O Test behind the Great Firewall of China, confirmou mais uma vez que nosso blog ESTÁ BLOQUEADO NA CHINA. A máquina repressiva impede o acesso em Pequim (confira); em Shangai (confira); e agora em Guangzhou (confira). Hong Kong é a exceção (confira). Enquanto Pequim não cobrar medidas coercitivas dos seus correligionários brasileiros ou da Teologia da Libertação, este blog continuará na linha católica anti-comunista, pelo bem do Brasil. MAIS

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Nicarágua ‘chinesa’ revela planos de Pequim

Há duas décadas, Lula estendeu o abraço a Pequim, que prometeu muito dinheiro
Há duas décadas, Lula estendeu o abraço a Pequim, que prometeu muito dinheiro
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Ao cobiçar a América Latina para seu comércio, a China seduz os governos esquerdistas para manter o velho sistema comunista. No momento, a Nicarágua é um paradigma.

Pelo menos desde o ano 2000 a China tenta sujeitar a América Latina multiplicando mais de 20 vezes o seu comércio com a vasta e estratégica região.

Simultaneamente forja um vínculo estratégico com os governos que adotam o “comunismo rosa”, uma mera reciclagem do velho comunismo.

Lula e Chávez criaram em 2011 a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) para afastar os EUA e o Canadá do convívio com os países latino-americanos.

E no 1º Fórum China-CELAC, realizado em Pequim, o ditador maoísta Xi Jinping prometeu investir 250 bilhões de dólares ao longo de uma década.

Em troca, os países presentes omitiriam qualquer menção às violações dos direitos humanos e da democracia, observou El País, falando do nascimento de uma ‘chino-américa’.

Neste ano de 2023, o ministro da economia da Argentina, Sergio Massa, comemorou em Pequim os suspeitos empréstimos recebidos dos chineses, dizendo: “Nós deveríamos nos chamar Argenchina”.2

Pequim comprou parte da dívida externa da Costa Rica e instalou o Instituto Confúcio, fechado nos EUA por espionagem e proselitismo marxista.

Fez um estádio de mais de 100 milhões de dólares — jamais sonhado pela Costa Rica —, mas só depois de o país romper seus laços diplomáticos com Taiwan...

‘Chino-américa’


'Nós deveriamos llamar nos chamar', dsse o  ministro de Economia argentino e candidato presidencial, Sergio Massa
'Nós deveríamos nos chamar Argenchina', disse o  ministro de Economia argentino
e candidato presidencial, Sergio Massa, vendendo seu país
Em novembro de 2014, o Brasil e o Peru puseram-se de acordo para fazer uma conexão entre o Atlântico e o Pacífico com financiamento chinês.

Nesse mesmo ano, Pequim fechou 20 acordos com a Argentina em troca da cessão, durante 50 anos, de um território alheio à soberania argentina onde funciona hoje uma estação espacial que segundo o consenso tem uso militar e na qual os argentinos não podem entrar.

A China promete colossais investimentos enriquecedores mas na realidade submete e afunda as economias que “beneficia”.

Exemplo típico é o Brasil que, segundo recente estudo da FIESP, numa década perdeu o 11% de suas exportações à América do Sul (R$ 52 bilhões), arrebatadas por produtos chineses, aliás baratinhos e de má qualidade como sempre.

A Universidade Cornell mostrou que a América Latina fornece apoio à política exterior chinesa nas Nações Unidas.

Acontece que, para Pequim, Colombo não descobriu a América em 1492, mas sim Zheng He, um almirante chinês muçulmano eunuco, em 1421. Agora a China procura reparação por essa “ignorância” histórica (cfr. El Mundo).

Canal chinês para superar o do Panamá?


A China tenta realizar o projeto faraônico de um canal transoceânico através da Nicarágua que supere o canal do Panamá.

O Grande Canal da Nicarágua, ou Lago Cocibolca, prenuncia um outro canal que cortaria pelo meio a região amazônica e tornaria a China uma virtual dominadora da região a pretexto de estender a Nova Rota da Seda (em inglês: Belt and Road Initiative), projeto trilionário que realiza o sonho de Mao Tsé-tung da hegemonia mundial chinesa.

O projeto do Canal da Nicarágua é elucidativo. O lago homônimo contém a maior massa de água doce da América Central e ficaria nas mãos de um consórcio chinês que o transformaria em um canal para cargueiros de grande calado.

Plano chinês do Canal de Nicaragua revoltou a população que viu entrada do comunismo
Plano chinês do Canal de Nicarágua revoltou a população que viu entrada do comunismo
O acordo original assinado pela ditadura sandinista de Daniel Ortega com o Grupo HKND foi anunciado em 2013, no aniversário do nascimento do líder guerrilheiro Sandino.

Segundo Ortega, passariam navios tão grandes “que não poderão fazê-lo pelo canal de Panamá”.

O chinês Wang Jing — que a imprensa nicaraguense, quando havia liberdade, chamava de “o fantasma” — recebeu a concessão da obra durante 100 anos.

A largura do canal seria de 230-520 metros e a profundidade variaria entre 27,6 e 30 metros ao longo de 105 quilômetros do lago.

A profundidade média de 14 metros exigiria remover 310 milhões de metros cúbicos de rocha e outros 65 de lodo, quando o Canal do Panamá movimentou apenas 41 milhões.

Jaime Incer Barquero, presidente da Fundação Nicaraguense para o Desenvolvimento Sustentável, estimou que requereria uma dragagem gigantesca, sendo “difícil pensar em qualquer tipo de vida de água doce que possa sobreviver nessas condições”.

A grande maioria dos camponeses e pescadores vizinhos do futuro canal foi contra o projeto.

