Ex-guerrilheiro sempre marxista e mulher entregue à bruxaria causaram milhares de mortes durante o COVID |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: Nicarágua ‘chinesa’ revela planos de Pequim
Repressão a médicos
Entre o primeiro projeto falido e a atual tentativa de construir o Canal da Nicarágua, a ditadura radicalizou a repressão exercendo um comando de terror sobre os médicos que lutavam contra o coronavírus, citou “La Nación” de Buenos Aires.
O sandinismo encheu os hospitais públicos com fotos dos “heróis e mártires” guerrilheiros, de Ortega e de sua mulher Rosario Murillo, consagrada à bruxaria.
O regime proibiu medidas anti-epidêmicas e contou apenas 83 mortes, quando o Observatório Cidadão, de médicos independentes, registrava 2.087 óbitos.
Em “enterros express”, a polícia sumia com os corpos. Os médicos não podiam usar equipamentos de proteção pessoal “para não alarmar'' os doentes.
Dezenas de especialistas foram demitidos por criticar esses erros.
As expulsões obedeciam a “ordens de cima”, ditadas pelo sindicalista presidente do Parlamento cognominado “doutor morteiro”, pelo uso de bombas artesanais.
Os jornalistas que iam aos centros de saúde eram presos, e os opositores feridos pela polícia não eram atendidos.
A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) contabilizou 328 mortos e mais de 2000 feridos a esse título.
De 800 funcionários do hospital Bertha Calderón, por volta de 250 foram mandados de volta para suas casas com sintomas de coronavírus, como repressão e vingança.
Nenhum deles foi julgado doente e as mortes foram atribuídas à “pneumonia atípica, infarto ou parada respiratória”.
A Nicarágua virou um portal de entrada na América Latina do terrorismo internacional.
Mohsen Rezai, iraniano procurado pela Interpol e envolvido no atentado terrorista contra a associação de saúde judaica AMIA em Buenos Aires, assistiu a mais de uma posse presidencial de Ortega.
Em Manágua, ele se confraternizou com o presidente argentino e os ditadores de Cuba e Venezuela, noticiou La Nación.
Até o clero sandinista ficou horrorizado
Dom Rolando José Álvarez Lagos foi preso em 2022 |
No Brasil, houve no Instituto Paulo VI, da Arquidiocese de São Paulo, uma “Noite Sandinista”, na qual o bispo de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, vestiu o uniforme de guerrilheiro sandinista como “sacramento de libertação”, dizendo: “Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de padre”.
A hierarquia eclesiástica foi o motor da Teologia da Libertação e das revoluções que esta promoveu na América Latina e, como é bem conhecido, está na raiz do PT brasileiro (Catolicismo, jul-ago/1980).
Leigos católicos integraram o primeiro gabinete guerrilheiro nicaraguense juntamente com quatro sacerdotes: o ex-ministro das Relações Exteriores Miguel D'Escoto (1979-1990), o ministro da Previdência Social, Pe. Edgard Parrales (1980-1982), o Pe. Ernesto Cardenal (1979-1982), ministro da Cultura (1987), e seu irmão, Pe. Fernando Cardenal, ministro da Educação (1984-1990).
Porém, quando o governo de Ortega foi desvendando seu cruel rosto comunista, a posição dos bispos nicaraguenses mudou parcialmente.
O arcebispo de Manágua, Cardeal Miguel Obando y Bravo (1926-2018), criticado por sua inércia cúmplice, passou a comparar o regime a uma “cobra venenosa e traiçoeira”.
Perseguição declarada à Igreja
Dezenas de religiosas foram expulsas da Nicarágua |
Em março de 2021, Ortega expulsou o núncio apostólico Waldemar Sommertag, pondo fim a um vínculo diplomático de 115 anos.
E em 21 de setembro do mesmo ano, o país desistiu de ter embaixador ante a Santa Sé.
Duas universidades ligadas à Igreja foram fechadas e terão que entregar ao governo todas as informações sobre alunos, professores, planos de estudos, matrículas e habilitações, informou O Estado de S. Paulo (12-3-2023).
Logo depois da Semana Santa a tirania mandou para o exílio as religiosas dominicanas que cuidavam de um asilo de anciãos, além de confiscar o mosteiro das irmãs trapistas de São Pedro de Lóvago.
Em julho foi a vez das Missionárias da Caridade, acusadas de atividades “terroristas”, noticiou Infocatólica.
Em julho a polícia da ditadura sequestrou quatro freiras brasileiras da congregação Irmãs dos Pobres de Jesus Cristo, na cidade de León. Elas foram expulsas da Nicarágua.
A congregação estava no país há sete anos, atuando junto aos pobres mediante a distribuição de alimentos e rezando com eles.
Oficialmente 40 freiras e 44 religiosos foram expulsos pelo governo Ortega nos últimos cinco anos, mas o número real é muito maior, informou o site Aleteia.
Padre enfrenta policiais que impediam celebração de missa |
Dezenas de estações de rádio e televisão católicas e mais de mil organizações não-governamentais foram fechadas, igrejas profanadas com bombas incendiárias, padres presos e os paroquianos proibidos de entrar na igreja de Ciudad Darío, também no município de Matagalpa.
Cabe mencionar que o regime comunista de Ortega — misturado com bruxaria praticada por sua mulher, Rosario Murillo, elevada a “copresidente” — ainda tem bispos identificados com eles, como o diocesano de León, Dom René Sandino, que instalou a insígnia da Frente Sandinista na catedral.
A diocese de Matagalpa foi indiciada sem nenhuma prova por “organizar grupos violentos” e incitar o “ódio” para “desestabilizar o Estado”.
O ditador acusou os bispos de “conspiradores golpistas” por apoiarem os protestos da oposição que pediram sua renúncia em 2018, e em cerimônia pública em 28-9-2022, deblaterou: “Tudo se impõe na Igreja Católica, é uma ditadura perfeita”.
Cenas evocaram os tempos dos sovietes |
O cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes abençoou nove imagens de Nossa Senhora de Fátima para todas as dioceses do país.
Mas o governo proibiu a diocese de Matagalpa de recebê-la, e centenas de fiéis que se dirigiam à catedral para venerá-la foram enviados de volta para suas casas.
Ortega mandou tratar a Igreja Católica como inimiga do Estado, conforme informa o site da Unisinos,13 que apesar de ser a central da Teologia da Libertação no Brasil, viu-se obrigado a informar sobre os crimes anticatólicos de seus ex-companheiros de viagem.