoestradas, trens de alta velocidade e conexões aéreas.

“Foi o projeto mais importante jamais assinado pela União Africana”, disse o presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma.
É o “acordo do século”, exultou o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Zhang Ming, já prelibando o objetivo da hegemonia mundial chinesa sonhada por Mao Tsé-Tung.

Pequim já construiu 2.200 quilômetros de trilhos no continente e outros 1.000 estão em obras. Empresas chinesas constroem linhas desde a capital etíope, Addis Abeba, Djibuti, Nairobi e Mombasa até o Quênia, bem como em cidades da costa nigeriana do outro lado do continente.

O primeiro ministro chinês Li Keqiang e  o presidente da Quênia Uhuru Kenyatta  aplaudem acordo ferroviário em Nairobi
O primeiro ministro chinês Li Keqiang e
o presidente da Quênia Uhuru Kenyatta
aplaudem acordo ferroviário em Nairobi
Só em Quênia há 5.000 operários chineses trabalhando. Em Angola, a China Railway Construction (CRC) completou a linha que liga o porto de Lobito à rede férrea de Katanga, na República Democrática do Congo.

Mais de 20 milhões de toneladas de matérias-primas passam por ela todo ano. Os trabalhos custaram 1,83 bilhões de dólares a Angola.

Mas o cimento, os trilhos, os instrumentos de comunicação e uma grande parte da mão-de-obra vieram da China.

A CRC ganhou também um mega-contrato de 12 bilhões de dólares, para construir na Nigéria uma linha férrea que percorre as extensas e ricas costas do país, numa extensão de mais de 1.400 quilômetros.

A China já possui o equivalente à metade da rede de trens de grande velocidade do planeta, embora sua qualidade seja discutível, e prossegue assinando contratos para construir mais.

Trata-se de uma “diplomacia dos transportes”, diz Sébastien Le Belzic. O sonho é de que por volta de 2063 a África seja um continente “unificado e próspero”. Mas o sonho tem um preço: o jugo chinês.

O financiamento é garantido pela China, que banca de inocente fada.

O Exim Bank chinês adianta os meios para o conjunto das obras, e Pequim empresta mais dinheiro à África do que o Banco Mundial.

Até que ponto isso seja uma miragem de números sem fundamento sólido na misteriosa China, ninguém sabe.

A China deita a mão na infraestrutura africana
A China deita a mão na infraestrutura africana
Mas, em matéria de finanças, a ilusão por vezes vale mais do que a realidade, e ninguém quer aprofundar seriamente o problema, de medo de descobrir algo assustador.

Há muitas críticas econômicas na África: pilhagem de matérias-primas, neocolonialismo, etc.

Mas nenhuma delas vai ao cerne do problema: o projeto chinês de uma hegemonia maoísta-marxista universal a qualquer preço material e humano.

Pequim prevê a construção de sete grandes portos no continente: em Djibuti, na Tanzânia, em Moçambique, no Gabão, em Gana, no Senegal e na Tunísia.

Segundo Sébastien Le Belzic, para o continente será como um colar de pérolas pago com um empréstimo de 40 bilhões de dólares adiantados diretamente pelo governo chinês.

Até o dia em que os infelizes enganados descobrirem que o colar era a corda com que os herdeiros de Mao iriam enforcá-los.

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