“Quando os chineses vierem, vamos recebê-los com facões. Eles estão começando a expropriar propriedades. Eles oferecem um preço catastrófico. Não sai nada na imprensa porque está comprada”.

Até o ex-padre, ex-guerrilheiro e ex-ministro da Cultura sandinista Ernesto Cardenal criticou: “Querem roubar o país”.

Os protestos foram reprimidos com violência inaudita, matando entre 325 e 560 populares, deixando centenas de desaparecidos, milhares de feridos e dezenas de milhares de exilados.

A pena máxima na Nicarágua é de 30 anos, mas os líderes camponeses foram condenados a mais de 200 anos de prisão, segundo a BBC News.

Em 2018, o projeto inicial foi declarado oficialmente cancelado. Mas a atual onda do “comunismo rosa” está fazendo uma nova tentativa.




quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Repressão chinesa equipara Bíblia e pornografia

Polícia vasculha livrarias procurando textos bíblicos ou pornografia
Polícia vasculha livrarias procurando textos bíblicos ou pornografia
Luis Dufaur
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O regime comunista chinês requinta em maldade na hora de perseguir a religião católica.

A polícia da cidade de Xinyang, na província de Henan, no centro do país fez numerosas devassas nas livrarias arguindo que estavam combatendo a “pornografia e a obscenidade” além do “xie jiao” [termo que indica 'ensinamentos heterodoxos' proibidos pelo governo socialista, e sumariamente equiparados a ‘culto’], noticiou “Bittter Winter”, com dados mandados por habitantes da própria China.

As torpes suspeitas e acusações visavam com especial sanha as Escrituras, os livros católicos, e cristãos em geral.

Os ensinamentos dos livros de religião, aliás sempre qualificada de “ilegal e de superstição”, são os principais conteúdos que as agências governamentais devem procurar e confiscar na China.

Em junho [2023], oficiais e policiais do Escritório de Vigilância dos Mercados vasculharam as livrarias do condado de Shangcheng, Henan, revirando prateleiras e livros, aduzindo que procuravam pornografia e publicações religiosas ou “supersticiosas” não autorizadas.

Livraria devassada com intenções persecutórias anticristãs
Livraria devassada com intenções persecutórias anticristãs
As livrarias perto de escolas e faculdades foram particularmente visadas. Mas os agentes não encontraram muito, e para justificar seus atropelos alegaram procurar livros de “terror” que também são considerados “imorais”.

Os católicos locais sabem que o governo desenvolve uma política que coloca livros religiosos não autorizados (leia-se que não fazem propaganda do socialismo) e pornografia na mesma categoria, e os cristãos ficam ofendidos por essa difamação.

Essa política virou comum na China, malgrado a aproximação que a diplomacia do Vaticano tenta fazer com o governo socialista chinês.

Imprimir e distribuir a Bíblia e quaisquer outros textos religiosos não autorizados é um “crime” punido com as mesmas penalidades da produção e venda de pornografia.



Torre de Babel de dívidas impagáveis esmaga pobres

Prédios inconclusos em Chengdu, corrupção e má qualidade são algumas causas da dívida interna recorde mundial
Prédios inconclusos em Chengdu: corrupção e má qualidade
são algumas causas da dívida interna recorde mundial
Luis Dufaur
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A economia da China, que emprestou quase US$ 1 trilhão para cerca de 150 países se assemelha a uma Torre de Babel, não feita de tijolos, mas de baralho, porque elevou suas vertiginosas dívidas em dinheiro e títulos para agora bater o recorde planetário.

Segundo o “The New York Times” a contabilidade de Pequim é uma bomba de dívidas. Especialmente as contraídas em casa: trilhões de dólares devidos pelos governos locais – sem incluir as dívidas de seus afiliados – e pelas incorporações imobiliárias.

O sintoma que denuncia essa bolha é que Pequim não quer cancelar grandes dívidas contraídas por países pobres.

A “generosidade” dos investimentos e empréstimos chineses obedece a um plano de conquista mundial não confessado. Mas envolvem números que são de virar a cabeça sobretudo dos países menos desenvolvidos ou pobres: de ali sua expansão.

Quando a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, visitou recentemente Pequim, não conseguiu que a China coopere em afrouxar o enforcamento por dívidas dos países de baixa renda.

O sistema bancário controlado pelo Estado chinês não aceita perdas por empréstimos estrangeiros porque está tendo perdas muito maiores em empréstimos dentro da China.

A 'dívida oculta' de Pequim atingiria US$ 10 trilhões segundo The Economic Times
A 'dívida oculta' de Pequim atingiria US$ 10 trilhões segundo The Economic Times
Esses são imensos, mas é difícil conhecer exatamente seu montante porque o dirigismo socialista chinês dissimula os dados.

Pesquisadores do banco JPMorgan Chase calcularam em junho de 2023 que a dívida total dentro da China (incluindo famílias, empresas e governo) havia atingido 282% do produto interno bruto (PIB) anual do país.

Volume que falando em números vermelhos punha o regime comunista acima das economias do mundo todo.

O notável é a velocidade com que essa dívida se acumula em relação ao tamanho da economia. O forte aumento da dívida da China quase triplica seu PIB e é cada vez mais difícil de controlar.

Os empréstimos chineses a países em desenvolvimento encandilam os mais pobres, mas é pequeno em relação à dívida doméstica. Ainda assim, a China reluta em flexibilizar o tratamento dos inadimplentes.

Nas redes sociais chinesas, viralizam periodicamente as reclamações de que os bancos deveriam ter emprestado o dinheiro a famílias e regiões pobres em casa, não no exterior.

O setor imobiliário é o mais afetado. Várias dezenas de incorporadoras tomaram dinheiro de estrangeiros e deram calote porque estavam tentando pagar dívidas muito maiores dentro da China.

