A entrega de capitais e tecnologia por Nixon a Mao fez o gigantismo da China |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A histórica visita nos dias 21 a 28 de fevereiro de 1972 do presidente americano Richard Nixon abriu as comportas das riquezas e tecnologias ocidentais para o agigantamento atual da China.
Como foi explicada aos marxistas chineses essa abertura ao odiado capitalismo americano?
Disso se encarregaria o divinizado pai do comunismo chinês Mao Tsé Tung. Mao sempre fixou como objetivo posicionar a China como potência mundial dominante.
Mas todas as tentativas marxistas fracassaram clamorosamente fazendo por volta de 80-100 milhões de mortes, segundo os autores.
Mao então pregou que para atingir o objetivo seria necessário enriquecer o país que se debatia na pior das misérias. Ele foi obedecido e aplaudiu a chegada de Nixon.
Há quatro décadas, Deng Xiaoping, um dos sucessores de Mao acrescentou que, na corrida rumo ao objetivo, a China comunista “deixaria que algumas pessoas se enriquecessem saindo na dianteira”.
Líderes ocidentais prolongaram a entrega de Nixon a uma China que fingia se converter ao capitalismo privado |
E assim aconteceu. A China ficou a grande fábrica do mundo e a segunda maior economia planetária.
Mas, agora, o continuador da manobra ideada por Mao, o ditador Xi Jinping veio alertar que a tolerância da ditadura à propriedade – ou aparência de tal – passou, segundo mostrou extensa reportagem do “The New York Times”.
Xi fez saber que chegou a hora para os magnatas enriquecidos pela manobra comunista. Agora eles terão que abrir mão de suas riquezas e compartilhá-las igualitariamente com o resto do país.
Xi indicou que o Partido Comunista pressionará empresas e empresários a sacrificarem seus bens para fazer “uma China poderosa e justa”, que no léxico marxista significa igualitária.
“A China é um dos piores países em termos de redistribuição, apesar de ser um país socialista” deplora Xi, enquanto lança uma enorme e constante ofensiva contra as grandes empresas e proprietários, sejam autênticos ou não.
É a campanha da “prosperidade compartilhada” que consiste numa série de medidas duras contra os gigantes da economia, da educação e da tecnologia.
Policiais protegem a falida construtora Evergrande dos populares que pedem de volta suas poupanças |
Alguns dos maiores ricaços chineses prometeram doar seus bilhões de dólares para instituições de caridade com tal de fugir do látego que está se abaixando sobre eles.
Até o riquisíssimo Jack Ma o fez. Mas não lhe adiantou de nada e conheceu a prisão.
Xi deu um basta à propriedade para retornar ao ‘antigo ideal de compartilhamento de riqueza do Partido Comunista’, leia-se a miséria igualitária.
Para Xi, a autoridade do Partido Comunista está em jogo.
A paralisia trazida pela pandemia foi o momento esperado.
Faltam bons salários, multiplicam-se as reclamações pelas longas e exaustivas horas de trabalho. As famílias legalmente podem ter mais filhos, mas não os querem pois não têm como educa-los. A crise demográfica está ameaçadora.
Retorno ao comunismo real é um perigo para Xi |
“Não podemos permitir que apareça um abismo intransponível entre ricos e pobres”, repete Xi como que ecoando a pregação marxista ou da teologia da libertação ocidental e pós-conciliar.
O Partido Comunista promete ao povo maior poder de compra e mais impostos para os ricos.
Mas os ricos são membros da elite que está no poder e a maioria dos chineses que pode poupar algo, o fez – e, furiosamente – para comprar uma casa como principal propriedade.
Agora ficaram sabendo que não há propriedade que valha.
O Partido Comunista não houve as indignações e promete que “esta transformação limpará toda a poeira e os mercados de capitais não serão mais um covil para os capitalistas fazerem fortunas da noite para o dia”, como ecoava a Xinhua, principal agência de notícias.
Xi quer voltar à “prosperidade compartilhada” de Mao |
Xi voltou a ele prometendo “progressos substanciais” para alcançar a “prosperidade compartilhada” até 2035.
O fato é que, na hora do aperto estatista, muitas empresas gigantes se estão revelando compostas por imensas bolhas financeiras de sabão.
Então, os investidores ocidentais começaram a não querer fechar os olhos para o colosso composto de tanta mentira e tanta ideologia niveladora comandada por uma discípulo do pior ditador da história amarela.
Desde então a economia do planeta não parou de ser percorrida de medos e tremores.