Chineses protestam contra inademplencia dos bancos menores
Chineses protestam contra inadimplência dos bancos menores
Muitas cidades e províncias se jogaram a contratar irrefletidamente empréstimos gigantes para cumprir o plano quinquenal, tranquilizar os chefes de Pequim e seduzir a população local.

Depois usaram o dinheiro para cobrir despesas, pagar bolsas, construir estradas, pontes, parques públicos e outras infraestruturas para contentar a população.

Os governos locais também coletavam dinheiro arrendando terrenos estatais para construtoras. Mas essas estão falindo e derrubando a receita dos governos locais. As afiliadas locais de financiamento ‘compraram’ até terra, que só pertence ao governo, mas não podem mais pagar.

E a dívida se acumula. A Fitch Ratings, agência de classificação de crédito, estimou que os governos locais amassaram dívidas equivalentes a cerca de 30% da produção econômica anual da China.

Os funcionários socialistas passaram da conta contraindo dívidas que não geram retornos suficientes. Agora não podem cumprir com seus credores, maioritariamente populares que com ingentes esforços tentam comprar uma moradia, que em muitos casos ficou inconclusa.

Num efeito dominó tampouco são atendidos os serviços públicos, de saúde ou aposentadorias.

O governo central marxista concedeu imensos créditos a países de baixa renda, pensados como instrumento de conquista. Agora, muitos desses países, como Sri Lanka, Paquistão e Suriname, estão agoniados pelas dificuldades para devolver.

Pagar dívida impagável a China gera miséria e revoltas no Sri Lanka
Pagar dívida impagável a China gera miséria e revoltas no Sri Lanka
Se não for feito um esforço de bom senso para reduzir essas dívidas, muitos governos mais pobres do mundo desviarão pesadamente dinheiro indispensável para escolas, clínicas e outros serviços.

Bradley Parks, diretor executivo da AidData na William & Mary, uma universidade em Williamsburg, Virgínia, disse:

“Os maiores perdedores acabarão sendo as pessoas comuns do mundo em desenvolvimento para as quais são negados serviços públicos básicos, porque seus governos estão sobrecarregados com dívidas insustentáveis”.

É assim que os amos comunistas de Pequim nos prometem fabulosos empréstimos e investimentos: para nos passar a corda no pescoço e nos enforcar.


Mas lá dentro, o castelo de baralho ameaça desabar. E subiu mais alto que a Torre de Babel!


quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (2)

Avião russo no aeroporto do El Calafate
Avião russo no aeroporto do El Calafate
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (1)


Intrigantes viagens russas


Enquanto Lavrov girava pelo Brasil e pela Venezuela, causou estranheza a aterrissagem em El Calafate, Santa Cruz (Argentina), procedente de Moscou com escala em São Paulo, de um avião russo que conseguiu driblar controles internacionais.

El Calafate é a localidade patagônica preferida pela vice-presidente Cristina Kirchner para seus negócios ilegais.

Foi apresentado um pedido de investigação sobre esse avião na Câmara de Deputados argentina, obviamente desatendido pelo governo (cfr. Clarín).

Só se soube que nele chegou o magnata Andrey Kostin, conhecido como “o banqueiro de Putin”, financista da invasão à Ucrânia, acompanhado por Alexander Katunin, outro longa manus de Putin, noticiou o Clarín.

Os três envolvidos — Kostin, Katunin e Kirchner — foram apelidados de “tríplice K”.

Nesses mesmos dias a Justiça americana ordenou o confisco de um Jumbo 747 retido há um ano no aeroporto Internacional de Buenos Aires.

Ele chegou pilotado por um ex-chefe do terrorismo iraniano com cumplicidades nacionalistas-chavistas, suspeito de participar de atentados contra alvos judeus na capital argentina que fizeram mais de uma centena de mortos (Cfr. Clarín).

Papa Francisco tenta envolver o Brasil


Putin e Papa Francisco gostariam envolver Lula de seu lado no conflito bélico da Ucrânia
Putin e Papa Francisco gostariam envolver Lula de seu lado no conflito bélico da Ucrânia
Desde o início da guerra, apesar da divulgação das crueldades inenarráveis perpetradas pelas tropas russas contra idosos, mulheres e crianças ucranianos, o Papa Francisco vinha manifestando sorrateira simpatia pelo déspota do Kremlin, mas nos últimos meses moderou essa sua simpatia pelo putinismo.

Tudo passou a correr como se o Pontífice depositasse em Lula a esperança de uma mediação favorável ao ditador russo que ele próprio não conseguiu.

A tentativa chegou a parecer iminente no anúncio da visita de Lula ao Papa, mas ficou frustrada.

Por iniciativa do governo brasileiro Putin conversou com Lula, e disse não compartilhar os termos do diálogo proposto. Ele o teria convidado para participar do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, mas Lula disse ter recusado, reafirmando seu posicionamento ao lado da China, Índia e Indonésia “pela paz”, informou O Tempo de Brasília.

Nesses mesmos dias, agentes russos ocuparam a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, violando compromissos e despertando o temor de uma sabotagem que provocaria uma nuvem radioativa maior do que a gerada pela explosão da usina de Chernobyl em 1996.

A Rússia acabava de dinamitar em Kakhovka a maior barragem da Ucrânia, causando dezenas de mortes e alagando uma grande superfície.

O misterioso Boeing venezuelano-iraniano retido em Ezeiza há mais de um ano e que é fequerido pelos EUA
O misterioso Boeing venezuelano-iraniano retido em Ezeiza há mais de um ano
e que é requerido pelos EUA
O presidente ucraniano advertiu que a central nuclear corria o mesmo perigo, citando o Brasil e demais países que se envolveram em negociações com a Rússia.

Pouco depois estourou a rebelião armada das milícias Wagner, chefiadas pelo até então “favorito” de Putin, Yevgeny Prigozhin, o que fez o país beirar a guerra civil.

Conflitos análogos os governos próximos de Putin poderiam fazer alastrar em nossos países do modo mais indesejável possível.

Mantenhamo-nos distantes desse flagelo anunciado por Nossa Senhora de Fátima que é a Rússia, que se aproxima de nós de braços dados com a China, enquanto as esquerdas da América Latina lhe estendem as mãos.


quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (1)

Lavrov procura envolver o Brasil
Lavrov procura envolver o Brasil, sem se fotografar com Lula
Luis Dufaur
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A China vem entrando na América Latina através de colossais investimentos econômicos, sobretudo na América do Sul.

Eles encobrem uma estratégia de conquista político-militar visando a hegemonia universal, objetivo supremo de Mao Tsé Tung para o regime comunista chinês.

Mas não entra sozinha.

Ela o faz de mãos dadas com a Rússia de Putin, a qual está muito diminuída do ponto de vista econômico, militar e político com a cada vez mais catastrófica e criminosa invasão da Ucrânia.

A Rússia que está impossibilitada de reeditar as infiltrações ideológicas e subversivas do tempo da URSS, tenta entrar em nossos países pendurada no dragão vermelho de Pequim.

Em abril, o chanceler russo Serguei Lavrov veio ao Brasil para levar Lula a reafirmar suas posições partilhadas com o autocrata da China, Xi Jinping.

Lula se alineia com Pequim
Lula se alineia com Pequim
No final do encontro, voltaram a jogar a culpa pela guerra da Ucrânia nos EUA, na União Europeia e no presidente ucraniano Volodimir Zelenski com as palavras do presidente russo Vladimir Putin, o que gerou mal-estar no País, registrou o Correio Braziliense.

Após a visita, o Kremlin comemorou a proposta do atual ocupante da Presidência brasileira de criar um clube de mediação neutro para a guerra da Ucrânia, que de fato favoreceria os interesses russos.

Lula também sugeriu que a Ucrânia entregasse a Criméia, anexada ilegalmente por Putin em 2014.

Logo depois, no retorno de sua viagem a Pequim, Lula se expandiu em ataques aos EUA, acusando-os pela continuidade da guerra e propondo abandonar o dólar como moeda de troca internacional, registrou o site de esquerda PolíticaLivre.

O chanceler moscovita prosseguiu sua viagem passando por Caracas, onde elogiou as ditaduras “mais fiéis” da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, qualificando-as de “países que escolhem seu próprio caminho”.

Aos países latino-americanos, Moscou propõe ser “necessário unir forças para conter as tentativas de chantagem e pressão unilateral ilegal do Ocidente”, noticiou A Gazeta do Povo.

A proposta pode arrastar nossos países para uma espiral fatídica em cujo fim se vislumbra uma III Guerra Mundial.

Pois tendo a invasão da Ucrânia e as tendências para uma guerra civil na Rússia dividido o mapa geopolítico do mundo, o Kremlin quer o maior apoio possível para atrair a América Latina, observou a BBC de Londres.

Putin e Xi Jingping mantém estreita relação pela formação marxista, mas China se afasta dos fracassos russos
Putin e Xi Jinping mantém estreita relação pela formação marxista,
mas a China se afasta dos fracassos russos
Viajando a Moscou, o ditador chinês Xi Jinping, que finge ser um facilitador da paz, deu claro sinal de apoio a Putin, de quem é um forte aliado, mas fez prudentes silêncios considerando os fracassos bélicos russos na Ucrânia, e desmoronamento da imagem de Putin no Ocidente.

Por sua vez, o presidente da martirizada Ucrânia pediu à América Latina sanções e munição contra a Rússia, mas a maioria dos países não atendeu ao pedido.

A BBC destacou a inconsistência “dessa suposta neutralidade” de certos países latino-americanos quando se trata de apoiar a Rússia.

E a América Latina ficou posta diante da alternativa entre perder estreitas relações comerciais com os chineses ou aderir à diplomacia sino-russa de fundo comunista.

A guerra na Ucrânia coincidiu com uma onda de presidentes de esquerda na América Latina, apoiados por coalizões que historicamente têm afinidade com a ex-União Soviética.

Lula quase disputa a Madura a sujeição a Moscou e Pequim
Lula quase disputa a Madura a sujeição a Moscou e Pequim
É o caso do PT de Lula e de um grupo de ditaduras latino-americanas que simpatizam com a Rússia no conflito, em especial Venezuela, Cuba, Nicarágua e Bolívia.

Em recepção ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília, o presidente petista adotou os slogans preferidos de Putin como “multipolaridade”, escreveu Metrópoles.

Maduro e companheiros de viagem usam o termo para deblaterar contra um pretenso “mundo unipolar” dominado pelos EUA.

Mas dão prioridade à China e à Rússia, que Maduro definiu como “irmãos maiores” dos países latino-americanos e destinados por isso a nos chefiar.

Putin ameaça que “quem não entender” essa nova ordem geopolítica “vai perder”, glosando as doutrinas ocultistas e apocalípticas de seu filósofo preferido Alexander Dugin.


continua no próximo post: Moscou entra na América Latina nos braços de Pequim (2)

quarta-feira, 19 de julho de 2023

China 'desafia' Airbus e Boeing com voo comercial por primeira vez bem sucedido

Primeiro voo do  C919 é 'batizado' (palavra proibida na China) após anos de tentativas infrutuosas
Primeiro voo do  C919 é 'batizado' (palavra proibida na China)
após anos de tentativas infrutuosas
Luis Dufaur
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Mais uma vez a imprensa trombeteou imagens do primeiro voo comercial do C919, aeronave feita pela chinesa Comac, para concorrer com a europeia Airbus e a americana Boeing, noticiou a “Folha de S.Paulo”.

O voo da companhia China Eastern Airlines partiu às 10h32 do Aeroporto Internacional de Xangai Hongqiao para o Aeroporto Internacional de Pequim-Capital no entusiasmo dos funcionários estatais.

A manchete “Decolou!” do portal tabloide Huangiu, versão em chinês do Global Times, de Pequim, e do portal Guancha, de Xangai, mostrou a enorme incerteza que envolvia esse primeiro voo com passageiros.

A rede estatal CCTV gerou vídeos do avião que transportou cerca de 130 passageiros por duas horas e meia.

Nos enunciados posteriores, “Chega sem problemas” pode se apalpar que afrouxou a tensão acumulada pelo voo do engendro fruto de intensa pirataria industrial, peças estrangeiras e anúncios frustrados.

Foi um triunfo da propaganda do Partido Comunista que anuncia que derrubará o domínio do mercado global de aeronaves de passageiros dominado pela Airbus e Boeing.

O avião taxiou na capital chinesa sob a “saudação de água” (proibidas palavras como benção ou batismo que evocam o cristianismo) sob os aplausos dos passageiros, quando parou.

A Boeing que sabe que perderá mercado na China pois é o Partido Comunista quem promove o C919, parabenizou protocolarmente a nova concorrente chinesa.

Mas essa agradeceu com escarnio.

Propaganda do Partido Comunista rodedou o voo
Propaganda do Partido Comunista rodeou o voo
A história do C919 é longa e já foi saudado rumorosamente pelos funcionários do Partidão, após lançamentos, voos de demonstração, logo seguidos de enigmático silêncio na última década.

A primeira apresentação aconteceu no centro de provas da Commercial Aircraft Corporation of China (Comac), perto do Aeroporto Internacional de Pudong, em Shangai, informou o “Clarín”.

A empresa estatal criada pela ditadura em 2008 apresentou o C919 em novembro de 2015, porém as primeiras provas no ar previstas para 2016 não foram feitas.

Agora, “poderíamos estar fabricando até cem aviões ao mesmo tempo” falou com ufania uma funcionária da Comac. O C919 pertence à categoria dos aparatos de fuselagem estreita, categoria que absorve mais da metade das aeronaves comerciais ativas no planeta.

Um colunista do Guancha comemorou a possibilidade de “a aviação civil da China abrir voos diretos de Shenzhen para Europa e EUA”, o que levaria a Cathay Pacific, empresa de Hong Kong, a “perder metade dos negócios”.

Exagero manifesto pois o C919 é um avião pequeno incapaz de cobrir distancias transoceânicas.

O gesto serviu apenas para mostrar que não se trata apenas de um progresso industrial e econômico, mas um passo rumo ao objetivo de estabelecer a hegemonia maoísta.


quarta-feira, 31 de maio de 2023

Socialismo na Coreia do Norte: ainda que o preço seja miséria, fome e morte

Uma entre três crianças norte-coreanas com menos de cinco anos está desnutrida
Uma entre três crianças norte-coreanas com menos de cinco anos está desnutrida
Luis Dufaur
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Declarações de norte-coreanos demonstram cabalmente a falência provocada pela ideologia socialista. Em reportagem publicada pelo New York Times e reproduzida no Brasil pelo site iG em 11/06/20101, a jornalista norte-americana Sharon Veronica Lafraniere, que obteve na China entrevistas com oito deles, revela a miséria causada pela política da Coréia do Norte.

A idéia que delas se depreende é a determinação férrea do ditador e seus sequazes de manutenção do ideal socialista, ou seja, o estabelecimento da igualdade social e econômica a qualquer custo, ainda que o preço seja a miséria, a fome e a morte de seus infelizes habitantes.

Saliento trechos da reportagem da competente jornalista. Os subtítulos são nossos:

“Entrevistas feitas no mês passado com oito norte-coreanos que deixaram o país recentemente – um fugitivo da prisão, contrabandistas, pessoas em exílio temporário para trabalhar na China, a mulher de um oficial do Partido dos Trabalhadores em viagem – pintam um retrato assustador do desespero existente dentro da Coréia do Norte, uma nação de 24 milhões de pessoas, e do crescente ressentimento em relação ao seu errático líder, Kim Jong-il.”

“Eles e outros norte-coreanos falaram apenas sob condição de não revelar seus nomes em conversas em grande parte arranjadas por igrejas clandestinas operando na China logo depois da fronteira. Se fossem identificados como viajando ou trabalhando ilegalmente na China, eles poderiam ser deportados e presos, assim como seus parentes.”

Fome e desnutrição de crianças

“O Programa Alimentos para o Mundo da ONU diz que uma entre três crianças norte-coreanas com menos de cinco anos é desnutrida.”

Ausência do emprego e suborno

A fim de poder se ausentar de suas funções para trabalhar como empreendedor informal, para não deixar sua família morrer de fome, um operário estatal declara ter “esquecido de receber salário” durante anos -eufemismo que lembra o nosso conhecido “jeitinho”- para evitar dizer à repórter o fato contundente de que subornava seu chefe.

Isolamento e propaganda obnubilante

Em outro trecho da reportagem, Sharon La Franiere menciona que “pelo menos dois dos entrevistados na China repetiram a propaganda oficial de que a Coreia do Norte é vítima de inimigos obstinados, sua pobreza uma trama armada pelo Ocidente e sua sobrevivência ameaçada pelos EUA, Coreia do Sul e Japão.

“A acusação feita pela Coreia do Sul de que a Coreia do Norte afundou um de seus navios de guerra, o Cheonan, em março, é apenas parte da trama, afirmou a esposa do oficial do partido.


“É por isso que temos armas para nos protegermos”, disse durante uma visita a parentes no norte da China – período no qual aproveitou para ganhar um dinheiro extra como garçonete. ‘Nossos inimigos estão nos atacando por todos os lados e é por isso que não temos eletricidade e uma boa infraestrutura. A Coreia do Norte deve manter suas portas fechadas’.”

O “expert” em propaganda o nazista Joseph Goebbels não poderia fazer melhor do que o clã Kim.

Perseguição à livre iniciativa e propriedade privada

“Em um comunicado de 2007 do Comitê Central, Kim Jong-il reclamou que os mercados haviam se transformado em ‘um berço de todo tipo de práticas não socialistas’.

A desvalorização da moeda em 30 de novembro os virou de cabeça para baixo. O Estado decretou que um novo e mais valioso won substituiria o velho won, mas que as famílias poderiam trocar apenas 100 mil wons, cerca de US$ 35 no índice do mercado negro, pelo novo. A medida eliminou as reservas privadas de dinheiro.


Pyongyang: plásticos para fechar janelas com fríos abaixo de zero.
“A desvalorização da moeda apenas aumentou o sofrimento. Seu objetivo era desviar os rendimentos da ampla economia clandestina norte-coreana – seus mercados de rua – para as empresas estatais sem dinheiro.

“Os mercados são a única fonte de renda de muitos norte-coreanos, mas eles são uma afronta ao credo do governo no socialismo econômico.

Teoricamente todos, com a exceção de menores, idosos e mães de crianças pequenas, trabalham para o Estado. Mas as empresas estatais estão definhando há 30 anos e os norte-coreanos fazem tudo o que podem para escapar do trabalho nelas.


“Os fazendeiros cuidam de seus próprios jardins enquanto ervas daninhas tomam conta de fazendas coletivas.

Trabalhadores urbanos evitam suas obrigações em empregos estatais para venderem de tudo, de metal retirado de fábricas desativadas a televisores contrabandeados da China.


“A mulher do oficial do partido, com o cabelo suavemente encaracolado, uma bolsa de marca pirata ao lado, vangloriou-se de sua casa de seis cômodos com duas televisões coloridas e um jardim.

Na sequência, elogiou a desvalorização monetária como uma punição merecida para aqueles que tentaram enganar o Estado, apesar de reconhecer que isso levou ao caos e lembrar que um oficial de alto escalão foi executado pela administração por mau gerenciamento dessa política.

“Muitas pessoas ruins enriqueceram por meio do comércio ilegal com a China, enquanto as pessoas boas nas empresas estatais não tinham dinheiro suficiente”, disse. “Assim, os que tinham perderam para os que não tinham.”

Não terão essa mesma determinação férrea os que propugnam implantar no Brasil a sonhada igualdade absoluta na esfera social, econômica, política e mesmo na profundidade do pensar, querer e agir?

Deporá a favor dessa observação o aparente recuo ensaiado pelo Ministro Vannuchi diante da firme oposição manifestadas por amplos setores da sociedade civil, militar e religiosa ao ditames do PNDH3?


Autor: Nilo Fujimoto, site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira


quarta-feira, 10 de maio de 2023

China volta a violar acordo com o Vaticano

Shen Bin , pau mandado de Pequim, discursa em evento do Partido Comunista chinês. Fonte Xinhua
Shen Bin , pau mandado de Pequim, discursa em evento do Partido Comunista chinês.
Fonte: Xinhua
Luis Dufaur
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A China voltou a violar o iníquo acordo com a Santa Sé para escolher bispos, nomeando o diocesano de Xangai sem ligar para o prometido aval vaticano, informou a “Folha de S.Paulo”.

O pacto foi firmado em 2018 e foi renovado em 2022. Segundo sua letra, que todos os católicos sinceros denunciavam que não seria respeitada, as indicações de bispos e padres na China haveriam de ser reconhecidas pelo Papa.

Supostamente o tratado serviria de primeiro passo para o regime de Xi Jinping reconhecer o pontífice como líder da Igreja Católica. Falsidade perfeita pois o comunismo chinês não tolera autoridade alguma estabelecida fora do território que domina.

Os eclesiásticos oficialmente instalados no território comunista só contavam com o endosso da factícia Associação Patriótica Católica Chinesa, que é uma dependência burocrática das autoridades comunistas.

A Santa Sé só afirmou ter sido informada “há alguns dias” por meio da mídia local da decisão marxista de transferir o bispo Shen Bin de Haimen, na província de Jiangsu, para a diocese de Xangai. A embaixada chinesa em Roma não fez comentários.

A China já tinha violado o pacto em novembro de 2022 um mês depois da renovação do acordo nomeando Giovanni Peng Weizhao como bispo auxiliar de Jiangxi, diocese não reconhecida pelo Vaticano.

Mons. Zhang Weizhu, o legitimo bispo de Xinxiang leva mais de nove anos prisioneriro e não se sabe dele. Fonte AsiaNews
Mons. Zhang Weizhu, o legitimo bispo de Xinxiang leva mais de nove anos prisioneiro
e não se sabe dele. Fonte: AsiaNews
À época, a Santa Sé disse que a nomeação “não ocorreu em conformidade com o espírito de diálogo existente e com o estipulado pelo acordo provisório de nomeação de bispos” e pediu que “episódios similares não se repetissem”, uma moleza verbal que só serviria para liberar mais atropelos.

O Papa Francisco defendeu uma visão de longo prazo na China e que um diálogo imperfeito é melhor do que não ter nenhum diálogo, e entregou todos os pontos.

O Vaticano insiste com contorções verbais em que o acordo com a China envolve apenas a estrutura da igreja no país e que não se trata de relações diplomáticas.

Na prática leva as lideranças católicas a cortar laços com Taiwan para ganhar o beneplácito dos tiranos comunistas que preparam uma guerra contra o país vizinho.


quarta-feira, 26 de abril de 2023

Ditadura chinesa se parece com a do Anticristo

Software de reconhecimento facial da empresa de inteligência artificial Megvii, aplicado em Pequim.
Software de reconhecimento facial da empresa de inteligência artificial Megvii,
aplicado em Pequim.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Em Zhengzhou, um policial com óculos de reconhecimento facial pegou um contrabandista de heroína numa estação ferroviária.

Em Qingdao, câmaras guiadas por inteligência artificial identificaram duas dezenas de criminosos num festival de cerveja. Em Wuhu, identificaram um suspeito de homicídio enquanto ele comprava comida de um camelô, segundo reportagem de “La Nación”.

Essa tecnologia manipulada com sabedoria poderia ser muito útil. Mas não é o que os chineses temem.

Eles estão vendo erguer-se um futuro autoritário, no qual o reconhecimento facial e a inteligência artificial servirão para identificar e controlar a liberdade de 1,4 bilhão de pessoas num sistema de vigilância nacional sem precedentes.

Na China está morrendo a ideia de que a tecnologia veio trazer mais liberdade e conexão. O monstro está aí: o controle universal implacável.

Nas estações de trem, as câmaras escaneiam sem cessar; nas ruas telões exibem os rostos dos pedestres que alguma vez não respeitaram as leis do regime e a lista dos inadimplentes; nos complexos habitacionais registram quem e quando entrou ou saiu.

O número estimado de câmaras de vigilância em funcionamento é de 200 milhões, 400% a mais que nos EUA.

Outros sistemas rastreiam o uso da internet, os ingressos em hotéis, as viagens de trem ou de avião, inclusive os trajetos de carro.

Telão exibe cidadãos de conduta indesejável em Xiangyang, com nomes e RG.
Telão exibe cidadãos de conduta indesejável em Xiangyang, com nomes e RG.
É o Maravilhoso Mundo Novo, só que do Partido Comunista, ao qual chegam as informações e que define o controle da população.

O software invasivo de vigilância de massas já funciona nas grandes cidades em relação a minorias étnicas e religiosas, mapeando também amigos e familiares, segundo “The New York Times”.

Na agitadíssima ponte da Changhong, em Xiangyang, a polícia instalou o sistema ligado a um telão. De início, as pessoas comemoravam quando seus rostos apareciam, até que perceberam que se tratava de um castigo.

Vizinhos ou colegas comentavam pelas costas e os identificados passavam demasiada vergonha.

Mao Tsé-Tung foi o precursor da ideia, mas não conseguiu pô-la em prática. Agora a tecnologia o está conseguindo.

No caso de Mao, o sistema produziu ditadura, fome, Revolução Cultural e dezenas de milhões de mortes.

Seus sucessores anelam o mesmo controle, mas temem as revoltas causadas pelo totalitarismo. Por isso, vigorava um acordo com um código de conduta implícito: se o povo suportasse a impotência política, a polícia o deixaria em paz e lhe permitiria ganhar dinheiro.

Mas esse acordo implícito está agora caindo aos pedaços.

Xi Jinping, o comandante supremo chinês, só visa consolidar seu poder onímodo. As mudanças na lei lhe deram mais poder que a Mao.

Reviveu o culto da personalidade e do Partido Comunista, que trata de impor. Para isso, confia na tecnologia.

Por que passou a desrespeitar o acordo implícito que garantia a aparência de ordem na China?

“As reformas e a abertura fracassaram, mas ninguém se atreve a dizê-lo”, comenta o historiador chinês Zhang Lifan sobre as quatro décadas do período pós-Mao.

Como? A China não se enriqueceu e se tornou a segunda economia do mundo?

Eis o fracasso: o enriquecimento relativo da população promoveu naturalmente as desigualdades econômicas. E essas desigualdades são o auge do fracasso para o comunismo.
Centenas de milhões de câmaras monitoram as ruas chinesas. Na foto, no mausoleu de Mao em Pequim.
Centenas de milhões de câmaras monitoram as ruas chinesas.
Na foto, no mausoleu de Mao em Pequim.

Xi, então, está criando o maior Estado de vigilância do planeta. É o maior consumidor de tecnologia de vigilância da população.

Calcula-se que em 2020 o país terá quase 300 milhões de câmaras funcionando. A polícia prevê gastar 30 bilhões de dólares adicionais para esquadrinhar até os locais e gestos mais íntimos dos cidadãos.

Em Xangai, a empresa Yitu analisa os rostos dos que circulam por corredores e escritórios, salas de repouso, entradas e saídas, marcando com linhas azuis cada funcionário identificado, listando seus mais mínimos movimentos, idas e vindas, todos os dias, durante as 24 horas.

As empresas de aplicativos competem para atender clientes vorazes que querem sempre mais. E não só na China. Em 2017, a Yitu ganhou o primeiro prêmio em reconhecimento facial, oferecido pela Direção de Inteligência Nacional do governo americano.

Na especialidade, a China compete com o Silicon Valley.

No complexo habitacional de Xiangyang o sistema comunica à polícia as fotos dos moradores que entram e saem, as quais são conferidas pelo Partido Comunista.

Wen Yangli, executivo da Number 1 Community, a empresa fabricante, trabalha para criar mapas virtuais a fim de que a policia possa identificar quem mora em cada prédio.

A base nacional de dados de indivíduos indesejáveis não inclui somente suspeitos de terrorismo ou criminosos, mas também pessoas que não pensam como o Partido. Os piores “criminosos” do ponto de vista ideológico do Partido Comunista somariam entre 20 e 30 milhões de chineses.

Muitos sistemas aguardam para serem compatibilizados. Em alguns deles as imagens não aparecem instantaneamente, podendo os telões exibir os mesmos “réus” durante semanas. Mas é questão de tempo.

Empregados de Megvii monitoram cidadão em Pequim
Empregados de Megvii monitoram cidadão em Pequim
O regime quer convencer o povo de que o sistema já está funcionando a todo vapor. Mas como ainda tem falhas, as pessoas poderão pensar que a espionagem universal não é tão eficaz nem tão ruim assim. Quando estiverem resignados, o sistema fechará a malha fina.

Os eventos constituem um alvo especial. O jornal oficial do Partido Comunista, “Diário do Povo”, comemorou uma série de prisões feitas com reconhecimento facial em concertos de estrelas pop.

O artigo parafraseava uma letra do cantante pop Jacky Cheung: “És uma rede de amor infinito que pode me prender com facilidade”.

No cruzamento de Xiangyang as imprudências dos pedestres diminuíram, e no complexo habitacional, controlado pelo Number 1 Community, as bicicletas não somem mais.

“O objetivo final é que a gente não saiba que está sendo vigiada, mas fique na incerteza, o que a torna mais obediente”, explicou Chorzempa, investigador do Instituto Peterson.

Essa incerteza de não saber se está sendo observado gera a submissão, destrói os nervos e as mentes.

É a redução de um país inteiro à completa escravidão, tal como a imaginou fazer Mao Tsé-Tung em suas imensas granjas coletivas e campos de concentração, só que sem atingir então todo o sucesso desejado.



quarta-feira, 12 de abril de 2023

“Política do filho único” deixou China à beira da catástrofe

Os altos índices de suicídio feminino estão ligados aos abortos forçados. Mulher tenta se suicidar em Kunming.
Os altos índices de suicídio feminino estão ligados aos abortos forçados.
Mulher tenta se suicidar em Kunming.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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A diminuição no número de novos trabalhadores está tornando impossível manter as gerações que se retiram do trabalho.

As vagas não estão sendo preenchidas por falta de mão-de-obra e a economia treme. E o desequilíbrio na proporção entre homens e mulheres provoca toda espécie de atrocidades: compra e venda de mulheres, inclusive no exterior, sodomia, etc.

Uma parte do Partido Comunista resiste à mudança, pois se enriqueceu com propinas e subornos arrancados dos pais para passar por cima da lei, fazendo vistas grossas para as crianças “ilegais”.

A nova política fixa um limite máximo de duas crianças por casal, e o largo setor corrupto do Partido ainda poderá obter abundantes retornos imorais.

O dirigismo até no número de filhos deixou China à beira da catástrofe.
“Se querem ter um filho ou dois, eles terão que tirar uma licença para cada um, pois do contrário sofrerão coerção, a menos que sejam suficientemente ricos para ‘passar por cima dos limites’”, explicou Reggie Littlejohn, fundador de Women’s Rights Without Frontiers, um grupo baseado em San José, na Califórnia, que faz campanha contra o aborto forçado e a seleção por sexo das crianças na China.

Os pobres serão os que mais continuarão sofrendo, mas não terão ao seu lado os abandeirados dos pobres, que se exibem no Ocidente contra os ricos “capitalistas aquecedores do planeta”!

As perspectivas não são, pois, muito otimistas. Pelo contrário, deve-se temer a continuação dos mesmos procedimentos, com uma ligeira mitigação.

Em 2005, o advogado Chen Guangcheng processou as autoridades por causa dessa política, mas acabou sendo jogado durante anos num cárcere e depois condenado a prisão domiciliar.

Tendo ficado cego, em 2012 ele fugiu do controle policial de sua casa e se refugiou na embaixada dos EUA. Hoje ensina na Universidade Católica dos EUA.

Cheng explica que a violência do sistema criou um clima de medo e destruiu o respeito tradicional chinês pela vida, venerada até pelo paganismo durante milênios.

Feng Jianmei junto a seu filho abortado pela violência da política oficial
Feng Jianmei junto a seu filho abortado pela violência da política oficial
Os slogans oficiais do planejamento familiar são cruamente claros: “Mais vale ter rios de sangue do que nascimentos em excesso”.

Agindo assim, o regime socialista degrada mentalmente o povo. “Pense – diz Chen –, não tendo as pessoas controle sequer do próprio corpo, não podem proteger seu filho”.

Em 2012, a opinião pública mundial ficou estarrecida com as fotos de Feng Jianmei, deitada junto ao cadáver de seu bebê de sete meses após um aborto forçado.

As “autoridades do povo” exigiram como condição para ela ter um segundo filho, uma propina equivalente a 6.300 dólares, mas a mãe não tinha como pagar.

O marido de Feng conta que sua esposa ficou depressiva e que sua filhinha perguntava onde estava o irmãozinho. “Só podíamos lhe dizer que estava no Céu. A menina queria saber como é o Céu e nós não sabíamos”.

No Ocidente, grandes porta-vozes do movimento ambientalista socialista, comodamente instalados em governos, organismos internacionais e cátedras eclesiásticas, apregoam uma drástica redução da humanidade com o falso pretexto de evitar um inexistente “aquecimento global”.

Que o horrível exemplo chinês, que não lhes é desconhecido, sirva para afastar esse demônio inimigo da vida e do gênero humano.